Novo Código Florestal e os Pesquisadores Brasileiros


Por Graciliano Galdino

Com a aprovação desse novo código florestal, me pergunto muito qual o papel de nós pesquisadores em prol do desenvolvimento racional da sociedade. Um zilhão de artigos sobre a tal “Biologia da Conservação”, falando dos diversos aspectos negativos desse uso indiscriminado dos recursos naturais e no final o governo dá essa lapada…

Tá na hora de revermos de forma significativa como atuamos na sociedade, como vamos manejar o repasse de informação para nossos “semelhantes” e como vamos traduzir isso de forma aplicável para a sociedade. Pesquisa científica é importante para geração de conhecimento, para desenvolvimento da nação, mas se não nos posicionarmos mais efetivamente e nos fizermos ouvir, ninguém vai.

Pesquisador que acha que só fazendo a pesquisa dele cumpre seu papel, está errado. Todo homem civilizado é responsável por influenciar em diversos setores da sociedade, diretamente e indiretamente, independente da classe social. Então, pra quem gera conhecimento e se importa, passou da hora de sair das nossas elocubrações teóricas buscando preencher lacunas significantes numa escala acadêmica, e buscar gerar conhecimento que resolva questões sociais, pois elas também são muito importantes para TODAS as áreas do conhecimento.

Todos nós somos seres políticos, quem escolhe se abster da política (política no sentido de relações humanas), talvez esteja praticando a maior forma de suicídio intelectual e moral que já vi.

O Dia de São Jorge


O Dia de São Jorge 

Salve Jorge!!!
São Jorge me empresta tua lança
Ainda que nossos dragões sejam imaginários
Precisamos combatê-los
Eles estão disfarçados de paletó e gravata
Sapatos engraxados
E recebem a maior verba indenizatória do país.

Aog Rocha

Tiradentes: a criação do herói nacional

Por: Márcio Ezequiel – mestre em História/UFRGS e analista-tributário da Receita Federal

21 de abril, Tiradentes, feriado nacional. A Inconfidência Mineira (1788-1792) foi um conflito motivado pela tributação excessiva. A Coroa Portuguesa recolhia o quinto do ouro, ou seja, 20% de todo metal precioso apanhado no Brasil. Contra tal prática levantaram-se os mineiros (de profissão e gentílicos). Joaquim José da Silva Xavier, contudo, foi o mártir do episódio. Por quê? Foi escolhido para isso. Para servir de exemplo.

Dentre vários condenados, foi o único que não foi perdoado. Não era líder e nem mentor intelectual da insurreição. Apenas um oficial de baixo escalão – alferes – que por não gozar do prestígio dos demais insurgentes, não conseguiu se safar da pena máxima. Como dentista também não era uma sumidade. A alcunha pejorativa ainda nos causa arrepios. Apesar de sua memória começar a ser trabalhada ainda em meados do século XIX, foi alçado à condição de herói pelos pensadores da República Velha. Não por coincidência o feriado foi decretado em 1890. O primeiro “21 de abril” foi republicano.

A partir de então ganhou força o culto cívico a Tiradentes, passando a ser retratado com feições de Cristo, com direito a cabelo comprido, auréola e crucifixo à mão. Nenhuma das imagens que conhecemos foi imortalizada por artista que o tivesse encontrado em vida. Representaria um povo sofrido e injustiçado desde o período colonial, passando pelo Império. Morrera como vítima, de forma humilhante a mando da rainha Maria I, (mais tarde, “a Louca”), avó e bisavó dos dons Pedros. Na composição do mito, houve espaço também para o novo Judas – Joaquim Silvério dos Reis.

Se a Inconfidência teve motivação tributária, sua delação e desfecho também o tiveram. Silvério dos Reis, que sequer fora o único traidor, era contratador de tributos, uma espécie de cobrador terceirizado pela Coroa. Estes acabavam sendo os maiores sonegadores. Com avultada dívida e buscando o perdão foi que entregou o movimento. Dez dias depois estava anistiado. Teve que se retirar de Minas Gerais, tamanha comoção popular em torno do réu executado. No Rio de Janeiro, tampouco teve paz. Mudou de nome e foi para o Maranhão, onde morreu em 1818 sem saber que o alferes traído viraria o herói nacional.


