Ciclo do Marabaixo: festa para Santíssima Trindade


Neste fim de semana continua a programação do Ciclo do Marabaixo nos dois bairros que tradicionalmente realizam os festejos, Laguinho e Santa Rita, agora em honra à Santíssima Trindade. No domingo, 8, inicia com missa na Igreja São Benedito e café da manhã, e à tarde os festeiros pegam os ramos de murta em casas próximas e logo depois fazem o cruzamento das bandeiras no Centro de Macapá. A programação segue nas quatro residências onde acontecem os festejos até 7h da manhã, quando os mastros são levantados.

Ao contrário do Laguinho, que rende homenagem ao Divino Espírito Santo e Santíssima Trindade, no Santa Rita, antiga Favela, os festejos são para a tríade sagrada. A Associação Cultural Berço das Tradições Amapaenses, da família de descendentes de Gertrudes Saturnino, pioneira que levou o marabaixo do Centro para a Favela, festeja a Santíssima Trindade, que é um dos Mistérios da crença cristã, que acredita em um só Deus, formado pelo Pai, Filho e Espírito Santo. A Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic), também da Favela, faz o mesmo ritual.

A presidente do Berço do Marabaixo, Marilda Costa, neta de Gertrudes e filha de Natalina Costa, explica a comprovação da fé na Santíssima Trindade. “Mamãe não conseguia engravidar, e minha vó fez uma promessa para a Santíssima, que já era homenageada nos festejos do marabaixo, e nasceu meu irmão mais velho, Manoel. Com a graça alcançada, começamos a pagar a promessa com o almoço dos Inocentes, para doze crianças, que se incorporou à nossa tradição. Assim começamos a festejar a Santíssima Trindade dos Inocentes e até hoje o almoço é feito”, relata.

Com a urbanização do bairro, as tradições tiveram que ser adaptadas para não criar conflito com a comunidade, e a educação ambiental começou a ser implantada. Os bailes dos sócios foram substituídos por rodadas de marabaixo, os fogos liberados até 22h, e o som das caixas não ultrapassam o permitido por Lei . “Os bailes são abertos e atraem qualquer pessoa, o que pode trazer problema. No marabaixo vai quem gosta da tradição”, disse a presidente. Atualmente não se retiram mais mastros na mata, e levantam cilindros de fibra, para incentivar a preservação da natureza.

Na sexta-feira, 6, iniciam as novenas na casa de dona Natalina Costa,  a partir das 19h. Domingo, 8, às 16h, os brincantes e devotos seguem percorrem o bairro com os ramos de  murta e às 17h se encontram com os demais grupos da Favela e Laguinho na avenida Fab onde fazem o cruzamento das bandeiras da Santíssima e do Divino. Logo após, seguem para as casas dos festeiros onde dançam marabaixo até 7h da segunda-feira, 9, quando os mastros são levantados.

Texto: Mariléia Maciel
Fotos: Márcia do Carmo

Grupo Cultural Religioso Arautos do Axé resgata a tradição afro no Amapá


Com dança, música e atitudes que exaltam a cultura negra, o grupo cultural Arautos do Axé resgata a tradição afro-brasileira no Amapá, que tem por finalidade promover ações lúdicas que visem diminuir o preconceito e a intolerância religiosa, hoje também classificada como bulling, dos jovens e da sociedade em geral para com os praticantes, e simpatizantes, das religiões de matriz africana.

“Trabalhamos toda a questão racial. O objetivo é não deixar nossas origens se perderem e também combatermos o preconceito em relação a nossa religião”, informa a responsável pelo Centro, mãe Nina de Iemanjá.

O grupo está vinculado ao Instituto Cultural e Educacional Nina Souza (CENS), fundado em 15 de junho de 1997, elevando de Centro somente Educacional para, também, Cultural, com atividades que passaram a atender aos Jovens e às Mulheres da Comunidade em que está inserido e todo o entorno. Hoje, como Instituto CENS, possui uma nova formatação estatutária e, assim, e apresenta suas ações e projetos aos órgãos governamentais competentes.

O Grupo Cultural de Dança Afro Religioso Arautos do Axé é composto de 16 integrantes, filhas e filhos da casa de Tradição em Candomblé Jeje “Hundo Yá Olocun Ejaredê”, comandados pela sacerdotisa e reverenda Yá Ejaredê (mãe Nina de Iemanjá). Está localizado no bairro Novo Buritizal, na avenida Violeta Mont’Alverne, nº 1595.

