Poema de agora: 2017/2018 – Jaci Rocha

2017/2018

(Es)corre para 2018
(O tempo) Move o calendário
Refaz o abecedário de esperanças
O dia reparte, a noite renasce

O próximo sol trará um novo ano.

A nova maré será de Janeiro:
Recomeço e continuidade
O primeiro dia de 2018 nunca existiu, vai chegar
A vida acontece – flagrante e fragrante –

Agora, já.

Então, se o verbo é presente
E a gente é semente que floresce no tempo de ser
Se o céu abre estrelas para o ano nascer,
Celebre o parto, e vá!

Sê maré desenhada pelo vento
Ao sabor do sopro de um novo tempo,
Há um calendário criança à espera da história
2017 se torna, no girar do segundo,
Registros e memória.

*(Enquanto isso, um 2018 criança recebe os primeiros risos…)

Jaci Rocha

Poema de agora: Véspera – Jaci Rocha

Véspera

A cidade brilha, neste dia 23.
É véspera de Natal.
A Av. Cândido Mendes, coalhada de gente
No ar, um misto da calma e da mística
Que as luzes evocam
E da humana agitação do ritual de celebração.. .

Ele, não.
Está quieto, cheio do calor de Deus.
Foi novamente para o ventre da mãe – também Maria
E se prepara para renascer – ano após ano
Com sua mensagem de amor e alegria.

É que a gente se esquece
De que é irmão.
No dito concreto da falta do pão
E da mais correta partilha
Pois cada um corre por aí
Em busca do seu quinhão da mais-valia.

E por isso, ele sempre volta.
Brinca e ri, convida-nos ao reencontro com a humana natureza
E à verdadeira celebração
Que está no abraço apertado, no riso
E no aperto de mão,
No encanto e na magia do cotidiano…

Pois, na essência de tudo,
Amor é o que somos.

Feliz Natal.
Bem-vindo, Jesus.

Jaci Rocha

Poema de agora: Rio! – Jaci Rocha

Rio!

O que será que é o amor?
Quantas milhões de coisas ele ainda virá a ser?
Quem um dia poderá, ainda que breve
Explicar, ponderar, compreender?

Sei que é toque, canção, cheiro, emoção (alucinada!)
Sei que é dia a dia, mão na mão
Segurar o coração,
Seguir em par pela estrada…

É perda, suor e ganho
Inocência, saliva e ilusão
Mas sei que é também o possível
Depois de encontrar com a razão…

É deixar de abrir páginas encantadas
Para estar na pele amada
ter absoluto medo e ainda assim,
aceitar-se desassossegada…

Mas eis que não sei mais do amor
do que aquilo já alcancei.
Sempre à procura de seu infinito!
Feito chuva, molha a alma, invade a pele,

Doce rio de mistério…

Jaci Rocha

Poema de agora: Eterno Retorno – Jaci Rocha

 

Eterno Retorno

Desde que acordei
Já deixei pra trás tanta coisa!
Meu sonho esquecido da noite anterior,
A beleza da lua passada,
E até um belo par de asas…

É que o tempo cria demônios
Redemoinhos e tufões
E leva embora tudo que somos – efemeridade
Para trazer, com o mover do mundo,
Novas partículas de segundo.

Por isso, adeus, adeus!
Mas é sempre até breve…
Pois na curva do arco-íris
O amor (mágica infinita)
Em si, repete.

O vento que fez a curva,
Girou a roda do universo
voltou no dobrar da esquina,
arejou certezas,
e hoje dança com as cortinas…

Jaci Rocha

Poema de agora: Todo Dezembro Chove em Macapá


Todo Dezembro Chove em Macapá

Todo dezembro chove em Macapá
Para lavar o tempo nublado
nuvens caem do céu, águas de outros lados…

Enfeitando as luzes de natal com poesia:
Pingos d´água multifacetando cores
Brilhando a pele, as plantas, a paisagem
Fazendo a pintura-vida parecer delicada miragem…

Finda o ano…com águas no céu
Beleza intrínseca vinda do senhor do pincel…
E este amanhecer nublado
Conta-me que é dezembro…

E que em dezembro a minha cidade molha
Se enfeita de água e escorre…
Corre, vem brindar, beber o céu!
Vai garoar fininho…porque o natal vem vindo…

Jaci Rocha

Poema de agora: (Res)Piração- Jaci Rocha

(Res)Piração – Jaci Rocha

A chuva cai, vai pela esquina
O vento movimenta o espaço
Os prédios gemem
Formam traços
Alheios a quem passa.

A vida passa, pega o trem
Às vezes, perde a estação.
O tempo mói e a gente tenta
Segurar o instante na respiração!

Mas tudo vai,
A tarde cai,
Ávida por emoção…

A máquina das semeaduras
Ceifa tudo que já é passado
E, por outro lado
A seiva da esperança escorre sobre nós…

E, se há pedras debaixo dos pés,
Há sempre um maravilhoso céu
Onde um estranho pincel
Desenha um sorriso nas estrelas.