Da estima


Um amigo me ensinou sobre como compreender os papéis de cada um em determinadas situações na vida. Ao me contar sobre como alguém muito especial o havia negligenciado, ultimou:

– Aprendi que mesmo as pessoas legais são idiotas, e isso não significa que você não tem valor, mas sim que existem idiotas.

Fonte: http://qualquerexperienciahumana.blogspot.com.br/2012/04/da-estima.html

ATEUS, PAREM DE ENCHER O SACO!


Sou ateu, não faço disso uma bandeira e acho cafona e até mesmo idiota quem o faça. Mas, ok, cada um faz o que quer, fico na minha. A parte realmente chata disso tudo é que, com as redes sociais, o ateísmo se tornou uma espécie de “culto”, usando exatamente todos os métodos de qualquer religião, sem o detalhe de acreditar num deus.

Por que diabos incomoda tanto a esses ateus que alguém tenha sua fé? A raiva da fé alheia é prima-irmã da raiva da sexualidade alheia; são dois temas íntimos que dizem respeito – entre alguns outros – apenas a quem os professa, pratica, gosta, acredita etc. Se você se incomoda com a escolha íntima do outro, então é VOCÊ que não está preparado para a vida em sociedade.

Condenar alguém pelo que acredita espiritualmente é o mesmo que condenar quem tenha prazer sexual desta ou daquela forma; é, antes e acima de tudo, uma invasão à liberdade individual e, nesse sentido, também uma forma autoritária e egoísta de ver o mundo.

Dá tanto trabalho assim cada um cuidar da própria vida? Os ateus 2.0 deveriam ao menos perceber que fazem papel de torquemadinhas internéticos em vez de pregar algo como liberdade. Os ateus que enchem o saco de todo mundo que não partilha do ateísmo se comportam como uma espécie de “vegan” da fé alheia.

É chato pra caralho!

Salvo exceções, o ateísmo internético causa vergonha nos próprios ateus. Dá vontade de inventar alguma religião só para não ser confundido com essa turminha “rebelde” que espalha imagenzinha antirreligiosa pelo Facebook – entre outras formas super ultra radicais de protesto.

Um pedido: parem. É sério.

Fonte: 
http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/2012/03/20/ateus_parem_de_encher_o_saco/#comments

Li e ri —> “O capa”

Tipo: O capa
Nome cientifico:  homo capensios.
Fazer capa na gíria popular significa, fingir ser algo que não é, e geralmente está bem longe de ser. Algumas pessoas vivem assim, fazer capa é uma arte pra esse povo,  acham que enganam todo mundo quando na verdade são motivo de piadas.


O piloto:

Característica: Gasta todo o dinheiro que NÃO tem com o carro (Geralmente 1.0), adora se endividar todo pra encher o carro de tecnologia inútil, turbinas, Rodas, DVD´s, caixas de som, banco de couro.

Vitória: Quando trocam o seu sobrenome pelo nome do carro, João do Ford Ka, Miguel do golf, mas o melhor de todos é, Rafael do corsa turbo aspirado com DVD e roda 16.(ai ele vira divindade).

Como reconhecer: Sempre está ao lado do seu carro com a mala aberta e o som tão alto que é impossível fazer qualquer tipo de contato.


O turista:

Característica: Para esse camarada passar o último fim de semana das férias em salinas equivale a passar um mês em Ibiza, faz de tudo pra mostrar que já foi várias vezes a Belém quando na verdade nunca passou do Pará.

Vitória: Conseguir uma promoção bem próximo de feriados e fingir que comprou de ultima hora por um preço muito caro.

Como reconhecer: Divulga de todas as formas sua viagem, Orkut, Face book, twitter e está sempre perguntando se você foi pra salinas em julho.


O porradeiro:

Característica: Passam a noite de cara feia, encaram todo mundo, mas na hora que o bicho pega são os primeiros que correm e correm muito, diga-se de passagem. Em sua maioria já treinaram um ou dois meses de Jiu-jitsu, mas nunca saíram da faixa branca.

Vitória: Pra esse animal, perguntar “O que foi?”, com tom mais alto, é o mesmo que lutar a final de um UFC.

Como reconhecer: Peito estufado, camisa apertada, asas abertas, bermuda de MMA.


 O pegador: (Em minha opinião, o melhor)

Características: Ele diz que todos os olhares estão voltados pra ele, “ô cara”, mas na verdade ele é o maior engana pau do mundo. Não pega ninguém, seus esquemas nunca são vistos.
Vitória: Quando uma menina que só ele conhece vem e lhe da um abraço ou pelo menos manda um tchauzinho, pra ele poder dizer que é um dos esquemas dele.

