Várias vidas que vivemos e não vivemos

Hoje, li ”As vidas que deixamos de viver” de Contardo Calligaris. O autor disse: “Algumas vidas não vividas. São alternativas descartadas pela inércia da nossa história ou porque o desejo da gente é dividido, e escolher implica perder o que não escolhemos. Outras são acasos que não aconteceram (é possível passar pela vida sem encontrar ninguém ou encontrando muitos, mas todos na hora errada). Também, mais dolorosamente, as vidas não vividas são caminhos pelos quais não ousamos nos enveredar (na inscrição para o vestibular, na decisão de voltar de um lugar onde teríamos começado outra vida, nos conformismos de cada dia)“. 
Adorei este pequeno texto. Sobre isso, tenho certeza que escolhi a vida que quero viver, mesmo com os dissabores acarretados pela escolha. Nós sempre esquecemos, nos adequamos ou superamos pequenas e grandes adversidades. Cada um do seu jeito. E não interessa o que os outros acham ou gostariam, no final, o que importa é você, sempre! 

Se há 10 anos, me dissessem que eu me afastaria de tanta gente que convivia quase que diariamente, não botaria fé. Algumas vezes por causa de pedras em minhas mãos, como disse Renato. Outras por conta da crueldade dos outros. E ainda houve aquelas situações em que ninguém teve culpa, foi só a vida e suas/nossas escolhas.

É, às vezes sou egocêntrico, nem sempre justo, infantil, sensível ou insensível demais. Sei que hoje sou melhor que ontem e amanhã será assim também. Eu tenho medos, pontos de vista e convicções que não agradam muitos, mas fazem parte de mim. Se as escolhas foram certas? Sim, pois sou feliz!


Aí alguns dirão ou pensarão: lá vem esse maluco com mais uma auto-reflexão-piegas, de novo!

É, gosto disso. Enfim, sou um chato e obsessivo cara feliz. Um sujeito que detesta um bocado de coisas e pessoas, mas que ama muito mais do que odeia. E com uma certeza plena: até aqui, tudo valeu à pena! 

Um ótimo resto de sábado pra todos nós!

Elton Tavares

Poema de agora: O senador que virou Deus

Certo dia um senador
cansado de andar pelo senado de pires na mão
decidiu recorrer aos índios,
Aos quais nem precisaria pedir
a grana já estava na mão.
E pensou… Pra quê avião? Pra quê injeção? Se índio nem vota na eleição.
E tome picada de cobra,
infecção e amputação a comissão já estava na eleição.
Decidindo sobre a vida e a morte
o senador se fez Deus.
E hoje nos confins do Amapá
os que temiam Tupã hoje temem a Gilvã.

*Recebi este escrito do meu amigo Josean Ricardo em 2011 e repostei a crítica hoje por conta do Dia do Índio. 

Devaneio de segunda: Eu gosto!


Eu gosto de fotografar. De beber com os amigos e de ser jornalista (talvez, um dia, um bom). Gosto de estar com minha família, do meu trabalho e de Rock And Roll. Eu gosto de café, mas só durante o trabalho, enquanto escrevo. Gosto de sorvete de tapioca, de cerveja gelada e da comida que minha mãe faz. Também gosto de comer besteira (o que me engorda e depois dá um arrependimentozinho). 

Gosto de sorrisos e de gente educada. Eu gosto de gente engraçada. Gosto de bater papo com os amigos sobre música, política e rir das loucuras que a religião (todas elas) promove. Eu gosto de chuva e de frio. Gosto de futebol. Gosto dos golaços e da vibração da torcida. 

Gosto de ir ao cinema, de ler livros e de jogar videogame. Gosto de rever amigos, mas somente os de verdade e de gente maluca. E gosto de Macapá, minha cidade. 

Eu gosto de ser estranho, desconfiado, briguento e muitas vezes intransigente. Sim, confesso que gosto. Gosto de viajar, de pirar e alegrar. Gosto de dizer o que sinto. Às vezes, também gosto de provocar. Mesmo que tudo isso seja um estranho gostar. 

Gosto de encontros casuais, de trilhas sonoras e de dar parabéns. Gosto de ver o Flamengo ganhar, meu irmão chegar e ver quem amo sorrir. Também gosto de Samba e do Carnaval. Gosto de ouvir o velho Chico Buarque cantar, ah como eu gosto! 

Eu gosto de explicar, empolgar, apostar, sonhar, amar, de fazer valer e de botar pra quebrar. Ah, eu gosto de tanta coisa legal e outras nem tão legais. Difícil de enumerar. 

