Abertura da terceira edição da Mostra Mizura de Performance acontece neste sábado (4), em Macapá

Neste sábado (4), acontece a abertura da III Mostra Mizura de Performance, no entorno do Anfiteatro. São 3 dias de evento, em espaços públicos de Macapá, com a intenção de promover a performance, arte e intervenção urbana por meio de intercâmbio entre artistas de diversas partes do Brasil, com a Amazônia, tendo como sede, a capital do Amapá.

A III Mostra traz o mote “Água”, assim, todos os trabalhos apresentarão o tema como elemento poético, na intenção de estimular o debate e reflexão sobre a importância deste líquido para a sobrevivência das espécies.

Participam desta terceira edição da Mostra Mizura de Performance, 19 artistas, sendo 17 artistas locais e 2 de Brasília (DF). São eles: Ana Carolina dos olhos de Lua (AP), Arnon Lobotomy (AP), Claudia A. Flor de Maria (AP), Kássia Modesto (AP), Carla Nobre (AP), Coletivo Juremas (AP), Ingrid Ranna (AP), Jones Barsou (AP), Lia Borralho (AP), Mary Paes (AP), Napoleão Guedes (AP), Natanael Dobaluae (RJ), Nau Vegar (AP), Renata Eyre (AP), Sereia Caranguejo (AP), Tatiana Duarte (DF), Thiago Rodeghiero (DF), Thiago Quingosta (AP), Wallace Gomes (AP) e Eduarda Tobri (AP).

Sobre a mostra Mizura de Performance

A primeira mostra aconteceu no Ano de 2020 durante a pandemia de Covid-19 chamou-se Mizura in Rede. Foi uma Mostra de liveperformance, fotoperformance e vídeoperformance que aconteceu via streaming nas plataformas do Instagram e faceboock.

A Mostra é uma organização independente, tendo como idealizador o artista performer Nau vegar, com a colaboração de outros artistas que acreditaram no projeto. Até este momento, as edições acontecem de forma colaborativa e independente. Os participantes são selecionados por uma convocatória aberta para todo o Brasil.

Ficha técnica do evento

Produtor: Nau Vegar
Organização: Nau Vegar, Natanael Dobaluae, Napoleão Guedes, Ingrid Ranna, Natacha Barros.
Identidade visual: Natacha Barros
Assessoria de imprensa: Mary Paes
Fotografia: Eudes Vinicius
Apoio: Silvia Marques UNIFAP

 

Serviço:

Mostra Mizura de Preformance
Dias 04, 05 e 06 de novembro

Cronograma:

Dia 4 de novembro | 16h | Anfiteatro da Fortaleza

Dia 5 de novembro | 16h | Píer Santa Inês

Dia 6 de novembro | 8h | Escola Quilombola Estadual Foz do Rio Pirativa

Dia 6 de novembro | 16h | Praça Floriano Peixoto

Fotos: Augusto Máximo, Eudes Vinícius, Mary Paes

Assessoria de imprensa: Mary Paes
96 98138-5712

Feira de Literatura Infantil Tucuju agita Macapá

Alguns autores que estarão na FLIT

Por Pat Andrade

Nestes dias 3 e 4 de novembro acontece em Macapá a I Feira de Literatura Infantil Tucuju (FLIT), em frente ao Mercado Central.

A iniciativa é das escritoras Cecília Lobo e Negra Aurea e do escritor Allex Odonno. O evento reúne mais de 25 autoras e autores da literatura infantil produzida no
Amapá e contará com exposição e venda de livros, contação de histórias, declamação de poemas, show musical, teatro infantil, brincadeiras, palhaçaria, sessão de cinema, leitura deleite, sorteios de brindes e muita animação, sempre a partir das 17h.

O apoio vem de vários órgãos públicos, como Macapatur, Prefeitura de Macapá, Fundação Municipal de Cultura, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Estado, Sesc e de particulares, como o Grupo Tatamirô de Poesia, O Café e os poetas, Tio Nescal, Movimento Negro Unificado, além de vários escritores que deram sua contribuição para a realização do evento.

A Feira de Literatura Infantil Tucuju veio pra ficar e promete uma festa inesquecível para crianças de todas as idades. Leve a sua!

Serviço:

Feira de Literatura Infantil Tucuju
Data: 3 e 4 de novembro de 2023
Horário: das 17h às 20h
Local: Em frente ao Mercado Central

Quem nos dera um adeus digno – Crônica de Elton Tavares

 

Vovô, papai, Itacimar (tio) e Tagaha (jornalista), pessoas que sempre farão falta.

Crônica de Elton Tavares

Várias vezes, sonhei que conversava uma última vez com uma pessoa que partiu. Sim, alguns dirão que tenho muita imaginação, outros que sou ficcionista ou até mesmo assombrado (“sem sombra ao meio-dia em tempos de equinócio”, segundo o querido e Fernando Canto, rs).

Bom, o lance é imaginário mesmo. Quase sempre, imaginamos viagens no tempo para falar com pessoas queridas que se foram ou quem sabe alertá-las sobre um perigo iminente.

Não falo de viagens no tempo, provocadas por portais abertos no espaço-tempo como nos filmes “Donnie Darko” e “Efeito Borboleta”, cheios de possibilidades de mudanças e consequências.

Eu e meu irmão, Emerson, com o papai. Amor e saudades sempre, Zé Penha.

Também não queria psicografia, entoação ou algo assim. Falo da oportunidade de uma aparição da pessoa. Do amigo ou ente querido se manifestar logo após a desencarnação. Dessa forma poderíamos dizer ou escutar qualquer coisa do tipo: ‘eu te amo, siga seu caminho, pois vou cuidar de tudo por aqui’.

