Ozzy Osbourne fala sobre Paul McCartney

De todas as pessoas que eu conheci, a mais especial foi provavelmente Paul McCartney. Claro, eu era fã desde que tinha catorze anos. Mas o que vou falar com ele? É como tentar conversar com Deus. Por onde começar? ‘Oh, então você fez a terra em sete dias! como foi?’ Estavámos na festa de aniversário de Elton John. Paul de um lado, Sting de outro e Elton em frente. Era como seu eu tivesse morrido e ido pro Céu do Rock. Mas sou imprestável quando preciso conversar com pessoas que admiro.
Havia rumores na imprensa de que Paul e eu íamos fazer um dueto, mas posso dizer honestamente que nunca ouvi nada saindo da boca dele. E fico feliz por não ter feito, porque terminaria sujando as calças, com certeza.
A gente troca uns e-mails de vez em quando – o que significa que eu falo e Tony, meu assistente, digita, pois não tenho paciência com internet. Começou quando eu ouvi uma música chamada “Fine Line” num comercial da Lexus. Pensei: ‘Puxa vida, nada mal, acho que vou roubá-la’. Ai a mencionei de passagem para um cara que costumava trabalhar comigo chamado John Roden, que também trabalhava com Paul.

– Você sabe quem escreveu isso não? – perguntou John.
Eu disse que não tinha a minima idéia.
– Meu outro chefe – ele falou.

Obviamente eu deixei a música em paz depois disso. Então, de repente, chegou uma carta, dizendo: “Obrigado por não roubar “Fine Line”, Ozzy”. Foi impossivel tirar o sorriso do meu rosto por vários dias. E continuou a partir daí. A gente não troca e-mail com muita frequência, mas se tiver algum disco saindo ou se aparece algo na imprensa, eu mando uma linha para ele. Uma das últimas que eu enviei foi para parabenizá-lo por aquele disco Fireman. Se vocês não ouviram, deveriam, porque é simplesmente fenomenal.

Ps. essa passagem está entre as páginas 341 e 342 do livro “Eu Sou Ozzy”.


Parabéns Paul McCartney, pelos seus 70 anos de muito rock and roll!

Ok Computer, Kafka, Jung e uma década e meia


Há exatos 15 anos, em junho de 1997, veio ao mundo um acontecimento universal em formato de álbum (coisa mais ultrapassada, eu sei) chamado OK Computer, de uma certa banda de Oxford, Inglaterra, batizada com o homônimo de uma canção dos Talking Heads, Radiohead. Parecia só mais um disco de rock a ser incensado pelos críticos, pois feito por uma das bandas hype do momento, fervilhamento oportuno do chamado brit-pop. Parecia. Mas era muito mais.

Daqueles raríssimos insights/instantes na arte que determinam clássicos, a obra conseguiu captar e transformar em acordes, letras e melodias a essencial e quase imensurável angústia de uma geração nascida nos anos 1970, criança nos 1980 e que viu-se cheia de promessas não cumpridas nos 1990. Todo mundo iria ser rico ou famoso ou os dois.

Um tempo em que os meios de comunicação prometiam maior interação com seu público – aos menos aos mais abastados (e aqui estamos falando do Brasil) – por meio de programação e publicações segmentadas e pagas. A técnica em design gráfico e as aplicações práticas das novas tecnologias começavam a atingir aqueles 80 metros finais de escalada, próximos de onde ou as coisas dão certo ou vai tudo pras cucuias e todo mundo morre. Pra nós, nem internet havia direito ainda. No primeiro mundo também não era essa maravilha toda não, apesar de alguns anteciparem o que viria a reboque de tudo isso. É nesse interstício que vamos encontrar o homem responsável por estas linhas e as que seguem.

