Racionalizando a Fé… (por @RicardoMacapa )


Oi pessoal ! Mais uma participação aqui no blog do amigo Elton Tavares (Eltão)… Hoje com um tema um tanto polêmico na pauta das discussões nacionais e também no mundo: Fé e Religião… 

Há pouco tempo, me considerava, e talvez eu ainda seja, um Agnóstico (alguns teóricos dizem ser a forma mais branda do Ateísmo), pois nessa filosofia não se acredita piamente na existência de Deus, porém, também não se descarta totalmente Sua existência, ou seja, é o popular “em cima do muro”… A verdade é que os Agnósticos gostariam de verificar cientificamente/racionalmente a existência desse Ser Metafísico (o que no atual estágio da ciência ainda não e possível, e talvez nunca venha a ser)…

Minha análise sobre o tema em questão toma como parâmetro as religiões de cunho cristão… A maioria dos brasileiros e boa parte do mundo têm como referencia os ensinamentos das religiões cristãs (Católicos e vertentes, Protestantes e várias vertentes…). Muitos buscam na fé um conforto para suas angústias e aflições, além é claro, de uma resposta definitiva para suas reflexões sobre a existência ou não de um deus (isso quando se preocupam em refletir sobre alguma coisa)… Muitos acham que indo à missa todos os domingos, ou gritando aleluia e glória a Deus, já dá pra garantir a tão sonhada salvação…

A verdade é que a maiorias das pessoas não têm tempo (e às vezes domínio cognitivo) para refletir sobre muita coisa nesta vida, até mesmo sobre sua própria existência enquanto ser humano, pois o trabalho ou a falta dele, os estudos para formação profissional, o consumo exacerbado, vaidades e os constantes festejos/entretenimentos (aniversários, casamentos, carnaval, big brothers, santo isso, santo aquilo, formaturas, dia das mães, dia dos pais, dia da criança, dia dos namorados, natal, réveillon, futebol, baladas, bate-papos, happy hours, etc), consomem a maior parte do tempo em suas vidas e espaço em seus pensamentos… É preciso sobreviver nesse mundo de correria, batalhar o pão de cada dia, passar num concurso, comprar uma casa, comprar um carro ou novo carro, um novo smartfone ou um tablet, fazer uma lipo, um novo nariz ou peitos novos (com fé, é claro), porém, uma fé cega, desmedida, pouco embasada e não racionalizada… 

Por conseguinte, as pessoas acabam sendo pastoreadas nos campos da fé… Vão à missa, escutam o padre e vão embora pra casa (ou pra balada)… Vão ao culto, escutam o pastor e vão embora pra casa (ou pra lanchonete)… Pronto, está feito o exercício da fé! Estão praticamente salvos!! Não se preocupam sequer em conferir se o que foi dito está escrito de fato no Livro de Eli (2010, Denzel Washington)… 

Para se tornar um profissional é preciso estudar… Para se tornar um advogado é necessário de 4 a 5 anos de estudo numa faculdade/universidade, além das especializações em cada ramo pretendido do direito. Para se tornar um médico uns 5 a 7 anos de estudo, além da residência, estágios e/ou especializações. Para se tornar um biólogo, um enfermeiro, um professor, um jornalista, um geógrafo, um físico, um engenheiro, um psicólogo, enfim, uma gama de profissões, é preciso estudar muito, e em algumas delas estuda-se a vida inteira… Livros e mais livros, manuais, artigos, profundas pesquisas, muitos referenciais teóricos em busca da excelência profissional e ganho de conhecimento…

Acredito que para questão da fé a lógica deveria ser a mesma… As pessoas do mundo cristão deveriam estudar o referencial teórico que lhes é disponível nesse contexto… Outras religiões também têm seus referenciais teóricos… No islamismo tem o Alcorão, no budismo o Dhammapada, no Judaísmo a Torá… Todos com seus ensinamentos específicos dentro de seus contextos de visão de mundo…

Mas as pessoas não têm tempo para isto (para estudar os referenciais teóricos)… E acabam tornando-se fantoches nas mãos de alguns padres e pastores (grupos religiosos)… Que se aproveitam da fé alheia em beneficio próprio… Caso mais evidente estamos assistindo agora na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em que um tal pastor extremamente racista, homofóbico e hipócrita, preside tal Comissão… 