Seria ótimo dizer ‘se cuide’, quando a gente não poderá mais cuidar de alguém. Ou mesmo não dizer nada, apenas abraçar e sentir, poder dizer com o próprio corpo, o quanto aquele abraço vai fazer falta. Realmente seria bom pedir e dar desculpas, dizer um até breve, sentir e ver o trem chegar e partir. Porque, quando chega a hora, a gente não sabe e é mesmo uma história que termina em meio a reticências…

Com minha saudosa avó Peró. Amor e gratidão sempre por esse linda senhora.

Sem excessivo saudosismo e longe de ser lunático, e sem nenhum intuito de ferir o código de ‘futuro pré-determinado’ denominado Destino, o síndico de tudo isso aqui, de codinome Deus, poderia colocar mais essa cláusula no livre arbítrio: a possibilidade de se despedir. Seria ótimo. E como seria!

Não se trata de “consertar” nada, mas sim de uma última chance de diálogo, uma conversa franca, um adeus digno.

Mas a vida tem sua própria sabedoria…as crônicas também. E os sonhos, mais ainda.


*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, lançado em setembro de 2020.

Como será quando eu morrer – Crônica de Elton Tavares

Ilustração de Ronaldo Rony

Às vezes me pego pensando: quando eu morrer vão lembrar de mim por quanto tempo? De que forma recordarão este jornalista? Vira e mexe penso que, após quatro décadas de vida intensa, desviver pode estar próximo de acontecer.

Será que vão contar piadas sobre situações inusitadas ou presepadas que cometi? Sei não, talvez a família e os amigos mais próximos até sofram, mas logo esquecerão deste gordo, feio, chato e brigão. Quem sabe será melhor desta forma, assim não terá muito mimimi…É que nunca fui dado a dramas.

Não sei se vou bater na porta de Deus ou do diabo (Não que eu tenha cultuado forças maléficas ou feito o mal a quem não procurou, mas ninguém sabe os critérios de avaliação da força que rege tudo isso aqui), se é que eles existem. Nada de exame de consciência, pois daria negativo.

Não sei se a passagem pra outra vida é a entrada na fila da reencarnação para outra existência, dimensão, planeta ou realidade paralela.

Não que eu esteja com pressa, mas penso mesmo no desencarne. Nada de finitude. É como dizem, todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer. Mas se rolar, minha estada por aqui valeu a pena. E como Valeu!

E o caixão? Vão ter que pegar um guarda-roupa, tirar portas e gavetas pra caber este gordo. Só lembro do Sal, que uma vez me disse: “Porrudo, se tu morrer antes de mim, apesar de sermos brothers, não vou pegar na alça do teu caixão. É que não sou chegado a serviço pesado” (risos).

Não sei onde e como acontecerá. Apenas suspeito. Acho que o cabo da matrix será puxado de repente, como um raio, um piscar de olhos. Tomara que assim seja. Esse negócio doido de morrer, que sabemos que vai acontecer, mas sempre nos surpreende é muita onda.

Mas de volta ao tema principal, como será após eu subir no telhado. Falo dos meus familiares, amigos. Espero que sintam a saudade gostosa que tenho do meu pai, aquela sem nenhum ressentimento.

Tenho certeza que daria uma passada pelo Purgatório, afinal, já magoei um monte de gente e dei porrada noutro tanto. Isso quando mais jovem, mas pecados são pecados. Não tem jeito.

Quero que na lápide seja escrito: “Godão, ardoroso partidário da causa hedonista, botou pra quebrar. Amou os seus, combateu os inimigos de forma limpa, viveu como quis e se divertiu a valer. Com um histórico imenso de confusões, vítima da sua própria sinceridade”.

Aliás, desafetos é o que não me faltam. Talvez role até uma festa deles para comemorar meu embarque para Caiena. Quando eu morrer, se valer a pena, alguém pode escrever, eu autorizo. Mas se falar mal, volto, e minha mizura vai cobrir de porrada o autor da crítica.

Dizem que quando a gente morre passa um filme. O meu será um mix de romance, drama, aventura, humor e comédia. Enfim, quando chegar a hora, como disse o mestre Nelson cavaquinho: “quando eu morrer, os meus amigos vão dizer que eu tinha um bom coração. Alguns até hão de chorar e querer me homenagear, mas depois que o tempo passar, sei que ninguém vai se lembrar”. É por aí mesmo. Por isso vivo o agora. Digo a quem amo que os amo e honro os meus com declarações de amor viscerais. Pois é assim que deve ser. Mas afinal, como será quando eu morrer?

Elton Tavares

**Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Cemitério: um lugar de encontro e memória- Crônica de Fernando Canto

Crônica do sociólogo Fernando Canto

No cemitério todos estão iguais: mortinhos. Mas as pessoas que o visitam no Dia de Finados estão ali para reverenciar os mortos pelas suas qualidades, pela saudade que ficou, pelo respeito à obra que deixaram ou pelo amor que ainda paira na lembrança.

Assim o cemitério torna-se um lugar da memória porque ali cada lápide é uma imagem que enclausura um objeto de representação social ou familiar. E a presença dos parentes e amigos não só traz o significado do respeito e da fé religiosa como também o da mudança que se opera em todos os homens e mulheres diante da inflexibilidade da morte. Torna-se também lugar de oração, culto e reflexão.

Embora já não represente mais tanto mistério nem incuta mais tanto medo, o “campo santo” no centro da cidade é apenas mais um dos tantos aparatos urbanos encravados e irremovíveis que chegam a causar muitos problemas para as administrações municipais. Principalmente os de natureza ambiental, porque o chorume humano polui densamente os lençóis freáticos das suas redondezas, algo semelhante quando combustíveis como óleos ou gasolina penetram no subsolo.

