Poema de agora: MINHA POESIA – Alcy Araújo

Poeta Alcy Araújo

MINHA POESIA

A minha poesia, senhor, é a poesia desmembrada
dos homens que olharam o mundo
pela primeira vez;

Dos homens que ouviram o rumor do mundo
pela primeira vez.

É a poesia das mãos sem trato
na ânsia do progresso!

Ídolos, crenças, tabus, por quê?
Se os homens choram suor
na construção do mundo
e bocas se comprimem em massa
clamando pelo pão?

A minha poesia tem o ritmo gritante
das sinfonias dos porões e dos guindastes,
do grito do estivador vitimado
sob a língua que se desprendeu,
do desespero sem nome

Da prostituta pobre e mãe,
do suor meloso da gafieira
do meu bairro sem bangalôs
onde todo mundo diz nomes feios
bebe cachaça, briga e ama
sem fiscal de salão,

– Já viu, senhor, os peitos amolecidos
da empregada da fábrica
que gosta do soldado da polícia?

Pois aqueles seios amamentaram
a caboclinha suja e descalça
que vai com a cuia de açaí
no meio da rua poeirenta.

– Cuidado, senhor, para seu automóvel não atropelar a menina!…

Alcy Araújo

Poema de agora: A vida – @rostanmartins

A vida

Da vida a poesia,
Da vida a vida,
A sabedoria da vivência,
A preocupação devida,
A reflexão da existência,
O entusiasmo da dúvida,
A nudez da essência,
A libertinagem atrevida,
O silêncio da resistência,
A paixão destemida,
O sonho em substância,
A tristeza indevida,
O libidinoso em relevância,
O amor em sobrevida,
A vida absorvida,
Envolvida.

Rostan Martins

Poema de agora: Poema para meu Cristo (Obdias Araújo)

cristo

Poema para meu Cristo

Meu cristo traz
no olhar
restos de noite
e madrugada nos gestos.
É impuro e bom
casto e conivente
arrostando multidões
na orla de seu manto.
Outro dia
vi meu cristo em Montecarlo.
(Não havia anjos ou nereidas
machucando o rosa e o marrom.)
Na terceira rodada
prenderam meu cristo.
Alguns homens
de boa vontade o levaram.
Não havia revolta
em seus olhos negros
como as coisas que ficam
para trás.

Obdias Araújo

Poema de agora: He Wolf – (@cantigadeninar)

black wolves (1)

He Wolf

o homem é o lobo
de si mesmo
e depois torna-se corvo
que devora a própria carniça.
faz-se de isca
com a carne exposta
de barriga para cima
ou de costas
com ambição e ganância
na ânsia
de uma armadilha.
mas a tocaia que arma
é uma montagem macabra
e na cena do crime:
autodestruição.
ainda que não rime,
ao perfurar um pulmão,
puxa-se o tapete do outro.
o homem-urubu
com sua carcaça
come cru
sua putrefata alma
no ledo engano
de sair ganhando
no terreno plano.
gasta os ossos
em cortes profundos.
as hienas degustam
o sabor do homem
com sais minerais,
numa taxonomia de espécies
sujeitas a todas as intempéries
enquanto ele é ao mesmo tempo
um filo de vários animais
vivendo num habitat de sofrimento
desde os mais antigos ancestrais.

Lara Utzig

Poema de agora: BIUTIFUL – (@ThiagoSoeiro)

BIUTIFUL

me distraí vendo um
poema nascer
fiquei horas
contemplando sua forma
o ritmo lento das
letras se encaixando
vi os seus cortes
a palavra sangrando

estou há dias
namorando a palavra:
voar
e como ela sempre nos leva
para algum lugar
quando a pronunciamos

é como se a palavra
fosse a própria asa
ou uma espécie de
máquina de teletransporte.