“Nosso centro está localizado próximo a uma grande área de baixada, com um número alto de famílias em situação de risco social. Esta, portanto, foi a principal motivação para criação do Centro, antes somente Educacional, hoje Cultural, com atividades atendem aos Jovens e as mulheres da comunidade e do entorno”, ressalta mãe Nina.

O grupo já realizou apresentações em 2012 no primeiro seminário de Religiões da Rede de saúde de Terreiro (Seafro), no seminário Afro Mulher (Seafro), no seminário Raça e cor (Escola Estadual Aracy Mont´’Alverne) , no Encontro dos Tambores (Centro de Cultura negra do Amapá CCA/UNA) e  II Festival Amazônico na Rota de Iemanjá (Adap). Em 2013 estiveram na Premiação de Personagens Afros Amapaenses (Museu Sacaca), na entrega de Certificados de Pós Graduados em História da África (Museu Sacaca), na 7ª Primavera dos Museus (Secult), na 50ª Expofeira do Estado do Amapá (Secult), no Encontro dos Tambores (Centro de Cultura negra do Amapá CCA/UNA) e no III Festival Amazônico na Rota de Iemanjá (Adap).

Contatos:
Fones para contatos: (96) 9154-6802/8133-3739/9124-4712
Falar com: Nina Souza ou Almeida Canuto

Texto: Pérola Pedrosa – Jornalista.
Fotos: Arquivo do grupo cultural.

ATENÇÃO: Banzeiro do Brilho-de-Fogo iniciou as Oficinas Rítmicas Itinerantes


O Banzeiro do Brilho-de-Fogo iniciou as Oficinas Rítmicas Itinerantes, com instrutores ensinando o som do Amapá por toda a cidade. Na noite de segunda-feira, 2, foi contagiante na Estação Locoreggae e chamou atenção de crianças e jovens que começaram a tocar caixas e tambores. No segundo semestre todos estarão formando o cortejo que vai arrepiar a cidade.

ONDE ESTAREMOS NOS PRÓXIMOS DIAS:

– De 2 a 7 de junho : Locoreggae (Praça da Unimed) das 18h às 20h.

– De 8 a 13 de junho Casa Fora do Eixo (Beirol) das 18h às 20h.

– De 22 à 27 de junho Espaço Caos (Centro- Próximo à UEAP) das 19h às 21h.

O MELHOR: Não paga nada para participar das oficinas e aprender e ser batuqueiro do Banzeiro do Brilho-de-Fogo. Forme sua turma, de no mínimo de 10 pessoas, vamos a qualquer lugar de Macapá. São seis dias de aula.

1º Festival de Cultura Popular do Amapá


O 1º FESTIVAL DE CULTURA DO AMAPÁ é um circuito de circulação de espetáculos, da musica, da dança, do circo, teatro cujo o objetivo principal e a criação de novos grupos artísticos e a valorização dos produtores culturais que fazem da cultura uma labuta diária para seu fomento profissional. 

Em Macapá o FESTIVAL acontecerá de duas maneiras uma com circulação de espetáculos e outra com o certame de novos talentos.

No dia 07 de junho no Ginásio Poliesportivo do Bairro: Santa Inês ocorrerá o concurso de Danças Livres, e as inscrições para o concurso ocorrerão nos dias 02, 03 E 04 de junho no Teatro das Bacabeiras, das 10h às 15 horas, onde cada participante terá que levar um breve histórico de criação do grupo ou artista que participará do concurso de Danças livres ( jazz, Melody, hip-hop, folclórica, afro, contemporânea ) que disputarão a premiação no valor de até R$ 2.000,00 . Haverá neste dia também atrações artísticas que darão um brilho especial ao festival.

Para a área da música o 1º FESTIVAL DE CULTURA POPULAR oportunizará a criação de novos talentos, o concurso será voltado para o fomento exclusivo de novos bandas e cantores, poderão participar todo e qualquer artista da área da musica que não seja profissional, as inscrições ocorrerão nos dias 04,05, 06 e 09 de junho no Teatro das Bacabeiras, das 10h às 15 horas, onde no ato da inscrição os artistas candidatos deverão apresentar um vídeo com no máximo 04 minutos em DVD de sua apresentação de musicas de autoria própria ou de livre escolha, o certame pagará premiações de até R$ 5.000,00 para os vencedores, as seletivas ocorrerão no período de 17 a 21 de junho. A final acontecerá no dia 05 de julho na Praça do Bairro Jardim Felicidade 02, aproximando ainda mais a população da cultura, além de valorizar as comunidades e os artistas em uma vasta e grandiosa programação cultural

Contatos para entrevista: 8126 0880 / 9175 8550, Cliver Campos (divulgador evento).