É um lugar democrático: defuntos de todas as classes sociais estão enterrados nele. É um local frequentado por pessoas de todo tipo, que expressam seus sentimentos das mais diversas maneiras. Há fanáticos, por exemplo, que se atrelam a um devocionismo doentio, pois crêem que determinado defunto faz milagres e por isso pedem o que querem e inundam seu túmulo com plaquetas de agradecimento “pela graça alcançada”. Já vi homens virarem santos por obra e graça dessa morbidez que povoa a cabeça dos devotos. Vi pessoas serem homenageadas com pompas fúnebres pela ilibada conduta pessoal e profissional que tiveram, assim como já vi impropérios atirados a assassinos mortos pela polícia e a um político que a vida toda enganara eleitores e a família. Soube, inclusive, que nos anos 60 muita gente soltou foguetes no enterro de um delegado famoso por sua perversidade para com os presos.

O cemitério também é um lugar de encontro dos amigos. Ora, depois de uma rezada básica e uma vela acesa para os parentes, antigos amigos que hoje só se encontram no dia das eleições ou numa decisão do campeonato amapaense, se cumprimentam e se põem a conversar sobre conhecidos que já morreram. Então vêm à tona inesquecíveis episódios e velhas piadas sobre eles. A memória se reacende e traz de volta à vida o homem e sua conduta, mesmo que lhe reste apenas o pó dos ossos sob a lápide.

A conversa gira sobre os assuntos mais banais: desde a vizinhança de túmulos de entes queridos aos preços cobrados pelos coveiros que estão “pela hora da morte”; desde os “bons e velhos tempos” às doenças enfrentadas por eles (principalmente o diabetes) e as consultas periódicas aos médicos; desde aos planos mais mirabolantes às tentativas de convencimento a votar em certo candidato.

Em que pese a gritaria e o comércio de ambulantes que quase não deixam as pessoas passarem na frente do cemitério, a homenagem aos mortos passa a ser um acontecimento um tanto quanto banalizado pela força do capital que se instaura em qualquer lugar, seja onde for. Alguém vai sempre lucrar com isso. E como a morte rende… Não é à toa que cada vez mais aumenta o número de vendedores e de produtos diversificados nas proximidades das necrópoles. Não é à toa que o comércio abre suas portas mesmo sendo feriado.

Não quero dizer que acho isso estranho, pois tudo muda, evolui. Mas lembro com certa saudade a programação musical da extinta Rádio Educadora no dia de finados. O dia todo só tocava música clássica. Isso despertou em mim a curiosidade pelos eruditos que os padres italianos ouviam com prazer.

Cemitério é palavra que vem do grego, koimeterion, que significa “dormitório”. Como eu não quero ainda “dormir” na cidade dos pés juntos, prefiro me programar para ir até lá no dia dos finados, exercitar a memória e jogar conversa fora com os amigos.

Meu inferno – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Ilustração de Ronaldo Rony

Acho que se existir inferno, coisa que duvido muito, cada alma pecadora tem um desses locais de pagamento de dívidas de acordo com suas ojerizas. Nada como no clássico da literatura “A Divina Comédia”, o inferno do escritor italiano Dante Alighieri, que escreveu sobre os nove andares até a casa do “Coisa Ruim”.

Quem nunca imaginou como seria o Inferno? Como seríamos castigados por nossos pecados? Volto a dizer, pra mim o inferno é aqui mesmo. Mas vou pontuar algumas coisas que teriam no meu, se ele está mesmo a minha espera.

Bom, meu inferno deve ser quente. Não tô falando das labaredas eternas com o Coisa Ruim me açoitando pela eternidade. Não. Esse é o inferno mitológico e ampliado da imaginação religiosa. Falo de calor mesmo, tipo Macapá de agosto a dezembro, com quase 40° de temperatura (a sensação térmica sempre ultrapassa isso no couro da gente) e sem ar-condicionado.

Neste inferno, todo mundo é fitness, come coisas saudáveis e é politicamente correto. Meu inferno tem gente falsa, invejosa, amarga, que destila veneno por trás de sorrisos. Ah, meu inferno tem incompetentes, puxa-sacos, gente de costa quente que conta do padrinho que o indicou. E pior, neste inferno sou obrigado a conviver com elas diariamente.

No meu inferno tem gente que atrasa, que me deixa esperando por horas. Ah, lá tem caloteiros e enrolões, daqueles que demoram a pagar serviço prestado por várias razões inventadas.

Neste inferno moldado a mim tem parente pedinchão, “amigo” aproveitador, filas e mais filas para tudo. Tem também muita etiqueta e formalidades hipócritas. E também todo tipo de “ajuda” com segundas intenções. De “boas intenções” o inferno tá cheio.

Neste lugar horrendo só vivo para trabalhar, estou sempre sem dinheiro, sem sexo, sem internet e sem cerveja. Nó máximo Kaiser, aquela cerva infernal de ruim. No meu inferno toca brega, pagode e sertanejo sem parar.

Eu sei, leitor, que devo agora estar lhe aborrecendo. Mas perdoe-me, esta alma é chata e sentimental. Às vezes vivemos infernos mesmo no cotidiano, pois vira e mexe essas coisas aí rolam. Por isso dizem que o inferno é aqui. Ou como explicou o filósofo francês Jean-Paul Sartre, na obra “O Ser e o nada”: o inferno são os outros. É por aí mesmo.

Ainda bem que tenho uma sorte dos diabos e Deus é meu brother, pois consegue me livrar dos perigos destes possíveis infernos cotidianos e nunca fará com que tudo isso descrito acima ocorra por toda a eternidade. No máximo, de vez em quando, para que eu pague meus pecadinhos neste plano (risos).

