JOHN LENNON, MAIS IMORTAL DO QUE NUNCA!! (hoje ele faria 73 anos)


John Lennon completaria 73 anos hoje. Numa época cada vez mais carente de ídolos originais e relevantes, John Lennon vai se tornando cada vez mais imortal. Certamente um artista como John Lennon, que fazia questão de expressar o que pensava e sentia, ainda que várias vezes se contradizendo ou criando uma grande confusão com tudo isso, dificilmente se encaixaria em um mundo confuso como o de hoje onde os disfarces, que já faz parte do que nós nos acostumamos a chamar de “moda”, escondem a verdadeira natureza do “quem é quem?” ou “de que lado estamos afinal?”.

O vazio causado pela ausência de John Lennon parece crescer na mesma proporção em que cresce as nossas dúvidas com relação ao futuro da cultura pop que, diga-se de passagem, é fruto legítimo da passagem de Lennon pelo planeta Terra.

John Lennon, sempre foi o meu Beatle preferido. Parece fácil escolher, e há quem diga: “Ah, muito facil, John Lennon era o líder!”. Eu, particularmente, conheço muitas pessoas que escolheram o George pela simplicidade ou o Ringo pela discrição. John Lennon é muito óbvio, de fato, mas ás vezes não há como fugir disso. Pois bem, eu fico com o John porque ele era o artista crucial dos Beatles. Os outros integrantes, especialmente George e o Ringo, apenas tiveram sorte de tê-lo por perto. E pronto.

Minha familiaridade com a figura de John Lennon e os Beatles, me remete a minha infância. Eu fui uma criança muito tímida. Eu era tímido ao ponto de não perguntar pra ninguém sobre coisas que eu queria muito saber, e isso se deve ao medo que eu tinha de receber respostas com ar de deboche como: como é que tu não sabe quem é esse cara?? ha-ha-ha. E era examente isso que eu queria saber, enquanto eu tomava várias garrafas de refrigerante olhando pra figura de um cabeludo de óculos com lentes redondas desenhado na parede de um bar muito popular em Macapá na década de 80, o Lennon, que ficava aos arredores da Praça da Bandeira, onde hoje se encontram uma pastelaria e uma farmácia.

Tempos depois, quando eu já tinha decidido na minha mente que aquele cara só podia ser o dono do bar, que por algum motivo, nunca estava presente, lá estava eu, vasculhando os discos da minha mãe, e no meio dos Chicos, Gils e Caetanos, eu puxei um disco que mudaria o que eu pensava do mundo. “Olha o dono do bar aqui, atravessando a rua com mais 3 pessoas” Pensei. O nome do disco era Abbey Road.
Hoje, quase 30 anos depois da sua morte trágica, nas cidades de Liverpool e Nova York, iniciativas, como exposições, concertos e cerimônias multiplicam-se para comemorar o aniversário de John Lennon.

Liverpool ofereceu-lhe o tributo mais importante, que teve início ontem e foi planejado para durar dois meses com mais de vinte eventos no programa com espetáculos  inclusive no Cavern Club, o berço dos Beatles. Um monumento à paz também foi inaugurado ontem pela amanhã pelo seu filho Julian e sua primeira mulher Cynthia.
Em Nova York, onde foi assassinado no dia 8 de Dezembro de 1980 e onde viveu por dez anos, a celebração do 70 aniversário de John Lennon aconteceu no City Winery com vários artistas fazendo cover das suas músicas.

O Google também fez uma homenagem a John Lennon. Em seu endereço britânico, o site de buscas adicionou um desenho do rosto do músico à sua logomarca. Ao lado, traz um botão que, quando clicado, torna toda a logomarca animada e toca um trecho da música “Imagine”.

A editora EMI lançou uma série de onze álbuns com seus discos solo remasterizados, e além disso tudo, Lennon pode ser imortalizado nas moedas britânicas. A Casa da Moeda britânica, chamada de Royal Mint, está fazendo uma pesquisa popular para escolher a efígie que irá estampar uma série de moedas. Shakespeare, Charles Darwin e Isaac Newton já foram homenageados .

O mito “Lennon” é muito forte e presente ainda hoje em grande parte do mundo. Só para ilustrar: recentemente, um vaso sanitário que pertenceu a John Lennon foi leiloado, por 9.500 libras (mais de 25 mil reais), cerca de 10 vezes o valor estimado inicialmente, durante um leilão de objetos ligados aos Beatles em Liverpool. O vaso foi usado por John Lennon por 3 anos, entre 1969 e 1972, o que faz aumentar muito a possibilidade de ele ter composto alguns versos de “Imagine” sentado nesse trono.

Contudo, o que foi dito, falar que John Lennon era genial ou fantástico é uma redundância. Ele partiu para imortalidade, lugar que pertence somente as pessoas que, como ele, fizeram da sua existência uma grande diferença pra humanidade.
Algumas frases geniais e fantásticas dele:
“Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí.”
“Quando você fizer algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme”
“Quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém”

“Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia.”

A opinião de alguns artistas brasileiros sobre suas músicas preferidas de John Lennon.

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura

“Imagine”

A música mais genial dele é “Imagine”. A letra é forte e a melodia é simples, mas intensa. O mais legal é que é uma música que parece ter sido feita em cinco minutos.

Lobão, músico e apresentador. “Instant Karma”

Gosto do trabalho do Lennon integralmente. No livro mesmo [a autobiografia de Lobão, com lançamento previsto até o fim do ano], falo que tem cinco pessoas que fazem parte da minha alma: Carlos Lacerda, Nelson Rodrigues, Salvador Dali, Nietsche e John Lennon. Então o Lennon é uma pessoa importantíssima na minha vida. Dos discos, pode colocar o “Imagine”, “Rock ‘n’ Roll”, “Double Fantasy”… Cada álbum tem uma coisa. “Instant Karma” é uma canção fodaça. Enfim, é um cara que mudou tudo.

