Franquia da Escola do Rock inaugura unidade no Brasil


A School of Rock não tem nada de tradicional. O foco da escola de música não está em uma base teórica, mas em ensinar o aluno a tocar com uma banda dentro dos seus programas de performance. Tanta diferenciação serviu de inspiração para o filme de mesmo nome, estrelado por Jack Black, lançado em 2003. E a rede desembarca no Brasil com sua primeira franquia em São Caetano do Sul, na região do ABC.

A ideia de trazer o modelo de negócio para o País foi de quatro sócios, todos unidos pela música. Ricardo Fernandes é professor de música e diretor musical da unidade. Os outros sócios, o dentista Ricardo Muniz e os engenheiros Andre Munari e Marcelo Federici, também são músicos, mas seguem com suas profissões no dia a dia.

“As escolas de música são sempre tradicionais. A School of Rock é diferente”, destaca Fernandes. Não que a escola não tenha aulas individuais para aperfeiçoamento, mas o foco é tocar com banda. A School of Rock no ABC começou a operar em novembro e já tem 50 alunos. A inauguração oficial será no dia 23 de março com apresentações de músicas variadas, de The Beatles a AC/DC.

Mas as demais apresentações, que ocorrem a cada três meses, serão temáticas. Os chamados shows de temporada são organizados pela escola, com aluguel de um espaço adequado, material de divulgação e estrutura do som. “A ideia é que os alunos se sintam o mais próximo de um show de verdade”, explica Fernandes.

O grupo de sócios quer abrir mais cinco unidades nos próximos quatro anos. A primeira unidade foi instalada em São Caetano porque o grupo encontrou o local ideal, cercado por quatro colégios, escolas de idiomas e próximo do shopping da cidade. Com a abertura de novas unidades no País, a ideia é que os eventos reúnam escolas próximas. Um outro grupo de sócios prepara a inauguração de uma unidade em Moema.

Filme. De acordo com o diretor musical, é comum as pessoas chegarem na escola e perguntarem se a rede é inspirada no filme School of Rock. “Na verdade é o contrário. A escola inspirou o filme”, diz Fernandes. A School of Rock foi fundada em 1998 na Filadélfia.

Na escola, as aulas custam de R$ 160 a R$ 300 por mês.As aulas são voltadas para alunos de 7 a 18 anos. Está em teste um programa para crianças a partir de 3 anos. Para quem tem mais de 18 anos e ficou interessado no método, a School of Rock tem cursos para adultos. “90% dos adultos são pais de crianças que já estão matriculadas”, conta Fernandes. A escola ensina guitarra, baixo, vocais, teclados e bateria.

As aulas são realizadas com base em músicas do rock clássico, mas os alunos também podem levar sugestões. O rock nacional pode fazer parte das aulas, mas elas passam por critérios de avaliação antes de entrar no repertório.

Franquia. Fernandes explica que não tem autorização para divulgar os números de investimento da franquia. Quem quiser ter mais informações deve entrar em contato direto com a rede americana. No site da School of Rock, o investimento informado para abrir uma unidade varia de US$ 115,650 mil a  US$ 321,7 mil.

Meu comentário: Certa vez, o saudoso Raul Seixas disse: “Rock’n Roll não se aprende nem se ensina”. Discordando do “Raulzito”, achei essa parada aí, no mínimo, interessante. 

Fonte: http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,franquia-da-escola-do-rock-inaugura-unidade-no-brasil,2778,0.htm

*Dica de postagem do amigo Ricardo Ribeiro.

O melancólico adeus de Chorão


Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr, foi encontrado morto na  madrugada desta quarta-feira (6), no apartamento onde morava em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. O músico, batizado de Alexandre Magno Abrão, completaria 43 anos em 9 de abril de 2013. 

O ano era 1997, quando escutei o CD Transpiração Contínua Prolongada e os caras do Charlie Brown jr. invadiram a cidade.  Época em que nós nos achávamos peritos em anatomia e achávamos que manjávamos um pouco de inglês. E o couro comeu naqueles tempos. Aliás, bons tempos!

Este primeiro disco de Chorão, junto com Champignon, Thiago Castanho, Marcão e Bruno Graveto foi uma obra prima. Os caras misturaram cultura urbana, skate punk, ska, rap metal, rock alternativo e reggae. Gostei de poucas canções depois deste álbum, como “Vícios e Virtudes” e “Só Por Uma Noite”. 

Confesso que meu lado brutamontes vibrou quando Chorão deu um murro na cara do Marcelo Camelo, o poeta barbudo da dor de cotovelo, dos Los Hermanos

Chorão foi um poeta urbano, não era nada politicamente correto, mas era talentoso. Além de rockstar, era esportista e levantava a bandeira da prática de skate no Brasil. 

Assim como ele, “às vezes faço o que quero e às vezes faço o que tenho que fazer”. É uma pena que o artista tenha partido dessa forma melancólica (“parecia inofensiva, mas te dominou”). Mas quem sou eu para julgá-lo. Defendo que cada um sabe o que é melhor para si, sempre. 