Este seria mais ou menos o MEU inferno. Como seria o seu?

Elton Tavares (que graças à Deus, tem uma sorte dos diabos).

*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”.

Meu céu – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Pois é. Escrevi uma crônica sobre como seria o meu “Inferno”. Hoje vou falar/escrever um pouco de como seria o meu céu. Não sei se baterei na porta do céu como Bob Dylan. Nem se vou achar o lugar igualzinho ao paraíso, como sugeriu o The Cure, mas estou atrás da “Stairway To Heaven” do Led Zeppelin. Só não vale ter “Tears In Heaven”, do Eric Clapton. Mas vamos lá:

Meu céu é em algum lugar além do arco-íris, bem lá no alto. Bom, lá, ao chegar ao meu recanto celestial, eu falaria logo com ELE, sim, Deus ou seja lá qual for o nome dele (God; Dieu; Gott; Adat; Godt; Alah; Dova; Dios; Toos; Shin; Hakk; Amon; Morgan Freeman ou simplesmente “papai do céu”) e minha hora já estaria marcada.

Ah, não seria qualquer deusinho caça-níqueis (ou dízimos) não. Seria o Deus de Spinoza, que como disse Einstein: “se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.

Após este importante papo com o manda chuva do paraíso (tá, quem manda chuva mesmo é o seu assessor, São Pedro, mas eu quis dizer mesmo é do chefão celestial), daria um rolé e encontraria todos os meus amores que já viraram saudade. Ah, como seria sensacional esse reencontro!

Bom, meu céu é todo refrigerado e chove. Chove muito, mas nunca inunda as vielas do paraíso e nem desabriga ninguém por lá. Ah, abaixo dele chove canivetes nos filhos da puta (que não são poucos) que encontrei durante a jornada pré-celestial. Óquei, pode soar meio lunático, mas é o meu céu, porra!

No meu céu não tem papo furado, como no capítulo 22, versículo 15, do livro de Apocalipse. Lá entrarão impuros sim ou seria uma baita hipocrisia EU estar neste céu. No meu céu não toca brega, pagode e sertanejo sem parar, afinal, isso é coisa do inferno. Ah, no meu céu não entra corrupto, pastor explorador, padre pedófilo ou escroques de toda ordem, esses tão lá no meu inferno e eu ainda teria o direito de cobri-los de porrada!

No meu céu as pessoas se respeitam, não tentam a todo o momento tirar vantagens do outro. No meu céu, serviços prestados são pagos na hora, chefes são justos e não rola fofoca. Lá não tem puxa-sacos, apadrinhados ou seres infetéticos desse naipe que a gente, infernalmente, convive na terra diariamente.

No meu céu tem churrasco, pizza, sanduba, entre outras comidas deliciosas e que nunca, nunca mesmo, nos engordam (pois é infernal o preconceito fitness). Lá também não sentimos ressaca. No meu céu tem show de rock o tempo todo, com todos os monstros sagrados que já embarcaram no rabo do foguete e a gente curte pela eternidade.

Lá no meu plano celestial não existe a patrulha do politicamente correto, nem gente falsa, invejosa, amarga, e, muito menos, incompetentes. Se tá no céu, se garante, pô!

Não imagino o céu como um grande gramado onde todo mundo usa branco, ou um local anuviado onde anjos tocam trombetas e harpas. Não, o céu, se é que ele existe (pois já que o inferno é aqui, o céu também é) trata-se de um local aprazível para cada visão ímpar de paraíso, de acordo com nossas percepções e escolhas. Bom, chega de ficar com a cabeça nas nuvens. Uma excelente semana para todos nós!

“Eu acho que há muitos céus, um céu para cada um. O meu céu não é igual ao seu. Porque céu é o lugar de reencontro com as coisas que a gente ama e o tempo nos roubou. No céu está guardado tudo aquilo que a memória amou…” – escritor Rubem Alves (que já foi para o céu).

Elton Tavares (que graças à Deus, tem uma sorte dos diabos).

*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”.

Hoje é o Dia das Bruxas. E como diz o ditado: “eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem”

Hoje é o Dia das Bruxas (Halloween é o nome original na língua inglesa). Trata-se de um evento tradicional e cultural, que ocorre basicamente em países anglo-saxônicos, mas com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações dos antigos povos.

A Caça às Bruxas marcou a história mundial e se tornou uma expressão referente à perseguição cultural, ideológica e étnica. Aqueles que pensam ou, por qualquer razão, são diferentes, sofrem discriminação e, muitas vezes, chegam a ser agredidos e mortos.

Quando a mulher rompe com o domínio do homem, ela é vista pela sociedade patriarcal como uma “criatura maligna”, que deseja destruir sua estrutura e tradição. Devido ao ponto de vista masculino que é predominante em várias culturas, as mulheres que não seguiam a conduta esperada eram consideradas bruxas no pior sentido da palavra.

Apesar da palavra “Bruxa” ter sido uma expressão pejorativa, usada para chamar mulheres de velhas e feias, a busca pela juventude eterna é um elemento comum desse arquétipo, refletindo a vaidade associada principalmente às mulheres. Pois, enquanto os homens usam espadas e escudos, as armas femininas são a beleza e sedução, representado pelo Espelho de Afrodite no símbolo do Feminino. Poções do amor e rituais de fertilidade também reforçam essa características das bruxas.

Portanto, feliz Dia das Bruxas, menos para os que são bruxas (de fato) do nosso cotidiano. Ou seja, todos os “puxa-sacos”,  amigos de ocasião, interesseiros e pessoas de duas caras. Feliz Dia das Bruxas aos que não fazem nada além de sacanear os outros. Feliz Dia das Bruxas aos que são fofoqueiros, soberbos, recalcados, invejosos e metidos a merda. Feliz Dia das Bruxas para gente falsa, amarga, que destila veneno por trás de sorrisos, incompetentes costa quente que conta do padrinho que o indicou, caloteiros e enrolões, daqueles que demoram a pagar serviço prestado por várias razões inventadas.

