“Pandemônios”
O silêncio estrondoso dos fogos de artifício
Anunciava o verso assilábico do poeta
A vida sumindo das cidades, das esquinas
Os sonhos enclausurados nos porões do destino
Cadê João, cadê Maria
Lá se foi o Blanc
Nessa fila de partida
Como outras almas
Parceiros , parentes e outras flores da vida
Nessa enchente de apagões
Onde o céu berrava na madruga fria
Dilacerando sorrateiramente
Como um ínfimo monstro feroz
Cada alma, cada cria
Que se escondiam atrás das máscaras
E não eram pierrot, nem Colombina
Eram só números dissecados
Aos olhos de um Planalto atônito, entorpecido
Nas teias sórdidas de um crápula
E sua horda de pandemônios.
Ricardo Iraguany