Edgard Scandurra, músico.”Mother”

Minha música preferida do John Lennon é “Mother”. É uma canção muito sentida, triste, e mesmo assim foi um sucesso. Quando você se aprofunda na vida do Lennon e descobre como era a relação dele com a mãe, vê a razão de ele ter feito essa música.

Fernando Meirelles, cineasta. “(Just Like) Starting Over”

Pode soar estranho com tanta música boa, mas a que me toca mais é “(Just Like) Starting Over”, do disco “Double Fantasy”. O disco saiu aqui quase junto com a notícia da sua morte. Ganhei um de natal. No reveillon daquele ano eu estava acabando um namoro com uma menina que eu gostava, tinha tido um rápido caso com outra garota no meio desta confusão emocional e na festa de fim de ano, além delas duas, apareceu uma outra menina que já havia me impressionado. A música não parava de tocar e eu não sabia o que fazer. Acabei ficando com a terceira com quem estou casado há 26 anos.

André Mont’alverne (foto) é apreciador de Rock, Cinema e Futebol. Também é ex colaborador do blog De Rocha e velho amigo deste blogueiro. este texto foi publicado em 2010 (então aniversário de 70 anos ) e repostado por conta do aniversário do genial e eterno Lennon. 

16 anos sem Jeff Buckley, o Hendrix de uma geração


Cada geração tem o seu Jimi Hendrix. Entenda a comparação menos com o mito da guitarra, mais com o músico genial que foi embora cedo demais, e que ainda prometia prestar bons serviços à música. Meu Hendrix – e de muita gente por aí – se chama Jeff Buckley. Ele morreu de forma bizarra, em 29 de maio de 1997, depois de um mergulho em um rio, em Memphis (EUA). Um resumo rápido para viajar um pouco nas linhas tortas do destino: Buckley estava morando na cidade de Elvis, produzindo seu segundo álbum. Seus parceiros de banda chegariam depois e, antes de o músico ir encontra-los, resolveu dar um mergulho no Rio Wolf. Um amigo ainda o ouviu cantando Whole lotta love, do Led Zepellin, antes que uma lancha passasse por perto, fazendo uma onda e, assim, afogando Buckley, encontrado depois de alguns dias.

Assim de forma simbólica – nas águas de um afluente do Mississipi, cujas margens banharam grande parte da música norte-americana – foi se embora o homem que Bono Vox definiu brilhantemente como uma “gota pura em um oceano de ruído”; o músico que recebeu elogios rasgados de Jimmy Page e Robert Plant; o compositor que causava inveja a Elvis Costello; o vocalista que fez Elisabeth Frazer (do Cocteau Twins, um dos gogós mais impressionantes do pop) “suar como uma noiva em junho” (segundo ela disse), quando o escutou pela primeira vez. O leque de admiradores confessos é gigantesco, uma área VIP interminável de fãs.

Justo, justíssimo. Buckley é um daqueles que estão acima de palavras. Daqueles que valem o blablablá de “o homem se foi mas o artista ficou.” A obra, espalhada em um álbum oficial (o irretocável Grace, um dos três melhores álbuns dos anos 1990), outro de registros póstumos, compilações de singles, discos ao vivo e tesouros encontráveis na internet, é manancial a ser explorado com calma e dedicação.

Filho do famoso trovador folk dos anos 1960 Tim Buckley (com quem teve pouquíssimo contato), dividiu com o pai, além da morte precoce, o gosto por música exótica (um dos seus maiores ídolos era o paquistanês Nusrat Fateh Ali Khan), a beleza física, o alcance inacreditável da voz, a sensibilidade nas seis cordas e o poder de harmonizar de forma quase milagrosa. Teve uma vantagem: enquanto o pai ajudou a escrever o melhor do rock nos anos 1960 e 70, Jeff teve uma história gigantesca para estudar, explorar, reescrever. E ele deitou e rolou nesse sentido, mostrando que ecletismo, versatilidade e bom gosto não são palavras que podem ser vestidas em qualquer um.

Ainda que a melhor iniciação à obra dele seja Grace, de 1994, bastante autoral, onde repousam obras como a faixa título e Last goodbye, o Buckley mais impressionante está em Live at Sin-É”. O álbum duplo registra o gênio ainda acompanhado apenas de sua guitarra em um pequeno café, que ele chamava de lar, no East Village, em Nova York, no começo dos anos 1990. Deus do céu, eu só queria estar lá. Queria que você leitor estivesse também. 

Toda gente de bem mereceria escutar o que Jeff fazia com algumas de suas canções favoritas, sejam elas as nossas canções favoritas também, como The way young lovers do, de Van Morrisson; If you see her say hello, de Bob Dylan, Night flight, do Zepellin, sejam as favoritas recentes dele, como a belíssima Calling you , tema de um belo filme da época, Bagdad Café, ou então ele fazendo de Dinks song, clássico folk ianque, uma viagem sonora acima de qualquer descrição. Malabarismos musicais puros, sem rede de proteção, onde Buckley bailava acima de todos os outros, equilibrado por uma técnica incrível. Mas o que o fazia andar era sem dúvida uma intuição e paixão gigantesca.

Ele se foi cedo, sem ter a chance de confirmar as inúmeras apostas de ser “o grande músico de sua geração”, feitas pela mídia. Os fãs sabem seu papel. Alguém consegue, em um exercício mágico de imaginação, mensurar o que estaria fazendo Hendrix ainda vivo? A mesma pergunta fazemos sobre Jeff Buckley.

Triste, mas é a vida => Aos 74 anos, morre Ray Manzarek, tecladista e fundador do The Doors


Ex-tecladista do The Doors, Ray Manzarek morreu na Clínica Romed, em Rosenheim, Alemanha, após uma batalha contra o câncer, aos 74 anos. O anúncio foi feito por meio do Twitter e do Facebook oficiais da sua célebre banda. Ele deixa a esposa, Dorothy, os irmãos Rick e James Manzarek; e também o filho Pablo Manzarek.