Não fui um grande fã do roqueiro que partiu hoje, mas tenho respeito pela atitude e talento que ele tinha. Que sua passagem seja tranquila e que você encontre “Aquela Paz”. Adeus, Chorão!

Elton Tavares 

Robert Plant diz estar aberto para reunião do Led Zeppelin em 2014


Depois de sete anos, o Led Zeppelin com Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones pode voltar a se apresentar ao vivo. Em entrevista no programa 60 minutes, na Austrália, quando questionado sobre um possível retorno da banda, Plant disse que os outros integrantes ficam em silêncio a respeito e afirma estar com agenda vaga no ano que vem.

“Eles não dizem uma palavra. Eles são meio fechados em seus próprios mundos e deixam para eu decidir. Eu não sou um cara mau… Você precisa ver como são os capricornianos. E eu não tenho nada para fazer em 2014”. As informações são do site NME. 

Venda de ingresso para show do The Cure em SP começam na próxima quinta, 21


Os ingressos para o show da banda The Cure em São Paulo estarão à venda a partir da próxima quinta-feira (21). Os fãs do grupo britânico podem comprá-los no site Live Pass. Os valores ainda não foram divulgados. 

The Cure é liderado por Robert Smith, o grupo volta ao país após mais de uma década. Em São Paulo, os britânicos se apresentarão no estádio do Morumbi, na zona oeste, em 6 de abril. Dois dias antes, eles tocarão no HSBC Arena, no Rio de Janeiro. 

Do Brasil, eles seguem para Paraguai, Argentina, Chile, Peru, Colombia e México. The Cure – Estádio do Morumbi – pça. Roberto Gomes Pedrosa, 1, Jardim Leonor, zona sul, São Paulo, SP. 6/4.

Meu comentário: O The Cure, que por muito tempo foi considerada a maior e mais importante banda no cenário gótico/pós-punk, embalou muitas festas, noitadas, reuniões com amigos e tantas outras lembranças legais. Se tudo der certo, eu irei vê-los!(quando fiz um post parecido para o show do U2 deu sorte, rs.)

O “roqueiro carnavalesco”


Anteontem, brincando com uma amiga jornalista sobre o duvidoso gosto musical da figura (que é gente boa, mas é eclética ) ela soltou: “vindo de um roqueiro carnavalesco”. Eu ri, mas pensando bem, ela, apesar de ter tirado um barato, tem razão. E como. 

Muitas das melhores noites que vivi foram embaladas pelo bom e velho rock and roll, o estilo musical mais legal da galáxia. Na verdade, a maioria delas. Além disso, sou um entusiasta e colaborador da cena de rock autoral amapaense. 

Mas, porém, todavia, entretanto, o Carnaval é a maior manifestação popular do Brasil e eu sou brasileiro. Amo rock and roll, mas no carnaval, sou do carnaval. Afinal, é a grande festa cultural do Brasil. Sobretudo, o de rua, o Desfile das escolas de samba, A Banda e o bloco do Formigueiro, entre outros. 

Rock é para o ano todo, é música para todas as ocasiões ou situações. Já o Samba Enredo só pode ser curtido no Carnaval. Ah, gosto é de sambão, não de Axé, que fique claro.

Fico injuriado com os “pseudo” intelectuais” (que não leem nem orelha de livro) e “roqueiros’ radicais”, que fazem biquinho, cara torta, tratam a época com desdém, e ainda me enchem o saco porque gosto de carnaval. 

Mas o pior é não ter identidade musical/cultural. Impossível alguém gostar de tudo. Tipo, de ópera a sertanejo, pagode ou tecno melody, cruzes! Os que são assim não se importam se toca até ladainha, querem é “estar na onda”, portanto, nem adianta tentar fazer seus cérebros, desligados há muito, pegar no tranco. 

Carnaval é alegria, tradição, paixão e amor. E, assim sendo, com o perdão do gerúndio, só entende quem ama. Assim como quem ama o Rock. Enfim, desejo um ótimo Carnaval para todos nós. 

Elton Tavares

Há 44 anos, os Beatles se apresentaram pela última vez, em um terraço de um prédio em Londres


No dia 30 de janeiro de 1969, uma tarde fria em Londres, no alto do edifício sede da Apple Records, os Beatles realizaram sua última apresentação para o “público”. Na realidade eles vinham de um trágico período de gravações e ensaios num estúdio londrino, onde gravavam o filme Let It Be. As sessões foram terríveis, pois além da figura de Yoko Ono (grudada em John Lennon 24 horas), a banda estava brigando muito entre si. Desde o Álbum Branco, os quatro já não se entendiam muito no estúdio. 

Quando decidiram que Let it Be deveria ser gravado no novo, porém precário Apple Studios, os Beatles também pensaram que poderiam agir normalmente. As sessões no prédio da Apple ocorreram com mais calma, tanto que a ideia de tocar no telhado do prédio veio do próprio Lennon. Antes, Paul McCartney tinha planejado realizar um concerto no final das gravações. Locais no mundo inteiro foram vistos para o show, porém a maioria deles não havia como, ou estavam com agendas apertadas. Então amargamente, os Beatles decidiram tocar no telhado do prédio. Até Harrison, avesso a shows, gostou da ideia. 

