Neste mês de abril, em Belém (PA), foi estabelecido o Fórum Permanente pelo Protagonismo Amazônida. O projeto conta com pesquisadores, jornalistas, políticos e agentes culturais de todos os estados da Amazonia. Leiam a Carta de Apresentação da iniciativa:
Protagonismo Amazônida, uma condição fundamental
Somos força coletiva que defende o protagonismo dos sujeitos amazônidas no pensar e agir sobre a região. O Fórum reúne agentes sociais que reivindicam uma ruptura com o modelo neoextrativista e buscam novas alternativas de existência na Amazônia.
Os componentes desta iniciativa atuam em diferentes campos: educação, direito, comunicação, pesquisa, artes, política, movimentos sociais, saúde, meio ambiente, economia, cultura, serviço social, gestão, comércio, empresarial, relações internacionais, urbanismo, entre outros.
Oferecendo contribuições de suas áreas, mas em perspectiva holística, os participantes passaram a dialogar em reuniões desde o início de 2023 para a coprodução de saberes e elaboração de estratégias que atendam a importantes demandas coletivas e que expressem a pluralidade das Amazônias.
O que defendemos
O Fórum Permanente pelo Protagonismo Amazônida assume uma herança de resistências a opressões em suas diferentes manifestações na região desde o início da exploração colonial. São mais de 500 anos de lutas em contraposição a modelos econômicos contrários à vida e que têm provocado danos irreversíveis em um dos biomas mais complexos do Planeta.
Defendemos que o atual modelo capitalista não promove desenvolvimento e que a economia deve ser vista como movimento propulsor de bem-estar, liberdade, preservação e segurança.
O protagonismo é fundamental para que as experiências de sujeitos amazônidas, alternativas ao capital, passem a pautar o ciclo de políticas públicas, dominado historicamente por formas de pensamento hegemônicas e grupos de pressão políticos e econômicos internacionais e de outras regiões do Brasil.
Nossos compromissos
Enfatizamos nosso compromisso com o fortalecimento da democracia, da defesa dos direitos humanos, da vida e diversidade, da economia solidária; concentração no combate à miséria, pobreza, violências, racismo, desigualdades sociais e incorporação de saberes amazônidas.
Observamos, de forma interseccional, os problemas que afetam a Amazônia, especialmente às juventudes das zonas urbanas e do campo – consideramos fundamental o incentivo à participação política e ao protagonismo de jovens de comunidades e povos tradicionais, indígenas, afrodescendentes, LGBTQIA+ e movimentos culturais das periferias.
Compreendemos a importância da comunicação na atualidade e desenvolvemos estratégias para sustentar debates qualificados acerca da região em diferentes esferas de discussão pública, especialmente ações de conscientização socioambiental e relativas à possibilidade de realização, em Belém-PA, da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30).
Reunido em grupos de trabalho interdisciplinares, o Fórum se concentra na elaboração de propostas de desenvolvimento socioambiental que possibilitem a preservação do bioma Amazônia e a manutenção da oferta de emprego e renda.
Por uma visão crítica do protagonismo
Desde o processo de colonização até hoje, os residentes na Amazônia tiveram, quando muito, papéis subordinados e meramente operacionais na implementação de modelos econômicos presididos pela cultura, lógica e interesses de quem não reside nesta região/continente.
Da extração das “drogas do sertão” à mineração, passando pela borracha, ouro, grandes projetos, soja, pecuária extensiva etc., o gigantesco manancial de recursos extraídos não significou geração de riqueza local.
Nem como qualidade de vida para a população e sequer como formação bruta de capital.
Há explicações científicas, históricas, políticas, econômicas para esse processo, mas precisamos, como amazônidas, protagonizar em larga escala movimentos e mobilizações que pautem modelos de desenvolvimento para a nossa região; modelos que sejam amadurecidos e negociados entre amazônidas, sem exclusão da escuta de tudo que possamos ter de conhecimentos.