Filho de poloneses radicados nos Estados Unidos, Ray Manzarek passou a adolescência dividido entre o basquete e o piano. Após uma desilusão com o esporte, optou pela música, não sem antes se formar em economia por uma universidade de Chicago, onde morava. Em Los Angeles, para onde se mudou no começo dos anos 1960, conheceu o estudante de cinema e poeta Jim Morrison. Com ele nos vocais, John Densmore na bateria e Robby Krieger na guitarra, formou o The Doors, em 1965.

Com sua mistura de rock, blues e psicodelia, o The Doors — que debutou em 1967, com um disco homônimo — logo se tornou um dos mais adorados grupos da história. Graças a músicas como “Break on through to the other Side”, “The end,” “Hello, I love you” e “Light my fire”, o The Doors — que tinha no teclado de Manzarek uma das suas principais características — vendeu mais 100 milhões de discos em todo o mundo. Após a morte de Morrison em 1971, o grupo ainda lançou dois discos sem o vocalista, mas encerrou suas atividades em 1973.

Manzarek passou a se dedicar à literatura, publicando romances e também a autobiografia “Light my fire: My life with The Doors” (de 1998). Ele também tocou com grupos como Echo & The Bunnymen, The X, e com artistas como Phillip Glass e Iggy Pop. Em 2004, ele se apresentou no Brasil com o grupo The Doors of the 21st Century, ao lado de Robby Krieger e com Ian Astbury (ex-The Cult) nos vocais. Em 2012, ele, Krieger e Densmore gravaram a música “Breakin’ a sweat”, incluída no EP “Bangarang”, do DJ americano Skrillex.

“Fiquei profundamente triste ao ouvir sobre o falecimento do meu amigo e companheiro de banda Ray Manzarek”, disse Krieger, em comunicado divulgado pelo Doors nas redes sociais. “Estou feliz por ter sido capaz de ter tocado canções do Doors com ele durante a última década. Ray foi uma grande parte da minha vida e sempre vou sentir falta dele”, completou o músico.

Meu comentário: Valeu pra caralho, Ray. Obrigado por tudo!

Faculdade britânica terá graduação em Heavy Metal


A faculdade New College Nottingham (NCN), na Grã-Bretanha, lançou um curso de graduação em heavy metal. Com dois anos de duração, o objetivo é formar instrumentistas, compositores e professores de música especializados no gênero de grandes bandas como Iron Maiden e Metallica. A primeira turma começará as atividades em setembro deste ano.

De acordo com site de notícias da BBC, a ideia é que, ao final dos dois anos, os alunos possam ingressar de forma automatica no último ano do curso de música da Universidade de Nottingham Trent. Com isso, poderão obter um diploma universitário reconhecido.

Em entrevista para o canal britãnico, o professor da faculdade Liam Maloy definiu o curso como oportuno:

“A indústria de música pesada está em ascensão no Reino Unido e nós criamos um produto educacional para servir a essa indústria”, disse ele.


*Dica do amigo Ricardo Ribeiro

Bono Vox completa 53 anos hoje


Hoje (10), é o aniversário de Paul David Hewson, popularmente conhecido como “Bono Vox”. O cantor irlandês, líder da banda U2, é uma das figuras mais carismáticas do mundo. O cara completa 52 anos nesta quinta-feira. O artista divide seu tempo entre shows e ações humanitárias, ele é um dos maiores ativistas mundiais pelos direitos humanos. 


Em 2005, por suas atitudes humanistas, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Também se tornou um símbolo na luta contra a pobreza no continente africano. Filho de um pai católico e uma mãe protestante, Bono cresceu com uma forte fé religiosa, mas sem nenhuma doutrina fixa.



Em 1975, Larry Mullen Jr. (baterista do U2) colocou na escola Mount Temple um anúncio procurando por pessoas interessadas a formar uma banda. Apareceram Dave Evans (The Edge), Dick Evans, Adam Clayton e Bono. Inicialmente ninguém queria cantar. Havia um baixista, um baterista e três guitarristas. Mas como precisavam de um vocalista e Bono nunca podia transportar a sua guitarra para os ensaios, ficou responsável pelos vocais. Seu pseudônimo “Bono” – é uma adaptação de Bona Vox, uma marca de aparelho auditivo que em Latim traduz-se como “boa voz”.

Para muitos, Bono Vox é o maior Ícone do rock mundial. O U2 tocou três vezes no Brasil, em 1998, 2006 e 2011. Nesta última, eu tava lá e foi muito firme!


Não sou muito de encher a bola de celebridades, mas Bono Vox é, com toda certeza, um dos caras mais fodas do nosso tempo, uma exceção. Parabéns ao grande cara que ele é, um verdadeiro exemplo de como usar a fama.


Elton Tavares

Brasília 1983, por Hermano Vianna

Por Hermano Jr.

Quem diria! Os primeiros punks brasileiros nasceram em Brasília, à sombra do poder, e eram quase todos filhos de figuras importantes do governo federal. Se você for um punk paulista ou carioca que gastou suas poucas economias prá comprar a Mixtura Moderna certamente estará com ódio desta afirmação. Você pode queimar a revista ou, eu prefiro, escrever uma carta injuriada dizendo que eu não entendo nada de punk. Tudo bem, eu já li vários fanzines paulistas que me dizem o que é ser punk, o que é anarquia e até mesmo como usar uma suástica. Não tenho nada contra as etiquetas sociais. Mas também não posso fazer nada se desde 77 alguns brasilienses adotaram idéias, roupas e comportamentos punks. O que caracteriza cada um desses itens? Quem tem a verdade do punk? Provocados desta maneira o pessoal de Brasília me responde: punk não é uniforme, cara, é revolta. E revolta não é privilégio do proletariado paulista ou do subúrbio carioca. Punk é uma revolta sem planos de guerra detalhados, sem líderes estrategistas. Afinal, a proximidade do poder (se você ainda entende o poder como aquilo que acontece no Palácio do Planalto) não torna nem mais fácil, nem mais difícil, combatê-lo. É necessário sempre reformular as táticas, renegar os rótulos, destruir o lugar comum. Não é por um acaso que os brasilienses, anotem o que eu estou dizendo, fazem o rock mais ousado deste país.