Naquela tarde fria, os primeiros acordes de Get Back foram fundamentais para que os moradores dos prédios vizinhos viessem até a sacada para dar uma olhada naqueles cabeludos tocando rock. 

Os Beatles tocaram durante 40 minutos, até a Polícia bater na porta da Apple e um nervoso Mal Evans tentando explicar que “Os Beatles” estavam tocando no telhado da Apple. Segundo o livro “The Beatles – Biografia” de Bob Spitz, a polícia nem sequer pediu para acabar com o show, apenas solicitaram que os Beatles abaixassem o volume dos instrumentos, eu disse abaixassem, porém, como eles eram, não houve acordo e o show teve que acabar antes que eles pudessem terminar o set previsto. 

O show foi adicionado ao filme Let it Be e na realidade é o que vale a pena naquele filme. As sessões de Get Back (Let it Be) foram finalizadas, porém os Beatles não deram importância para as fitas, entregando nas mãos de Glyn Jones e depois nas mãos de Phil Spector, que destruiu tudo que eles fizeram, enfiando orquestrações e um solo de guitarra metálico para Let it Be, na qual George odiou.

Meu comentário: Não lembro onde achei o texto acima. Apesar de amar Led Zeppelin e Pink Floyd, para mim, os Beatles foram e sempre serão os maiores. O último show, no terraço, foi reconstituído no filme “Across The Universe”, onde a banda que interpretou os caras de Livepool executou a canção “All You Need Is Love”. Após 44 anos, todos nós ainda curtimos o som dos besouros e continuamos precisando de amor. 

Elton Tavares

The Cure volta ao Brasil em abril após 17 anos (e desta vez, eu irei)


Robert Smith e companhia estão de malas prontas para voltar ao Brasil. Na tarde desta segunda-feira, a banda inglesa The Cure anunciou duas datas no país. A primeira no Rio, em 4 de abril, na HSBC Arena, e em São Paulo, no dia 6 de abril, no Estádio do Morumbi. O preço dos ingressos ainda não foi divulgado, mas o início das vendas já tem dia para começar: 18 de fevereiro, para o show na capital paulista e, no dia seguinte, para a apresentação carioca. Os shows fazem parte do projeto Live Music Rocks.

Em comunicado, Robert Smith comemorou a volta do grupo, um dos mais aguardados da temporada de shows internacionais no país. “Estamos delirantemente felizes de finalmente voltar à América do Sul – ficamos afastados por muito tempo! Nossos shows vão ter mais de três horas de duração e podem ter certeza que estamos firmemente decididos a fazer desta turnê a mais memorável de toda a nossa carreira!”.

Conforme o prometido por Smith, a atual turnê do Cure, que já percorreu os principais festivais dos Estados Unidos e Europa, conta com shows com mais de três horas. No setlist, clássicos oitentistas como “Boys don’t cry”, “Just like heaven” e “Friday I’m In Love” dividem espaço com lados B e músicas pouco ouvidas em shows da banda.

A turnê latino americana ainda inclui shows no Paraguai, Buenos Aires, Chile, Peru, Colômbia e México.

Meu comentário: O The Cure, que por muito tempo foi considerada a maior e mais importante banda no cenário gótico/pós-punk, embalou muitas festas, noitadas, reuniões com amigos e tantas outras lembranças legais. Se tudo der certo, eu irei vê-los!(quando fiz um post parecido para o show do U2 deu sorte, rs.)

Luxo e pobreza no rock, dois músicos praticamente da mesma geração, mas com destinos cruelmente opostos

Por Álvaro Pereira Junior 

Um trabalhava nas madrugadas como frentista, era anoréxico, tornou-se músico sem estudo formal, virou ídolo (pelo menos de outros músicos), tem horror ao mundo corporativo das gravadoras e, agora, afundado em dívidas, precisou pedir dinheiro aos fãs pela internet para pagar o aluguel atrasado.

O outro tem origem de classe média, cresceu saudável, frequentou faculdade de música, criou um selo próprio para lançar o primeiro disco, sempre fez tudo sozinho, ganhou um Oscar e hoje mora em uma mansão envidraçada nas montanhas de Los Angeles.

O primeiro é o inglês Vini Reilly, 59, líder e guitarrista da banda Durutti Column (não se sinta ignorante se não conhecer -99,9999% da humanidade estão no mesmo barco). Seus discos, sem exceção cultuados por especialistas de todo o mundo, sempre venderam muito pouco.

O segundo, quem viu a entrega do Oscar 2012 talvez se lembre, é o americano Trent Reznor, 47, líder da banda Nine Inch Nails e autor da trilha sonora de “A Rede Social”, pela qual foi premiado pela Academia. Sucesso de crítica e público (pelo menos no mundo do rock alternativo), já vendeu 16 milhões de CDs.

São praticamente da mesma geração, mas tiveram destinos cruelmente opostos.

Vini é filho do pós-Guerra. Como tantos de seus contemporâneos e conterrâneos do rock, não frequentou “art school”, aprendeu nas ruas o muito que sabe.

