Fotógrafos Anônimos e Pena & Pergaminho realizam exposição no 5º Aniversarau

O grupo poético Pena & Pergaminho completa 5 anos em 2017 e para comemorar este 5º Aniversarau, une-se ao Fotoclube Fotógrafos Anônimos para promover a exposição “Macapá… meu Poema, meu Amor”.

Fotógrafos e entusiastas da fotografia estão convidados a declararem seu amor por Macapá através de seus cliques pela cidade.

Quem quiser participar da Exposição basta enviar 03 fotos para a curadoria do evento, autorizando o uso para o devido fim.

Data da Exposição: 01 de abril de 2017
Hora: 20h
Local: CDC Azevedo Picanço – Avenida FAB – Macapá/AP
Período do envio das fotos: de 20 a 27 de fevereiro de 2017
Quantidade de fotos: 03 fotos

e-mail para envio: [email protected]
telefone de contato: 99179 4950 // 98128 5712 // 98126 6014

Fonte: Blog da Mary

Poema de agora: DOMINGO – @alcinea

DOMINGO

Eu preciso de uma manhã
dourada de domingo
para sair por aí
assoviando numa bicicleta azul.
Eu preciso de uma tarde de domingo
enfeitada com arco-íris
para atar uma rede na varanda
e embalar meus sonhos
lendo Quintana
e ouvindo Caetano.
Eu preciso de uma noite clara de domingo
para sentar na calçada
desenhar o mapa das estrelas
e jogar conversa fora com os vizinhos.
E depois dormir
feito criança
sem compromisso
para o dia seguinte.

(Alcinéa Cavalcante)

Poema de agora: Ligação ( por @ThiagoSoeiro )

Ligação

Existe um perigo eminentemente
Entre nós dois
Ligação fatal
De batimentos cardíacos
Veias arteriais
E emoções banais
O dia a dia aponta o caminho
Quase certo
É incerto o futuro
E saber disso é a única certeza
Há horas em que o acreditar no amor
É a nossa salvação.

Thiago Soeiro

Poema de agora: ENGRENAGEM – @PedroStkls1

Foto: Elton Tavares

ENGRENAGEM

nunca pensei em como vai ser
a última vez que vou te ver
trazendo o sol tatuado
sobre a cabeça
e um dente-de-leão esfarelado
nos seus olhos pra irritar
esse sal que sempre escorre quando
você se depara com a florzinha
que grelou nessa manhã de abril
olha o coração está sobre a tolha
da nossa mesa de jantar
sim! comeremos o amor
e quando o legista abrir o teu corpo
vai ver que você se alimentou
de um líquido perfumado
você era a fábrica do poema

Pedro Stkls

Poema de agora: Tattoo – @AnaAnspach

Tattoo

O espelho reflete a face
Olhos de (a)mar
Boca sedenta
A mente em turbilhão
Mas isso ninguém vê
Entre milhares de pensamentos
Está você e o sentimento que desponta
Romântico e audaz
Minha pele quer a sua
Colar meu corpo ao seu
E saciar o desejo que me engole

Ana Anspach

 

Poema de agora: noites e borboletas – @juliomiragaia

noites e borboletas

I
brota livre,
brada e desencontrada,
da costura atômica
do teu vestido de nu,

o amorto corpo
de velha larva torta.

foge do pano,
prisão dos teus seios,
pra dentro
da pele
que não se peleja.

II
onde nós
nos beijamos
bêbados,
oxítonos
e bélicos
nas últimas horas;

onde os pingos
da lua
reverberam
em tua fruta
de pele madura;

III
morna
maré de
metamorfoses,

entre
minha boca
e teus rios.

IV
brota pela chuva
amorta e brada
essa velha larva torta,
costurada no teu voo
de vestido nu;

correm atômicas as ruas vazias e as consequências do corpo;

onde os pingos
da rua
maduram
em tua reverbera
fruta-maré;

minha boca
entre rios
e metamorfoses.

V
foge do pano,
prisão dos teus seios,
pra dentro
da pele

que não se peleja.