Se as pessoas realmente estudassem o referencial teórico do mundo cristão, com certeza não teria nem cinco “gatos pingados” seguindo esse tal parlamentar… Grande parte dos que o seguem são como papagaios de piratas, repedindo asneiras… No mundo cristão pelo que se sabe prega-se o amor ao próximo, respeito, compaixão, temperança… Não vejo nenhuma dessas características no tal pastor… Pelo contrário, vejo um homem extremamente desvairado, vaidoso e inconsequente .. E pior, tomando para si o que no mundo cristão é competência apenas da Divindade: julgar as pessoas… Com isso esse pastor incorre no pior dos pecados do mundo cristão ao qual ele diz pertencer, tomar-se como Deus (perfeito)… E quem no passado teve tal ideia dentro desse contexto religioso: Satanás, o Diabo…. rsrsrs !! É meu irmão, lobo em pele de cordeiro… Cuidado!

Portanto, você pessoa do mundo cristão, vá estudar! Leia o manual teórico cristão (pelo menos por uns 10 anos…) ao invés de ficar seguindo falsos profetas e pastores mal intencionados… Leia, reflita, questione, pesquise (monte grupos de pesquisa), tire suas próprias conclusões… Não seja um bitolado. Amém! 

“A CURA” PARA O MEU VÍCIO DE INSISTIR… ( por Nilson Montoril)


Há tempos, prometi ao Elton Tavares escrever algo sobre rock, como era o cenário “das antigas”, como foi a descoberta do que ele intitula “o ritmo mais legal do mundo”… passou um tempão para escrever algo digno do blog do “Godão” (também passou um tempão para que eu passasse a gostar do dono do blog…rs..) mas a oportunidade de rever uma grande paixão me fez largar a preguiça…falo do The Cure, que por minha vez chamo de a “banda mais legal do mundo”.

Dirão que sou suspeito…admito que no que concerne ao The Cure tudo para mim é superlativo, fã incondicional que sou da banda. Não, não somente coisa de fã, mas, sim, de cúmplice. De todas as bandas que conheço (e creiam, não são poucas) nenhuma foi mais emblemática em meus 40 anos de vida do que a trupe do senhor “Bob” Smith, embalando noites e noites acompanhando de um bom DOM BOSCO, SANGUE DE BOI ou TAMANDARÉ (para nossa turma, notadamente nossos bolsos, LAMBRUSCO era coisa impensável. Falo do final dos anos 80 até meados dos anos 90…

Mas até chegar ao CURE (para os íntimos) precisamos voltar à época em que tudo começou. Lá por volta de 1986, 1987, havia uma turminha muito boa “setor”: Cláudio “Sonhador”, Adriano Joacy que, quis o destino, ficasse conhecido pela singela alcunha de BAGO DE GARROTE (ou apenas BAGO para os “chegados”), “Bibinho”, “Heman, Airan, Aryzinho, Marcos “Bundex” Leal e, dentre outros, este relator.


O quarto do Adriano foi durante anos o ponto de encontro da turma que começava a descobrir o rock. Na base do vinil e fitas K7, o melhor do cenário nacional e internacional era degustado com avidez…lembro que as únicas bandas amapaenses de rock conhecidas na época eram a MISANTROPIA, DESERTORES DA PÁTRIA (do mestre Bicudo e do General), PRISIONEIROS DO LAR (do Bago, Black Sabá – de Sebastião mesmo – e do pessoal da hoje banda católica ETERNA ALIANÇA) e CIDADE OCULTA (Célio “Van Smith”, Alexandre “Patife”, Helder Melo e – ele, sempre ele – Bago ou Adrian Harry Boy…rs). Não tínhamos essa profusão de bandas que graças ao Bom Deus hoje inundam Macapá.

Naquele quarto ouvíamos IRA, CAPITAL INICIAL (quando prestava), PLEBE RUDE, LEGIÃO URBANA (tu jurava que ia ficar fora da lista?), GAROTOS PODRES, INOCENTES, ZERO, PARALAMAS (sério, preciso dizer que é DO SUCESSO?), TITÃS (já foram muuuito legais, acredite) e mais.