Trent, não se pode dizer que tenha sido criado a pera com leite, mas, em comparação à dureza da infância e adolescência de Reilly, é um perfeito filhinho de papai.

O som de Vini Reilly, primordialmente um guitarrista, costuma ser chamado de pós-punk. Mas essa é só uma definição cronológica. Musicalmente, ele não tem nada a ver com as outras bandas desse período. Durutti Column incorpora os violões do flamenco, alguns climas de jazz e de música ambiente. É um esforço e tanto chamá-lo de rock.

Sobre a música de Trent Reznor e seu Nine Inch Nails, não há dúvida. É rock, da vertente industrial. Violento, confessional e fortemente baseado em sintetizadores. Vi o grupo em início de carreira, nos EUA, em março de 1990. Os músicos trocavam socos entre si e tratavam a plateia a golpes de correntes e cusparadas de cerveja.

Ambos, Vini Reilly e Trent Reznor, são absurdamente talentosos. Topei com os dois, metaforicamente, no começo do ano.

Com Trent, em um perfil publicado na revista “New Yorker” de 17/12/2012. Com Vini, lendo, nos primeiros dias de 2013, o blog de música do diário inglês “Guardian”.

A reportagem da “New Yorker”, assinada por Alec Wilkinson, faz uma radiografia detalhada de Reznor. Mostra que ele foi o primeiro a introduzir melodia na aspereza do rock industrial. E que também foi pioneiro nesse gênero ao atuar como “frontman”, face pública de uma banda. Até então, o rock industrial, de origem europeia e com forte influência marxista, rejeitava o individualismo.

O post do “Guardian” sobre Vini Reilly era tristeza pura. Relatava como um sobrinho do músico, para o tio não ser despejado, entrou no site oficial da banda pedindo doações. A mobilização foi imediata.

Em poucas horas, o sobrinho voltou a fazer contato, dizendo que já tinham arrecadado R$ 9,5 mil e não era preciso mais mandar dinheiro.

A história de Reznor é tumultuada, principalmente pelos problemas que teve com cocaína e heroína. Mas é uma história de showbizz, como tantas que se conhecem nesse meio.

Já a de Reilly é absolutamente incomum. Para começar, ele não conseguia aceitar a ideia de ter seu trabalho em lançamento comercial.

Quando um dia foi visitar a sede da gravadora Factory e viu seu primeiro álbum sendo embalado (por ninguém menos que o pessoal do Joy Division, que era do mesmo selo e dava uma força ao amigo), saiu correndo de pavor.

Também era, e é, dono de uma autocrítica incapacitante. Considera todos os seus álbuns -com exceção de “Keep Breathing”, de 2006- fracassos musicais.

Reznor esbanja vigor físico. Reilly se recupera de três acidentes vasculares cerebrais nos últimos dois anos. O americano enxergou um caminho relativamente suave em meio a um gênero musical essencialmente abrasivo.

Ironicamente, o inglês, de matriz musical mais plácida, mergulhou em abismos que ele próprio criou.

Trent Reznor se vira sozinho. Torçamos por Vini Reilly.

Discos que formaram meu caráter (parte 6) – Usuário- Planet Hemp (1995)

Por Marcelo Guido

Pois bem amigos e amigas, desculpem o atraso, mas estamos aqui mais uma vez  para falar de um disco. Sei que a introdução pode ser chata, mas diferente do que todos vocês esperam o disco em questão não vai decepcioná-los. Trata-se do primeiro álbum de uma das bandas mais importantes do Brasil nos saudosos anos 90. “Usuário”, do Planet Hemp , de 1995.

Bom já falei do período negro pelo qual passava a música nacional nos anos 90, quem leu o texto 2 dessa saga entende o que alo, o caminho tortuoso desbravado pelo Raimundos começou a dar frutos. As gravadoras apostaram em bandas que atuavam no cenário Underground e as lojas, casas, e rádios foram invadidas por bons sons cantados em português.

Usuário foi a porta de entrada, ou melhor, os dois pés na porta que o Planet deu para o sucesso, a banda já estava na ativa desde 1993 e já era uma figurinha deveras carimbada no cenário carioca. Temática implícita a favor da legalização da maconha, critica social e o linguajar popular das letras faziam com que o grupo caísse fácil no gosto popular. Então o que faltava para os caras estourarem?? Coragem para as gravadoras.

As grandes gravadoras nunca tinham apostado nisso, como encarar uns caras que tinham vindo do morro e que cantavam e tocavam uma mistura que ia do Hardcore ao Samba? Pior, com letras que falavam de “Maconha” (assunto infelizmente proibido em muitos lares ainda hoje em dia), violência policial? Um dia-dia que não passa na novela das oito? É gente boa, a rapadura e doce, mas não é mole.

O implícito posicionamento a favor da legalização fez com que o Planet se tornasse aos poucos uma das mais importantes bandas nacionais da década de 90. A polêmica só ajudou na divulgação da bolacha e “Usuário” chegou fácil as 140 mil copias vendidas e ganhou disco de ouro, fato importante em uma época em que sertanejo, pagode e axé ainda dominavam praticamente tudo.