No mundo físico, dentro da tradicionalíssima Universidade de Oxford, entretanto, as promessas haviam sido redimensionadas e todo mundo já sabia aonde poderia ou deveria chegar. Todo mundo, exceto um tal de Thomas Yorke. Esse, outsider por excelência, havia saído há pouco de seu curso de literatura inglesa e lançado dois outros discos com sua banda, mas algo vinha mudando explicitamente dentro dele desde o segundo álbum, o também perfeito The Bends.

Na sincrocinidade junguiana – sem esquecer nunca os conceitos retirados dos estudos de seu mestre, Freud –, podemos torcer o conceito até atravessar (não sem cicatrizes, e não, não vou situar coisíssima nenhuma) o belo hegeliano, chegar às excelentes divagações literário-filosóficas de Walter Benjamin acerca da clarividência de certos artistas e irmos parar em Franz Kafka. Sim, mas não na história do inseto, mas num outro volume de textos curtos intitulado “Um Médico Rural e outros contos”. E dentro dessa salada toda, temperada ainda por Douglas Adams e Herman Hesse (citados pelo próprio Thom Yorke àqueles tempos), entender o que gerou a mescla de sonho, pesadelo, inconsciente próprio e desamparo/consciente-coletivo chamado (só a ironia salva) Ok, Computer.



Acossado pelas exigências cada vez mais prementes de uma super banda de rock, seus compromissos, turnês, fãs, dinheiro, gente opinando sobre sua vida e tentativas doentes de destroçamento de seu entendimento individual do mundo, o vocalista/guitarrista/compositor resolveu procurar conforto no terreno arenoso e ao mesmo tempo congraçador do sono e do sonho. Reconfortantes porque, se tranquilos, induzem à paz, mas lamacentos e sufocantes na mesma medida assim que somos obrigados a lidar com nossos medos, vontades e angústias, classificados todos como subconsciente e, na forma de sonhos ruins, monstros e descompasso, pesadelos. E em alguma parte do Dom Quixote, alguém fala do “enloquecimento pelo muito sonhar [ler] e pouco dormir”. Letras (e literatura) inglesas, sabe?

E tudo começa, lembremos, com Airbag. Desde a introdução, esse jogo de paz/angústia obriga todo mundo que ouve o álbum a ter de inventar um modo novo de lidar com as sensações e sentimentos induzidos pela faixa. Se a frase parece libertadora, “I’m born again”, é proferida logo depois de cantar sobre a próxima guerra mundial, “in a jackknifed juggernaut”, por meio de “In an interstellar burst” para “save the universe”. No entanto, a melodia começa com violoncelos, este instrumento universalmente associado à alegria aristocrática das horas vespertinas, burguesas, passadas em palácios, teatros e igrejas. Fim de tarde delicioso a ver o dia derreter contra um Sol que se vai em paz? Absolutamente nada a ver com o insistente barulho de sinos de pandeiro e uivo de uma das guitarras. E tudo piora, porque depois entra uma muralha de efeitos das outras guitarras, vozes, microfonia. E o violoncelo, que vai até o fim. E é só a faixa um, meu querido, minha querida. E você ainda é obrigado a reconhecer que há humor nisso tudo.

A sequência é feita de Paranoid Android. E aqui eu me abstenho de tentar classificar ou conceituar e lembro imediatamente do momento em que o Médico do conto do Kafka encontra o paciente, numa casa de um vilarejo soterrado de neve. A agonizar na cama por causa de uma ferida de pelo menos 15 centímetros, aberta e cheia de vermes: “Tenho sempre de me contentar. Vim ao mundo com uma bela ferida, foi esse todo o meu dote”. Ao que responde o médico: “Jovem amigo, o seu erro é: você não tem visão das coisas. (…) Sua ferida não é assim tão má (…) Aberta com dois golpes de machado em ângulo agudo. Muitos oferecem o flanco e quase não ouvem o machado na mata, muito menos que ele se aproxima”. Não, não vou falar do riff melancólico e ao mesmo tempo cheio de suingue, quase um convite pra dançar do próprio cavalariço do conto. Também não vou lembrar que a letra começa com o vocalista suplicando por um descanso das vozes em sua cabeça, nem da muralha de guitarras, distorção e frases desconexas logo no começo do segundo andamento da canção. Afinal, ambição nos faz parecer muito muito feios. Ouve lá, vai.