Ou seja, a todos que são Bruxas vorazes do nosso dia-a-dia. E existem tantas bruxas e bruxos especialistas em escrotidão. Nestes casos, eu sou a favor de uma inquisição, nada santa, claro, mas do desprezo. Assim, eles (ou elas) parariam de fazer tantas crueldades para atormentar a vida da gente. Afinal, queimar (o filme de) pessoas de mau caráter é tentador, não?

Agora prestem atenção, nem toda bruxa é má. Não que eu cultue a “Wicca”, uma seita moderna pagã baseada em bruxaria que apareceu na Inglaterra na primeira metade do século XX, mas é que há bruxarias e bruxarias. Nem todas são fadas más.

A verdade é que a maioria de nós é movido por crenças, dogmas e superstições diariamente. E como diz o ditado espanhol: “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay” (eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem).

Elton Tavares

Fonte: Crônicas Fantásticas. 

1ª Folia Literária Internacional do Amapá movimenta mais de 20 mil pessoas em três dias de programação

A 1ª Folia Literária Internacional do Amapá encerrou no domingo, 29, em grande estilo com show nacional da dupla Kleiton e Kledir, compositores de sucesso da MPB, no palco Remanso, no Parque do Forte, às margens do Rio Amazonas, na orla de Macapá.

Foram três dias de evento que movimentou mais de 20 mil visitantes na “Cidade Literária”, construída especialmente para abrigar uma programação diária de mais de 10 horas de atividades ligadas a literatura e cultura, com oficinas, palestras, mesas temáticas e apresentações artísticas e musicais.

O evento, promovido pelo Governo do Estado, reuniu cerca de 54 escritores e artistas locais, além de 14 autores de outras regiões do Brasil e do mundo. Foi a primeira programação voltada para a valorização do livro, da leitura e dos autores amapaenses, após 10 anos.

A feira literária integra o plano de gestão do Governo do Amapá e foi realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com apoio dos senadores, Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Amapá (Sebrae-AP).

“A Folia Literária é a realização de um sonho, com incentivo à formação de novos leitores, a produção literária e ao consumo daquilo que já temos por aqui; estamos vivendo um momento de retomada, após dez anos sem uma feira dedicada a literária no estado, que se torna histórico e fundamental para a difusão de uma política cultural fortalecida. Estamos animados e já pensamos na possibilidade de, no próximo ano, levar esse grande projeto para outros municípios do Amapá”, explica a secretária de Cultura, Clicia Vieira Di Miceli.

A edição 2023 do evento também referência e trouxe homenagens a escritores importantes da literatura do estado, como Alcy Araújo e Ivo Torres, além de Mauro Guilherme, Aracy Mont’Alverne, Isnard Lima e Antônio Munhoz, que deram nome aos espaços que compuseram a “Cidade Literária”.

Os autores e artistas locais também puderam fazer intervenções livres no ambiente e interagir com o público. Apreciadora da arte desde a infância, a acadêmica de letras, Dafne Souza, de 18 anos, prestigiou a Folia. A jovem tatuou em seu braço um dos poemas de Ivo Torres, com o verso: “Meu amor, o alvo da primavera é você”.

“O poema marca a noite de hoje, é algo que eu vou recordar com certeza. Eu acabei fazendo essa tatuagem, pois realmente foi um momento muito especial. Ver esse investimento na literatura aqui no Amapá é algo muito bom. É a primeira vez depois de um tempo que atividades culturais estão sendo realizadas no estado e eu acho que registrar isso é mais do que essencial”, conta a estudante.

O evento também possibilitou 11 mesas temáticas e o lançamento de livros de autores amapaense. Foram cerca de 12 lançamentos e sessões de autógrafos, que ocorreram no espaço Gengibirra Literária Isnard Lima. A “poeta inflamada”, como é conhecida Adna Selvage, lançou um livro autoral, denominado “A dependência do amor”, um dos muitos buscados durante a programação.

“Para mim é a realização de um sonho. Eu tenho 30 anos e levei toda a minha vida para acreditar que eu era capaz de conseguir fazer isso. Nunca tinha visto algo tão grandioso voltado para a literatura no Amapá. Tô muito emocionada e grata por essa oportunidade, onde muitos artistas, e principalmente mulheres, puderam ter seu trabalho valorizado e reconhecido”, reforça Adna, que fez questão de levar a família.

Oficinas

As oficinas literárias realizadas nos três dias de evento contaram com público médio de 30 participantes. As atividades contaram com produção de textos, que passarão por curadoria dos oficineiros e integrarão um livro temático, como resultado do trabalho desenvolvido.

A oficina, “A Outra Voz”, reuniu apaixonados por poesia no Barracão Palavras Mauro Guilherme. “Com a iniciativa dessa Folia Literária, nós vivemos aqui uma espécie de retomada pelos caminhos da cultura, que ficou sem receber atenção durante esses últimos anos, exatamente por ser um elemento transformador”, destacou Moura.

1ª Folia Literária Internacional do Amapá

A 1ª Folia Literária Internacional do Amapá ambientada no Parque do Forte, às margens do Rio Amazonas, na orla de Macapá, reuniu renomados escritores do país e outras partes do mundo com uma vasta programação de palestras, oficinas, apresentações culturais e shows musicais.