“Dichavando” o bagulho, o disco começa de “cima” como se fala na gíria “Não compre plante” fala sobre a relação existente entre o trafico de drogas e o usuário, acredito ser a primeira música que fala sobre essa relação, dando uma simplória solução para quem é adepto do uso, não compre plante. Depois vai para “Porcos Fardados”, um olhar deveras preconceituoso sobre nossa instituição pública de segurança (policia) escrachando para quem quiser ouvir que lá realmente existe corrupção e opressão. 

Em seguida, “Legalize já”, essa sim o primeiro osso duro de se ouvir, teve o clipe censurado na TV e nos fez lembrar os áureos tempos da não saudável ditadura militar, mas mesmo assim bradou que uma erva natural não pode me prejudicar. Já “Deisdazseis” nada mais é que uma pequena mostra do que o grupo queria, mostrar que não tem problema em falar o que quer. Na sequência, “Phunky Buddha”, diz faço o que quero e não vou me prejudicar, seguindo a linha da tão falada liberdade de expressão e sobre as leis arcaicas que nossa sociedade ainda tem com relação a maconha. 

Por sua vez, “Mary Jane” , é hardcore legal cantado em inglês , muito bom. Seguida por “Planet Hemp”, uma vinhetinha para “destravar” e “Fazendo sua Cabeça”, uma das mais polêmicas músicas, fala de um Rio de Janeiro real, não aquele do “Leblom”, do Manuel Carlos e de suas Helenas, uma cidade onde tem praia, favela, maconha, bebida, tiroteio e arrastão, ou seja, muito mais que um belo cartão postal.

Depois vem “Futuro do País” começa como um “sambinha” e evolui para uma porradaria, a letra fala do abandono dos menores de rua que existem em nossas cidades, clama por atenção para o nosso futuro (crianças) que além de ter fome de comida, tem fome de cultura e são vitimas de nosso sistema. Aí vem“ Mantenha o Respeito”, o cargo chefe do disco, caiu no gosto por ser uma letra simples que pede nada mais que “Respeito”, respeito pelo cidadão que faz suas próprias escolhas, lembrado que vivemos em uma democracia e chama para um debate sobre as leis ah, um recado bom “Respeito bom e mantém os dentes no lugar”. 

Continuando,“P…Disfarçada” o consumismo em pauta, a falta de cultura e valorização da imagem. Jovens entendam isso, “Speed Funk”, outra providencial e instrumental vinhetinha. Em “ Mutha Fuckin`Racists” outra na língua da Rainha, mas essa fala de racismo. Seguida por “Dig, Dig,Dig Hempa”, outra faixa sobre a legalização , conta sobre a manipulação do sistema  na questão das drogas transformado em preconceito. Já “Skunk”, homenagem instrumental ao falecido membro da banda. 

 “A Culpa é de quem ??”, faixa essencial que conta a relação de um trabalhador que paga impostos mas que vai ser preso se tiver a vontade de fumar um “Baseado”, mostra o quando somos induzidos a beber por exemplo, é camaradas o sistema faz isso, “Bala Perdida”conta a ineficiência do modelo americano de combate as drogas, o falido modelo de subir atirar e matar já provou que não dá certo. Resumo da ópera: um DISCÃO!

Bom, entender a questão fica a cargo de cada um, o debate já foi aberto e de uma maneira singular. Usuário (o disco) já se deu a esse trabalho. 

Os que ouvirem o disco entenderão que esse primeiro VINIL do Planet não chegou aonde chegou por falar apenas de um assunto proibido, mas sim por ser também pioneiro na fusão de gêneros, como colocar um DJ (Zé Gonzales) junto de guitarra e baixo, buscar nas fontes da cultura negra um meio de renovação. Depois desse álbum, tudo ficou mais aberto e calmo.

Duas coisas a aprender quando ouvir esse disco:

A primeira é que o debate sobre maconha, violência e miséria não pode ficar restrito aos guetos e sim ser convidado se sentar na sala de jantar. A segunda é que o D2 bom é aquele cara do Planet. No mais, por hoje é só pessoal….

Marcelo Guido é Punk, Jornalista, Professor, Pai e Marido “Saiu hoje para tomar uma cerva pra destravar…”

Discos que formaram meu caráter (parte 6) – Usuário- Planet Hemp (1995)

Por Marcelo Guido

Pois bem amigos e amigas, desculpem o atraso, mas estamos aqui mais uma vez  para falar de um disco. Sei que a introdução pode ser chata, mas diferente do que todos vocês esperam o disco em questão não vai decepcioná-los. Trata-se do primeiro álbum de uma das bandas mais importantes do Brasil nos saudosos anos 90. “Usuário”, do Planet Hemp , de 1995.

Bom já falei do período negro pelo qual passava a música nacional nos anos 90, quem leu o texto 2 dessa saga entende o que alo, o caminho tortuoso desbravado pelo Raimundos começou a dar frutos. As gravadoras apostaram em bandas que atuavam no cenário Underground e as lojas, casas, e rádios foram invadidas por bons sons cantados em português.