Mas as atenções eram voltadas, sobretudo, para o cenário internacional. Digo sem dúvidas que presenciamos o lançamento de discos seminais de bandas que hoje em dia são cultuadas (por quem sabe o que é bom) como dinossauros do rock mas que eram iniciantes ou pouco expressivos em muitos casos: DURAN DURAN, ECHO & THE BUNNYMEN, JOY DIVISION, THE JESUS & MARY CHAIN, THE MISSION, MORRISSEY, THE SMITHS, SIOUXSIE AND THE BANSHEES, SISTER OF MERCY, BAUHAUS, REM, THE POLICE, U2, XMAL DEUTSCHLAND, SEX PISTOLS, THE CLASH e um infinidade de bandas que chega a ser até injusto relacioná-las com receio de ficar algum de fora…depois, nos anos 90, além da turma de Seatle, surgiram “na Ilha” SUEDE, STONE ROSES (que merece muita atenção), RIDE (outra magnífica banda), PULP (idem), BLUR, OASIS, etc…

No meu caso, no entanto, a paixão tem baixo simples e marcante, guitarras bem elaboradas, teclados etéreos e bem dosados, já foi punk, dark (título repudiado), pop, hoje é cult e tem como líder um ser que continua usando batom carmim, cabelos cuidadosamente desgrenhados, que tem uma voz inconfundível e que, com os demais membros, há décadas mantém e conquistas corações pelo mundo.

Lembro-me quando o Bago me emprestou umas fitas gravadas por um primo nosso, o lendário Velton … ”ouve que tu vai gostar!”… bendito seja, pois já são 25 anos de convívio com a discografia, vídeos e livros. Peguei todos os lançamentos do DISINTEGRATION (1989) para cá e tive a oportunidade de assistir a banda por duas vezes em 1996, por ocasião do último Hollywood Rock.

Sobre o show de sábado 

Acabo e chegar da apresentação do The Cure na Arena Anhembi, em São Paulo (06.04.13). Compus uma caravana de amapaenses, em torno de 20 amigos, que mesmo isolados no momento do show, compartilharam uma noite memorável. Contrariando o que alguns jornalista sem embasamento algum postaram na imprensa, o show foi longe de ser morno. Ao contrário, foi intenso e surpreendente do início ao fim, e se a platéia aparentemente ficou “apática” era só porque, na verdade, estava contemplativa, pois muitas músicas da banda são uma imensa viagem, bastando ver a reação dos fãs ao final de cada canção.

A sequência das músicas foi muito bem elaborada, com todos os hits que fizeram a alegria dos ouvintes não muito conhecedores da discografia da banda, dos curiosos que logo abandonaram o show (Perdoai, não sabem o que fizeram…), quanto dos quarentões (e aqui me enquadro) que devoraram avidamente. 
HIGH, THE END OF THE WORLD (do álbum THE CURE, trabalho menos palatável) a belíssima (jóia do WISH), LOVESONG DUSINTAGRATION), PUSH e IN BETWEEN DAYS (ambas do antológico THE HEAD ON THE DOOR, que lançou a banda bo Brasil em 1986), e JUST LIKE HEAVEN, uma das minhas preferidas, feita para Mary Smith, patroa do vocalista. 

Não esperei que FROM THE EDGE OF THE DEEP GREEN SEA empolgasse quem não é fã, mas tinha certeza que PICTURES OF YOU, LULLABY e FASCINATION STREET arrebatariam o público, como de fato foi. SLEEP WHEN I’M DEAD, reconheço, é uma música pouco trabalha em shows e pertence a série de composições mais “recentes” e não cai tão bem em um show onde muitos estavam “perdidos”. 

Contudo, PLAY FOR TODAY, A FOREST (clássicos ano 1980 by SEVENTEEN SECONDS), BANANAFISHBONES e SHAKE DOG SHAKE (álbum THE TOP, 1984), CHARLOTTE SOMETIMES (lançada apenas em single na época do album FAITH (1981) e THE WALK (da coletânea JAPANESE WISPHERS, 1984) fizeram a festa dos veteranos. 

MINT CAR, FRIDAY I’M IN LOVE (todo mundo pulando e cantando), DOING THE UNSTUCK, TRUST, WANT, THE HUNGRY GHOST e WRONG NUMBER foram pinçadas de albuns mais recentes, a saber, WISH (1992), WILD MOOD SWINGS (1996), um disco para, por raríssimas exceções, ser esquecido, e THE CURE (2003).  

Em seguida ONE HUNDRED YEARS (canção abertura do álbum ícone da fase “dark”, PORNOGRAPHY, de 1982) e, propositalmente, END (WISH), bem sugestiva para o fim da primeira parte do show.