Aí está o que entendemos como protagonismo. A determinação, inclusive psicológica, de assumir a responsabilidade, sem qualquer tutela, pela escolha do modelo de desenvolvimento econômico, social, cultural, ambiental, político etc. para o lugar em que vivemos e onde geramos todas as riquezas e insumos necessários para uma vida digna. Sem xenofobia, nem qualquer isolamento. Apenas soberania e democracia para firmar uma nova postura de sociedade.
Não há paz onde há miséria e injustiça. Que a riqueza material da Amazônia se harmonize à grandeza de seu povo.
Signatários
1 João Claudio Tupinambá Arroyo – Coordenador de Mestrado (Unama), pesquisador em economia solidária e membro do IHGP.
2 Ida Pietricovsky de Oliveira – Especialista em comunicação do UNICEF em Belém.
3 Ana D’Arc Martins de Azevedo – Doutora em Educação e pesquisadora em comunidades tradicionais. Professora da Unama e Uepa.
4 Gabriella Florenzano – cantora, cineasta, jornalista, pesquisadora e professora. Doutoranda em Ciência e Tecnologia das Artes pela Universidade Católica Portuguesa, coeditora do Portal Uruá-Tapera. 5 Mário Tito Barros Almeida – Doutor em Relações Internacionais,
pesquisador em soberania e segurança alimentar, servidor público federal Incra, Economista, Filósofo e Teólogo.
6 Hans Costa – Doutorando e mestre em Ciências da Comunicação. Professor e coordenador dos cursos de Comunicação Social da Unama. 7 Alberto Teixeira da Silva – sociólogo, doutor em Ciências Sociais,
professor aposentado da UFPA e técnico em gestão ambiental (temporário) da Semas.
8 Márcia Corrêa – Jornalista.
9 Rodrigo Tobias – Pesquisador e doutor em saúde pública da Fiocruz Amazônia.
10 Rita Soares – jornalista, mestre em Ciência Política (PPGCP/UFPA), diretora da Jambo Estratégias em Comunicação.
11 Fátima Lucia Carrera Guedes – Graduada em Ciências Sociais, mestra em Política e Desenvolvimento Sustentável, doutora em Ciências Sociais (Política de Cultura), atriz (amador), professora.
12 Rosemiro Canto Filho – sociólogo, advogado, procurador federal da Advocacia Geral da União – AGU.
13 Carlos Augusto Pantoja Ramos – Engenheiro Florestal, mestre em Ciências Florestais/UFRA e estudante de doutorado no INEAF/UFPA.
14 Manoel Gomes de Sousa – Bancário, bacharel e licenciado em Ciências Sociais (Unama), especialista em Políticas Públicas (UNICAMP), Docência do Ensino Superior (Unama), mestre em Governo e Políticas Públicas (FLACSO).
15 Júlia Borges – Pesquisadora, criada em Belém (PA), bacharel em Relações Internacionais (Unama). Licenciada em Geografia e mestra Políticas Sociais (UENF). Professora credenciada da UFF na Pós- Graduação Lato Sensu em Gestão de Territórios e Saberes (TERESA). 16 Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira – Professor e psicólogo.
17 Antonio Maués – Professor Titular do ICJ/UFPA.
18 Antônio Comaru – Engenheiro civil e professor de Gastronomia.
19 Fernanda Cabral – Estudante de Comunicação Social (Publicidade e Propaganda), mulher amazônida, LBT, militante do coletivo Juntos!, militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), construindo a setorial Ecosocialista do PSOL.
20 Raiana Siqueira – Antropóloga, mestra em Sociologia e Antropologia, doutoranda em Desenvolvimento Sustentável (NAEA/UFPA), militante ecossocialista e do PSOL.
21 Patrick Paraense – Um publicitário preto na Amazônia, diretor de estratégia da Troika Inteligência Política.
22 João Silva – Mestre em Sociologia, pesquisador decolonial e interseccional da Amazônia litorânea brasileira, com enfoque cotidiano nos territórios do Pará e do Amapá. Poeta.
23 Paulo Miranda – Cineasta.
24 Fernando Sette Câmara – Trabalho com imagem há mais de 12 anos, cobrindo o Pará e suas belezas. Há 9 anos lancei o meu livro “Espia o Pará”. E há 7 anos montei meu projeto Expedição Pará.