Usuário foi a porta de entrada, ou melhor, os dois pés na porta que o Planet deu para o sucesso, a banda já estava na ativa desde 1993 e já era uma figurinha deveras carimbada no cenário carioca. Temática implícita a favor da legalização da maconha, critica social e o linguajar popular das letras faziam com que o grupo caísse fácil no gosto popular. Então o que faltava para os caras estourarem?? Coragem para as gravadoras.

As grandes gravadoras nunca tinham apostado nisso, como encarar uns caras que tinham vindo do morro e que cantavam e tocavam uma mistura que ia do Hardcore ao Samba? Pior, com letras que falavam de “Maconha” (assunto infelizmente proibido em muitos lares ainda hoje em dia), violência policial? Um dia-dia que não passa na novela das oito? É gente boa, a rapadura e doce, mas não é mole.

O implícito posicionamento a favor da legalização fez com que o Planet se tornasse aos poucos uma das mais importantes bandas nacionais da década de 90. A polêmica só ajudou na divulgação da bolacha e “Usuário” chegou fácil as 140 mil copias vendidas e ganhou disco de ouro, fato importante em uma época em que sertanejo, pagode e axé ainda dominavam praticamente tudo.

“Dichavando” o bagulho, o disco começa de “cima” como se fala na gíria “Não compre plante” fala sobre a relação existente entre o trafico de drogas e o usuário, acredito ser a primeira música que fala sobre essa relação, dando uma simplória solução para quem é adepto do uso, não compre plante. Depois vai para “Porcos Fardados”, um olhar deveras preconceituoso sobre nossa instituição pública de segurança (policia) escrachando para quem quiser ouvir que lá realmente existe corrupção e opressão. 

Em seguida, “Legalize já”, essa sim o primeiro osso duro de se ouvir, teve o clipe censurado na TV e nos fez lembrar os áureos tempos da não saudável ditadura militar, mas mesmo assim bradou que uma erva natural não pode me prejudicar. Já “Deisdazseis” nada mais é que uma pequena mostra do que o grupo queria, mostrar que não tem problema em falar o que quer. Na sequência, “Phunky Buddha”, diz faço o que quero e não vou me prejudicar, seguindo a linha da tão falada liberdade de expressão e sobre as leis arcaicas que nossa sociedade ainda tem com relação a maconha. 

Por sua vez, “Mary Jane” , é hardcore legal cantado em inglês , muito bom. Seguida por “Planet Hemp”, uma vinhetinha para “destravar” e “Fazendo sua Cabeça”, uma das mais polêmicas músicas, fala de um Rio de Janeiro real, não aquele do “Leblom”, do Manuel Carlos e de suas Helenas, uma cidade onde tem praia, favela, maconha, bebida, tiroteio e arrastão, ou seja, muito mais que um belo cartão postal.

Depois vem “Futuro do País” começa como um “sambinha” e evolui para uma porradaria, a letra fala do abandono dos menores de rua que existem em nossas cidades, clama por atenção para o nosso futuro (crianças) que além de ter fome de comida, tem fome de cultura e são vitimas de nosso sistema. Aí vem“ Mantenha o Respeito”, o cargo chefe do disco, caiu no gosto por ser uma letra simples que pede nada mais que “Respeito”, respeito pelo cidadão que faz suas próprias escolhas, lembrado que vivemos em uma democracia e chama para um debate sobre as leis ah, um recado bom “Respeito bom e mantém os dentes no lugar”. 

Continuando,“P…Disfarçada” o consumismo em pauta, a falta de cultura e valorização da imagem. Jovens entendam isso, “Speed Funk”, outra providencial e instrumental vinhetinha. Em “ Mutha Fuckin`Racists” outra na língua da Rainha, mas essa fala de racismo. Seguida por “Dig, Dig,Dig Hempa”, outra faixa sobre a legalização , conta sobre a manipulação do sistema  na questão das drogas transformado em preconceito. Já “Skunk”, homenagem instrumental ao falecido membro da banda. 

 “A Culpa é de quem ??”, faixa essencial que conta a relação de um trabalhador que paga impostos mas que vai ser preso se tiver a vontade de fumar um “Baseado”, mostra o quando somos induzidos a beber por exemplo, é camaradas o sistema faz isso, “Bala Perdida”conta a ineficiência do modelo americano de combate as drogas, o falido modelo de subir atirar e matar já provou que não dá certo. Resumo da ópera: um DISCÃO!

Bom, entender a questão fica a cargo de cada um, o debate já foi aberto e de uma maneira singular. Usuário (o disco) já se deu a esse trabalho. 

Os que ouvirem o disco entenderão que esse primeiro VINIL do Planet não chegou aonde chegou por falar apenas de um assunto proibido, mas sim por ser também pioneiro na fusão de gêneros, como colocar um DJ (Zé Gonzales) junto de guitarra e baixo, buscar nas fontes da cultura negra um meio de renovação. Depois desse álbum, tudo ficou mais aberto e calmo.