No regresso uma mudança em relação ao show do Rio de Janeiro: no lugar de PLAINSONG, PRAYERS FOR RAIN e DISINTEGRATION (do álbum DISINTEGRATION, 1989, o melhor de todos na minha modesta opinião) resolveram tocar THE KISS, IF ONLY TONIGHT WE COULD SLEEP e FAITH, todas no segundo melhor disco (para mim, fique bem claro), o KISS ME, KISS ME, KISS ME, de 1987. Não digo que foi ruim, principalmente para os fãs de verdade, que mesmo assim raramente já as ouviram em algum show…mas seria melhor manter as canções do RJ, sem dúvida (rapaz, o teclado de PLAINSONG é matador…mas tudo bem…)

Por fim, se DRESSING UP do álbum THE TOP não empolgou (eis outra pérola incompreendida por falta de divulgação nas rádios), sem dúvida as mais dançantes musicas foram deixadas para o final: THE LOVECATS, THE CATERPILLAR, CLOSE TO ME (com direito a dancinhas e gargalhadas do Bob), HOT HOT HOT!!!, LET’S GO TO BED, WHY CAN’T I BE YOU? (já me questionei muito sobre isso…rs), até as batidas mas deliciosas BOYS DON’T CRY, 10:15 SATURDAY NIGHT, e KILLING AN ARAB.

Não foi um show… foi uma apoteose! Infinitamente melhhor que as duas apresentações que assisti em 1996. Como vinho, cada vez melhores com o tempo

A banda estava em casa e feliz, sem dúvida, muito à vontade no palco, em particular ao rechonchudo ROBER SMITH (com quem me identifiquei plenamente…kkk), ROGER O’DONNEL (teclados) … e mesmo a face carrancuda da minha inspiração ao baixo, SIMON GALLUP, era puro teatro. E o velho REEVES GABRELS, ex-guitarrista de David Bowie? Muita técnica e peso em deram nova roupagem para antigas canções…o que esperar de novos projetos? PESO, PESO, PESO.

Se não pode mais ser considerada headliners em festivais não significa necessariamente estar no ostracismo. Do lado de baixo do Equador o The Cure impera e mantém a mística conquistada em 37 anos de existência.

E assim, executadas 40 canções em mais de 3 horas de apresentação, com direito a muitos sorrisos e danças que levaram a platéia ao delírio, para mim (e muitos) ficou evidente uma verdade: em uma época de músicas descartáveis, de bandas de um sucesso só e artistas que nada representam, o The Cure provou os motivos de sua longevidade, de ser uma fábrica de hits, de manter um legião de fiéis seguidores de várias gerações e deixou a sensação de que muito ainda veremos de significante antes do inevitável fim.
E aqui estaremos prontos para novo encontro, que será em breve, segundo a despedida de Robert Smith. LET’S GO! Enquanto isso, em tempos de Luan Santana, Thiaguinho, Calypso e MC’s da vida, insisto em me dedicar ao “som mais legal do mundo”…sem nenhum sacrifício, garanto…

Nilson Montoril Junior, advogado e amante de Rock And Roll, em especial do The Cure.
*Clique nas fotos para melhor visualizá-las

Malhando os malhadores (Crônica de Ronaldo Rodrigues)

 
Semana Santa. Sempre que chega esta data fico pensando no sentido de justiça de certas pessoas. Elas pegam Judas e fazem o diabo com ele. Malham o cara de todo jeito. Dizem que é a única forma de fazê-lo pagar pelo crime de ter traído Jesus. Isso é o que mais me preocupa. Se tudo já estava escrito, segundo a própria Bíblia, qual é a culpa de Judas? Se há culpa, é de quem escreveu. 
 
Prefiro acreditar que Judas foi um elemento para que a história se cumprisse da forma que se cumpriu. Judas foi um aliado de Jesus e agiu daquela forma para que tudo saísse segundo o roteiro do Todo (Todo é como chamo o Todo-Poderoso na intimidade). Ora! Parem com esse negócio de associar o nome de Judas à traição. E parem de fazer essa justiça esquisita que comporta todo tipo de torpeza que vocês veem no cara, que condenam nos outros, mas que em vocês é aceitável. 

 

Traidores são vocês! Traidores da palavra de Deus! (vocês são quem vestir a carapuça). Na verdade, sou a favor da reabilitação de todas as figuras malditas da Bíblia, pelo mesmo motivo: não foram elas responsáveis por seus destinos. Como dizem os árabes: maktub! (estava escrito!). 
 
