a poesia escorre pela janela corre solta na folha pelos olhares mudos de quem segue sua rotina hoje é quinta-feira inverno nos corações cansados o poema se mostra pra mim mas não quero encará-lo tento fugir, ignorar mas a chuva na janela quer ser um poema não de amor, porque hoje é inverno a chuva quer ser hoje um poema de saudade.
II
O REAL POEMA
o poema é áspero fura se tocado com força corta os nós da língua fere o medo é belo incomodar a palavra adorar o neologismo fazer ruído na mais clara luz um poema pra ser real depende unicamente de você acreditar nele.
III
CLARIDADE
onde fica a luz do fim do túnel? é difícil saber em certos dias onde nem a rotina aguenta o poema perdido a palavra que é enfiada afiada no peito corta laços invisíveis que só o tempo faz esquecer você leu o jornal pela manhã a notícia era escura: nesta cidade não se escreve mais poemas de amor.
IV
SALVA-VIDAS
o poema é meu salva-vidas é nele que me apoio no alto mar das mágoas nas tempestades de angustia que o vento às vezes me traz quero me segurar nele por toda a vida ser ouvido sentido constantemente salvo do afogamento deus ouve os poemas assim como as orações.
Poemas de Thiago Soeiro (Vídeo e voz de áquila e.)
Nunca mais farei um pacto de viver com a vida. Sabe-se lá o que é vida.
Seria sair pisando descalço sobre a grama molhada. Ou rolar sobre o chão até beijar sua própria sombra sob o Sol. Eu acredito que seja pular amarelinha de olhos fechados, ouvindo Gardel.
Como não tem ninguém para brincar comigo de esconde-esconde. Eu apareço para mim mesmo fazendo de contas, que sou feliz.
Luiz Jorge Ferreira
*Do livro de Poemas “Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – São Paulo.
‘Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu…’
Do Heterônimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos. (Vídeo e voz de áquila e.)
há aquela canção do caetano que fala exatamente sobre você embora oculte o teu nome escuto sempre atenta sorriso canto da boca deliro ao som da frase que diz: ‘o mar nos olhos’ teus olhos, pois sim e enxergo para além do verso nas entrelinhas sobrepostas das palavras toda imensidão que há em ti e tanto me inunda os olhos a poesia a vida.
A bailarina que na esquina se compartilha com a brisa que baila sobre secas folhas. Não é minha, não é tua, averiguei que uma lua a pariu em um dia destes, dias identicamente iguais a dias iguais, dias de chuva tamborilhando na calçada um ritmo triste de piruetas e staccates.
Uma bailarina com arte e malina me nomeou avô, me povoou de sonhos, me incrustou de planos, me aspergiu de cores, me iludiu as dores, me sufocou os graves, me insultou as frases, me espalhou os contraltos, me desenhou a face, estranhamente se sumiu.
Luiz Jorge
*Poesia escrita em Osasco( SP) nesta quinta-feira.(04.06.2020). Dia também conhecido como Hoje!
Assim eu quereria meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
A palavra poema Mora dentro da emoção O corpo dança a ciranda das palavras
Inerente como um passarinho bate as asas…
O poema vive de horizontes De gente que vibra as cores e sente mais Pois sabe que a vida – longe de imagem/cenário- é feita de coisas reais…
é uma pena quando o poema sai para ser mero adereço de teatro porque a rima carece mesmo é de ser sentida longe de luzes artificiais, confete e espetáculo
Poema é sede, é dor, amor Magia, necessário ninho! Como a garganta, após a lida, precisa de um bom vinho
A rima precisa estar bêbada Daquilo que se é: sonhos e gente quente Que, mais do que letras tem a bondade como semente
-O poema é muito mais que lindo Quando nele bate um coração porque o verso é mais que verbo, é palavra bendita, oração
Na última sexta-feira (22), a Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult/AP) estendeu, pela segunda vez, o prazo de inscrição para o Edital “Circula Amapá”, que busca premiar 137 iniciativas da cadeia produtiva da cultura e das artes em todo Estado. A medida visa garantir a participação do maior número de segmentos culturais. A expectativa da Secult é receber propostas que propiciem experiências artísticas a população amapaense. A submissão dos projetos segue de forma on-line, no site – http://www.secult.ap.gov.br/.
A chamada pública foi lançada no dia 18 de março pela Secult, por meio de emenda federal articulada pelo senador do Amapá, Davi Alcolumbre, com o intuito de valorizar e fortalecer a cultura amapaense, incentivando a produção local com políticas ampliadas para os projetos que favorecem a circulação de bens, produtos e serviços artísticos e culturais em âmbito local, estadual, nacional e internacional.
Deste modo, o edital contemplará os múltiplos campos da cultura no Estado, abrangendo os segmentos popular, tradicional e identitária; teatro; arte circense; dança; artes visuais e/ou plásticas; artesanato; audiovisual; livro, leitura, literatura e biblioteca; e música. Poderão participar Microempreendedores Individuais (MEI) e pessoas jurídicas de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, que comprovem tempo de atuação de acordo com sua área pleiteada.
O projeto atenderá diversos profissionais do setor artístico, como, por exemplo, artistas, produtores, grupos, companhias, associações e demais agentes da cadeia produtiva da cultura. As premiações variam entre cinco e dez mil reais, de acordo com critérios estabelecidos no edital, totalizando um investimento na cultura de 938 mil reais. Com essa medida, a pasta quer reconhecer o trabalho desenvolvido pelos empreendedores da cultura do Estado.
Atendendo o segmento da cultura popular, tradicional e identitária, o edital contemplará grupos de marabaixo e/ ou batuque, grupos ou comunidades tradicionais, entidades juninas tradicionais ou estilizadas e grupos de capoeira. Já na vertente da leitura, literatura e biblioteca, podem participar escritores (poetas, contistas, cronistas), contadores de histórias, mediadores de leitura e demais agentes.
Segundo o secretário da Secult/AP, Evandro Milhomen, a ideia do edital é ampliar o acesso à cultura, uma política que a pasta sempre colocou como prioridade e, agora se torna ainda mais fundamental com a crise de saúde pública. “Com esse incentivo aos segmentos culturais do Estado, ganham os profissionais da cultura, mas principalmente a população do Amapá. Nesse momento triste que o mundo está vivendo, a arte irá restaurar as esperanças e mostrará um novo caminho para todos nós”, ressaltou.
Como participar
Os interessados devem realizar o cadastro no Sistema Estadual de Informações e Indicadores Culturais – SEIIC, sendo pré-requisito para participar do edital. A Secult/AP disponibiliza em seu site vídeos explicando aos interessados sobre o funcionamento do Edital e como proceder no ato da inscrição. Além disso, os técnicos da Secretaria também estarão à disposição dos artistas e produtores culturais para sanar quaisquer dúvidas sobre o certame, por meio de ligações e WhatsApp no número – (96) 98808-0736. O acesso também pode ser via o e-mail da Secult/AP: [email protected].
As borboletas não desistem, inconscientes de seu nome impróprio. As estações renovam-se sem erro e teimas ainda em te certificares| de que não é pecado dizer: ó beleza, sois a minha alegria. Abre-te, Jonathan é apenas um homem, se lhe torceres o lábio zombeteira a lança dele reflui. Um inseto esgota a razão toda, rói com sabedoria as sumas, uma gota de seiva mata um homem. Portanto entrega-te ao que te faz tão bela quando ris. A ópera não é bufa, é só um não-saber rasgado de clarões. Se Jonathan for deus estarás certa e se não for, também, porque assim acreditas e ninguém é condenado porque ama.