Poema de agora: Sísifos – Jaci Rocha

Sísifos

Talvez eu não saiba dizer “Muito Prazer”
Enquanto olho as pedras rolarem
Enquanto o tempo molha as roupas no varal
Sei lá – é que não gosto de ‘retrabalho’

Mas, todo dia, o ponteiro renasce
Um agora novo dia me vem
De uma mesma metafísica equatorial
E eu novamente preciso de luz, calor, água, sabor e sal.

Viver é (re)trabalhar continuamente
Empurrar as pedras para o alto e gostar do progresso
Vê-las rolarem – nunca iguais
E reiniciar o processo…

Sísifos de nossas próprias abstrações,
Queremos o próximo ‘topo’
A próxima – máxima- ilusão
Ah! Quanta solidão…e beleza

Essa humana saga – quiçá, natureza.

Jaci Rocha

  • Que lindo, minha querida poeta. A sensibilidade é a realidade do viver no rolar e no empurrar contínuo de nossas perspectivas de pedras e plumas. Bjs.

  • Pra não dizer que não falamos das flores, vem o querido Poeta e fala nas plumas…para lembrar que a jornada também tem ar, voo…leveza.

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