Eu gosto de ler textos bem escritos, de gols de fora da área, de riffs de guitarra bem tocados, de humor negro e do respeito dos que me cercam. Gosto de me trancar no quarto e pensar sobre a vida. Gosto quando escrevo algo que alguém gosta. Gosto mais ainda quando dizem que gostaram.

Eu gosto também de escrever algo meio sem sentido para a maioria como este texto. Eu gosto mesmo é de ser feliz de verdade, não somente pensar ser assim. Gosto de acreditar. Como aqui exemplifico, gosto de devanear, de exprimir, de demonstrar e extravasar. 

Ah, ainda gosto de gente que não merece o gostar, mas, com toda a certeza, isso passará. E espero que logo.  Pois como disse o poeta Vitor Hugo: para que “ainda haja amor para recomeçar”. E disso, eu gosto! 

Uma boa semana pra todos nós!

Elton Tavares

Devaneio de domingo: guerra interna, quase secreta

Circunstâncias estranhas e muitas tempestades em copos d’água. Há muita insatisfação no ar. Depreciações e louvores em exagero. A magia e dureza dos fatos. Detritos do cotidiano que poluem a alma.

Fiz um exame de consciência e deu negativo. Aí reexaminei e descobri o óbvio: se não fosse assim, não seria eu, não seria nada.
Em suma: o que rola é conflito entre bom senso e orgulho. Certezas e dúvidas. Fatos e paranoias. Tudo queimando e ardendo aqui dentro. Eis o que importa dizer.

“Esvazie a sua mente”, disse a querida Hellen Cortezolli. Ela sabe o quanto sou passional e nada pacífico.

Sempre fui mais bandido que mocinho, mais vilão que vítima, mais lobo que ovelha. E gosto disso. 

O velho Nelson Rodrigues é que estava certo, precisamos SEMPRE ver “a vida como ela é”. Haja de acordo com sua consciência e o resto é resto.  

Elton Tavares

Acende, ascende (amor)


Nos habituamos com emoções incendiárias que detonam ao estopim do acaso, e é difícil entender os passos miúdos do envolvimento gradual.

Não é fácil para a pipoca de microondas entender como um milho de tacho pôde chegar ao seu mesmo patamar sem ser inflamado por ondas de dentro pra fora e ter as entranhas arrebentadas de euforia instantânea. Pobre ser extasiado.

Então, por sorte, em um dia desprevenido descobrimos o encanto tímido que não nos assalta a consciência e arde em chamas, porém gradativamente aquece de fora para dentro e se torna apto à explosão, o que também é um arrebatamento.

Camila Ramos 

Viagem no tempo

Todos sonham com o poder de viajar no tempo. Os curiosos querem saber o futuro e os nostálgicos, como eu, voltar ao passado. 

Certa noite, tive um sonho muito doido.    Nele, tinha a idade que tenho hoje, mas nos anos 80. Simplesmente acordei em uma casa, próxima a minha, que era atrás da Escola Gabriel de Almeida Café (EGAC), antigo Colégio Comercial do Amapá (CCA). Na época, nossa residência era na vila do Banco da Amazônia (Basa), centro de Macapá. 
Usava calças jeans, tênis e blusão, meu uniforme de sempre. Fui até a minha antiga casa, encontrei um garoto gordinho, com o uniforme do Bartolomea, provavelmente ido para a escola. Era eu, meu Deus! Sinceramente, foi uma incrível experiência, um sonho muito real. Não tive coragem de dizer para mim mesmo: “Ei, eu sou você amanhã!” (risos).
De repente, me dei conta de todos os males que eu poderia evitar. Poderia avisar o vovô sobre o remédio daquele domingo de 1996, onde ele passou mal e faleceu em um acidente automobilístico. 

Queria encontrar meu pai, para alertá-lo a parar de fumar, assim ele não morreria de câncer em 1998. Queria encontrar o meu tio Ita, falar do acidente que o vitimaria em 1994.
Tantas lembranças, tantas desgraças, tanto o que evitar, tanta gente para avisar. Foi angustiante, de repente, o sonho virou um pesadelo, pois eu andava pela antiga Macapá, via os antigos prédios, antigas casas, velhos amigos e conhecidos, mas não encontrava a minha família.
Encontrei minha tia Tatá, mas ela não acreditou naquele homem estranho, me mandou ir embora. Ela estava com o meu pequeno irmão, em casa. Não pude provar que eu era eu, pois ela chamou os canas, e preso, não faria nada mesmo. Fui embora. Fui à casa de meu avô, mas estavam todos fora, inclusive a minha avó, que quase sempre estava em casa.

