Tu sabias que a Fortaleza foi toda construída no Curiaú? Diz que o Sacaca o Paulino e o Julião Ramos vieram em cima da Fortaleza varejando até chegar na beira do Igarapé Bacaba onde amarraram a bichona na Pedra do Guindaste e foram tomar uma lá no boteco do sêo Neco. Diz que o o Alcy escreveu uma crônica E o Pedro Afonso da Silveira Júnior leu Oito horas da noite no Grande Jornal Falado E-2. Diz que, né? Diz que o mestre Zacarias vinha em cima do farol tocando um flautim feito com as aparas da porta de ébano… E que Dona Odália vinha fazendo flores de raiz de Aturiá sentada no maior de todos os canhões brincando com a Iranilde que acabara de nascer.
Diz que o Amazonas Tapajós vinha cantando ladrões de Marabaixo -ele, o Edvar Mota e o Psiu. E o João Lázaro transmitia tudo para a Difusora. Diz que até o R. Peixe pintou um mural -aquele que ficou no pátio da casa do Isnard lá no Humilde Bairro de Santa Inês de onde foi roubado pelo Galego e trocado por duas garrafas de Canta Galo e uma de Flip Guaraná, lá na Casa Santa Brígida… Hoje Macapá amanheceu bem mais triste que de costume. Roubaram a Fortaleza! Levaram o velho forte! De madrugada Dois ou três bêbados remanescentes viram passar aquela enorme coisa boiando rumo norte, parecendo uma usina de pelotização.
Andam comentando lá pelo Banco da Amizade que foi o Pitoca a Souza o Quipilino o Pombo o Zee e o Amaparino… E que o Olivar do Criôlo Branco e o Cirão estão metidos nessa história. Eu, hem!
Quatro poetas do Amapá farão uma intervenção diferente em uma praça de alimentação em Macapá, no sábado (17). Enquanto os clientes recebem os cardápios dos restaurantes, eles também receberão um menu de poesias, que serão declamadas durante a degustação.
Carla Nobre, Thiago Soeiro, Ryana Gabech e Pedro Stkls farão a intervenção com a intenção de instigar os clientes e até mesmo incentivar novos poetas. O “Cardápio Poético” acontece a partir das 19h30, na Zona Central da cidade.
De acordo com Pedro Stkls, integrante do grupo lítero-musical Poetas Azuis, essa é uma brincadeira com o espaço e também é uma forma diferente de apresentar a poesia para o público.
“Assim como o grupo Poetas Azuis faz uma maneira diferente de apresentar a poesia para as pessoas, essa também é uma intervenção diferente. Num formato semelhante com um sarau, mas com a participação ativa do público. Afinal, nada mais conveniente que dar um cardápio para quem está numa praça de alimentação”, explicou Stkls.
O evento terá a duração de uma hora e meia e será uma comemoração alusiva à antiga data do Dia Nacional da Poesia, 14 de março. Em 2015, a data, que fazia referência ao poeta Antônio Frederico de Castro Alves, foi alterada para 31 de outubro, nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Mesmo com a mudança, muitos poetas repudiam a medida e seguem celebrando o dia 14 de março. Para Stkls, a classe ganhou duas datas. “Muita gente celebra só um dia, nós temos dois!”, finalizou.
Serviço:
Cardápio Poético
Data: 17 de março (sábado)
Hora: 19h30
Local: No Container Food Park (Avenida General Osório, número 1184, no bairro Laguinho)
Entrada gratuita: gratuita
Livros ao chão E a doce ilusão De que sei algo! ah! De que sei algo – e me delongo na ilusória distração…
Mas, de súbito, se achega uma borboleta Asas e cor sob o ar, Flor delicada que, ao vento, quis morar… Ah! por que, carbono, a flor borboleta voa?
A já não me cabem noções de aerodinâmica! Por que também não nasci com asas? Se tão feliz, dançaria com as borboletas amarelas Que passeiam, em Setembro, pela estrada…
Por que, carbono, terra é marrom E essa pele que me reveste inteira, Ou este rosto, ou esse afã Por que aqui, neste momento E não noutro, em 1500?
Nada que a religião não sossegue E a filosofia não dite Mas, por que enfim, haveria de crer Num único motivo?
Se existem tantas cores e mesmo o corpo Tem quatro sentidos?
E na pouca certeza dos livros ao chão Entendo que mais que conhecimento Vivo mesmo É de colecionar por quês.
Essas mulheres… A culpa é da colombina que briga com o arlequim; a culpa é da bailarina que esconde os passos de mim; da rosa que fere o cravo, da chuva que molha o chão; a culpa é da atiradeira que fura São Sebastião; das folhas que vão o outono perdendo-se ao meu jardim; das horas que se adiantam fechando o botequim; a culpa é da primavera que ofusca o sol do verão; daquela cor amarela que faz do sorrir em vão; a culpa é da chapeuzinho que engana o Lobo Mau; A culpa é da Cinderela que esquece o pé de cristal; da Cuca que assusta o sítio, da pulga que coça o cão; a culpa é da purpurina que cola na nossa mão. E pra acabar o poema, antes que eu cause um tufão, mulheres que aqui me lerem, saibam logo, de antemão: não há homem nesse mundo, em qualquer rumo ou estrada, que consiga existir longe da mulher amada.
quando a gente segura um choro é como se segurasse o mar inteiro e é tão difícil segurar o mar às vezes sinto ele agitado revolto em meus pensamentos fazendo ondas em minha cabeça já me afoguei nele algumas vezes e deixei naufragar alguns problemas tenho um mar em meu peito e convivo com ele e todos os seus seres marinhos criaturas que ainda desconheço em uma vida repleta de mistérios e medos seguro o mar em meus dedos e toda fúria dos dias de tempestade e toda a calmaria dos dias de sol e sei que ninguém nunca desconfiou disso que eu era feito de mar que tenho corais em meus pés peixes em minhas costas que tenho o mar inteiro preso em meus olhos prestes a transbordar.
Pular a janela Para ver a lua Subir as escadas Pra colher estrelas Deitar no chão Pro teu passo leve Brincar de pira Pro teu sorriso Andar depressa Pro teu abraço Abrir os olhos Para o teu beijo