Após sobreviver às pancadas das duas músicas, a promessa de paz que não vai se cumprir mesmo, em uma quase-balada chamada Subterranean Homesick Alien. Não precisa de grandes filósofos, escritores nem do meu blablabla. A frase central da música, aquela que deveria ser o clímax da canção é: “Eu disse tudo aos meus amigos, mas eles nunca acreditam em mim, eles pensam que eu, finalmente, perdi completamente [a razão], ao invés disso, se afastam, mas eu vou estar bem, vou estar bem, tudo bem”. Precisa mesmo falar mais alguma coisa?

Enfim, acabou que o post ficou longo demais, ainda há outras nove canções no disco e vivemos num tempo que não gosta de muita conceituação nem de muitas linhas. E pra falar a verdade, ficaria melancólico além do necessário se escrevesse sobre Exit Music, Let Down, Karma Police, Fitter Happier, Electioneering, Climbing Up The Walls (Deus me livre, mesmo!), No Surprises (essa, mas nem amarrado), Lucky e The Tourist.

Também fui muito além do que devia no que tange a me preservar e continuar falando deste álbum certamente iria me enrascar. Logo, é hora de agradecer àqueles cinco ingleses por terem, um dia, resolvido montar uma banda e me ajudar a, mesmo mais cindido e angustiado que Raskolnikhov antes de matar a velha e se enrolar todo, conseguir levar a bendita da faculdade de comunicação à frente e ao fim.

Me fez bem demais naqueles fins de 1990 saber que todo o horror urbano não era só meu e se repetia ao infinito na história do mundo. Que o fracasso de todo prisioneiro do asfalto e concreto que sonha com um fim de tarde com a amada em um sítio, chácara ou acampamento, longe do barulho, do trânsito, das pequenas e grandes sacanagens da escola, da faculdade, do estágio, do trabalho (com carteira assinada ou não), das palavras tortas e mal-entendidas e das armadilhas do convívio social não é só meu, ou do médico do conto do Kafka, do personagem do Doistoievski ou de Hegel, Jung, Freud, Adams ou Hesse.

Esse tipo de descoberta libertadora é algo que eu não tenho como agradecer. Este texto foi uma tentativa torta de fazê-lo. Obrigado por Ok Computer, Thom Yorke, Jonny Greenwood, Ed O’Brien, Colin Greenwood e Phil Selway. Obrigado por eu ainda estar aqui, juventude que passou há uma década e meia.

O fantasma do Rei Lagarto

Jim Morrison morreu em 1971 em Paris de overdose, mas há muitas teorias que cerca sua morte, muitos acreditando que ele forjou sua morte e ainda vive por aí sem ser reconhecido por ninguém.
Rhonda Barão mora numa casa na Rua 28, em Arlington, no Estado americano de Virginia, onde Jim Morrison viveu também quando era apenas uma criança.


Ela alegou a uma TV local que o fantasma do cantor a visita regularmente: “Eu estava deitada na cama e o espírito deitou-se na cama ao meu lado, virou-se e olhou para mim e era como uma neblina, você podia olhar através dele“.


Barão acrescentou que ela acreditava que o fantasma de Morrison assombra o quarto dela, porque ele é uma alma infeliz que está procurando um lugar, e que era feliz quando era criança.


Agora uma música bem apropriada para esta notícia curiosa…


A Canção Fantasma

Acorde!
Sacuda os sonhos dos seus cabelos
Minha bela e querida criança
Escolha o dia e também o seu significado
A divinidade deste dia
A primeira coisa a ser vista

Uma vasta e radiante praia sob a fria pérola Lua
Casais correm nus sob o teu lado soturno
E rimos como uns acomodados, como loucas crianças
Mentes presunçosas pelo “algodão” da infância
As vozes e canções estão ao nosso redor.