Queria encontrar tanta gente, rever tantas pessoas, falar sobre o que estava por vir. Mas minhas andanças não surtiram efeito, minha viagem no tempo foi em vão, pois não consegui evitar os fatos que aconteceriam. Acordei e tudo estava em seu lugar ou, dependendo do ponto de vista, fora dele.

Que doideira né? Acho que o sonho foi um reflexo da saudade que sinto de alguns momentos, de muitas pessoas e lugares. Coisas guardadas na memória e no coração.
Sou um nostálgico assumido, vez ou outra falo dos tempos do Colégio Amapaense, da época da antiga galera, sempre falo da minha família, etc.

 Acho legal relembrar, principalmente as coisas boas, que no meu caso, graças a Deus, foram muitas. 

Tive um pai maravilhoso, tenho uma mãe e um irmão fantásticos, namorei muito, viajei pra caramba, fiz muitas farras, tenho uma porrada de amigos, um emprego legal, enfim, fui e sou muito feliz . Afinal, não é isto que importa na vida? Claro que sim!
Elton Tavares

O arcanjo Gabriel


Hoje falo de outro personagem de minha predileção: o arcanjo Gabriel. 

Gabriel aparece nas bíblias com nomes como o Anjo da Morte e Príncipe do Fogo e do Trovão, mas o que eu gosto mesmo é de sua constância como mensageiro. Uma espécie de Miguel Strogoff bíblico. Sobretudo como arauto de nascimentos. Nessa função, talvez facilitada por falar fluentemente siríaco e caldaico, anunciou o nascimento de Sansão, o de João Batista e, todos sabem, anunciou Jesus a Maria. Sem esquecer que estava lá, firme, no tremendo sarro do Santo Sepulcro, na hora da Ressurreição. Dizem que, quando as três Marias chegaram com a mirra, encontraram a pedra removida e a tumba vazia. 

E, aí, um anjo de veste branca fulgurante, que tinha chegado antes – era ele! -, lhes disse que Cristo já tinha saído, e aconselhou-as a levar a notícia aos Apóstolos. 

Mas (agora verifico) antes já tinha destruído os hóspedes de Senaqueribe, explicado a Daniel (o dos leões) alguma de suas visões, mostrado o caminho do Egito a José, e ajudado a enterrar Moisés. 

Incansável, ainda é Gabriel que, seis séculos depois, está lá, em Meca e Medina, ditando o Corão pra Maomé. E não fez por menos – recitou as 114 suras ao som de sinos, com absoluta precisão, em ordem decrescente. Quando Maomé morreu foi ainda Gabriel quem ajudou a levá-lo pro sétimo céu montado no Borak. 

Em tempo: Consulto agora o Smith’s Bible Dictionary. Segundo essa pequena obra-prima, o evangelho de Lucas, o livro de Daniel e a tradição judaico-cristã tratam Gabriel como um dos arcanjos, individualizado. Mas, na Escritura, Gabriel designa apenas a função angélica de ministrar conforto e simpatia aos seres humanos. Em suma – os arcanjos seriam todos gabriéis. Donde a ubiqüidade. Guardo minha admiração mitológica, continuando a ver Gabriel como um superarcanjo. 

Millor Fernandes, no livro A Bíblia do Caos. 

Santa Paciência


Certa vez, li a seguinte frase (não lembro o autor): “Entre figuras brasileiras canonizadas, a mais importante deveria ser a Santa Paciência“. Concordo plenamente. Apesar de não ter muita, sempre peço a Deus que me dê o suficiente. Sou devoto dela, pois preciso muito!

May the force be with us


Não que eu seja um Skywalker, longe disso. E nem exatamente um vilão ( apesar de um homem que não se curva fácil), por mais que, vez ou outra, uso o Lado Negro da Força.Mas sempre digo, trabalhar de ressaca é para os Jedis (e Siths, claro!). E neste resto de quinta-feira: “may the force be with us” (que a força esteja conosco).

Sem trajes e tarjas (por @Cortezolli)

Não é meu lado negro da força quem fala mais alto que a sensatez, mas há tempos não consigo ver o Batman com os mesmos olhos. 

