Poema de agora: O ACOLHEDOR – Arilson de Souza

O ACOLHEDOR

Perdi meu chão.
Senti o peso do mundo em mim.
Gritei, chorei
e me convenci que era o fim.

Mas na turbulência da escuridão
Eis que me surge a Luz…
a luz que liberta e traz salvação
A luz do mundo: JESUS !

Bendito és tu,
Cordeiro da paz!
Trouxeste – me a luz
e me acolheste em teu cais.

Bendito és tu,
onde me acolho e me guardo,
Pois teu jugo é suave,
e leve é teu fardo!

E minha vida se transformou.
Meu mundo de trevas
no passado ficou.
Do pecado não sou mais escravo:
Meu CRISTO me libertou!

Bendito és tu,
Cordeiro da paz!
Trouxeste – me a luz
e me acolheste em teu cais.

Bendito és tu,
onde me acolho e me guardo,
Pois teu jugo é suave,
e leve é teu fardo!

Arilson de Souza

Poesias de agora: POEMAS DO LIVRO SALVA-VIDAS – Thiago Soeiro (@ThiagoSoeiro) – (Vídeo e voz de áquila e. – @manudosertao)

I

SEDUÇÃO

a poesia escorre pela janela corre solta na folha
pelos olhares mudos
de quem segue sua rotina hoje é quinta-feira
inverno nos corações cansados o poema se mostra pra mim mas não quero encará-lo tento fugir, ignorar
mas a chuva na janela quer ser um poema não de amor, porque hoje é inverno
a chuva quer ser hoje
um poema de saudade.

II

O REAL POEMA

o poema é áspero
fura se tocado com força corta os nós da língua
fere o medo
é belo incomodar a palavra adorar o neologismo
fazer ruído na mais clara luz um poema pra ser real depende unicamente
de você acreditar nele.

III

CLARIDADE

onde fica a luz do fim do túnel? é difícil saber em certos dias onde nem a rotina aguenta
o poema perdido
a palavra que é enfiada afiada no peito
corta laços invisíveis
que só o tempo faz esquecer você leu o jornal pela manhã a notícia era escura:
nesta cidade não se escreve mais poemas de amor.

IV

SALVA-VIDAS

o poema é meu salva-vidas
é nele que me apoio no alto mar das mágoas nas tempestades de angustia
que o vento às vezes me traz
quero me segurar nele por toda a vida
ser ouvido
sentido
constantemente salvo do afogamento
deus ouve os poemas assim como as orações.

Poemas de Thiago Soeiro (Vídeo e voz de áquila e.)

Poema de agora: DESTROÇOS FLUTUANTES – Luiz Jorge Ferreira

DESTROÇOS FLUTUANTES

Nunca mais farei um pacto de viver com a vida.
Sabe-se lá o que é vida.

Seria sair pisando descalço sobre a grama molhada.
Ou rolar sobre o chão até beijar sua própria sombra sob o Sol.
Eu acredito que seja pular amarelinha de olhos fechados, ouvindo Gardel.


Como não tem ninguém para brincar comigo de esconde-esconde.
Eu apareço para mim mesmo fazendo de contas, que sou feliz.

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro de Poemas “Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – São Paulo.

 

Poema de agora: Excerto de Tabacaria, do Heterônimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos. (Vídeo e voz de áquila e. – @manudosertao)

Excerto de Tabacaria

‘Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu…’

Do Heterônimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos. (Vídeo e voz de áquila e.)

Poema de agora: AZUL – Pat Andrade

AZUL

o azul me arrebata
me inspira
me atravessa
me atira
para além do dia
para além do verso

o azul me emociona
me encanta
me faz feliz
me leva
para além da cor
para além do amor

o azul me tinge
me preenche
me pinta
me leva
para além da tela
para além da tinta

é no azul
que me encontro
e me perco…

é no azul
que te acho
e te deixo…

PAT ANDRADE

Poema de agora: IT’S ALL THAT MATTER (Poesia, vídeo e voz de áquila e. – @manudosertao)

*IT’S ALL THAT MATTER*

há aquela canção do caetano
que fala exatamente
sobre você
embora oculte o teu nome
escuto sempre atenta
sorriso canto da boca
deliro ao som da frase
que diz: ‘o mar nos olhos’
teus olhos, pois sim
e enxergo para além do verso
nas entrelinhas sobrepostas
das palavras
toda imensidão que há em ti
e tanto me inunda os olhos
a poesia
a vida.

áquila e.

Poema de agora: TURQUESA – Luiz Jorge Ferreira

TURQUESA

A bailarina que na esquina se compartilha com a brisa que baila sobre secas folhas.
Não é minha, não é tua, averiguei que uma lua a pariu em um dia destes, dias identicamente iguais a dias iguais, dias de chuva tamborilhando na calçada um ritmo triste de piruetas e staccates.


Uma bailarina com arte e malina me nomeou avô, me povoou de sonhos, me incrustou de planos, me aspergiu de cores, me iludiu as dores, me sufocou os graves, me insultou as frases, me espalhou os contraltos, me desenhou a face, estranhamente se sumiu.

Luiz Jorge

*Poesia escrita em Osasco( SP) nesta quinta-feira.(04.06.2020). Dia também conhecido como Hoje!