Jaci Rocha

Poema de agora: Caminhada – Jaci Rocha

Caminhada

Caminho pelo mundo
E, entre verbos e rimas,
Vivo de parir emoções:
Respiro o caos de um coração enternurado!

Perdi-me dos roteiros
Desenhei à mãos sorrisos
Em dias de chuva
Vida em versos livres e laços guardados…

Acho que não sei quem sou,
Mas desaprendi de ser quem era,
Estou mais em paz com o caos
De ser essa coisa bruta:
Caos de poesia,pedra,poeira…

E, em meio a cortina fina da normalidade…
Dizem que sou doida:
-Termo de Confissão:
é verdade! –

Sinto saudade
Sinto paz, frio e calor!
Mas gosto mesmo é de ser rima solta
Estar e ir aonde o amor for…

Jaci Rocha

Poema de agora: Epifania num fim de tarde

Epifania num fim de tarde

Estas horas mornas
Onde o vento faz a curva lentamente
E o silêncio dá lugar
Ao zum zum zum do espaço
Os meninos batem bola pela rua
E a tarde cai, sem pressa de chamar a lua…

Estas noites cálidas
Como o sopro de um anjo manso e preguiçoso
Que leva e traz o canto da curica sonolenta
No tempo-espaço que se modifica
Faz a gente repensar a vida…

Perguntar o porquê de tanta pressa,
Pra quê a urgência da chegada,
Se o sol nasce e renasce pela estrada
E ‘ às seis’ pode se um dia qualquer…
Se a pressa do encontro
Não acelera o curso da maré (Que a gente é)

Que a gente é
Como esse rio
Como esse vento
E esse dia, que bonito e lento
Cumpre sua missão…

Jaci Rocha

Poema de agora: Uma Canção de Dor Pelo Rio que Se Cansou de Lutar com o Mar (De Fernando Canto à poeta Carla Nobre)

Amanhecer no Rio Araguari – Foto: Elton Tavares

Uma Canção de Dor Pelo Rio que Se Cansou de Lutar com o Mar

O mar te chama, desesperadamente, Ar(agua)ri. O mar reclama. O mar te pororoca. A voz que ruge oca clama por ti. Sons de mil trombetas não se calarão enquanto as noites estreladas cobrirem o teu leito-cemitério de peixes, de alimento podre.

Que desçam os cardumes do Tumucumaque onde os laços do lucro se fecham na tua dor amordaçada. Que desçam os brilhos do Tumucumaque, onde os veios minerais se rompem em tanta agonia.

Homens ensandecidos mastigam folhas da floresta em segredo, mulheres pintam corpos com tintas de jenipapo. Flechas disparadas pelo povo da floresta há tempos viajam perdidas sobre um céu de estrelas que se apagam. Peixes acordarão como centelhas nas águas e as marés roucas invadirão o silêncio dos estirões.

Que desçam os detritos da tua pele clara, Ar(agua)ri. Tua descida é um cortejo fúnebre. E onde está o ar? Onde está a água, Ar (água) ri? Tu já corres lentamente para a boca dos puraqués de pedra e ferro, quase morto pelos choques emitidos da tua força branca, talvez invisível antes da tecnologia dos que te abusam.

Mas o mar se cansa, Ar (água) ri. E te transfere os estertores que a ti pertencem. E nunca mais, Ar(AGUA)rio! Nunca mais serás tu mesmo.

De Fernando Canto à poeta Carla Nobre

Projeção Cultural movimentará Fazendinha com mais uma edição do Estação Lunar

O projeto Projeção Cultural no Meio do Mundo, realizado pela Prefeitura de Macapá, prosseguirá nesta quinta-feira, 7, com sua programação no complexo turístico da Fazendinha com a segunda etapa do Estação Lunar. Mantendo o formato da programação consagrada no Macapá Verão, realizado no mês de julho, o Estação Lunar trará exposição de artes visuais, Marabaixo, intervenções poéticas, shows musicais de artistas e grupos regionais, além da movimentação do comércio informal e a parte de gastronomia a cargo dos bares e restaurantes.

Confira as atrações:

19h às 23h – Exposição Cons(s)quências – Agostinho Joaphat;
19h30 – Helder Brandão e Beto Oscar;
20h30 – Marabaixo de Santa Luzia do Pacuí;
20h50 – Thiago Soeiro – Recital “Teia”;
21h – Enrico Di Miceli;
22h – Tatamirô (poesia);
22h10 – Trio Roraimeira;
23h10 – Senzalas (show Sumanos).
O Projeção Cultural é fruto de emenda parlamentar da ex-deputada Dalva Figueiredo, com apoio do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, e prosseguirá até sábado, 9, com festival de rock na Praça da Bandeira.

Serviço:

Data: 07/12 (quinta-feira)
Hora: 19h30
Local: complexo turístico da Fazendinha
Célio Alício
Assessor de comunicação/Fumcult