Nem herói, nem bandido é só mais a personificação da maldade dos homens revestidas de pseudo-virtude. Da tentativa desastrada de fazer o bem a noite, enquanto que durante o dia mantém a fama e fomento de uma imagem fútil de bem sucedido “playboyzinho” que pensa ser mais esperto que os demais. 

Oh, pobre garoto rico! Não ignore sua história genuína de vítima das circunstâncias. Não convém um bem feito, jamais.

Quanto à loucura do Coringa, sinto em admirá-la, porque seus discursos inflamados são apenas para nos despir do que julgamos certo e camuflamos de religião e falso moralismo. Ninguém em sã consciência deixa o “seu” na reta, para amar o próximo. Pois, o próximo parece equidistante de nossas próprias necessidades, esta sempre imediatistas. Não fujo a regra, nem me escondo dela. Não me dê poder e pergunte o que faria aos que me feriaram. Sem mais…

Eis, uma lavagem cerebral que um roteiro foi capaz de fazer com minha frágil interpretação de universos restritos habitantes de uma mente sem nada de novo. 

Quem brinca com o imaginário de quem? 
Será um fetiche aquela roupa preta emborrachada que deixa amostra o contorno de músculos ocultos em um terno bem alinhado? Esbanjando saúde! Quanta maldade!

E, aquela cara pintada seria do caráter corrompido de quem cansou de se esforçar e sem sucesso continuou no mesmo lugar? Rosto pintado com o colorido que reage ao mundo que insiste em debochar com hostilidade? E quem debocha sem maldade? Eu não!
Então, dê-nos poder.

Hellen Cortezolli

Fim do blog De Rocha


De acordo com o Calendário Maia, o fim do mundo está previsto para amanhã (21), um encerramento de um ciclo de 5125 anos.. Sim, o Apocalipse, segundo eles. Bom, se rolar essa parada, eu curti muito por aqui. E você, viveu ou  somente existiu? 

Sobre o fim do mundo, escrevi este texto:
http://eltonvaletavares.blogspot.com/2012/12/devaneio-de-hoje-se-o-mundo-acabar.html

Bom, nos veremos no juízo final. Ah, se o mundo não acabar, amanhã o blog volta à sua programação normal.

Elton Tavares

Chuva em Macapá: santa intervenção


Eu estava preocupado com o calor infernal de Macapá .Até brincava dizendo que íamos emendar um verão no outro. 

Com a chuva de ontem e hoje , desconfio que rolou alguma intervenção celestial. Nosso padroeiro, São José, deve ter ligado para o amigo São Pedro, saquem como foi essa conversa:

SJ: “Fala São Pedro! É São José,, quero lhe pedir um favor cara. Mande umas chuvas para a minha Macapá, o negócio está feio por aqui e como estes assuntos são da sua responsa, veja o que podes fazer”.

SP: “Salve nobre carpinteiro, deixa comigo, vou mandar uns pés d’águas, ao menos para aliviar a capital amapaense. Afinal, como eu poderia negar isso á uma cidade onde ficas bem em frente?

Depois de desligar, São Pedro deve ter pensado: “Caramba, eu aqui preocupado com tantos outros lugares do mundo e o Zé vem com esse papo de Macapá. 

Bom, vocês podem até me chamar de doido (mas não de herege, por favor), só que a ligação surtiu efeito, isso surtiu. Graças a Deus (ou aos seus assessores).

Elton Tavares

Chuva em Macapá: santa intervenção


Eu estava preocupado com o calor infernal de Macapá .Até brincava dizendo que íamos emendar um verão no outro. 

Com a chuva de ontem e hoje , desconfio que rolou alguma intervenção celestial. Nosso padroeiro, São José, deve ter ligado para o amigo São Pedro, saquem como foi essa conversa:

SJ: “Fala São Pedro! É São José,, quero lhe pedir um favor cara. Mande umas chuvas para a minha Macapá, o negócio está feio por aqui e como estes assuntos são da sua responsa, veja o que podes fazer”.

SP: “Salve nobre carpinteiro, deixa comigo, vou mandar uns pés d’águas, ao menos para aliviar a capital amapaense. Afinal, como eu poderia negar isso á uma cidade onde ficas bem em frente?

Depois de desligar, São Pedro deve ter pensado: “Caramba, eu aqui preocupado com tantos outros lugares do mundo e o Zé vem com esse papo de Macapá. 

Bom, vocês podem até me chamar de doido (mas não de herege, por favor), só que a ligação surtiu efeito, isso surtiu. Graças a Deus (ou aos seus assessores).

Elton Tavares