Júlio Miragáia

Poema de agora: RUA DA SAUDADE – Poetaz Azuis

RUA DA SAUDADE – (Pedro Stkls/Paulo Junior/ Deize Pinheiro)

agora é primavera
e eu não florir
meu peito não faz festa
e eu não sei sorrir

tem resto de carnaval
tem tanto de tristeza
e um poema branco
sobre a mesa

nem sei sou lembrança
nas tuas noites azuis
há um rasgo no peito
só a marca do beijo

e você me mudou de endereço
pra uma rua
onde só passa saudade…

Poema de agora: Vem comigo! (@alcinea)

Vem comigo!

Vem comigo!
Vamos sair por aí plantando alegrias.
Traz um pincel, eu levo a tinta
e pintaremos de verde-esperança
todas as venezianas daquela ruazinha
por onde tantas vezes
passeamos de corações dados.

Vem comigo!
Vamos plantar dálias, rosas e poesias na velha praça
onde dividíamos algodão-doce no arraial do padroeiro.
Naquele tempo a infância era tão doce
e a gente tinha medo de pecar.

Vem comigo!
Vamos plantar papoulas vermelhas e amarelas
nos canteiros da ladeira
para enfeitar a cidade
e alegrar os passantes.

Depois – cansados e felizes – tomaremos um sorvete.
Eu te darei um beijo sabor tucumã
tu retribuirás com um beijo sabor açaí.

E o Anjo que nos acompanha
ficará cheinho de ciúme e disfarçando dará de asas
(tu sabes, poeta, os anjos nunca dão de ombros)
mas Deus sorrirá e acenderá estrelas na nossa estrada.

(Alcinéa Cavalcante)

Poema de agora: MACAPÁ 259 – @PedroStkls1

MACAPÁ 259

maria, bem no olho do mundo
há uma flor distraída
bebendo a chuva da goteira
como as vozes guardadas
das tribos que trouxeram o rio
pintaram um céu azul marabaixo
quando a chuva voltou pra casa
só ficou o perfume na lama
da saliva de um jambeiro
que veio fora de época
no inverno brincar de primavera
só pra confundir o nosso coração
acho que foi assim que a pedra sagrada
onde o padroeiro ergueu o seu quintal
onde o rio amazonas deixa florir
dilúvios e dilúvios em roda de batuque
foi assim que a pedra do rio veio parar
na beleza das marés
em dias onde o inverno vestido de primavera
sacoleja o jardim das águas o soneto do barro
no alumiar das lamparinas
maria, eu brinco de fazer banzeiro
na ponta da tua doçura
por você me contar três palavras
é como se o meu rio fosse o teu sentimento
olha, vamos atravessar esse mundo de água
que fica nas costas do padroeiro
vamos descobrir onde nasce a cidade
essa será nossa aventura
nosso pacto secreto de canoa
e se chover a gente descobre a chuva
e se der saudade a gente passa amor crescido
vamos você e eu descobrir por onde anda
a pororoca.

Pedro Stkls

Poema de agora: Macapá – @PedroStkls1

quando a cidade quase submerge
agarra-se numa bóia
um tronco de árvore sonâmbulo
que vagueia pelas águas
no mapa sublinho a palavra Macapá
que quer dizer:
senhora de óculos sentada de costas para o portão
com 259 primaveras floridas
em uma saia de marabaixo
a coisa mais bonita do mundo
aquilo que vem enfiado nos pés
uma ponta de madeira, uma dança
o meio do mundo
uma fortaleza nunca usada
lugar de muitas bacabas
boêmios, laguinho
por onde um trem nunca para
em nenhuma estação
há sempre de seguir viagem
é um trava língua pronunciar: buritizal
é inevitável sobretudo não dizer:
“cidade morena ou linha do equador”
desconfio que a palavra Macapá
não vem do tupi como dizem os historiadores
surpreendente seria se Macapá
tivesse sido extraída do barro escuro
que estranhamente se espreguiça
no rio amazonas.

Pedro S.