A estrutura da feira, contou com mais de 20 boxes e 2 barracões, onde foram realizadas várias atividades de expressões artísticas. Além disso, o espaço teve o Corredor Literário, com estandes de livrarias e a Cápsula do Tempo Virtual, do “Amapá 80 Anos”.

Texto: : Rafaela Bittencourt
Fotos: Jhon Martins, Jorge Junior e Márcia do Carmo/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

“Ser feliz é tudo que se quer” e fomos, ontem, no show de Kleiton e Kledir e nos 3 dias da Folia Literária do Amapá

Show de Kleiton & Kledir – Foto: Bruna Cereja

No último domingo (29), Macapá viveu um momento verdadeiramente especial e emocionante, quando a dupla gaúcha Kleiton e Kledir brilhou no palco ao lado da Fortaleza de São José, quando encerraram com chave de ouro a Folia Literária Internacional do Amapá.

No cenário às margens do Rio Amazonas, o espetáculo memorável marcou o fim do evento histórico para a Literatura do Amapá, com música, poesia e cultura em sua essência. O público amapaense se reuniu ansiosamente para receber os renomados artistas da música popular brasileira.

Kledir ao cantar e tocar “Paixão”, nossa canção preferida da dupla – Foto: Bruna Cereja

Kleiton e Kledir, os irmãos Ramil, talentosos e consagrados na cena musical, trouxeram para o palco sua marca registrada: canções que abriram a gaveta da memória afetiva dos fãs com seus canções envolventes dos anos 80 e 90. O repertório contou com sucessos que atravessam gerações, como “Deu Pra Ti”, “Vira Virou”, “Paixão” e “Maria Fumaça”, entre outros. Cada acorde e cada verso foram recebidos com entusiasmo pela plateia, que se entregou de corpo e alma à magia da música da dupla.

A Folia Literária Internacional do Amapá marcou um novo tempo para a produção da literatura local. A integração enriqueceu ainda mais a experiência. A arte de compor e de escrever foram celebradas em uma atmosfera que exaltou a criatividade e o talento dos artistas.

Kleiton com seu violino no meio do povo – Foto: Bruna Cereja

O encerramento da Folia Literária Internacional do Amapá com o show de Kleiton e Kledir representou um verdadeiro encontro de culturas e saberes. A música gaúcha encontrou a riqueza cultural do Amapá, que resultou em um espetáculo que tocou os corações e despertou a paixão pela arte em todos os presentes.

Ou seja, uma noite memorável, pois foi a celebração da literatura produzida no meio do mundo com a diversidade cultural do sul do Brasil. Kleiton e Kledir nos lembraram mais uma vez que a arte é uma linguagem universal capaz de unir pessoas de todas as origens e raízes, em um espetáculo que ficará marcado na história cultural de Macapá e do Amapá.

Eu e Bruna Cereja

Afinal, deu pra ti, baixo astral. Eu, hein? Nem pensar, pois ser feliz é tudo que se quer e fomos, no show dos irmãos Ramil e nos três dias da Folia Literária. Valeu demais!

Elton Tavares – Jornalista e um dos 54 escritores locais que tiveram a oportunidade de mostrar seu trabalho literário na Folia Literária Internacional do Amapá

Escritores da literatura amapaense debatem sobre a prosa durante 1ª Folia Literária Internacional do Amapá

Os escritores Elton Tavares e Lulih Rojanski conduziram o debate “O cotidiano e o extraordinário na prosa”, sob mediação do poeta Paulo Tarso, durante a 1ª Folia Literária Internacional do Amapá, no domingo, 29, no barracão das Multivozes Aracy Mont’Alverne, no Parque do Forte, em Macapá.

O debate abordou a prosa, gênero literário que é bastante utilizado pelos autores em suas produções, já que relata o cotidiano. Apesar de ter nascido no Maranhão, o poeta Paulo Tarso vive no Amapá há mais de 40 anos. Ele defende que a leitura é a chave para ser um bom escritor.

“A leitura vem muito antes da escrita. Você tem que ser um bom leitor para se tornar um bom escritor, porque não existe literatura sem livro, sem conhecimento, sem reflexão, sem informação. Afinal, você vai escrever através das experiências”, pontuou o poeta Paulo Tarso.

Assim como Paulo Tarso, a escritora paranaense Lulih Rojanski também adotou Macapá para morar e desenvolver seu trabalho. Autora de livros como ‘Lugar da Chuva’, ela acredita no extraordinário como ponto chave na arte de escrever.

“Para escrever, você parte do cotidiano e, em algum momento, a personagem vai viver algo extraordinário, e é isso que faz com que o leitor se envolva. Quando não existe o extraordinário dentro da leitura, o leitor costuma dizer que aquele livro é chato. Sobre o evento, fiquei impressionada com a quantidade de público, porque é exatamente isso que a gente esperava, esse contato com o nosso público leitor é emocionante”, compartilhou Lulih.

Durante o debate, o público conheceu um pouco mais da trajetória do escritor e jornalista Elton Tavares. Proprietário do blog amapaense ‘De Rocha’, ele escreve há 18 anos e tem dois livros publicados: ‘Crônicas de Rocha sobre bênçãos e canalhices diárias’ e ‘Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo‘.

“O evento é um marco na cultura amapaense para a literatura, dando oportunidade para todos os atores da cultura do estado. Tenho a esperança de que a literatura do Amapá seja ainda mais consumida fora do estado. A Folia Literária, sem dúvida, é um divisor de águas na história do Amapá”, comentou o escritor.

O debate encerrou com a participação dos escritores e público presente, entre eles, a professora de língua portuguesa há 20 anos e cantora Nilcelea Câmara.

“Falar sobre o cotidiano, o extraordinário na prosa e todo esse processo de produção é encantador. Em especial, para quem ama literatura, essa mesa foi muito importante, porque trouxe grandes autores que são referência para a literatura amapaense”, frisou a professora.