Ciclo do Marabaixo: hoje é Quarta-Feira da Murta e os festejos duram 13 horas no Laguinho


Quarta-feira da Murta do Divino Espírito Santo, 28 de maio, o Grupo Raimundo Ladislau cumpre mais uma etapa do Ciclo do Marabaixo deste ano, com o ritual que inicia às 16h e só termina no outro dia, Quinta-Feira da Hora, às 7h, quando  o  mastro é levantado. É o início dos festejos para o Divino Espírito Santo, que tem ainda novenas e bailes que se entendem o dia 30. Os festeiros Raimundo Ramos  e Iury Soledade, neto e tataraneto do Mestre Julião Ramos, prometem as treze horas de festa com ordem e segurança.

O Ciclo do Marabaixo é realizado em Macapá nos bairros Laguinho e Santa Rita, antiga Favela, e iniciou durante a Semana Santa. Os dois são redutos de famílias negras, que no início do povoamento de Macapá, foram transferidos do Centro para estes bairros.  A tradição é a mesma do século passado, mas cada um desenvolveu algumas particularidades. Duas famílias de cada bairro fazem a festa, no Laguinho em honra à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo,  e na Favela somente para a Santíssima.

O Divino Espírito Santo reúne inúmeros devotos, que professam a fé cantando,  dançando, fazendo e pagando promessa.  Duas famílias descendentes do precursor do marabaixo, Julião Ramos, são os responsáveis pelos festejos no Laguinho, a da de Benedita Ramos e a do Mestre Pavão. Dona Benedita, conhecida como Tia Biló, única filha viva de Julião, ainda participa da programação, hoje comandada pelos filhos, netos e bisnetos, que formaram a Associação Raimundo Ladislau.

O Mastro que será levantado foi retirado no último sábado, no Curiaú, e domingo levado para a casa da Tia Biló. Como é tradição, na Quarta-feira da Murta, os participantes saem nas ruas do Laguinho carregando os ramos, que têm uma simbologia religiosa, por remeterem ao galho descrito na Bíblia, que anunciou o final do dilúvio, e também mística, por acreditarem que espanta o mau-olhado. Os ramos são guardados junto aos dois mastros do Divino e, após uma noite inteira de rodadas de marabaixo, fogos, entre goles de gengibirra e caldo, começam a ser arrumados nos mastros às 6h. Uma hora depois eles são levantados.

A programação no Laguinho continua nos próximos dias com ladainhas, missa, banquetes e bailes, até 19 de junho, dia de Corpus Christi, quando encerra mais um Ciclo do Marabaixo. Iury Soledade diz estar satisfeito com a participação da população e devotos que preservam a cultura e demostram sua fé durante os festejos. “Estamos preparando com muito carinho e cuidado a programação, para que todos sintam-se bem e professem sua devoção. Isso ajuda a manter viva nossa cultura do marabaixo”, disse o festeiro.   

Texto: Mariléria Maciel
Fotos: Márcia do Carmo 

Encontro de Bandeiras faz grupos de marabaixo voltarem ao passado

Por Cássio Albuquerque, do G1 Amapá

Os grupos de marabaixo do Mestre Pavão, oriundo do bairro do Laguinho, Zona Norte de Macapá, e da Dica Congó, do antigo bairro da Favela, onde atualmente é localizado o bairro Santa Rita, na Zona Sul da capital, voltaram no tempo e homenagearam os fundadores destas comunidades no encontro das bandeiras que ocorreu neste domingo (25), na Avenida FAB, bairro Central. O evento faz parte do Ciclo do Marabaixo em Macapá, que iniciou no dia 19 de abril e encerra no dia 22 de junho, Dia de Corpus Christi.

O ato resgatou as manifestações de marabaixo dos negros que moravam no Centro, mas foram obrigados a deixar o local e foram remanejados pelas autoridades da época para o Laguinho e para a Favela, onde foram fundados os grupos. Décadas depois, familiares de Dica Congó e Mestre Pavão se uniram na bandeirada com adeptos e simpatizantes para celebrar a cultura afrodescendente local.