Como reconhecer: Sempre conhecem várias mulheres mas ela não dão ne um pouco de moral pra ele, sempre que é perguntado onde estava responde que estava em uma missão, usa as piores cantadas e é feio. Haoiaehu


O milionário:

Característica: é o famoso metido a rico, ta querendo sempre pagar de granado, fica dizendo quanto gastou na balada ontem, que comprou isso ou aquilo, e que só gosta de comprar a vista e nas lojas mais caras, compra uma vez por ano quando tem promoção, adora gozar com o pau dos outros.

Vitória: Fazer uma coleta com mais 10 amigos milionários e comprar uma garrafa de Absolut e ficar bebendo apertado em uma área VIP qualquer.

Como reconhecer: Está sempre nas melhores Baladas, mas não pagou, está sempre com as melhores roupas falsificadas da 25, tem um Iphone que ele faz questão de mostrar e que foi comprado no mercado livre de 4ª mão.

E o pior de todos, o mais fudido, o fera da parada.


O PLAYBOY:

É só pegar todos os anteriores e misturar bem. =)


Fonte: http://www.blogdoseujose.blogspot.com.br/2010/12/o-capa.html

Carla Nobre – Carta aberta a quem ama a literatura no Amapá



Como eleitora legítima do processo eleitoral para a próxima composição do Conselho de Cultura do Amapá, acompanho as criticas que venho recebendo de várias frentes. Encaro a todas de forma tranquila e transparente. Mas também com o doce sabor da vitória. Não apenas porque o candidato que apoiei venceu o pleito, mas porque acompanhei, como fiscal de candidato, o processo eleitoral em tempo real. Nisso, pude ver todo o andamento do processo. E, apesar, do ranger de dentes, NINGUÉM pode contestar a transparência do processo.


 As decisões foram tomadas de forma conjunta o tempo inteiro, pactuadas por todos, inclusive pelos dois candidatos. Assim, é inadmissível que EU tenha impedido alguém de votar. Não tenho esse poder e não estava sozinha na sala de votação. Ou seja, quem não votou, foi porque não se enquadrava nos critérios adotados pelos dois candidatos e não porque eu proibi. Mas meu sabor de vitória se refere ao momento especial que vive a literatura no Estado, pois como representante do Governo do Estado no Conselho de Cultura, sou feliz e realizada em afirmar que o Governador Camilo Capiberibe, deu um salto único e qualitativo na política do livro e da leitura no Estado do Amapá. 

Ainda no primeiro ano de governo, realizamos o 1º Corredor Literário na 48ª Expofeira, onde o governador concedeu a honraria do Troféu Equinócio da Palavra, realizamos o Seminário Estadual do livro e da leitura, que em março agora, realizou a sua segunda etapa, pré aprovando a lei estadual dessa política e também as caravanas literárias que sairão pelo Estado do Amapá, discutindo o nosso plano estadual do livro e da leitura (PELL) e agora recentemente realizamos o 1º Encontro de Poetas da Amazônia, que inaugurou três marcos importantes: a Estante da Literatura da Amazônia na biblioteca do campus II da UEAP, a Esquina da Palavra, no hall de entrada da Secretaria de Estado da Educação e também o primeiro Sarau Literário na Feira do produtor do buritizal. Tudo registrado, tudo celebrado!!! 

Então que fique a lição: quem quiser, mostre trabalho. Para finalizar, cito um exemplo contrário: vi na eleição, dois irmãos de um certo senador, ávidos a votar (e o fizeram legitimamente), mas NUNCA se preocuparam em inaugurar um página dedicada à literatura no jornal impresso ou um programa literário na TV que comandam, tampouco esse senador, se preocupou em trazer verbas para nossa biblioteca pública ou para(re)publicação de obras literárias do Estado. Assim, votar votaram, mas viver a literatura, que é bom, não é pra qualquer um… No mais, vamos seguir em frente, cadastrando, por recomendação do Governador, até março de 2013 TODAS as Salas de Leitura do Estado no cadastro da Biblioteca Nacional, para trazermos verbas federais na área literária e melhorar os indicadores nacionais do Estado, pois já passou do tempo, de termos tantas referencias negativas…

CARLA PATRICIA RIBEIRO NOBRE

SAUDAÇÕES LITERÁRIAS E TUCUJU

www.carlapoesia.recantodasletras.com.br

A divina comédia

Por  Carlos Brickmann


Há poucos gênios no mundo Há pouquíssimos gênios no Brasil Chico Anysio era gênio e faria sucesso em qualquer país do mundo Millôr Fernandes era gênio De tanto falarem que, se ele escrevesse em inglês, estaria milionário, escreveu um pequeno artigo em inglês e concluiu que não tinha ficado rico, não.