Duas coisas a aprender quando ouvir esse disco:

A primeira é que o debate sobre maconha, violência e miséria não pode ficar restrito aos guetos e sim ser convidado se sentar na sala de jantar. A segunda é que o D2 bom é aquele cara do Planet. No mais, por hoje é só pessoal….

Marcelo Guido é Punk, Jornalista, Professor, Pai e Marido “Saiu hoje para tomar uma cerva pra destravar…”

Paranoia de rock star: Greenwood, integrante do Radiohead, se refugia no interior de SP à espera do fim do mundo


Acreditando no calendário maia – que o mundo vai acabar em 21 de dezembro de 2012 – o guitarrista do Radiohead, Jonny Greenwood, mudou temporariamente para um hotel-fazenda na cidade de São Luiz do Paraitinga, interior de São Paulo. 

O músico está hospedado há cerca de um mês, e de acordo com o secretário de Turismo da cidade, Eduardo de Oliveira Coelho, assinalou que outros integrantes da banda são esperados nos próximos dias. Ainda segundo Coelho, caso o “fim do mundo” não aconteça, ele pretende dar aulas de guitarra para os jovens da região. O dono do hotel também falou sobre a presença do roqueiro no hotel.

“O motivo pelo qual ele está aqui é para fugir, porque hotéis como esse preservam a intimidade dos hóspedes, e ele não quer publicidade”, confirmou Emmanuel Rengade. As informações são do site da Folha de S; Paulo.

Esse porras são doidos mesmo, égua-moleque-tu-é-doido!

Discos que formaram meu caráter (parte 5) – Nevermind – Nirvana (1991)


Muito bem turma, estamos aqui para falar de mais um disco que marcou minha vida e com certeza a vida de muitos. Ou de pelo menos daqueles que viveram os anos “90”.

Bom, não custa nada falar que essa bolacha é também da safra de 1991. Se não me engano, já alertei vocês sobre esse ano mágico para o rock, contei também que acredito em uma conspiração divina, onde a inspiração veio e nos proporcionou uma verdadeira avalanche de bons trabalhos. Os caras das bandas relevantes fizeram de “91” (musicalmente falando) o melhor ano dos restos das novas vidas.

Sem mais delongas, vamos ao trabalho. “Nevermind” é o segundo álbum da banda grunge Nirvana, os caras já vinham de um trabalho deveras legal: “Bleach”. Mas guardaram, como dizem na gíria, o “filé”, para esse álbum. Costumo a dizer que o lugar conquistado pelos caras de Seattle no hall das grandes bandas foi conquistado com esse disco.

O disco marca a estreia de Dave Grohl (ex- Scream) na bateria da banda. Grohl levou para banda uma pegada mais porrada, ou seja, trouxe um pouco de Hardcore para dentro do Nirvana, coisa que muitos puritanos “entendedores” de rock insistem em negar, mas rock sem porrada não é rock.

Não custa nada dizer que o disco foi o maior sucesso dos caras (mais de 30 milhões em todo mundo), pois além de sua extraordinária sonoridade, a capa com a foto do pequeno Spencer Elden nadando para pegar a nota de um dólar é lembrada por muitos como uma das mais belas imagens já vistas em uma capa de disco. É o único disco da década de “90” a figurar na lista dos “200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of f ame”. Mas não tinha nem como não está.

O míssil sonoro começa logo com a clássica “Smells Like Teen Spirit”, presença obrigatória em qualquer lista de músicas de rockeiros com mais de 30, foi o primeiro single. Com essa música, o Nirvana conseguiu levar para as rádios o mais puro, sujo e cru Rock. Vai para “In Bloom” uma critica para as pessoas que ignoram o verdadeiro sentido das canções, de repente outro clássico “Come As You Are”, para muitos a melhor introdução já feita para uma canção, sua melancólica letra fala sobre a “verdade das pessoas”, ou seja, o quanto nossas vidas são recheadas de mediocridades. “Breed” (particularmente minha preferida) nós fala sobre a padronização que todos esperam das nossas vidas, ter que crescer, casar, depois ter filhos, se divorciar e começar tudo de novo, como se fosse tudo meramente programado. “Lithium” considero auto biográfica, o nome da canção faz referencia a um composto de uma medicação do tratamento que o autor (Curt Cobain), fazia para o transtorno bipolar, doença que Cobain convivia desde sua infância. Podemos ver claro no refrão quando o mesmo diz que não sabe se ama, gosta, mata ou sente falta de alguém, realmente forte. “Polly” trata de outro tema polêmico, a canção conta a historia de uma jovem de 14 anos que é raptada e torturada depois de um show de rock. 

Outras canções do disco como “Drain You”, também merecem ser lembradas, principalmente por ser uma canção que fala de amor, mas não piegas e sim como entrega total, carnal, mental, dando ombros para o que as outras pessoas vão pensar. 

Viva intensamente seu sentimento e não se importe com opiniões alheias. Um disco que fala de critica social, violência, modo de vida e de amor. Não tem outra nomenclatura que não seja “DISCAÇO”.