A festeira da comunidade da Dica Congó, Elizia Congó disse que o encontro quebra o rumor de uma possível rivalidade entre as duas comunidades. “São duas famílias tradicionais que hoje estão unidas. Com certeza eles [Pavão e Dica Congó] estão aqui, torcendo pela gente, porque estamos preservando o marabaixo”, reforçou.

A festeira da comunidade do Pavão, Ana Ramos se alegrou ao ver a união das duas comunidades no encontro. “Nós somos as raízes do marabaixo em Macapá e todo ano festejamos juntos. Esse ano não vai ser diferente”, disse animada.

A programação do encontro entre as comunidades encerra às 17h na Mendonça Júnior, no barracão da Tia Congó, com rodas de marabaixo.

Aprovada em 2 turnos a PEC 111


O Senado aprovou em dois turnos, de uma só vez, a tão esperada PEC 111, Proposta de Emenda Constitucional que na prática permite aos servidores dos ex-territórios federais do Amapá e de Roraima fazerem a opção pelos quadros da União. Se todos os servidores dos ex-territórios fizeram a mudança, haverá uma economia para governo do Amapá e 5 municípios de algo em torno de R$ 600 milhões.

A autora da PEC é a deputada federal Dalva Figueiredo (PT). Na Câmara Federal a votação em abril foi esmagadora. Foram 357 votos a 1 no segundo turno. No Senado, o placar também foi elástico: 64 votos a favor no primeiro turno e 61 no segundo turno dos 81 votos possíveis. O Executivo tem agora 180 dias para regulamentar a lei. “O Executivo é obrigado a cumprir esse prazo”, enfatizou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Basicamente poderão solicitar a mudança todos os servidores que comprovarem que entre outubro de 1988 e outubro de 1993 prestavam serviços às prefeituras de Macapá, Mazagão, Amapá, Calçoene e Oiapoque. Funcionários que hoje estão à disposição do governo do Estado também estão incluídos.

O próximo desafio agora é aprovar a PEC 14, de autoria de Randolfe Rodrigues, que inclui os militares dos ex-territórios. “Essa proposta tem uma rejeição maior do governo que alega existir a possibilidade de abrir precedente para militares de outros estados”, analisou Rodrigues. A PEC 14 tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas há grandes chances de ser aprovada se houver uma nova união de bancadas.

Artesanato amapaense será exposto nas sedes dos jogos da Copa 2014

Por Paula Monteiro, do Portal Amazônia

Engana-se quem pensa que só de futebol vive a Copa do Mundo. O maior evento futebolístico também mostrará talentos fora dos gramados. Os brasileiros vão mostrar que também entendem de artesanato por meio do projeto ‘Vitrines Culturais’, promovido pelo Ministério da Cultura e do Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. No Amapá, o projeto selecionou dois trabalhos que serão expostos e comercializados nas ‘Fifa Fan Fest’ e espaços culturais das cidades sede dos jogos da Copa do Mundo de Futebol: em Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Um das peças escolhidas foi ‘Seu Zé’, que retrata o ribeirinho da Região Amazônica, feita pelo artesão Paulo Mendes de Morais. São imagens feitas em argila, que representam o caboclo. Morais terá 30 peças expostas, divididas entre Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. O artesão é morador do bairro Zerão, Zona Sul de Macapá.

O segundo trabalho escolhido pelo Ministério da Cultura foi o conjunto de brincos ‘Flor da Amazônia’, da artesã Eliane Fernandes Pioli . As bijuterias são feitas à base de escamas e pele do peixe Pirarucu (Arapaima gigas) – um dos maiores peixes de água doce do planeta encontrado na Amazônia. Eliane produzirá 50 peças que ficarão expostas nos espaços ‘Fifa Fan Fest’, no Rio de Janeiro.

No Amapá, foram 29 peças inscritas, em um total de 13 artesãos. Os trabalhos tinham que atingir a pontuação mínima de 30 pontos para serem selecionados. As peças vencedoras começam a ser entregues à Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo (Sete), a partir do dia 19 de maio. Até o dia 26 deste mês, eles embarcam para os destinos selecionados.

A Sete ficou responsável pela divulgação e orientação do projeto ‘Vitrines Culturais’, na capital. “Acompanhamos os artesãos e demos todo o suporte necessário. Será um momento histórico para o artesanato amapaense ter o nosso trabalho visto por pessoas do mundo inteiro”, disse a chefe de gabinete da Sete, Naldima Flexa.