Brasília é, desde a sua criação, causa das mais variadas polêmicas. Odiada por alguns, um sonho frustrado para outros, sua arquitetura continua a ser o símbolo máximo da ânsia modernista da alma brasileira (desde quando o Brasil tem alma?). Somos modernos e está acabado: vejam a capital que construímos. Não é de se estranhar que a construção de Brasília tenha se dado num governo que tinha por lema fazer o Brasil se desenvolver cinqüenta anos em cinco. O que é ou pra quem serve esse tal de desenvolvimento, ninguém sabe. Brasília tem 23 anos e nenhum plano urbanístico pôde prever o que já aconteceu nesse meio tempo. É uma cidade bonita? Não sei, num cartão postal até que impressiona. Mas morar lá é barra pesada. Brasília é fria, monótona, depressiva. A capital da esperança ocupa lugares de destaque em estatísticas pouco comuns: é o local, no Brasil, onde ocorrem mais suicídios e onde se consome mais drogas.

A característica principal da população brasiliense é a sua transitoriedade. Poucas são as pessoas que vão morar lá para sempre. Todos estão na cidade contando os dias que faltam para acabar o mandato ou chegar a s férias, quando voltarão para seus estados de origem. Por isso você não pode formar uma banda de rock, por exemplo, sem levar em conta que o guitarrista vai se mudar pro Rio no meio do ano, ou que o pai do baterista foi convidado para ser cônsul em Adis Abeba. Nada, exceto a mesquinharia da grande política nacional, tem continuidade em Brasília. Mas esta situação começa a mudar. Não é preciso nenhuma campanha tipo I love Brasília para saber que alguma transformação já está ocorrendo. Um ouvido um pouco mais atento consegue perceber a criação de um sotaque próprio de Brasília.

É uma mistura incrível de entonacões paulistas, cariocas, goianas, gírias de todos os lugares do país. As primeiras gerações que nasceram e se criaram no Distrito Federal já estão na casa dos 20 anos. São poucos, ainda, mas se os juntarmos com as outras pessoas, que moram há poucos anos em Brasília, mas que não estão afim de ficar o tempo todo reclamando da falta do que fazer, já teremos um bom número. Esta gang está produzindo filmes, poesia, música e teatro que falam sobre sua cidade. Existe um número surpreendente de grupos de rock já formados. Curiosa e sorrateiramente, Brasília adquire o título de capital brasileira do rock’n’roll. A segurança da arquitetura brasiliense apresenta suas primeiras rachaduras.

O grande impulso inicial para a “explosão” do rock brasiliense foi a formação, em 78, do grupo Aborto Elétrico. Em Brasília é muito mais fácil você ter acesso à s informações musicais de outros países. Tem sempre alguém viajando, um amigo que mora no exterior e que pode mandar um disco ou o New Musical Express para ler. Quando quase ninguém tinha ouvido falar de punk, o Aborto já tocava músicas influenciadas por Pistols, Dammed, Clash, etc. E não era só isso. Numa letra eles anunciavam, para quem quisesse ouvir, as suas intenções: “desde pequenos comemos o lixo comercial-industriaI/mas agora chegou a nossa vez/ vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês/ somos filhos da revolução/ somos burgueses sem religião/ nós somos o futuro da nação/ geração coca-cola”. O Aborto tocava em qualquer lugar, ao ar livre, na frente das lanchonetes, onde quer que pudesse conseguir emprestado uma tomada. Foram os anos mais radicais do punk brasiliense. Outras bandas surgiram motivadas pelo sucesso (não entendam essa palavra ao pé da letra) do Aborto Elétrico. Os nomes: Dado e o Reino Animal, Metralhaz, Os Vigaristas de Istambul (onde tocavam dois punks iugoslavos, filhos do embaixador daquele país) , Blitz 64, Blitx etc. Não consegui saber direito a história destes grupos, alguns duraram poucos meses, outros só conseguiram sobreviver no meio de uma troca interminável de músicos.

Hoje os nomes mudaram e se multiplicaram. Você pode conhecer os mais diversos estilos do rock contemporâneo escutando grupos como Elite Sofisticada, Gestapo, Las Conchas de Su Madre, Banda 69, Bambino e os Marginais, CIA, Fusão, Raízes da Cruz. Você pode ainda se surpreender com o jazz do Artimanha, ou como som inclassificável do Liga Tripa. Mas os grupos de rock mais interessantes de Brasília são: Capital Inicial, Legião Urbana, XXX e Plebe Rude. O Legião Urbana (Renato Russo, baixo e vocal; Marcelo Bonfá, bateria; Dado Villa-Lobos, guitarra) tem apenas meio ano de vida, mas todos os seus componentes já tocaram em outras bandas. Renato Russo é talvez o músico mais experiente do rock de Brasília. Autor da maioria das músicas do Aborto Elétrico, com o final deste grupo ele partiu para uma rápida carreira solo, acompanhado única e exclusivamente por seu violão.

Renato, dono de uma voz poderosa, é o primeiro grande cantor do rock nacional. Também letrista de grande originalidade (“estou cansado de ouvir falar em/ Freud Jung Engels Marx, intrigas intelectuais/ rodando em mesa de bar”), seus temas e imagens são uma reação direta às metáforas estúpidas que dominaram a nossa música popular em todo o decorrer dos anos 70. Ninguém quer mais ouvir falar em sensações das cordilheiras! A música do Legião Urbana está muito próxima do som de grupos como Joy Division, Public Image e Cure, suas principais influências.