Portanto, Judas, Caim, Lúcifer, Barrabás, Pilatos, Herodes etc. devem ser vistos como personagens desempenhando seus papéis. Aí algumas pessoas dizem que há o livre-arbítrio, que esses personagens poderiam ter tomado outro caminho. E como ficaria a palavra do Todo? 

 

Na verdade, os cristãos (a maior parte deles) confundem tudo. Esse papo de dizer que Jesus morreu para nos salvar acho exagero e injusto com o cara. Cada um tem que fazer por si, pela sua salvação, e não achar que está tudo bem, bastando ir à igreja rezar que – abracadabra – estamos salvos. Muito confortável, não acham?
 
Agora vou me despedir porque tem uma multidão de fanáticos correndo atrás de mim querendo me linchar. E olha que eles nem leram esta linhas. É que estou com barba e cabelo grandinhos e estão me confundido, claro, com Judas. Por que não me confundem com Jesus Cristo? Ah, daria no mesmo! Só que, em vez de me linchar, eles me colocariam na cruz. Ó my God!
 
Ronaldo Rodrigues

Poema de hoje: Passagem de uma alquimista (Homenagem de Fernando Canto à dona Euda)

 Passagem de uma alquimista 



Poema de Fernando Canto

Para Fernando Bedran

Felix qui potuit rerum cognoscere causas” (Virgílio) (*)
Otium cum dignitate” (Cícero) (**)

I – Panegírico insuspeito: da morta que viajou

O Eu da Dona Euda deixou presságios no ar
Como se fosse um aziago destino posto no céu
Um voo de curto percurso bramindo as asas da dor
Talvez a voz do caminho no curso da fonte à foz
Talvez um nó desprendido da corda da existência
Talvez um trajeto oculto da noite definitiva
No tênue rio que se torce em busca de um mar de luz

II – Ritual e penitência: da aventura e desterro

Palavras clivam a matéria e um grito exorciza o mal
– Que ritos, que liturgias me trazem esses anjos loucos,
Essas estrelas caídas, sedentas de novos cosmos?
– São gestos que purificam a pena dos degredados
No ato de libação à borda dos precipícios.

III – Platônicas paixões: da intemperança dos deuses

Do útero da caverna a morte espreita silente
Por ser um caminho de almas de irreversível viagem
(-Falava o republicano nas ágoras helenistas.)
Mas arde um fogo e a esperança nas sombras que se projetam
Em busca de elevação e do libertar das correntes
Dos laços, dos elos duros aos quais chamamos paixões.

Evoca-se (de chofre) o sopro – a alma viva – o início
Uma energia circulante por dentro dos alimentos
Dos deuses desesperados, visto a falência do Olimpo.

IV – Herança de Cagliostro: da aprendiza aplicada

Onde a ambrosia – néctar imortal, bálsamo que cura?
Onde o alecrim, a hortelã e os elixires,
A Alquimia misteriosa – a erva/o aguardente/as mãos habilidosas?
Onde, onde? Insiste o vento-remoinho em sua estada no bar
– No âmbar que protege e liga
O fio da vida à Alma Universal
(- Dizem os querubins obesos nas notas de suas trombetas.)

V – Epifanias em curso: do amor e dos equinócios

Decerto, agora, não haverá mais o vazio – o abismo temerário.
E nem a angústia, mas uma luz acima acesa e envolvente
E o amor que nutre o instante e move o tempo – de passagem
Na retidão do equinócio mais perfeito da tua alma.

Macapá, 19.03.2013

__________________________________
(*) Feliz daquele que pode conhecer as causas das coisas.
(**) O descanso honrado.

Menos um na multidão


Logo quando eu entrei na adolescência e passei a estudar no mesmo ambiente escolar que as turmas mais velhas, tudo parecia bastante hostil. Além da quantidade de matérias, professores e novos colegas de classe, ainda tinha as olimpíadas internas e os eventos de “arte e cultura”. Lembro que num ato de pura ousadia me candidatei a líder de turma, concorrendo com o melhor jogador de futebol da sala. Antes da apuração, ele ainda me cumprimentou pela derrota (eu era sempre o último escolhido das peladas), mas não contava que os votos femininos estivessem do meu lado (prometi uma atenção especial para a equipe de queimada mista).