Thiago Soeiro

Poema de agora: REGÊNCIA – (@cantigadeninar)

 
 
REGÊNCIA
 
Teu nome
Verbo intransitivo
Que cabe em minha boca
Em cada sussurro ao pé do ouvido.
 
Meu sentimento
Verbo transitivo eterno
Amo, a partir desse momento,
Você: objeto direto.
 
Necessidade latente assim
Também requer complemento:
Preciso de você, rente a mim,
Com preposições em movimento.
 
Tu, tão cheia de predicados;
Eu, tão carente de predicativos;
Tu, sujeita a mil pecados;
Eu, conjunto de frases sem sentido.
 
Nós, oração de mensagens repletas;
Nós, semanticamente perfeitas;
Nós, formas morfológicas completas;
Nós, linguisticamente eleitas.
 
Sintaxe
Nossa.
Sinta-se…
Minha. 
 
Lara Utzig

Luau reúne jazz, contação de histórias e bike retrô em praça de Macapá

Por Carlos Alberto Jr,

Na quarta-feira, 1º de novembro, véspera do feriado de Finados, a Praça Samaúma, localizada no bairro Araxá, em Macapá, será mais uma vez ocupada por música instrumental, exposições, contações de histórias e outras atividades. É a 3º edição do “Luau na Samaúma”, cuja programação começa a partir das 17h30.

O tema musical dessa edição será voltado para o jazz, com apresentação instrumental do Quinteto Amazon Music e convidados. Uma exposição em movimento também estará no evento por meio do encontro Bike Retrô, onde dezenas de ciclistas vestidos com roupas antigas, darão voltas no entorno da praça.

O evento multicultural terá também Contação de Histórias com o projeto Encontrar, Contar e Encantar, exposição de motocicletas, exposições de arte da Escola Cândido Portinari, comercialização de artesanato e comercialização de discos de vinil. Além de mostra com o Orquidário, que possui uma bela variedade de flores e plantas.

Foto: Rui Brandão

Para o procurador-geral, Márcio Alves, assim como as edições anteriores, o terceiro Luau será um evento voltado para a família macapaense.

“Ficamos felizes com o sucesso dos dois primeiros luais na samaúma, que consiste em cultura, e entretenimento com segurança para as famílias de Macapá”, contou.

A proposta é realizar o “Luau da Samaúma” uma vez por mês. As edições devem contar com música popular brasileira e amapaense e até clássica e instrumental, além de teatro e poesia. Haverá também a comercialização de comidas e bebidas típicas, artesanato e exposição de arte em geral.

Voltado para famílias, o evento é promovido pela Promotoria Geral de Justiça em parceria com a prefeitura de Macapá. Garantia de limpeza de espaço público, segurança e a promoção de atividades à sociedade fazem parte da ideia do projeto.

Serviço:

3ª edição do Luau na Samaúma
Data: 1º de novembro (quarta-feira)
Local: Praça Samaúma, no complexo do Araxá, no entorno do prédio do MP-AP
Hora: 17h30
Entrada: livre

Fonte: G1 Amapá

Poema de agora: Síndrome de Estocolmo (Lara Utzig)

 
Síndrome de Estocolmo
 
se amor é despedida
e o fim inevitável é sempre um adeus
não vejo justiça na vida
que teima em desgraçar os filhos seus.
amor de verdade é desprendimento,
um desalgemar da alma,
passagem só de ida com o vento,
uma esmola dada com calma.
prazo de validade?
quando a gaiola se abre
não importa a idade
apenas se sabe que é tarde.
dou-me por vencido.
o código de barras atesta:
produto podre, coração ferido,
acabou a festa.
culpa de quem?
do amor?
discordo, vou além.
o amor é indolor.
é desapego sincero,
um bem-querer que se quis,
um acenar singelo
de quem só quer ver o outro feliz.
responsabilizo pois,
os amantes.
que adiam, deixam para depois,
o que deveria ser feito antes.
os pulsos machucados
são libertos devagar…
com a jaula entreaberta
vou voltando a respirar:
posso voar!
mas prefiro ficar e esperar.
mais que amante, sou tola
por crer que a mola
do mundo é o amor.
e que o tempo não apaga
as contas das tecelãs do destino,
tampouco serve de adaga
para cravar no peito a lâmina do desatino.
as velhas costureiras me miram
com os olhos negros e enrugados
e tudo que me ensinam
é a não desistir do que está escrito e tatuado.
na pele
nas estrelas
no cerne
nas veias
e por escolher permanecer
sou refém da felicidade,
para contigo ser…
aprisionada por vontade.
 