O Capital Inicial (Heloisa, guitarra; Loro, guitarra; Flavio Lemos, baixo; Fê, bateria) já foi chamado pelas más línguas de Talking Heads do Planalto; pra mim, isso é elogio. Mas o apelido não tem muito a ver. O Talking Heads é apenas uma das influências, talvez de destaque, numa lista que inclui Cure, U2, Gang of Four, funks e baião. O trabalho das duas guitarras é fundamental para a caracterização do som do grupo. Nada de solos. Seu espaço é preenchido com riffs funky e acordes preciosos. Os vocais são feitos principalmente (pois todos cantam) pelos dois guitarristas. As letras, na sua maioria compostas pelo baterista Fê, que também foi do Aborto Elétrico, são agudas reflexões sobre o cotidiano da juventude brasiliense. Nada escapa (“quero soltar bombas no Congresso/ fumo Hollywood para o meu sucesso/ sempre assisto a Rede Globo/ com uma arma na mão/ se aparece o Francisco Cuoco/ adeus televisão“), nem mesmo a figura de Dom Bosco, um místico que sonhou profeticamente com a construção de Brasília (“O mal já esta feito/ deve existir algum jeito/ que tal elegermos um prefeito/ e matá-lo com um tiro no peito?“).

Estas letras já deram o que falar. É óbvio que a maioria não passou na censura. Mas não fica por aí. O Plebe Rude (André Mueller, baixo; Philippe Seabra, guitarra: Gutje Woorthmann, bateria; Ameba, Ana e Marta, vocais) foi preso em Patos de Minas, no período pré-eleitoral do ano passado, quando, num show dividido com o Legião Urbana, mostrou músicas como “Vote em Branco”. O vocal é o grande trunfo do Plebe Rude. O contraste entre a voz azeda do lead Ameba e o agudo das Plebetes , Ana e Marta, é explorado de uma forma super criativa. Absurdetes perdem! O som da banda é bem mais simples que o da Legião o e do Capital Inicial. Mas isso não é uma desvantagem. Torna sua música irresistível. É impossível ficar sem dançar. As letras são também inusitadas. Uma delas fala dos piratas do século XX, aqueles que andam com gravador e vídeo-cassete em punho. A única música de amor do grupo mistura declarações enamoradas com cenas de sexo e karatê . Uma versão de “God Save The Queen” louva nosso presidente e seus ministros. Mas o grande clássico o do grupo fica por conta de “Bandas BSB”, uma irônica a autocrítica da cena de rock brasiliense (“eles pensam que são tão originais/ imitando uma moda de fora”). Esta música termina com um atestado de óbito: “o rock já morreu, agora você já sabe/ não pode ser ressuscitado”.

Você deve estar perguntando o que é que essas bandas têm a ver com o punk. Nem os próprios componentes destes grupos sabem, ao certo. Perguntados se ainda a se consideram punks eles não respondem que sim, muito menos que não. O punk é uma grande influência, uma fonte inesgotável de idéias e, talvez, um passado, do qual se lembram com prazer. Os componentes do XXX (Alessandro, bateria; Bernardo Mueller, vocal; Geraldo, baixo; Jeová Stemller, guitarra) não têm motivos para tantas dúvidas. Somos uma banda punk sim, dizem, mas isso se você entender o punk como um estilo em constante evolução. O som produzido pelo XXX é, dentre os grupos de Brasília, é que mais se assemelha ao punk paulista ou carioca. Mas não se enganem pelas aparências. Entre os seu s grupos preferidos, eles citam de cara bandas como Xtc, Talking Heads e vários grupos de ska. As letras podem também lembrar o punk de São Paulo, mas refletem vivências completamente diferentes (“eu não agüento mais/ esta monotonia / o tédio está tomando conta / como uma epidemia”). O XXX foi o único grupo o brasiliense e a se apresentar na televisão local, num programa chamado Brasilia Urgente. As outras bandas já participaram de trilhas-sonoras de filmes e peças independentes, principalmente do cinema super-8 brasiliense. Desses filmes, o mais significativo é, sem dúvida, a Ascenção de Quatro Rudes Plebeus, produzido pelo Plebe Rude quando ainda não tinha o vocal feminino. O filme foi dirigido pelo baterista do Plebe, Gutje Woorthmann, e por Helena Resende (também vocalista free-lancer) e ganhou o prêmio principal do último festival de Super-8 do DF. A estória do filme, que dura 40 minutos, gira em torno de uma banda de rock que fica milionária, é roubada pelo empresário e termina como gari, levando um som com pás, enxadas e vassouras.

O rock nacional vive um momento de grande excitação. Brasília é apenas um dos focos desta agitação musical. Centenas de bandas, surgida s em todos os cantos do país, disputam avidamente um lugar ao sol. A imprensa, quem sou eu para analisar suas secretas razões, entrou com tudo na promoção do “novo fenômeno”. Já produziram até mesmo um verão do rock! Mas escutar o tão propagandeado som destes novos grupos é, com raríssimas e honrosas exceções, uma grande decepção . A música é velha , sem pique, uma sucessão interminável dos mais mamados clichês, dos mais repetidos chavões. No meio de um clima estéril como este é um alívio (e isso não é tietagem barata), escutar as bandas brasilienses. Chamá-las de punks, pós-punks, new wave, não me importa. Quem quiser que dê o nome, quem quiser que invente o rótulo. Brasília, famosa pelo tédio que acompanha seu cotidiano e pelas maquinações engenhosas do totalitarismo versão tupiniquim, produz uma música surpreendente. Guerrilha sonora no planalto central? Nada disso, Brasília ainda é o cenário ideal para a ficção científica: o cerrado contra-ataca.

