Galahell vive! – Crônica mordida de Ronaldo Rony

Crônica mordida de Ronaldo Rony

Não! Ele não morreu! Ainda que o descaso, o desprezo e a falta de respeito o agridam diariamente, Régis Sanches continua sua vida encarnando Dom Quixote, cavaleiro andante a lutar, não contra os moinhos-de-vento, mas contra os cabeças-de-vento.

Num país que elegeu um presidente da República a peso de boatos, não seria de estranhar que uma porção da população da nossa terrinha matasse um de nossos maiores jornalistas, um dos poucos jornalistas de verdade que temos, como se fosse algo banal.

Lord Gallahel paira sobre todas as pessoas que criam e propagam esse tipo de notícia macabra, pretensamente engraçada, mas que esconde uma intenção malévola de ver um irmão na sarjeta, na vala comum das notícias sem fundamento que proliferam nas redes sociais.

Pois eu digo que ele vai viver muito além dos fofoqueiros que adoram explorar a dor alheia e espalhar irresponsavelmente a possibilidade de perdermos uma figura ímpar, com suas doses necessárias de escândalo a chacoalhar o conformismo, a pasmaceira, a desinteligência que assolam nosso espaço/tempo.

Elton Tavares e Régis Sanches – 2012

Galahell morrerá, sim, como cada um de nós, mas não agora e não para satisfazer a curiosidade mórbida dos que ocupam as arenas internáuticas a julgar, condenar e executar aqueles que lhe são incômodos. E ficará para sempre na memória de seus amigos, que são muitos, entre os quais eu me incluo, mas haveremos de tê-lo como um ser brilhante, que ofusca todos esses que se comprazem em fazer boato com a vida de alguém.

Galahell ainda será pauta para muitos deformadores de opinião da internet, mas contará sempre com a minha quase indefesa capacidade de estar do seu lado.

Régis Sanches, Lord Galahell! Aceite meu abraço, que jamais será de pêsames. Obrigado!

  • Excelente texto!!! Uma figura como Régis Sanches, ícone do inconformismo e da vida livre, merece nosso respeito e admiração. Ele sempre está conosco na Biblioteca Pública, onde pega livros e é muito bem tratado e hidratado (com água!!!). Viva o Lord Galahell!!!

  • Galahell tem a proteção do anjo da vanguarda com seu banjo celestial ou a sua guitarra incendiária. Como na canção “Zera a reza”, do antigo compositor vanguardista-tropicalista baiano: “Chão é céu / E é seu e meu / E eu sou quem não morre nunca”.

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