Chico Anysio era compositor, ator, criador, redator, homem de rádio, diretor de TV, humorista, tudo o que se possa imaginar na área eletrônica. Millôr era humorista, redator, criador, tradutor de primeiríssima linha, jornalista, autor de teatro, pensador, frasista. Nenhum dos dois precisava de palavrões, insultos; o grotesco passava longe de ambos. E os dois eram engraçadíssimos.

Millôr teve forte atuação política: foi fundador de O Pasquim, escreveu com Flávio Rangel a peça Liberdade, Liberdade, ambos marcos da resistência ao regime militar. Deixou um posto bem pago e de destaque no jornalismo, as páginas iniciais da revista Veja, por apoiar a candidatura de Leonel Brizola ao Governo do Rio. Ocupou algum cargo no Governo Brizola? Não. Recebeu algum benefício do Governo Brizola? Não. Pediu indenização pelos prejuízos que o regime militar lhe causou, fechando a revista O Pif-Paf e dificultando ao máximo a vida de O Pasquim? Não – ao contrário, criticou os que pediram indenização, dizendo que pelo jeito não tinham feito oposição, mas um investimento.

Deus, dizem, é brasileiro. E nestes dias está convocando os melhores compatriotas para sua Divina seleção.

Fonte: http://www.chicobruno.com.br/noticia.php?n=38216

Jacinta merece!


Projeto de autoria do deputado Agnaldo Balieiro (PSB), foi protocolado na Assembleia Legislativa, propondo que o prédio público onde vai funcionar uma escola estadual no bairro Vale Verde, no Distrito de Fazendinha, seja denominado de Professora Jacinta Maria Rodrigues de Carvalho Gonçalves, secretária estadual de comunicação, falecida em dezembro

Meu comentário: Jacinta era uma excelente profissional, além de grande amiga minha, de longa data. A Agência de Notícias do Amapá, ótima ferramenta de comunicação do Estado, é o seu legado. Adorei a iniciativa, a saudosa amiga merece essa justa homenagem.

Fonte: http://www.correaneto.com.br/site/?p=23440

A nova velha cara do futebol brasileiro


Após 23 anos, Ricardo Teixeira deixou a CBF. Em seu lugar, quem assume é José Maria Marin, que, aos 80 anos, será a “nova” cara do futebol brasileiro. O ex-governador chega à presidência por ser o vice há mais tempo no poder e vai comandar a entidade por 90 dias – tempo em que se prevê a organização de novas eleições.

Ex-jogador de futebol, o novo presidente tem histórico político extenso – era o vice de Paulo Maluf em 1982 quando, após o governador – eleito indiretamente – deixar o cargo para candidatar-se a deputado federal, assumiu o Estado de São Paulo durante nove meses.

A ascensão do são-paulino Maria Marin não representa exatamente uma renovação. O novo presidente sempre esteve ao lado de Ricardo Teixeira e por isto permaneceu tanto tempo na Confederação Brasileira de Futebol. Mais do que isso, ele também assume o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, no qual também estão Ronaldo e Bebeto, nomeações do próprio Teixeira.

Ao comentar o assunto na coletiva em que anunciou a renúncia de seu colega, Marin cometeu a gafe de dizer que quem estaria ao seu lado no COL seria Romário. O baixinho, como se sabe, é na verdade um opositor da atual gestão.

José Maria Marin foi obrigado a responder também sobre o recente episódio em que, durante uma premiação da Copa São Paulo de Futebol Junior, foi flagrado por câmeras colocando uma medalha no bolso. O cartola limitou-se a explicar de que o caso foi uma “verdadeira piada”, e, na verdade, a medalha era uma cortesia da Federação Paulista de Futebol.

Durante estes 90 dias, o novo presidente deve organizar uma nova eleição, que já tem seus principais postulantes. Marco Pollo del Nero, da Federação Paulista de Futebol, e Rubens Lopes da Costa Filho, da Federação Carioca, devem ser os principais concorrentes ao cargo.