Escolha aqueles que recitam as mais antigas
Pois aquele tempo irá voltar outra vez
Agora escolha, os que recitam
Sob a Lua
Na margem do antigo lago

Entre mais uma vez até a doce floresta
Em seus mais calorosos sonhos
e venha conosco
Pois tudo se rompe e começa dançar

Índios dispersos
Na madrugada da estrada em sangue
Espectros penetram nesta jovem criança
através de sua frágil mente, como uma casca de ovo

A volta do Black Sabbath


Os inventores do Heavy Metal estão de volta, e apenas uma minúscula fração dos milhares de fãs da BANDA ao redor do mundo tiveram o privilégio de acompanhar o show na cidade de Birmingham na Inglaterra, 3 mil pessoas para ser mais exato.

O show aconteceu no do último dia 19 de maio e contou com a formação original da banda, exceto pelo baterista Bill Ward que, sabe-se lá porquê!$!$! Não está participando deste estrondoso retorno, ele foi substituído por Tommy Clufetos, que é baterista da banda solo do Ozzy… Sendo assim, o cara já deve tá familiarizado com o Ambiente… Tá em casa então!

Clufetos deverá tocar também no álbum de inéditas, que está sendo gravado pela banda. 

Confesso! Achava que esse encontro não iria se concretizar apesar do anuncio no ano passado, os caras realmente não tem mais nada para provar pra NINGUÉM, e mexer com a gloria de uma imagem que  não precisa de retoques é quase sempre um risco desnecessário.

Mas CLARO, se trata de uma notícia no mínimo emocionante, afinal de contas nós estamos falando de ícones. O que seria da música sem o Black Sabbath? Não há neste mundo figura mais emblemáticas do que estes rapazes tocando juntos no palco.

Confira abaixo o set list acompanhado do áudio do show e uma declaração de um fã ilustre da banda:

1  ‘Into The Void’
2  ‘Under The Sun’
3  ‘Snowblind’
4  ‘War Pigs’
5  ‘Wheels Of Confusion’
6  ‘Electric Funeral’
7  ‘Black Sabbath’
8  ‘The Wizard’
9  ‘Behind The Wall Of Sleep’
10  ‘N.I.B.’
11  ‘Fairies Wear Boots’
12  ‘Lord Of This World’
13  ‘Tomorrow’s Dream’
14  ‘Sweet Leaf’
15  ‘Symptom Of The Universe’
16  ‘Drum Solo’
17  ‘Iron Man’
18  ‘Dirty Women’
19  ‘Children Of the Grave’
20  ‘Sabbath Bloody Sabbath’
21  ‘Paranoid’



Ficava acessando o site deles para ver a contagem regressiva, com o velho logo. Todos sabiam o que ia acontecer, mas queriam ter certeza. O Sabbath é uma banda incomum em termos de personalidade, quatro caras muito fortes. Assim, a estrutura acaba sendo muito frágil em momentos de crise. Basta alguém dizer a coisa errada e tudo pode ir por água abaixo. Mas fiquei muito empolgado por eles. É de comum conhecimento que sou um grande fã. Então, ver isso se oficializar é fantástico, não só para mim, como para milhares ao redor do mundo” – Rob Halford: comentando a volta do Black Sabbath
André Mont`Alverne

Beach Boys festejam 50 anos em festival


NEW ORLEANS – Medalhões do rock, heróis do pop, bambas do jazz e lendas do soul aportam em New Orleans neste fim de semana para o tradicional Jazz & Heritage Festival. O evento vai até dia 6 e tem entre seus destaques os Beach Boys, Bruce Springsteen, Tom Petty, Feist, Cee Lo Green, Dr. John, Bon Iver e Herbie Hancock, entre dezenas de artistas locais e talentos emergentes: um mix, ou melhor, um gumbo – a feijoada sulista – de estilos e gerações que faz jus ao nome do festival e ao vibrante espírito musical do berço do jazz. 