Projeto fomenta cultura do marabaixo e batuque, no Amapá

Por Paula Monteiro, do Portal Amazônia

O marabaixo é uma das heranças culturais deixadas pelos escravos que chegavam ao Amapá nos navios negreiros da África. A manifestação reúne dança, música e cortejo que resultam em uma riqueza sonora e visual que pulsa nas veias das comunidades quilombolas do Estado, assim como o batuque. A força da tradição deu origem ao projeto ‘Banzeiro do Brilho-de-Fogo’ que vai dar a oportunidade de pessoas de todas as idades a criar os instrumentos de batuque e marabaixo, como tocá-los e confeccionar adereços relativos à expressão histórica.

O projeto ‘Banzeiro do Brilho-de-Fogo’ será dividido em etapas. A primeira delas corresponde às oficinas que acontecem nos meses de maio e de junho deste ano, aos sábados e domingos, no Centro Cultural Raízes do Bolão no Curiaú (a oito quilômetros da capital). As aulas serão gratuitas e ministradas por músicos e artesãos reconhecidos na cultura popular do segmento. “A ideia é aproximar a população amapaense da sua própria história. As oficinas são abertas para o público em geral, sem distinção. Nossa expectativa é capacitar 150 músicos, além de alcançar outros distritos da capital”, informou o diretor musical do projeto, Alan Gomes.

O instrutor Paulo Bolão, de 53 anos, faz parte do grupo que ensinará os segredos do marabaixo e do batuque nas oficinas. Desde os sete anos, ‘Bolão’ respira a cultura afrodescendente. Apesar do samba ter entrado em sua vida (ele chegou a ser diretor da escola de samba Boêmios do Laguinho), é no marabaixo que se sente mais ‘vivo’. O instrutor também integra o ‘Grupo Raízes do Bolão’, que representou o Amapá na edição 2013 do ‘Sonora Brasil’; projeto nacional que realiza intercâmbio cultural com grupos tradicionais de música popular de diferentes regiões do país. “Devemos lutar por nossa cultura e jamais perder a nossa identidade”, disse.

O jovem Diego Bolão, de 18 anos, é um bom exemplo da força do marabaixo e do batuque que transcende gerações. De aprendiz a professor, ele também será um dos instrutores do ‘Banzeiro do Brilho-de-Fogo’. Ainda pequeno, aos cinco anos de vida, ele já ensaiava os primeiros passos na música e arriscava tocar as ‘caixas de marabaixo’; instrumento de percussão. “Eu tentava copiar meu pai, tios e avô. Hoje, sei tocar todos os instrumentos de percussão e ensino nas escolas e nas comunidades envolvidas com a manifestação”, disse orgulhoso.

Na segunda etapa do projeto, as oficinas acontecerão nos meses de agosto e setembro deste ano, também aos fins de semana. A etapa seguinte corresponde aos ensaios fechados para pôr em prática o aprendizado e praticar nos ensaios abertos, onde os músicos irão percorrer as principais ruas da capital em grandes apresentações. Os ensaios abertos serão, ainda, intercalados com shows musicais de artistas regionais. O percurso e as datas serão definidos pela coordenação do projeto.

Sobre as oficinas

As oficinas estão abertas para quem quiser aprender a tocar e fabricar instrumentos musicais do marabaixo e batuque e fazer artesanato dos acessórios relacionados à manifestação cultural. As oficinas são gratuitas e acontecem aos fins de semana pela manhã. As inscrições serão realizadas no Centro Cultural Raízes do Bolão no Curiaú. Serão ofertadas 150 vagas, ao todo.

Instrumentos ecologicamente corretos

No marabaixo e batuque as músicas são reproduzidas a partir de tambores e outros instrumentos feitos com madeira. Para as oficinas, os instrumentos como ‘caixas de marabaixo’ e tambores, serão confeccionados a partir de caixotes usados para transportar alimentos encontrados normalmente em feiras e supermercados. O alumínio, necessário em alguns equipamentos, será reutilizado a partir de latões de tinta, por exemplo. Quem quiser fazer doações desses materiais, basta ir até o Centro Cultural Raízes do Bolão, no Curiaú.

Como surgiu a ideia do projeto ‘Banzeiro do Brilho de Fogo’?