Pra terminar: o Plebe Rude, o XXX e o Legião Urbana ensaiam numa mesma sala, alugada a Cr$ 2 mil cruzeiros por cabeça, de um edifício comercial de Brasília. É claro que só podem começar a tocar (o horário é dividido fraternalmente entre as bandas quando as “atividades normais” do edifício foram encerradas. O endereço da sala, para quem quiser entrar em contato com essa troupe incendiária (inclusive o Capital Inicial), é: Ed. Brasília Rádio Center, sala 2090, W-3 Norte (Setor de Radiodifusão Norte) Brasília, DF, CEP 70000.

Há 43 anos, Paul McCartney anunciava o fim dos Beatles


Há 42 anos, em 10 de abril de 1970, Paul McCartney concedeu uma entrevista ao jornal Dayly Mirror para divulgar o seu primeiro trabalho solo, McCartney (1970) e aproveitou a ocasião para anunciar oficialmente o final dos Beatles. 

Durante a entrevista, McCartney disse que não tinha planos de lançar outro disco com os Beatles ou escrever músicas com John Lennon novamente.

Os boatos sobre o fim da banda já circulavam desde o pré-lançamento do disco Abbey Road, um ano antes, mas mesmo assim o ex-Beatle deixou John Lennon, Ringo Star  e George Harrison descontentes, por ter antecipado a notícia sem o consentimento dos demais.

Na verdade, Paul disse que se reuniu com os outros membros dos Beatles um mês antes, e que Jonh lhes havia dito que estava deixando a banda. 

“Eu fui acusado de não pensar nas coisas o bastante. Quando fico entusiasmado, digo coisas que estou com vontade. Acho ótimo você fazer as coisas que quer. Ocasionalmente, falar demais pode criar dificuldades, porque você não pensa nas implicações. E eu não tinha pensado sobre as implicações. Eu estava apenas apresentado um álbum e algumas coisas que eu gostava.”, disse Paul. 

“É mais fácil, pensando em uma retrospectiva, olhar para trás e dizer que eu estava fazendo algo que estabeleceu as regras básicas para as pessoas seguirem. Hoje, uma enorme quantidade de discos são feitos assim, com pessoas gravando em seus quartos ou em suas garagens, tudo porque os equipamentos são melhores. Então, eu estava realmente lançando uma tendência, sem mesmo ter consciência ou intenção”, avaliou McCartney

The Cure em São Paulo: o melhor show da minha vida


Sabe, eu sempre fui fã de Rock And Roll. Já vi muito show doido e fui pra muita festa porreta. Mas no último sábado (6), o The Cure conseguiu superar o Radiohead em 2009 e o U2 em 2011. 

Não vou escrever um texto fodão como o do Nilson Montoril, que é muito mais entendido sobre o assunto. Mas o que vi na Arena Anhembi, local do show, foi impressionante, sensacional, fantástico e por aí vai. 

Robert Smith (voz e guitarra), Jason Cooper (bateria), Roger ´O Donnell (teclados), Simon Gallup (baixo) e Reeves Gabrels (guitarra), fizeram umshow caralhento, cheio de hits  e canções despintadas. 30 mil pessoas estavam lá. E graças a Deus e ao meu amado irmão, Emerson Tavares (que tava lá comigo), vivi aquilo. 

O The Cure emociona e empolga desde os anos 80. Foram 40 músicas, 3h de show. E eu e Emerson ficamos na Budzone, área vip. ou seja, perto do palco e confortável. Firme demais! 

Aliás, era menina e barbado chorando, rindo, dançando,cantando, pulando, etc..Todos bestificados com aquele showzaço do caralho!

Os amigos que viram oshow no Rio de Janeiro, na quinta-feira (4), disseram que o de Sampa foi muito mais paidégua. De um refinamento sem igual. Como diz a música “Boys Don’t Cry” (garotos não choram), quando os caras tocaram “Lovesong”, “In between days” “Just like heaven”, “Pictures of you”,entre tantas outras, eu chorei. De felicidade e emoção, claro!. Inesquecível! 

Parabéns para todos os amigos, que como eu, estavam lá naquela noite. É isso!

Se já não bastasse tamanha felicidade, ontem (7), encontrei a banda no Aeroporto de Guarulhos (SP). Robert foi simpático, muito mais que Lemmy. Como disse o amigo Montoril: simplicidade é tudo!

Até a próxima, The Cure!

Elton Tavares

“A CURA” PARA O MEU VÍCIO DE INSISTIR… ( por Nilson Montoril)


Há tempos, prometi ao Elton Tavares escrever algo sobre rock, como era o cenário “das antigas”, como foi a descoberta do que ele intitula “o ritmo mais legal do mundo”… passou um tempão para escrever algo digno do blog do “Godão” (também passou um tempão para que eu passasse a gostar do dono do blog…rs..) mas a oportunidade de rever uma grande paixão me fez largar a preguiça…falo do The Cure, que por minha vez chamo de a “banda mais legal do mundo”.

Dirão que sou suspeito…admito que no que concerne ao The Cure tudo para mim é superlativo, fã incondicional que sou da banda. Não, não somente coisa de fã, mas, sim, de cúmplice. De todas as bandas que conheço (e creiam, não são poucas) nenhuma foi mais emblemática em meus 40 anos de vida do que a trupe do senhor “Bob” Smith, embalando noites e noites acompanhando de um bom DOM BOSCO, SANGUE DE BOI ou TAMANDARÉ (para nossa turma, notadamente nossos bolsos, LAMBRUSCO era coisa impensável. Falo do final dos anos 80 até meados dos anos 90…

Mas até chegar ao CURE (para os íntimos) precisamos voltar à época em que tudo começou. Lá por volta de 1986, 1987, havia uma turminha muito boa “setor”: Cláudio “Sonhador”, Adriano Joacy que, quis o destino, ficasse conhecido pela singela alcunha de BAGO DE GARROTE (ou apenas BAGO para os “chegados”), “Bibinho”, “Heman, Airan, Aryzinho, Marcos “Bundex” Leal e, dentre outros, este relator.