25 Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira – Comunicóloga, mestre em Extensão Rural, pesquisadora em Educomunicação na Embrapa.
26 Diego Pereira Santos – Doutorando em História da América e da África na Universitat de Barcelona e o professor dos cursos de História da Universidade Estadual do Pará (UEPA) e da Universidade da Amazônia (Unama).
27 Maíra Evangelista de Sousa – Jornalista, doutora em Comunicação e Informação (UFRGS) e professora dos cursos de Comunicação Social e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da Universidade da Amazônia (Unama).
28 Ivana Oliveira – Doutora em Ciências Socioambientais (NAEA/UFPA), Professora titular dos cursos de Comunicação Social e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da Universidade da Amazônia (Unama).
29 Franssinete Florenzano – Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Abrajet, do IHGP e do IHGTap.
30 Aldenor Araújo Júnior – Jornalista, chefe de gabinete da Prefeitura de Belém.
31 Cristina Serra – Jornalista e escritora.
32 Paulo Nunes – Poeta e pesquisador da Universidade da Amazônia, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará – IHGP.
33 Fernando Arthur de Freitas Neves – Professor da Universidade Federal do Pará.
34 Gilzely Medeiros de Brito Cavalcante – Advogada, ativista socioambiental e empreendedora social.
35 Thiago Almeida Barros – Doutor em Comunicação, Linguagens e Cultura, jornalista e professor.
36 Manoel de Christo Alves Neto – Psicólogo, mestre em Educação, funcionário público 37 estadual, professor na Unama. Poeta, membro fundador da Academia Curuçaense de Letras, Artes e ciências (ACLAC). 37 Jarbas Vasconcelos
38 Pilar Ravena de Sousa – Advogada e professora da Unama.
39 Ursula Vidal – Jornalista, documentarista, ambientalista e Secretária de Cultura do Pará.
40 Hilton Pereira da Silva – Professor do Programa de Pós-graduação em Antropologia e do Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia da UFPA.
41 Geyza Alves Pimentel – Professora – UFRR.
42 Cyntia Meireles Martins – Professora – Ufra/PPAD-Unama 43 Paulo Miranda – Cineasta.
44 Simão Farias Almeida – Líder do grupo de pesquisa Mídia, conhecimento e meio ambiente: olhares da Amazônia (Universidade Federal de Roraima).
45 João Ramid Brarymi Borges – Jornalista – DRT 590 Pa.
46 Nirvia Ravena – professora Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA)
47 Padre José Ivanildo de O. Melo
48 Márcio Moreira – Jornalista, poeta, cantor e compositor. 49 Caetano Scannavino
50 Vânia Maria Torres Costa – Jornalista e professora da Facom e PPGCOM/UFPA.
51 Jorge Panzera – Militante político da luta social, presidente estadual do PCdoB no Pará e presidente da Imprensa Oficial do Estado do Pará.
52 Edmilson Rodrigues – Arquiteto e professor. Prefeito de Belém-PA. 53 Claudio Puty – Economista. Secretário de Gestão da Prefeitura de Belém-PA.
54 Lívia Duarte – Deputada estadual pelo PSOL.
55 Giselle Arouck – Economista e gastróloga. Professora mestra da Unama e Uepa. Pesquisadora dos alimentos étnicos da Amazônia.
56 – Jacqueline Cunha da Serra Freire – Professora da Faculdade de Formação e Desenvolvimento do Campo (Fadecam-UFPA). Vice-presidente da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (AILPcsh).
57 Fábio Tozzi – Doutor em Medicina. Ativista e defensor do SUS. Desenvolve modelos de saúde para populações tradicionais adaptados à realidade amazônica.
58 Antônio José – Professor doutor, jurista, imortal da APL e do IHGP. 59 Ana Cláudia Pinho – Promotora, jurista, garantista.
60 Kalynka Cruz – professora, diretora da Faculdade de Comunicação da UFPA, pesquisadora em Cibercultura.
61 José Carlos Lima – Assessor da presidência do BNDES e do PV no Pará. 62 Eulina Rodrigues – Professora mestra, criminalista, docente da Unama. 63 Priscila Tupinambá – Servidora na SEIRDH.