Meu comentário: Esse pessoal trocou seis por meia dúzia. Aquele velho papo de “obrar e limpar com canjica”. No miniblog Twitter, o jornalista Palmério Dória definiu bem a mudança : “CBF anuncia troca de gangster no comando da entidade“. Concordo!

Fonte:http://raymundjose.blogspot.com/

As mulheres são fantásticas!


A mãe e o pai estavam assistindo televisão quando a mãe disse:
– Estou cansada e já é tarde,vou me deitar !!!

Foi à cozinha fazer os sanduíches para o lanche do dia seguinte na escola, passou água nas vasilhas das pipocas, tirou a carne do freezer para o jantar do dia seguinte, confirmou se as caixas de cereais estavam vazias, encheu o açucareiro, pôs tigelas e talheres na mesa e preparou a cafeteira do café para estar pronta para ligar no dia seguinte.

Pôs ainda umas roupas na máquina de lavar, passou uma camisa a ferro, pregou um botão que estava caindo. Guardou umas peças de jogos que ficaram em cima da mesa, e pôs o telefone no lugar. Regou as plantas, despejou o lixo, e pendurou uma toalha para secar. Bocejou, espreguiçou-se e foi para o quarto. Parou ainda no escritório e escreveu uma nota para a professora do filho, pôs num envelope junto com o dinheiro para pagamento de uma visita de estudo e apanhou um caderno que estava caído debaixo da cadeira. Assinou um cartão de aniversário para uma amiga, selou o envelope, e fez uma pequena lista para o supermercado, colocou ambos perto da carteira.

Nessa altura, o pai disse lá da sala:

– Pensei que você tinha ido se deitar.

– Estou a caminho – respondeu ela. Pôs água na tigela do cão e chamou o gato para dentro de casa. Certificou-se de que as portas estavam fechadas. Passou pelo quarto de cada filho, apagou a luz do corredor, pendurou uma camisa, atirou umas meias para o cesto de roupa suja e conversou um bocadinho com o mais velho que ainda estava estudando no quarto. Já no quarto, acertou o despertador, preparou a roupa para o dia seguinte e arrumou os sapatos. Depois lavou o rosto, passou creme, escovou os dentes e acertou uma unha quebrada. A essa altura o pai desligou a televisão e disse:

-Vou me deitar.

E foi. Sem mais nada.

(Carlos Drummond de Andrade)

Conselhos de Drummond


10 conselhos de Carlos Drummond de Andrade a um escritor iniciante: 

1. Não acredite em originalidade, é claro. Mas não vá acreditar tampouco na banalidade, que é a originalidade de todo mundo.

2. Não fique baboso se lhe disserem que seu novo livro é melhor que o anterior. Quer dizer que o anterior não era bom. Mas se disserem que seu livro é pior que o anterior, pode ser que falem verdade.

3. Procure fazer com que seu talento não melindre o de seus companheiros. Todos têm direito à presunção de genialidade exclusiva.

4. Aplique-se a não sofrer com o êxito de seu companheiro, admitindo embora que ele sofra com o de você. Por egoísmo, poupe-se qualquer espécie de sofrimento.

5. Sua vaidade assume formas tão sutis que chega a confundir-se com modéstia. Faça um teste: proceda conscientemente como vaidoso, e verá como se sente à vontade.

6. Opinião duradoura é a que se mantém válida por três meses. Não exija maior coerência dos outros nem se sinta obrigado intelectualmente a tanto.

7. Procure não mentir, a não ser nos casos indicados pela polidez ou pela misericórdia. É arte que exige grande refinamento, e você será apanhado daqui a dez anos, se ficar famoso; se não ficar, não terá valido a pena.

8. Se sentir propensão para o gang literário, instale-se no seio de uma geração e ataque. Não há polícia para esse gênero de atividade. O castigo são os companheiros e depois o tédio.

9. Evite disputar prêmios literários. O pior que pode acontecer é você ganha-los, conferidos por juízes que o seu senso crítico jamais premiaria.

10. Leia muito e esqueça o mais que puder. Só escreva quando de todo não puder deixar de fazê-lo. E sempre se pode deixar.

E como todos somos “escritores iniciantes” hoje em dia…


*Contribuição do amigo André Mont’Alverne.