Entre os headliners, o grande show deve ficar por conta de Springsteen, que faz turnê para promover seu novo disco, Wrecking Ball. Será um evento político sem a presença de um, pois é ano de eleição presidencial na América e, no álbum, Bruce prega uma mensagem vigorosamente populista – até para seus padrões –, cantando o sofrimento do proletariado e questionando, como faz na faixa de abertura, o que é que a América tem feito pelos americanos. Politicagens à parte, será um grande show porque raramente não é: Bruce, ou “The Boss” e sua E Street Band são uma usina de catarse coletiva. A turnê de Wrecking Ball é também a primeira sem o lendário saxofonista Clarence Clemons, que morreu no ano passado, e cuja sonoridade era o cartão-postal da E Street. 

Outra fatia da expectativa está com os Beach Boys. A histórica banda de Brian Wilson e Mike Love faz 50 este ano e acaba de reunir-se para uma turnê. Anunciaram um disco esta semana e lançaram um novo single, o curioso That’s Why God Made The Radio, na quarta-feira. A canção é vintage, uma ode aos prazeres do rádio feita na era da internet com as graciosas harmonias vocais que caracterizam o som do grupo. O disco tem 11 faixas e sai no dia 5 de junho. 

É a primeira vez em décadas que Love e Wilson deixam de lado as diferenças para trabalhar juntos. A banda começou a turnê em Tucson esta semana e o show de hoje, em New Orleans, será o primeiro da turnê em um grande festival. 

Embora realizado em uma cidade de forte tradição musical, o Jazz & Heritage recebe um robusto line-up de artistas contemporâneos. O soulman Cee Lo Green, o mais popular deles, não é peixe fora d’água em uma escalação que traz também Al Green e Bill Withers. A cativante Feist, que lançou um dos bons discos do ano passado traz ao festival os tons de folk acústico moderno, junto com Justin Vernon, líder do Bon Iver. 

Vernon é dono de um lirismo singelo e seu disco Bon Iver, Bon Iver, do ano passado, transcendeu a linha entre o indie e o mainstream, rendendo ao cantor um Grammy este ano. Na categoria herói local, o pianista Dr. John, que acaba de lançar o ótimo Locked Down, em parceria com Dan Auerbach, dos Black Keys, dificilmente desapontará.

Kraft Werk



Há três anos, a Kraft Werk, banda alemã que detonou nos recursos visuais e eletrônicos, eu estava lá! E o Radiohead ainda ia subir no palco. Aquele 22 de março de 2009 foi paidégua!

Guitar Hero!

                                                                                     Por Régis Sanches

Hoje me preparei para escrever sobre a vida errante dos guitarristas. Pensei nos menestréis, com seus alaúdes, levando alguma alegria para o festim dos lúgubres burgos ao redor dos castelos medievais. E não poderia deixar de reverenciar a memória de Django Reinhardt, o cigano belga que criou o naipe de duas guitarras, tendo seu irmão Joseph empunhando a base e ele próprio no solo. Reinhardt vestia-se a caráter. Em plena segunda guerra mundial, enquanto os foguetes alemães V-1 e V-2 explodiam nos céus de Paris, sua banda animava os sobreviventes do conflito no Clube de France.

Certa noite, a cidade-luz às escuras, Django retornou para casa, exaurido, após mais um show. Ele deitou-se em sua cama, os fumos do sono o absorveram por completo. Sua mulher havia esquecido uma vela acesa, a tênue chama tremulou e alcançou os lençóis. O guitarrista cigano sobreviveu, mas teve sua mão direita lesionada pelo fogo. Nas raras imagens desse precursor das modernas bandas de rock, podemos vê-lo com as cicatrizes do incêndio. Ele nunca desistiu de retirar das seis cordas o lamento necessário para cicatrizar as feridas da vida.