Poesia de agora: O Último Poema – Manuel Bandeira (Vídeo e voz de Áquila Almeida – @manudosertao)

O Último Poema

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Manuel Bandeira – Vídeo e voz de Áquila Almeida

Poesia de agora: Pequeno ensaio sobre o Poema – Jaci Rocha

Pequeno ensaio sobre o Poema

A palavra poema
Mora dentro da emoção
O corpo dança
a ciranda das palavras

Inerente como um passarinho bate as asas…

O poema vive de horizontes
De gente que vibra as cores e sente mais
Pois sabe que a vida – longe de imagem/cenário-
é feita de coisas reais…

é uma pena quando o poema
sai para ser mero adereço de teatro
porque a rima carece mesmo é de ser sentida
longe de luzes artificiais, confete e espetáculo

Poema é sede, é dor, amor
Magia, necessário ninho!
Como a garganta, após a lida,
precisa de um bom vinho

A rima precisa estar bêbada
Daquilo que se é: sonhos e gente quente
Que, mais do que letras
tem a bondade como semente

-O poema é muito mais que lindo
Quando nele bate um coração
porque o verso é mais que verbo,
é palavra bendita, oração

Jaci Rocha

Secult/AP prorroga, pela segunda vez, o prazo para participação do Edital “Circula Amapá”: artistas e produtores culturais terão até 30 de junho para se inscreverem

Na última sexta-feira (22), a Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult/AP) estendeu, pela segunda vez, o prazo de inscrição para o Edital “Circula Amapá”, que busca premiar 137 iniciativas da cadeia produtiva da cultura e das artes em todo Estado. A medida visa garantir a participação do maior número de segmentos culturais. A expectativa da Secult é receber propostas que propiciem experiências artísticas a população amapaense. A submissão dos projetos segue de forma on-line, no site – http://www.secult.ap.gov.br/.

A chamada pública foi lançada no dia 18 de março pela Secult, por meio de emenda federal articulada pelo senador do Amapá, Davi Alcolumbre, com o intuito de valorizar e fortalecer a cultura amapaense, incentivando a produção local com políticas ampliadas para os projetos que favorecem a circulação de bens, produtos e serviços artísticos e culturais em âmbito local, estadual, nacional e internacional.

Deste modo, o edital contemplará os múltiplos campos da cultura no Estado, abrangendo os segmentos popular, tradicional e identitária; teatro; arte circense; dança; artes visuais e/ou plásticas; artesanato; audiovisual; livro, leitura, literatura e biblioteca; e música. Poderão participar Microempreendedores Individuais (MEI) e pessoas jurídicas de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, que comprovem tempo de atuação de acordo com sua área pleiteada.

O projeto atenderá diversos profissionais do setor artístico, como, por exemplo, artistas, produtores, grupos, companhias, associações e demais agentes da cadeia produtiva da cultura. As premiações variam entre cinco e dez mil reais, de acordo com critérios estabelecidos no edital, totalizando um investimento na cultura de 938 mil reais. Com essa medida, a pasta quer reconhecer o trabalho desenvolvido pelos empreendedores da cultura do Estado.

Atendendo o segmento da cultura popular, tradicional e identitária, o edital contemplará grupos de marabaixo e/ ou batuque, grupos ou comunidades tradicionais, entidades juninas tradicionais ou estilizadas e grupos de capoeira. Já na vertente da leitura, literatura e biblioteca, podem participar escritores (poetas, contistas, cronistas), contadores de histórias, mediadores de leitura e demais agentes.

Segundo o secretário da Secult/AP, Evandro Milhomen, a ideia do edital é ampliar o acesso à cultura, uma política que a pasta sempre colocou como prioridade e, agora se torna ainda mais fundamental com a crise de saúde pública. “Com esse incentivo aos segmentos culturais do Estado, ganham os profissionais da cultura, mas principalmente a população do Amapá. Nesse momento triste que o mundo está vivendo, a arte irá restaurar as esperanças e mostrará um novo caminho para todos nós”, ressaltou.

Foto: Divulgação Secom/GEA

Como participar

Os interessados devem realizar o cadastro no Sistema Estadual de Informações e Indicadores Culturais – SEIIC, sendo pré-requisito para participar do edital. A Secult/AP disponibiliza em seu site vídeos explicando aos interessados sobre o funcionamento do Edital e como proceder no ato da inscrição. Além disso, os técnicos da Secretaria também estarão à disposição dos artistas e produtores culturais para sanar quaisquer dúvidas sobre o certame, por meio de ligações e WhatsApp no número – (96) 98808-0736. O acesso também pode ser via o e-mail da Secult/AP: [email protected].

Poesia de agora: Opus Dei | Adélia Prado (Vídeo e voz de Áquila Almeida) @manudosertao

OPUS DEI

As borboletas não desistem,
inconscientes de seu nome impróprio.
As estações renovam-se sem erro
e teimas ainda em te certificares|
de que não é pecado dizer:
ó beleza, sois a minha alegria.
Abre-te,
Jonathan é apenas um homem,
se lhe torceres o lábio zombeteira
a lança dele reflui.
Um inseto esgota a razão toda,
rói com sabedoria as sumas,
uma gota de seiva mata um homem.
Portanto entrega-te
ao que te faz tão bela quando ris.
A ópera não é bufa,
é só um não-saber rasgado de clarões.
Se Jonathan for deus estarás certa
e se não for, também,
porque assim acreditas
e ninguém é condenado porque ama.

Adélia Prado – Vídeo e voz de Áquila Almeida