Velhos Bailes
Um silêncio tímido sugando os sons,
lateja e renasce quando digo que amo, até os pássaros em migração, bordados no pano de pratos sobrevoam minha voz, e se acasalam no eco.
As águas da torneira turbulentas acham o rodopio do ralo…Valsa!
No Outono desenhado na pintura do quadro sobre a Geladeira, amadurecem estrelas grávidas, e felizes.
No barulho dos cães correndo pela rua…
Pulgas saciadas escorregam nas pegadas dos pingos de chuva escorrendo nas vidraças, e fazem amor.
O passado dorme, e o futuro nada adivinha.
No entanto uma Joaninha adormece virgem, entre proparoxítonas, as mesmas que usei para te conquistar um dia.
Nada me fará voltar a caminhar por onde fui.
Só o horizonte observando meus passos grafitados no chão, imagina que um dia amei.
Eu mesmo não sei…
Mas indiferente ao movimento da Rosa dos Ventos que rege os destinos.
Piso sobre meus passos.
Não os reconheço estão ímpares.
Atônito…Dançarei um Fado, sem par…fadado ao fato de falhar de novo no terceiro ato…troco de lado e início um recomeço…agora do avesso.
Silencia em mim, o silêncio…
Nem o vento, nem o tempo, dançam…
Minha sombra…acena…
Em cena chego imberbe e pueril.
Acho inadmissível, eu não me reconhecer descendo do útero, em desalinho, há tantos anos atrás.
Luiz Jorge Ferreira
*Osasco (SP) – 22 de outubro de 2020.