Lara Utzig

Jazz, poesia e contação de histórias são as atrações do III Luau na Samaúma

O III Luau na Samaúma, que será realizado a partir das 17h30 do dia 1º de novembro de 2017, na quarta-feira que antecede o feriado do dia 2, na Praça Samaúma, terá o Jazz como trilha sonora. O gênero musical ficará por conta do Quinteto Amazon Music, comandado pelo multi-instrumentista Finéias Nelluty, que fará show musical para o público. O evento, promovido pelo Ministério Público do Estado do Amapá (MP-AP) e Prefeitura Municipal de Macapá (PMM), contará ainda com apresentação de sarau musical com o grupo Poetas Azuis e performance da banda da Guarda Municipal de Macapá.

O evento multicultural terá também Contação de Histórias com o projeto “Encontrar, Contar e Encantar”, coordenado pela professora Ângela Maria de Carvalho; exposição de motocicletas, exposições de arte da Escola Cândido Portinari, comercialização de artesanato e comercialização de discos de vinil. Além de mostra com o Orquidário da Prefeitura de Macapá, que possui uma bela variedade de flores e plantas.

A terceira edição do Luau na Samaúma contará também com o “Bike Retrô”, onde dezenas de ciclistas vestidos com roupas antigas, darão voltas expositivas. A ideia foi iniciada na cidade de Londres (ENG), em 2009, é um retorno ao passado em grande estilo e diversão. Em seguida, os esportistas farão um piquenique na Praça Samaúma.

O público que virá ao evento poderá usar o estacionamento da sede campestre da Maçonaria, em frente à Praça Samaúma, além do entorno do local, para estacionar seus automóveis.

De acordo com o procurador-geral de Justiça do MP-AP, Márcio Alves, assim como as edições anteriores, o terceiro Luau será um evento voltado para a família macapaense.

“Ficamos felizes com o sucesso dos dois primeiros Luais na Samaúma, que consiste em cultura, e entretenimento com segurança para as famílias de Macapá. O evento aproxima a sociedade do MP-AP e disponibiliza mais uma opção de lazer ao cidadão”, salientou o PGJ.

SERVIÇO:

Elton Tavares
Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Estado do Amapá
Contato: (96) 3198-1616
E-mail: [email protected]

Poema de agora: A MENINA SEM ROSTO – Marven Junius Franklin

A MENINA SEM ROSTO

A primeira menina
que me afeiçoei
não tinha rosto
e nem poesia no olhar

Suas mãos longas
esboçavam versos tristes
e doces

(como maçãs doces de sua
infância triste)

em seguida veio o dia feio
e Isabel não quis mais ver o alvorecer

De manhã: flores de tamarindo no chão

Depois de alguns dias
eu entendi o que era a morte

Marven Junius Franklin.

Poema de agora: POESIA DE BAR – Marven Junius Franklin

POESIA DE BAR

I
eis uma poesia
feita do alpendre de um bar:
os carros que vem e vão
o que pensarmos afinal …

II
eis uma poesias
feita do alpendre de um bar:
os dias calorentos de Macapá
a luzes hipnotizantes [dos semáforos] no inicio da noite

III

eis uma poesia
feita do alpendre de um bar:
o encontro casual
o papo amigo …articulando a resistência!

* De Marven Junius Franklin para seu amigo (e meu também) Marcelo Sá Gomes.