O quarto do Adriano foi durante anos o ponto de encontro da turma que começava a descobrir o rock. Na base do vinil e fitas K7, o melhor do cenário nacional e internacional era degustado com avidez…lembro que as únicas bandas amapaenses de rock conhecidas na época eram a MISANTROPIA, DESERTORES DA PÁTRIA (do mestre Bicudo e do General), PRISIONEIROS DO LAR (do Bago, Black Sabá – de Sebastião mesmo – e do pessoal da hoje banda católica ETERNA ALIANÇA) e CIDADE OCULTA (Célio “Van Smith”, Alexandre “Patife”, Helder Melo e – ele, sempre ele – Bago ou Adrian Harry Boy…rs). Não tínhamos essa profusão de bandas que graças ao Bom Deus hoje inundam Macapá.

Naquele quarto ouvíamos IRA, CAPITAL INICIAL (quando prestava), PLEBE RUDE, LEGIÃO URBANA (tu jurava que ia ficar fora da lista?), GAROTOS PODRES, INOCENTES, ZERO, PARALAMAS (sério, preciso dizer que é DO SUCESSO?), TITÃS (já foram muuuito legais, acredite) e mais.

Mas as atenções eram voltadas, sobretudo, para o cenário internacional. Digo sem dúvidas que presenciamos o lançamento de discos seminais de bandas que hoje em dia são cultuadas (por quem sabe o que é bom) como dinossauros do rock mas que eram iniciantes ou pouco expressivos em muitos casos: DURAN DURAN, ECHO & THE BUNNYMEN, JOY DIVISION, THE JESUS & MARY CHAIN, THE MISSION, MORRISSEY, THE SMITHS, SIOUXSIE AND THE BANSHEES, SISTER OF MERCY, BAUHAUS, REM, THE POLICE, U2, XMAL DEUTSCHLAND, SEX PISTOLS, THE CLASH e um infinidade de bandas que chega a ser até injusto relacioná-las com receio de ficar algum de fora…depois, nos anos 90, além da turma de Seatle, surgiram “na Ilha” SUEDE, STONE ROSES (que merece muita atenção), RIDE (outra magnífica banda), PULP (idem), BLUR, OASIS, etc…

No meu caso, no entanto, a paixão tem baixo simples e marcante, guitarras bem elaboradas, teclados etéreos e bem dosados, já foi punk, dark (título repudiado), pop, hoje é cult e tem como líder um ser que continua usando batom carmim, cabelos cuidadosamente desgrenhados, que tem uma voz inconfundível e que, com os demais membros, há décadas mantém e conquistas corações pelo mundo.

Lembro-me quando o Bago me emprestou umas fitas gravadas por um primo nosso, o lendário Velton … ”ouve que tu vai gostar!”… bendito seja, pois já são 25 anos de convívio com a discografia, vídeos e livros. Peguei todos os lançamentos do DISINTEGRATION (1989) para cá e tive a oportunidade de assistir a banda por duas vezes em 1996, por ocasião do último Hollywood Rock.

Sobre o show de sábado 

Acabo e chegar da apresentação do The Cure na Arena Anhembi, em São Paulo (06.04.13). Compus uma caravana de amapaenses, em torno de 20 amigos, que mesmo isolados no momento do show, compartilharam uma noite memorável. Contrariando o que alguns jornalista sem embasamento algum postaram na imprensa, o show foi longe de ser morno. Ao contrário, foi intenso e surpreendente do início ao fim, e se a platéia aparentemente ficou “apática” era só porque, na verdade, estava contemplativa, pois muitas músicas da banda são uma imensa viagem, bastando ver a reação dos fãs ao final de cada canção.

A sequência das músicas foi muito bem elaborada, com todos os hits que fizeram a alegria dos ouvintes não muito conhecedores da discografia da banda, dos curiosos que logo abandonaram o show (Perdoai, não sabem o que fizeram…), quanto dos quarentões (e aqui me enquadro) que devoraram avidamente. 
HIGH, THE END OF THE WORLD (do álbum THE CURE, trabalho menos palatável) a belíssima (jóia do WISH), LOVESONG DUSINTAGRATION), PUSH e IN BETWEEN DAYS (ambas do antológico THE HEAD ON THE DOOR, que lançou a banda bo Brasil em 1986), e JUST LIKE HEAVEN, uma das minhas preferidas, feita para Mary Smith, patroa do vocalista. 

Não esperei que FROM THE EDGE OF THE DEEP GREEN SEA empolgasse quem não é fã, mas tinha certeza que PICTURES OF YOU, LULLABY e FASCINATION STREET arrebatariam o público, como de fato foi. SLEEP WHEN I’M DEAD, reconheço, é uma música pouco trabalha em shows e pertence a série de composições mais “recentes” e não cai tão bem em um show onde muitos estavam “perdidos”. 

Contudo, PLAY FOR TODAY, A FOREST (clássicos ano 1980 by SEVENTEEN SECONDS), BANANAFISHBONES e SHAKE DOG SHAKE (álbum THE TOP, 1984), CHARLOTTE SOMETIMES (lançada apenas em single na época do album FAITH (1981) e THE WALK (da coletânea JAPANESE WISPHERS, 1984) fizeram a festa dos veteranos. 

MINT CAR, FRIDAY I’M IN LOVE (todo mundo pulando e cantando), DOING THE UNSTUCK, TRUST, WANT, THE HUNGRY GHOST e WRONG NUMBER foram pinçadas de albuns mais recentes, a saber, WISH (1992), WILD MOOD SWINGS (1996), um disco para, por raríssimas exceções, ser esquecido, e THE CURE (2003).  

