Ouvi dizer que sou louca
Acometida de demência especial
Olho o mundo com meus sentidos
E me apaixono pelo irreal
Devo mesmo ser louca!
Pois, na cidade de pedra
Em meu pequeno ninho
Eu tento cultivar rosas
Sem podar os espinhos…
Não é fácil, senhor!
Tentar colorir esse cinza todo
Com meu arco-íris pessoal
Às vezes
Até eu,
Me acometo dessa triste doença
De seguir o padrão social…
É…
Mesmo eu,
Conhecida por desequilibrada
Me disfarço com roupas formais
E me visto de sociedade
Porém, internamente
Alimento essa tão minha
Particular insanidade…
Quem mais
Morando no alto de um prédio
Possui como companhia
Livros, flores e pássaros?
Que livremente passeiam pelo jardim…
Seres que vivem de seus próprios significados
E, dia a dia,
Cultivam minha poesia…
Me ensinando sempre,
Ainda que com dificuldade,
A retirar a armadura
E a me despir dessa tão deprimente
‘’normalidade’’
Mary Rocha