No início desta manhã, eu estava eletrizado pelo som metálico da minha guitarra. Lembrei de uma frase de Eric Clapton, chamado de Deus em pichações nas paredes do metrô de Londres, no final da década de 1960. “Ninguém consegue tocar blues honestamente de barriga cheia”. Mister Clapton é a alma dos guitarristas, uma espécie de Fênix que sobreviveu a todas as tragédias. Como mestre de George Harrison, roubou a mulher do melhor amigo. Transtornado, mergulhou e emergiu do mundo negro das drogas. Certa ocasião, seu filho caiu da janela do apartamento. Seu coração ficou dilacerado. Mas a resposta veio na forma da sublime “Tears in Heaven”.

O melhor de Eric Clapton pode ser sorvido, ouvindo-o executar a belíssima “White room”, de Robert Johnson. A poesia que descreve a solidão – “um lugar onde o sol nunca brilha/onde as sombras fogem de si mesmas” – só encontra dueto à altura no lirismo poético dos riffs arrancados pela slowhand do velho bluesman.

Poderia citar uma legião de guitarristas: Chuck Berry, B. B. King, Jimi Hendrix, Jimmy Page, Jeff Beck… Seria em vão. Os verdadeiros guitarristas, nós podemos contá-los nos dedos de apenas uma das mãos. Os homens de verdade sabem que há duas coisas no mundo que não se vende, nem se empresta: a mulher e o carro. Incluo no rol a minha guitarra. Pois aqueles que tiveram a sorte de nascer com a alma de guitarrista hão de concordar. Na essência de todo guitarrista, além da sensibilidade, da disciplina e de uma dose exagerada de humildade, existe uma tragédia iminente rondando o destino desses modernos menestréis. Vida longa a Eric Clapton.

Hoje rola festival de rock “Santanada”


Hoje (17), a partir das 20h, no “ Castelo Show”, localizado no município de Santana, rolará a festa de rock “Santanada”. No evento, se apresentarão as bandas Mental Caos; Novos & Usados; Resistência Pública; stereovitrola; Vila Vintém e Godzilla.

Certamente, o “piseiro” será firmeza, pois as a stereo e Godzilla são minhas bandas prediletas do rock and roll amapaense. Sem falar que também gosto da Novos & Usados. Ah, o ingresso é baratinho, só três reco. Portanto, vamos rock!

Serviço:
Festival Santanada
Local: Castelo Show, localizado na Rua UBALDO FIGUEIRA com CASTELO BRANCO, centro de Santana.
Data: 17/03/2012.
Hora:20h.
Ingresso: Somente 3,00
Bandas: Mental Caos; Novos & Usados; Resistência Pública; Stereovitrola; Vila Vintém e Godzilla.

Elton Tavares

Há 43 anos, os Beatles se apresentaram pela última vez, em um terraço de um prédio em Londres

Há 43 anos, numa tarde fria em Londres, no alto do edifício sede da Apple Records, os Beatles realizaram sua última apresentação para o “público”. Na realidade eles vinham de um trágico período de gravações e ensaios num estúdio londrino, onde gravavam o filme Let It Be. As sessões foram terríveis, pois além da figura de Yoko Ono (grudada em John Lennon 24 horas), a banda estava brigando muito entre si. Desde o Álbum Branco, os quatro já não se entendiam muito no estúdio.
Quando decidiram que Let it Be deveria ser gravado no novo, porém precário Apple Studios, os Beatles também pensaram que poderiam agir normalmente. As sessões no prédio da Apple ocorreram com mais calma, tanto que a idéia de tocar no telhado do prédio veio do próprio Lennon. Antes, Paul McCartney tinha planejado realizar um concerto no final das gravações. Locais no mundo inteiro foram vistos para o show, porém a maioria deles não havia como, ou estavam com agendas apertadas. Então amargamente, os Beatles decidiram tocar no telhado do prédio. Até Harrison, avesso a shows, gostou da idéia.
Naquela tarde fria, os primeiros acordes de Get Back foram fundamentais para que os moradores dos prédios vizinhos viessem até a sacada para dar uma olhada naqueles cabeludos tocando rock na friaça londrina.
Os Beatles tocaram durante 40 minutos, até a Polícia bater na porta da Apple e um nervoso Mal Evans tentando explicar que “Os Beatles” estavam tocando no telhado da Apple. Segundo o livro “The Beatles – Biografia” de Bob Spitz, a polícia nem sequer pediu para acabar com o show, apenas solicitaram que os Beatles abaixassem o volume dos instrumentos, eu disse abaixassem, porém, como eles eram, não houve acordo e o show teve que acabar antes que eles pudessem terminar o set previsto.
Meu comentário:
Não lembro onde achei o texto acima. Sou fã dos Beatles, apesar de adorar também Led e Pink, para mim, os eles foram e sempre serão os maiores. O último show, no terraço, foi reconstituído no filme Let it Be. Não assisti, mas soube.
Este nobre episódio da história do rock, foi relembrado também no final do filme “Across The Universe”, onde a banda que interpretou os Beatles executou a canção “All You Need Is Love”. Após 43 anos, todos nós ainda curtimos o som dos caras e continuamos precisando de amor.
Elton Tavares

