Crônica de Ronaldo Rodrigues
Gostaria agora de escrever uma crônica raivosa. Lá vai:
E nos metem pelas gargantas e neurônios adentro essa enxurrada de novidades que ainda serão velharias nos futuros museus dos futuros milênios.
Celebridades opacas, que jamais se aproximarão de mínima originalidade, cansam nossa já triste beleza e enchem o saco do nosso feed (ui, ui, ui, eu também uso esse tipo de palavreado…).
E haja influencer mostrando como é maravilhosa a sua medíocre vida, como seus amigos são desinteressantes, como são fúteis suas mais sérias preocupações, como suas mansões causam bocejo e cansaço. E correm para conferir a fatura dos likes.
A quintessência do universo virtual, famosos dos guetos culturais mais estreitos do mundo exibem seus sorrisos de acrílico, dirigidos aos seus fãs/tietes, hoje conhecidos pela inquietante denominação de “seguidores”.
Close no olhar blasé dos pets de famosos ex-bbb sei lá do quê embalados em seus modelitos de seda, adquiridos no último rolê em Paris, suspirando de tédio e arrogância.
Diante de termos como “cringe”, bate uma saudade dos termos “brega”, “cafona”, até o não nosso “demodê”, e vem a certeza de que, num passado nem tão remoto, éramos muito mais chiques. E já sabíamos disso.
Ufa! Desabafei! Já tô de boa!