Enfim, mas de 20 anos se passaram e Nevermind continua atual, sendo que quase que obrigatória audição para quem se mete a “entender de Rock”. Para muitos como eu que tiveram a oportunidade de viver tudo aquilo, resta a saudade. Saudade de um tempo que não vai voltar, mas que marcou. Guardadas proporções, acredito que o Grunge encontra-se em escala de relevância junto a “Betlemania” e a ladeado ao Punk.

Conselho de amigo: escute esse disco e faça uma auto- critica. Talvez seus caminhos se encontrem. Tecnicamente falando, Nevermind é um disco Punk.

Marcelo Guido é Punk, Jornalista, Pai e Marido. Uma das poucas pessoas aonde o pensamento punk permanece vivo no coração.
* Meu (Elton) texto sobre os 20 anos do nevermind não foi tão bom quanto o do Guido, mas se alguém quiser ler, ta aí : 

Discos que formaram meu Caráter (Parte 3) – TEN – Pearl Jam (1991)

Por Marcelo Guido

Congratulações a vocês que acompanham este periódico super maneiro que é esse blog do Elton. 

Bom sem mais delongas vamos falar de um álbum que, para muitas pessoas que viveram a década de 90, é simplesmente seminal, no sentindo mais cru da palavra. 

Partiremos do principio que “1991” foi um ano mágico para música.  “91” foi o ano que aparentemente todos os astros celestes conspiraram a favor, e todos os deuses da criatividade nos brindaram com uma excelente safra de discos que vieram a tona nesse curto período de 12 meses. Faço questão de dizer que falaremos de muitos discos dessa época dourada para o Rock.

“TEN” é o disco de estreia do Pearl Jam, uma banda de Seattle (estado americano) que veio nos mostrar que sim, existia vida no “Grunge”, que nada mais é que uma ramificação do rock alternativo. Na minha modesta opinião, o ultimo grande movimento musical (até agora).

O titulo do disco é uma homenagem a Mookie Blaylock, o camisa “10” do time de basquete New Jersey Nets e é considerado um dos melhores álbuns de rock de todos os tempos.

Conheci esta “Bolacha” através da MTV (jovem, você que esta completando 18 anos, saiba que a MTV Brasil já foi sim um emissora que realmente era de musica, e que valia a pena assisti-la, saudades do Gastão e da Cuca) e meu interesse ficou maior quando vi pela primeira vez o clip de “Jeremy”, que foi lançado já em 92. 

A letra da canção e medonhamente espetacular, não fala de flores, mas conta a história real de Jeremy Wade Delle que era um garoto comum, como praticamente todos que tem 15 anos que em um belo dia cometeu suicídio na frente de todos os seus amigos na sua aula de inglês. Jeremy poderia ser eu ou muitos de vocês.

Esse vídeo foi dissecado na MTV e mostrou que realmente os caras da banda tinham talento, não eram mais uma redundância impertinente. Ao logo da década de 90 o “PJ” lançou outros bons discos (que ainda iremos ver nessa seção). Ou seja “TEN”, foi só começo de uma longa trajetória.

Mas o disco não se resume a “Jeremy”, tem também a sacramental “Even Flow” que fala das experiências vividas por um morador de rua, ou um sem teto como muitos preferem e que para mim é uma bela canção, versos como  “Ele dorme em um travesseiro feito de concreto, agita as mãos pedindo esmola a os passantes, além de iletrado ele talvez sela mentalmente enfermo, já que ele parece louco, quando sorri…Luta para pensar coerentemente, Fluxo constante pensamentos chegam como borboletas ele não sabe então as afugenta…” 

Pesado, concordo mas extremamente importante. Um drama coerente algo real, vemos isso em nosso dia-dia. Eu posso dizer que já fui as lagrimas muitas vezes ao ouvir essa música. E claro “Alive” que para muitos é uma história quase que biográfica, fala de um cara que descobre que seu pai é na realidade seu padrasto, ou seja, por circunstancias da vida acaba sendo enganado. Suicídio, fracassos e drama familiar, que puta mistura, que puta disco!

Costumo me emocionar com poucas coisas nesse ralo que chamo de vida, mas ouvir “TEN” em alto e bom som simplesmente mexe muito comigo. 

Existem outras passagens nesse disco eu tentei resumir, pela importância para mim já que estamos querendo ou não falando de mim, mas não cometa o sacrilégio de deixar de lado as não menos importantes  “Once”, “Porch”, “Deep” e a sensacional “Black”. Nove entre dez pessoas que conheço colocam “Black” como faixa para trilha sonora de um importante período da sua própria vida.

Encero minhas palavras por aqui e digo a vocês, procurem dentro de suas próprias faces corrompidas o “PJ”.Tenho certeza você vai encontrar. Tenha sempre a seu alcance o seu blusão de lenhador quadriculado.

Sempre existe um pouco de angústia, sarcasmo, apatia e desejo por liberdade dentro de cada um, basta olhar um pouco. Seattle, espero eu também estou dentro de você.

Marcelo Guido é Punk, Pai, Jornalista, Professor e Marido. Esta muito puto, porque assim como Jeremy, Lanna Guido também não foi a escola hoje.