10 anos sem Cássia Eller

Há exatos 10 anos, a cantora, compositora e instrumentista Cássia Eller faleceu. Ela tinha 39 anos e morreu no auge de sua carreira, em razão de um infarto do miocárdio repentino. Foi levantada a hipótese de overdose de drogas, já que ela era usuária de cocaína. A suspeita foi considerada inicialmente como causa da morte, porém foi descartada pelos laudos periciais do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro após autópsia.
Cássia Eller sempre teve uma presença de palco bastante intensa, assumia a preferência por álbuns gravados ao vivo e ela era convidada constantemente para participações especiais e interpretações sob encomenda, singulares, personalizadas.
Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical, interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza e Renato Russo, além de artistas da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque, passando pelo pop de Nando Reis e o incomum de Arrigo Barnabé e Wally Salomão, até sambas de Riachão e rocks clássicos de Jimi Hendrix, Rita Lee, Beatles, John Lennon e Nirvana.

Teve uma trajetória musical bastante importante, embora curta, com algo em torno de dez álbuns próprios gravados no decorrer de doze anos de carreira. De fato, somente em 1989 sua carreira decolou. Ajudada por um tio seu, gravou uma fita demo com a canção “Por enquanto”, de Renato Russo. Este mesmo tio levou a fita à PolyGram, o que resultou na contratação de Cássia pela gravadora. Sua primeira participação em disco foi em 1990, no LP de Wagner Tiso intitulado “Baobab”.

Outra característica importante é o fato de ela ter assumido uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três das canções que gravou: “Lullaby” (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990 (LP com 60.000 cópias vendidas, sobretudo em razão do sucesso da faixa “Por enquanto” de Renato Russo); “Eles” (dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho) e “O Marginal” (dela com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos), no segundo disco, O Marginal (1992).

Era homossexual assumida e morava com a parceira Maria Eugênia Vieira Martins, com a qual criava o filho Francisco (chamado carinhosamente de Chicão). Ela teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho. Ele faleceu em um acidente automobilístico meses antes do nascimento de Francisco. Maria ficou responsável pela criação do filho de Cássia após a morte de sua companheira.

Em vários pontos do Rio de Janeiro, fez-se um minuto de silêncio durante a comemoração da passagem do ano em memória de Cássia Eller. Vários artistas também prestaram homenagem à cantora em seus shows, na virada do ano.

Meu comentário: Cássia Eller foi PHoda demais. Ela era talentosa, visceral e tinha personalidade. Suas canções (interpretações) embalaram muitas noites de bate papo com amigos, regadas com muita, muita cerveja. Seu acústico, que vendeu mais de 900 mil cópias, é um discaço até hoje. A ela, minhas homenagens.
Elton
Fonte: Wikipédia