Em seguida ONE HUNDRED YEARS (canção abertura do álbum ícone da fase “dark”, PORNOGRAPHY, de 1982) e, propositalmente, END (WISH), bem sugestiva para o fim da primeira parte do show.

No regresso uma mudança em relação ao show do Rio de Janeiro: no lugar de PLAINSONG, PRAYERS FOR RAIN e DISINTEGRATION (do álbum DISINTEGRATION, 1989, o melhor de todos na minha modesta opinião) resolveram tocar THE KISS, IF ONLY TONIGHT WE COULD SLEEP e FAITH, todas no segundo melhor disco (para mim, fique bem claro), o KISS ME, KISS ME, KISS ME, de 1987. Não digo que foi ruim, principalmente para os fãs de verdade, que mesmo assim raramente já as ouviram em algum show…mas seria melhor manter as canções do RJ, sem dúvida (rapaz, o teclado de PLAINSONG é matador…mas tudo bem…)

Por fim, se DRESSING UP do álbum THE TOP não empolgou (eis outra pérola incompreendida por falta de divulgação nas rádios), sem dúvida as mais dançantes musicas foram deixadas para o final: THE LOVECATS, THE CATERPILLAR, CLOSE TO ME (com direito a dancinhas e gargalhadas do Bob), HOT HOT HOT!!!, LET’S GO TO BED, WHY CAN’T I BE YOU? (já me questionei muito sobre isso…rs), até as batidas mas deliciosas BOYS DON’T CRY, 10:15 SATURDAY NIGHT, e KILLING AN ARAB.

Não foi um show… foi uma apoteose! Infinitamente melhhor que as duas apresentações que assisti em 1996. Como vinho, cada vez melhores com o tempo

A banda estava em casa e feliz, sem dúvida, muito à vontade no palco, em particular ao rechonchudo ROBER SMITH (com quem me identifiquei plenamente…kkk), ROGER O’DONNEL (teclados) … e mesmo a face carrancuda da minha inspiração ao baixo, SIMON GALLUP, era puro teatro. E o velho REEVES GABRELS, ex-guitarrista de David Bowie? Muita técnica e peso em deram nova roupagem para antigas canções…o que esperar de novos projetos? PESO, PESO, PESO.

Se não pode mais ser considerada headliners em festivais não significa necessariamente estar no ostracismo. Do lado de baixo do Equador o The Cure impera e mantém a mística conquistada em 37 anos de existência.

E assim, executadas 40 canções em mais de 3 horas de apresentação, com direito a muitos sorrisos e danças que levaram a platéia ao delírio, para mim (e muitos) ficou evidente uma verdade: em uma época de músicas descartáveis, de bandas de um sucesso só e artistas que nada representam, o The Cure provou os motivos de sua longevidade, de ser uma fábrica de hits, de manter um legião de fiéis seguidores de várias gerações e deixou a sensação de que muito ainda veremos de significante antes do inevitável fim.
E aqui estaremos prontos para novo encontro, que será em breve, segundo a despedida de Robert Smith. LET’S GO! Enquanto isso, em tempos de Luan Santana, Thiaguinho, Calypso e MC’s da vida, insisto em me dedicar ao “som mais legal do mundo”…sem nenhum sacrifício, garanto…

Nilson Montoril Junior, advogado e amante de Rock And Roll, em especial do The Cure.
*Clique nas fotos para melhor visualizá-las

The Cure ontem, no Fantástico: emocionante!


Depois de 17 anos, o celebrado grupo inglês, um dos maiores ícones da história da música mundial, chega finalmente ao Brasil para shows no os shows da banda no Rio de Janeiro (RJ), na quinta-feira (4) e São Paulo (SP), no sábado (6).

O vocalista e líder do The Cure, Robert Smith, disse, em uma entrevista exibida ontem (31), pelo programa Fantástico, da TV Globo, que as apresentações terão três horas de duração. 

Smith, de 53 anos, disse ainda que a apresentação será um apanhado dos 35 anos de carreira da banda britânica.

Não dá mais para sair por aí fazendo dezenas de shows, afinal ninguém aqui é mais garoto. Vamos fazer menos apresentações, mas com a mesma intensidade de sempre”, destacou Smith.

Eu, que estarei no show de Sampa, na Arena Anhembi, com o meu irmão,. Já achei essa reportagem (curta) do Fantástico emocionante, imaginem lá, na hora. Escuto essa banda desde 1988 e estou uma pilha para que o próximo sábado chegue logo.  Aos amigos, deixo link da matéria exibida ontem: http://www.youtube.com/watch?v=n7OmxlUyc7c

Elton Tavares

Ingressos do show do The Cure na mão e eu feliz demais!


A banda The Cure, liderada por Robert Smith, voltará a se apresentar no Brasil após mais de uma década. O show será em São Paulo (SP), no estádio do Morumbi, em 6 de abril de 2013. Dois dias antes, eles tocarão no HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ). 

O The Cure, que por muito tempo foi considerada a maior e mais importante banda no cenário gótico/pós-punk, embalou muitas festas, noitadas, reuniões com amigos e tantas outras lembranças legais. 

Já realizei alguns dos meus sonhos e ver os ingleses será mais uma dessas realizações. Estamos no extremo oposto de onde essas coisas acontecem, por isso é preciso esforço e planejamento para coisas assim, principalmente se você, como eu, não é endinheirado. Estar presente num show de uma das grandes bandas do Rock and Roll  mundial será demais paidégua!

Existem experiências na vida que não esquecemos, jamais. Foi assim quando vi os shows do Radiohead e U2, em 2009 e 2011, respectivamente.  Certamente, essa será mais um momento único na minha vida, ótimo para renovar as energias. 

Nesta viagem, iremos eu, minha namorada Erika, meu irmão Emerson e minha cunhada Andrezza. Estou caralisticamente feliz e ansioso para esta noite. 

Elton Tavares