Promovida pelo Governo do Amapá, a Folia Literária foi uma grande oportunidade para que as pessoas pudessem conhecer melhor a literatura amapaense através do “Corredor Cultural”.

“É um evento de grande magnitude que deu oportunidade para dezenas de escritores e autores. Momentos como este são necessários para promover interação com os professores, estudantes e público em geral”, concluiu o poeta Paulo Tarso.

Um dos curadores da Folia Literária é o artista Joãozinho Gomes, que avaliou como positiva a iniciativa do Governo do Estado.

“Acho que alcançamos nessa primeira edição, tudo que nós queríamos alcançar, porque nós conseguimos atrair a comunidade para dentro do evento, principalmente a comunidade infantil. Esperamos ter despertado a vocação literária das pessoas, para as próximas edições. Creio que depois de um evento grandioso, conseguimos colocar o Amapá no mapa da literatura global, que começa a ser enxergado como polo da literatura”, afirmou o artista.

1ª Folia Literária Internacional do Amapá

Ao longo de três dias, a 1ª Folia Literária Internacional do Amapá levou incentivo à leitura e programação cultural ao Parque do Forte, às margens do Rio Amazonas, na orla de Macapá. O evento, que reuniu renomados escritores do país e outras partes do mundo, realizou uma vasta programação com palestras, oficinas, apresentações culturais e shows musicais.

A estrutura da feira, que marca a retomada após 10 anos de festivais que contemplem a literatura amapaense, contou com mais de 20 boxes e 2 barracões, onde foram realizadas várias atividades de expressões artísticas. Além disso, o espaço teve o Corredor Literário, com estandes de livrarias e a Cápsula do Tempo Virtual, do “Amapá 80 Anos”.

A primeira edição homenageou os escritores e poetas Ivo Torres e Alcy Araújo (in memoriam). Foram 54 artistas amapaenses, e 14 artistas de outros estados e países, como São Paulo, Alagoas, Amazonas, Roraima, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, e Guiana Francesa e Índia.

A feira integra o plano de gestão do Governo do Amapá e é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AP).

Texto: Alice Palmerim
Foto: Alice Palmerim/GEA e Eliseu Alves/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

Academia Amapaense de Letras aposta na Folia Literária para fortalecer a produção amazônica

As margens do Rio Amazonas, ladeada pela imponente Fortaleza de São José de Macapá, a “Cidade Literária” foi erguida pelo Governo do Estado para promover a primeira edição da Folia Literária Internacional do Amapá. A programação iniciou na sexta-feira (27), com a participação de poetas e escritores do Brasil e do Mundo e encerrou no domingo (29).

A Academia Amapaense de Letras trouxe nomes como Fernando Canto e Alcinéa Cavalcante, filha de Alcy Araújo, um dos homenageados da Folia. O encontro debateu o fortalecimento da literatura regional e democratização das obras para que cada vez mais, estejam ao alcance de todos os públicos.

“Nós queremos que a literatura amapaense seja vista, chegue às escolas, aos alunos, para que eles possam entender a importância social dela. É a história e a identidade cultural do nosso povo se mantendo firme e vibrante. E a Folia Literária vem ao encontro exatamente dessa expectativa”, disse o presidente da Academia, Fernando Canto.

Há mais de 70 anos em atividade, a Academia Amapaense de Letras acredita que a Folia Literária é uma forma de ultrapassar fronteiras para a divulgação da literatura amazônica.

“A ideia de levar a Academia para as escolas é promover a literatura e a história do Amapá para as novas gerações. O que se percebe hoje, com raras exceções, é que os jovens autores não conhecem as raízes da literatura amapaense”, ressaltou Alcinéa.

A estudante, Natália Soares, conta que cresceu lendo livros e criou uma relação com a literatura. Para ela, participar da Folia e poder ouvir tantos escritores, é uma emoção única, que ficará na memória.

“Gosto de literatura desde pequena, aprendi a gostar na escola, quando vi na internet sobre a Folia Literária fiquei muito feliz em saber que agora esse movimento ganha visibilidade em nosso estado”, comemorou a jovem.

Folia Literária

Essa é a primeira programação voltada para a valorização da literatura, do livro e da leitura em 10 anos no Amapá. A feira integra o plano de gestão do Governo do Amapá e é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AP).

De acordo com a secretária de Estado da Cultura (Secult), Clicia Vieira Di Miceli, a ideia é transformar a Folia em um evento permanente no calendário anual cultural do Amapá.

“A ideia da feira literária nasceu de uma conversa do governador Clécio Luís com o poeta Joãozinho Gomes. O sonho era que pudesse se transformar em um evento anual em nosso estado. No primeiro ano de gestão, o Governo já assumiu esse compromisso realizando a Folia Literária Internacional do Amapá, que traz alegria, tradições e traduz o sentimento de vivenciar todo o universo proporcionado pela leitura”, explicou a secretária.

A primeira edição homenageou os escritores e poetas Ivo Torres e Alcy Araújo (in memoriam). Foram 54 artistas amapaenses, e 14 artistas de outros estados e países, como São Paulo, Alagoas, Amazonas, Roraima, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, e Guiana Francesa e Índia.

Texto: Amelline de Queiroz
Foto: Albenir Sousa/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

Nem sempre nos garantimos – Crônica de Elton Tavares – *Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”

Crônica de Elton Tavares

Em 2012, fui convidado por uma amiga para falar sobre o lance de ser editor de site. Era uma palestra ou algo parecido. Expliquei-lhe que minhas atribuições e horários não permitiriam que eu aceitasse seu convite, mas adorei. Afinal, é um reconhecimento. Ano passado, outro convite sobre o tema e para outra instituição de Ensino Superior.

