Poesia de agora: AS JANELAS – Pat Andrade

AS JANELAS

estou trancafiada…
o teto é muito baixo
e achata os pensamentos

as paredes comprimem
minhas vontades
o corredor estreita
meus desejos
(que nem são tantos)

apenas as janelas da casa
são minhas aliadas.
elas libertam
meus pensamentos
deixam escapar
minha imaginação
(que se espreguiça
com os gatos)
pelos telhados

é pelas janelas
que grito e solto
minha poesia

PAT ANDRADE

Poesia de agora: Poema Desencanto – Pat Andrade

Poema Desencanto

perplexo paro
diante do desconhecido
realidade desconexa

me separo
de minha natureza
preparo minha reza

o desamparo
o desrespeito
o desencanto

seca a boca
queima o peito
cala o canto

Pat Andrade

Vídeopoema de agora: Ana e Noite – Patrícia Andrade

Ana e a noite

ninguém duvidava;
era claro que Ana sofria…

mas quando a noite caía,
Ana simplesmente sorria…

banhava-se de felicidade,
arrumava os cabelos em festa,
e pintava-se de alegria…

daí por diante, minha gente,
só Deus é quem sabia

Patrícia Andrade

Poema de agora: Rima lógica – Pat Andrade

Rima lógica

Quando penso que sou única,
Me sinto mágica,
Me ouço música.
Quando penso que sou lúdica,
Me sinto sátira,
Me vejo lúbrica.
Quando penso que sou tácita,
Me sinto lépida,
Me faço cênica…

[…]

Quando penso que sou lógica,
Me sinto métrica
E me perco em rima.

Pat Andrade

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Poema de agora: O amor nosso de cada dia – Patrícia Andrade

O AMOR NOSSO DE CADA DIA

o amor não se acomoda
às segundas-feiras

não se recolhe
em dias de chuva
nem se tranca
em salas sombrias

o amor sai às ruas
dança todas as músicas
e flutua nas calmarias

o amor ama a amplidão
passeia de mãos dadas
e recolhe margaridas

às vezes corre
às vezes caminha
descobre estradas
se atreve à alegria

o amor ama o amor
nosso de cada dia

Patrícia Andrade

Poema de agora: anjo mau – Patrícia Andrade

anjo mau

não comia flores
mas exalava um perfume
estonteante

mal enxergava as cores
e reproduzia o vermelho
como ninguém

parecia feita de pétalas
de tão suave
que era sua pele

seus olhos pareciam
duas estrelas
e refletiam a lua

sua alma quando nua
era quase como
de uma criança…

mas irradiava veneno
derramava sangue
e cuspia vingança

Patrícia Andrade

Poesia de agora: Anoiteço – Patrícia Andrade

Anoiteço

quando eu
te madrugava,
mesmo as noites sem lua
não pareciam assim
tão escuras

já não te amanheço,
e os dias têm sido
cada vez mais cinzentos

agora, quando entardece,
logo, logo,
anoiteço…

Patrícia Andrade

Poesia de agora: Uma Noite Me Namora – Patrícia Andrade

UMA NOITE ME NAMORA

entristeci no fim do dia…
mas brindei tantas vezes
com a noite
que ganhei a alegria
que precisava
pra bailar com a madrugada.
me enchi de desejo,
fiz amor com o amanhecer
e sonhei arco-íris
a tarde inteira,
à espera de outra noite
pra me cortejar…

Patrícia Andrade

Poema de agora: Sobre a cegueira – Pat Andrade

SOBRE A CEGUEIRA

você aí no seu carro do ano
não pode ver que aqui do lado de fora
o universo está na contramão

você aí na sua casa bonita
não pode ver que aqui do lado de fora
tem uma grande confusão

você aí que não sai do shopping
não pode ver que aqui do lado de fora
pro crime já não há solução

você aí que pensa que que tem poder
não pode ver que aqui do lado de fora,
se prepara uma revolução

PAT ANDRADE

Poesia de agora: Encontro – Patrícia Andrade

Encontro

quando te encontrar,
vou procurar estrelas em teus olhos,
buscar a poesia contida em ti;
a mesma poesia que vai além da folha de papel,

que transcende nos teus gestos, que são leves;
nas tuas palavras, que são doces,
nos teus passos indeléveis…
quando te encontrar
vou te mostrar um mundo novo
cheio de flores e estrelas

para que as admires com esse mesmo encanto
que manifestas diante das coisas belas…
quando te encontrar,
será por um instante apenas…

mas é exatamente nesse instante
que verás a infinidade de espantos
que cabe num único encontro…

Patrícia Andrade

Poema de agora: O Senhor do Tempo – Patrícia Andrade

O SENHOR DO TEMPO

por força do acaso
a vida segue
um curso inusitado
o senhor do tempo
é dominado pelo sono

perseguido por pesadelos
recorda o mundo de dor
que orbita ao seu redor

o passado se precipita
sobre o homem
resistir é inútil
a razão dá espaço
à fúria animal

o presente
é um furacão que se agita
nem sempre consegue
usar as armas que tem
a luta é desigual

o futuro
pode ser que não exista
mas aceita os riscos
e segue a pista
nada é normal

este homem ao acordar
se obriga a improvisar
pra viver a vida real

Patrícia Andrade

Poesia de agora: Confissão – Patrícia Andrade

CONFISSÃO

preciso confessar
meus pecados todinhos:
às vezes, como demais
guardo sempre uns centavos
cobiço o gato do vizinho
detesto gente falsa
quero ficar mais bonita
tenho tesão de manhã cedo
quero dormir mais um pouquinho
me condene, se for capaz
de não pecar nem um tiquinho

Patrícia Andrade

Poema de agora: Crianças Palestinas – Patrícia Andrade

Conflito em Gaza, fonte de stress para as crianças nos territórios ocupados – Foto: AFP or licensors

Crianças Palestinas

elas erguem
os braços frágeis
mas não querem colo

querem um lar
um país
uma pátria
um futuro
uma vida

querem o fim
da violência
da intolerância
das sirenes
das bombas
querem o direito
de ser criança

pedem pra carregar
nos seus braços
não a morte
não o medo
mas a sua bandeira
a sua infância

Patrícia Andrade