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Nostalgia
Antônio Prata – Folha de São Paulo – 15/06/11
A nostalgia não é um dos sentimentos mais em voga na praça. Talvez porque, como já escrevi noutra crônica, ela seja uma espécie de caldo Knorr emocional: um tempero artificial, mistura de esquecimento com saudade, que garante cor e sabor a situações que, quando vividas, lá atrás, nem foram assim grande coisa.
Há também, acredito, outra razão para a desvalorização da nostalgia: por voltar nossos olhos ao passado, ela atua como uma âncora, impedindo o movimento “para o alto e avante”, direção na qual nos empurram os impulsos mais de acordo com o nossa época: a ambição, a ganância, a curiosidade.
Eu tenho cá minhas ambições, minha ganância, muita curiosidade, mas confesso que levo sempre no bolso dois ou três tabletes de nostalgia. Não por pensar que o passado seja melhor que o porvir -torço pelo contrário; acredito no contrário-, mas porque o passado é a matéria da qual somos feitos; é só o que temos. Se pudermos optar, melhor conservá-lo mergulhado em poesia do que protegido por naftalina, não?
Ao contrário do que alegam seus detratores, a nostalgia -pelo menos, a vertente que eu pratico- não é necessariamente uma visão empobrecedora da vida. Fellini nada em rios de nostalgia e, no entanto, ninguém pode acusar “Amarcord” ou “8 e «” de edulcorarem a infância, pode? A violência está lá, a confusão, o desamparo. Mesmo assim, tudo é belo, trabalhado pelas mãos do grande artista.
Pragmático leitor, sejamos nostálgicos! Se não estivermos um tanto bêbados, de vinho ou poesia, como sugeriu Baudelaire, a vida vira um mero trajeto do pó ao pó, com escalas por unhas encravadas e planilhas Excel. Sem um mínimo de trapaça no olhar, nada resiste a um exame mais apurado. Roma é uma gritaria em meio a ruínas. Napoleão, um baixinho nervoso. Marilyn, uma bêbada chata. Muito provavelmente, Fellini nunca teve um tio doido e narigudo que subiu numa árvore, os bolsos cheios de pedras, gritando “Eu quero uma mulher! Eu quero uma mulher!”, até ser resgatado por uma freira anã. Por isso temos a arte, para isso a nostalgia; para transformar o Miojo sem graça de nossas existências em algo mais próximo das “fotos ilustrativas” das embalagens, enfiando douradas coxas de frango e tenros filés onde havia somente farinha de trigo e gordura vegetal hidrogenada.
Penso essas coisas todas porque, em algumas semanas, mudo-me deste apartamento. Agora mesmo, enquanto escrevo, percebo-me melancólico como o diabo, olhando as paredes ou os vasos da varanda como uma paisagem da janela de um trem.
Passei aqui uma década. Cheguei com 23 anos -um aparelho 3×1 que ainda rodava as fitas gravadas na adolescência-, saio com 33 – previdência privada e alguns fios de barba branca. Debaixo deste teto, escrevi quatro livros, briguei com um amigo, fiz as pazes, tive o coração partido e colei seus pedacinhos.
Aqui, reencontrei o amor, casei e daqui me mudo, para uma casa maior, como convém, com um quintal e um gramado, onde correrão meus futuros filhos e os rios de nostalgia que, em seu devido tempo, brotarão por entre as plantas.”
Conan – O Bárbaro
Conan – O Bárbaro (Conan – The Barbarian) ganhou o seu primeiro comercial de TV. Se a ideia era encher o vídeo de informação, a Lionsgate começou bem. Veja:
No filme inspirado na criação de 1932 de Robert E. Howard, Conan parte pelo continente de Hibórea em busca de vingança pelo assassinato de seu pai e a destruição de sua vila. No elenco estão Jason Momoa (Conan), Rachel Nichols (Tamara), Stephen Lang (Khalar Zym), Rose McGowan (Marique), Bob Sapp (Ukafa), Ron Perlman (Corin) e Leo Howard (Conan jovem).
Marcus Nispel (Sexta-Feira 13) dirige a volta ao cinema de Conan, que está marcada para 19 de agosto nos EUA e 16 de setembro no Brasil.
FONTE: http://www.omelete.com.br
Homem solteiro à procura
“Nós Vamos Invadir Sua Praia”- Andréa Ascenção
Parabéns Fernando Canto!
Hoje é aniversário do escritor, compositor, poeta e sociólogo Fernando Canto. Parafraseando Vinícius: O branco mais preto do Laguinho, bairro de Macapá que ele adora descrever. O “Barba”, como o chamo carinhosamente, é um amigo que admiro. Costumo brincar dizendo que, se um dia eu escrever 25% do que ele escreve, estarei realizado como jornalista. Orgulho-me de freqüentar sua casa e ter a amizade dele, de sua esposa e seus filhos.
Funcionário da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Fernando também faz parte do Grupo Pilão, lendária banda amapaense. Ele já venceu muitos festivais de música com suas composições magníficas. Foi parceiro dos principais compositores do Amapá e publicou diversas obras literárias. Paraense de Óbidos, o Barba é amapaense de coração.
O homem possui a prosa na ponta da língua e a poesia nas mãos. Em todos os churrascos e cervejadas que participei em sua residência, o Barba sempre levantou assuntos interessantes, pois possui um papo muito legal. Malandrosamente, sempre tem uma boa sacada ou colocação inteligente e engraçada sobre qualquer tema.
Não faz muito tempo que o jornalista Renivaldo Costa disse: “Fernando Canto é nosso maior poeta!”, concordo plenamente. Em seus fantásticos escritos, o Barba poetiza, satiriza e relata as peculiaridades do Amapá, seja sobre amigos, histórias do Boêmios do Laguinho (sua escola de Samba do coração), do próprio bairro, homônimo a escola ou sobre o Bar do Abreu, reduto de intelectuais que adoram “molhar a palavra”.
Já li o livro “Adoradores do Sol”, de sua autoria, diversas vezes. Fernando deu o seu quinhão para a cultura amapaense, ele inventou e desinventou, musicou e escreveu, sempre esbanjando poesia e talento incontestável. Trocando em miúdos, Fernando Canto é PHoda! Não é á toa que costumo dizer que sou um grande fã dele. Feliz aniversário, mestre Barba!
Elton Tavares