Poema de agora: A culpa – Bruno Muniz

A culpa

A culpa é da colombina
que briga com o arlequim;
a culpa é da bailarina
que esconde os passos de mim;
da rosa que fere o cravo,
da chuva que molha o chão;
a culpa é da atiradeira
que fura São Sebastião;
das folhas que vão o outono
perdendo-se ao meu jardim;
das horas que se adiantam
fechando o botequim;
a culpa é da primavera
que ofusca o sol do verão;
daquela cor amarela
que faz do sorrir em vão;
a culpa é da chapeuzinho
que engana o Lobo-Mau;
A culpa é da Cinderela
que esquece o pé de cristal;
da Cuca que assusta o sítio,
da pulga que coça o cão;
a culpa é da purpurina
que cola na nossa mão.
E pra acabar o poema,
antes que eu cause um tufão,
mulheres que aqui me lerem,
saibam logo, de antemão:
não há homem neste mundo,
em qualquer rumo ou estrada,
que consiga existir
longe da mulher amada.

Bruno Muniz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *