Verde esperança: “Pedra de Rio”, o disco/coroação da trajetória da cantora Oneide Bastos – Por Elton Tavares e Yurgel Caldas – @CaldasYurgel

Foto: Elton Tavares

Por Elton Tavares e Yurgel Caldas

Ontem (14), tivemos a oportunidade de participar, no Jardim da Flor, da audição do disco Pedra de Rio, da cantora Oneide Bastos. Também estiveram presentes alguns jornalistas, produtores culturais e, é claro, outros músicos e intérpretes do quilate de Finéias Nelluty, Paulo Bastos, Enrico Di Miceli, Patrícia Bastos e Renato Braz. O álbum, que estará disponível no próximo dia 20 de maio, nas plataformas digitais, foi contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, traz 10 músicas lindas, carregadas com toda energia vibrante da cultura musical amazônica.

Dante Ozzetti – Foto: Dani Almeida

O disco é produzido pelo renomado músico Dante Ozzetti, e traz, na linda voz de Oneide, toda a cultura dos interiores do Norte do Brasil. Impressiona a forma como as músicas do álbum ajudam a criar imagens amazônicas entre o perto e o longe, entre o reconhecível e o misterioso – num agora da música que recupera passados e gera sentimentos tão diversos quanto próximos, assim como a saudade e a melancolia. Os timbres e os arranjos do disco abrilhantam a identidade, a ancestralidade, a cultura e a tradição popular nortista com força e ternura ao mesmo tempo.

Com as canções, Bastos narra as alegrias e as dores de seu tempo de uma forma espetacular. Essa memória afetiva da qual, nem que quiséssemos, não poderíamos nos desprender passa pelo canto de Oneide, que se descortina limpidamente do início ao fim do disco Pedra de Rio. Além da produção, Dante Ozetti assina os arranjos e o violão das músicas, concebidos justamente para privilegiar a voz de Oneide. Com um olhar atento da metrópole para com a musicalidade ribeirinha, soa até redundante dizer que esse paulistano é gênio, pois com muita sensibilidade e talento, ele conseguiu, juntamente com uma seleção de músicos fantásticos, fazer um disco paid’égua demais!

Por meio dessa experiência maravilhosa da audição de Pedra de Rio, estamos cada vez mais convictos de que o Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Como somos fãs de Oneide Bastos, que segue cantando, dançando e gravando suas músicas para as novas gerações em alto estilo, o nosso aplauso.

Com composições de Pedra de Rio (Luhli e Lucina), Jurupari (Oneide Bastos), Taemã (Enrico Di Miceli e Antônio Messias), Voou (Paulinho Bastos e Osmar Júnior), Alto Mar (Dante Ozzetti e Luiz Tatit), Congá (Paulinho Bastos), Batuqueiros (Paulinho Bastos), Suprema (Joãozinho Gomes e Lula Barbosa), Puçangueira (Joãozinho Gomes e Eudes Fraga), Sereia do Rio-Mar (Joãozinho Gomes, Eudes Fraga e Paulo Oliveira), o disco é simplesmente lindo. Muito porreta mesmo!

O disco conta com: Oneide (voz), está acompanhada por Dante Ozzetti (violão, guitarra elétrica), Fi Maróstica (baixo), Guilherme Held (guitarra elétrica), Guilherme Kastrup e Nena SIlva (percussão), Hian Moreira (bateria), Luiz Amato, César Miranda, Soraya Landim, Andreas Uhlemann, Amanda Martins, Caio Santos, Alex Braga e Guilherme Peres (violinos), Emerson De Biaggi, Elisa Monteiro e Fábio Tagliaferri (violas), Adriana Holtz e Jin Joo Doh (cellos), e Marco Delestre (Contrabaixo). Na faixa “Batuqueiros”, Oneide conta com a companhia preciosa da voz de Ná Ozzetti.

Aliás, destacamos aqui um trecho de Congá: “Peço passagem para esse esquadrão de visagem e proteção ao Rosário/ Batuqueiro não pode parar”. Esse canto de passagem, de trânsito – quase transe – e de respeito à ordem do invisível, que tem o poder de mostrar o Norte, mostra onde estamos e para onde vamos. Sensacional!

Eu (Elton Tavares, na direita), Oneide Bastos e Yurgel Caldas (esquerda), meu parceiro neste relato.

Em resumo, Pedra de Rio representa a coroação da trajetória de 50 anos de carreira de uma cantora incrível, batizada pelos artistas do Norte de “Rainha da Amazônia”, com o toque magistral de Dante Ozetti. Ambos seres da música que solidificaram suas carreiras nesse universo singular.

À Oneide, a “Mulher suprema, Luz que se agiganta”, nosso desejo de ainda mais sucesso e gratidão por tudo.

*Yurgel Caldas, meu parceiro nesta resenha, é professor de Literatura da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGLET) da mesma instituição. Além de amigo deste jornalista e editor do De Rocha (Elton Tavares).

**Fotos: Dani Almeida.

  • Esta resenha deu mais água na boca. Esperando esse cd magistral e, certamente, de muitos encantamentos e batuques!

  • Incrivelmente lindo!!!! Gratidão! Pergunto sobre a participação de Renato Braz neste álbum, já que me parece estar na foto.

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