Logo, lembrei que, há tempos, disse à uma jornalista: “nem sempre conseguimos ser brilhantes”. Acredito mesmo nisso (pior é quem nunca é). Como falar em público de uma atividade que não sei se domino bem? Como ensinar sem saber? Aliás, sou péssimo nesse papo de falar em público.

Conheço muita gente que escreve bem pra caramba. Inclusive pessoas que não são jornalistas, blogueiros, professores, advogados ou seja lá qual a área de atuação que exija (no mínimo) uma redação “marrômeno”. Aliás, sou fã dos textos de várias figuras amapaenses. Eles usam o hemisfério esquerdo do cérebro e conseguem redigir as coisas de forma diferente, irreverente ou não, mas sempre inteligente.

Voltando ao convite, como falar das minhas opiniões, meus “achismos”, minhas conclusões (às vezes errôneas e precipitadas) e minhas imposições, sobretudo musicais? Esse negócio é sério. Muito sério. Pois são as minhas verdades e pontos de vista.

No “De Rocha” falo de coisas sérias, divulgo cultura, publico poesias, músicas, fotografias, ajudo na cena artística, entre outras “paideguices”. Mas, se der na telha, escrevo ou publico doidices e até coloco palavrões nos escritos.

“Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos”, dizia o saudoso Millôr Fernandes.

Sou fã dos blogs e sites que possuem conteúdos jornalísticos e culturais. Existem páginas com muita qualidade. Mas detesto aqueles que são meramente repetidores de textos de terceiros. Se você se propõe a ter uma página na internet, escreva!

Ser editor de um site é ter sacada, emitir opinião, dar a cara a tapas, ter responsabilidade para não difamar e jamais se achar o dono da verdade. Adoro o fato de minha página eletrônica ter caído nas graças de muitos leitores.

Escrevo, quase sempre, de improviso.

Mas há períodos de entressafra das ideias, em que fico sem inspiração diante do computador. São os e-mails com releases culturais ou informativos, além dos meus colaboradores, que me salvam. Quem dera fosse só querer e baixasse o espírito de Rui Barbosa e eu começasse a redigir como um gênio.

Seria firmeza!

Trocando em miúdos, aqui discutimos o sexo dos anjos, falamos de coisas sérias, de jornalismo, diversão e arte. Mas também perdemos tempo com bobagens. Por que não? Sempre brinco e digo que sou um jornalista de bastidores, pois apurar e escrever é tranquilo. Já falar em público, rádio ou TV, é difícil. Aceito a limitação e gosto de como trabalho.

Sei que tem muita gente preparada para falar sobre blogs, jornalismo e o mundo midiático. Eu não. Acredito que é preciso humildade para assumir quando não nos garantimos sobre alguns temas. Afinal, nem sempre nos garantimos ou somos brilhantes. Pelos menos não como algumas pessoas acham que somos.

Republiquei essa crônica hoje por conta de um evento amanhã, o Folia Literária, que participarei e terei que falar em público. Tô aqui repassando o material e morto de nervoso e ansioso (risos). Queria que minha apresentação de amanhã fosse como esse vídeo acima (mais risos). É isso. Bom resto de sábado para todos nós!

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em 2021.

 

Randolfe lança livro “100 Vozes Pela Democracia” e traz Conselho Editorial do Senado para Folia Literária do Amapá

O senador Randolfe Rodrigues, presidente do Conselho Editorial do Senado Federal (CEDIT), fará o lançamento do livro “100 Vozes Pela Democracia” na sábado (28), às 18h, durante a programação da Folia Literária, no Parque do Forte, na capital Macapá.

O senador mobilizou um estande dentro na “cidade literária”, local da Folia Literária Internacional do Amapá, para distribuição gratuita de exemplares de livros publicados pela instituição. De acordo com o senador Randolfe, treze títulos serão doados pelo CDIT. “Vamos levar a nossa produção do Senado Federal para o povo do Amapá. Com isso teremos o lançamento do ‘100 Vozes Pela Democracia’, que tenho a honra de fazer parte”; comentou Randolfe. “Nós ainda teremos a distribuição de Vade Mecum muito importante para estudantes de direito e concurseiros”, completou o parlamentar.

A atividade tem como objetivo fomentar a leitura e democratizar o acesso aos livros. O evento também faz parte da celebração dos 80 anos de criação do ex-Território Federal do Amapá.

A Folia é realizada pelo Governo do Amapá, conta com o apoio do senador Randolfe Rodrigues e marca a retomada, após 10 anos dos festivais literários no estado.

CEDIT
O Conselho Editorial foi criado em 1997, é um órgão normativo responsável pela formulação e implementação da política editorial do Senado Federal. Este setor cumpre com a atribuição de publicar obras fundamentais da cultura brasileira de caráter econômico, social, político e histórico.

100 Vozes Pela Democracia

O livro “100 Vozes pela Democracia” foi organizado por Fernando Guimarães Rodrigues, coordenador-geral do Direitos Já! Fórum pela Democracia.

A obra reúne os atuais Presidente e Vice-Presidente da República, mais de duas dezenas de senadores e ex-senadores, deputados federais e ex-deputados federais, além de diversos intelectuais e personalidades da sociedade brasileira.

Destacam-se, entre outros, os senadores Randolfe Rodrigues e Tasso Jereissati e a senadora Simone Tebet; as deputadas Erika Kokay, Fernanda Melchionna e Tábata Amaral, o deputado Fábio Trad e o ex-deputado Fernando Gabeira; personalidades e intelectuais como José Gregori; Leci Brandão; Luciano Huck e Leonardo Sakamoto.

Assessoria de comunicação