Inspirado no ‘Arraial da Pavulagem’, no Pará, que leva para as ruas músicas e características regionais, como o boi e o carimbo estilizado, o ‘Banzeiro do Brilho de Fogo’ visa valorizar e divulgar a cultura do marabaixo e do batuque. O Beija-flor-brilho-de-fogo (Topaza pella), pássaro de beleza exuberante encontrado nas florestas, foi escolhido como símbolo do projeto.

Neste primeiro ano do projeto, a Prefeitura de Macapá apoia a atividade, mas a intenção é torná-lo independente nas próximas edições.

Notas para Patrícia Bastos e Zulusa

Por Yurgel Caldas

Nos últimos dias, pelo Facebook, na divulgação e campanha por conta das indicações de Patrícia Bastos/Zulusa ao 25º Prêmio da Música Brasileira, não foram poucos os comentários em prol do orgulho do notável fato artístico em detrimento do novo achincalhe que o Estado do Amapá vem sofrendo em função de reiteradas denúncias de corrupção e imoralidades várias com o dinheiro público. Pois é, pelo menos ontem o orgulho tucuju transcendeu a vergonha dos nossos representantes legisladores e suas redes de muitos tráficos. 

Ontem, no 25º Prêmio da Música Brasileira, na categoria Regional, “Zulusa” venceu o prêmio de Melhor Álbum e Patrícia Bastos o de Melhor Cantora. “Zulusa” encontrou na direção musical e nos arranjos de Dante Ozzetti seu perfeito condutor, que ainda assina a produção do trabalho juntamente com Du Moreira. Se no disco anterior (“Eu sou Caboca”), o poeta Joãozinho Gomes “batiza” a sua musa, Zulusa é a crisma da cantora. Aliás, quem o faz é o mesmo poeta, a propósito João Batista Gomes. Pois é, lembre-se que a Caboca Patrícia já havia sido indicada em duas categorias, no mesmo Prêmio da Música Brasileira, em 2010. 

O poeta-profeta que escreve o que sai da voz da musa (“Eu sou caboca/ A minha voz não caduca/ Não fica rouca/ Dá troco a quem me cutuca/ Nunca fui oca/ Trago esse mundo na cuca/ Amo a maloca”) é o mesmo que confirma: “Cafuza sim, confusa não/ Nasci do plim… duma fusão/ Cumpre-se em mim uma missão/ Zulusa assim luze paixão”. 

Ainda o mesmo Joãozinho Gomes, numa postagem logo após o anúncio dos vencedores do referido Prêmio, publicou sua placa de final de campeonato: “EU JÁ SABIA!” Covardia para quem é p(r)o(f)eta! E no vagar desse banzeiro, digo que Patrícia encontrou um time de primeira em “Zulusa”, um time que joga afinado para o gol da musa. Senão, vejamos: na sólida defesa, Trio Manari, Du Moreira, Raízes do Bolão, Paola Bastos e Paulo Bastos – basta pro nosso time não ser vazado. No meio, para ditar os ritmos do jogo: Toninho Ferragutti, Marta Ozzetti, Marcelo Pretto, Zé Pitoco, Italo Peron, Ricardo Araújo, Luiz Amato, Manoel Cordeiro, Felipe Cordeiro, Floriano e Heloisa Fernandes. Na frente, enlouquecendo as defesas adversárias: Allan Carvalho, Ronaldo Silva, Joãozinho Gomes (sim, que também joga bola e se vê em Thiago Silva em ação) – por isso é o capitão da equipe –, Celso Viáfora, Leandro Dias, Carla Cabral, Jorge Andrade, Enrico Di Miceli, Vítor Ramil, Ricardo Corona, Luiz Tatit, Júnia Vale, Val Milhomem, Amadeu Cavalcante, Guinga e Paulo César Pinheiro. Como centroavante, ela, Patrícia Bastos, com a artilharia leve e precisa, que joga em qualquer terreno, das bandas do Elesbão aos campos do Laguinho, passando pela Síria com escala no Sudão. Não posso esquecer de mencionar que o técnico só pode ser Dante Ozzetti, que, se for preciso, entra no gramado e joga em várias posições.


Patrícia Bastos venceu e causou. Agradeceu e partiu pro abraço. Pode vir Patrícia, todos os nossos abraços são seus, e que outros prêmios venham também, pois a música é o louvor da musa. Estamos aqui para aquecer sua bela voz, com muitos carinhos e um bom gole de gengibirra. Salve!

Yurgel Caldas é professor do Curso de Letras da Universidade Federal do Amapá (Unifap).