Semanas depois, quando a professora de português obrigou todos os alunos a escreverem uma poesia para um concurso anual da escola, não sabia nem por onde começar e me apavorava a ideia de ir até a frente da turma apresentar um poema totalmente medíocre. Num súbito momento de inspiração, tomei um atalho literário que posteriormente eu viria a descobrir ser eficaz: parodiei a “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, misturando os versos ufanistas com rimas de protesto. “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá / Violência, traficantes / E castanha-do-Pará (…)” O estilo rapper-de-aula-de-Geografia convenceu e eu fui selecionado pra representar a turma na final do concurso, em um auditório cheio de alunos, pais e agregados. Comecei a me arrepender de não ter escrito algo menos pretensioso.

Apesar das angústias e expectativas normais da puberdade, as coisas iam até melhor do que o planejado, o que eu não sabia é que o teste mais decisivo ainda estava por vir. Num exemplo de sadismo pedagógico, naquele ano a escola promoveu os jogos internos exatamente durante a semana cultural. Como líder de turma dedicado, durante aqueles dias tive que me esgoelar em campo, em quadra, como técnico, chefe-de-torcida… e cheguei às vésperas do concurso de poesias totalmente sem voz. A professora de português, consternada com a minha situação, ainda me ofereceu a primeira e última bala de gengibre que chupei na vida.

Nem gargarejo, nem promessa, nem macumba. Cheguei para a “grande noite” mais rouco que um fumante idoso em estado terminal e estava a um passo de me recusar a subir ao palco me prestar a este papel ridículo. Antes que eu conseguisse tomar uma decisão, contudo, ouvi meu nome ser chamado e uma salva de palmas formais indicava que eu deveria caminhar rumo ao escárnio público. Em instantes seculares eu estava sobre o palco com um microfone nas mãos e dezoito holofotes (daqueles de chamar o Batman) apontados pra minha cara – pelo menos assim eu não enxergaria ninguém me encarando na plateia.

Respirei tão fundo que senti até o tornozelo inflar e então disparei o título do poema. Uma voz de pato transmitida em rádio AM de pilha fraca com interferência no sinal ecoou pelo auditório lotado em silêncio e a gargalhada que se ouviu em seguida num estrondo quase uníssono poderia fazer qualquer humorista de stand-up comedy do primeiro escalão morrer de inveja. Fiz um grande esforço mental para tentar desintegrar espontaneamente cada célula do meu corpo e abandonar a minha existência ali naquele instante, mas como não teve jeito esperei a multidão fazer silêncio novamente para declamar meu texto do jeito que desse e acabar logo com aquilo. O primeiro verso causou quase a mesma reação da plateia, mas eu prossegui aos sussurros e as pessoas começaram a conter o riso para poder ouvir o resto do show cômico involuntário. Cheguei na última estrofe com meu tom de voz parecendo um apito pra cachorro, mas o silêncio ao fundo era tão sepulcral que ainda dava pra escutar as sílabas tônicas. Após o verso final o estardalhaço lembrava a comemoração de um gol na final do campeonato com o estádio lotado.

Saí do palco ovacionado e refletindo sobre a crueldade humana, que se excitava em aplausos, assovios e gritinhos histéricos após meu espetáculo vexatório. Estava decidido que aquele seria meu último ato de imbecilidade em vida (mal sabia eu que a maturidade é feita basicamente deles), mas ainda tinha que esperar até o final do evento pra poder finalmente ir embora e afogar minhas mágoas num copo de groselha.

Imerso em pensamentos suicidas, ouvi meu nome ser anunciado novamente no alto-falante e demorei uns bons segundos até entender que eu havia ganhado o concurso, derrotando autores de todas as outras séries mais avançadas – e com 100% da capacidade vocal para apresentar suas obras. Até hoje acredito que minha interpretação prejudicada naquela noite tenha sido decisiva para a vitória.

No fim da contas, tomei gosto pela escrita e esta virou minha profissão. Aquela reviravolta do destino, contrapondo emoções antagônicas, ficou guardada numa estante polida da memória para propulsionar meu otimismo inveterado diante das adversidades da vida sempre que preciso. Fazer do limão uma limonada.

De tantas lições extraídas com a experiência, um dos conceitos que levo na mais alta conta é a singularidade. Ser original, ou pelo menos tentar se destacar da média deveria ser pré-requisito para existir.

Emílio Santiago : 40 anos de música pouco ouvida no Brasil


Um dos melhores cantores do Brasil de todos os tempos, Emílio Santiago (6 de dezembro de 1946 – 20 de março de 2013) sai de cena, aos 66 anos, mas deixa discografia farta, iniciada há exatos 40 anos com a gravação, em 1973, de compacto com as músicas Transa de amor (Sebastião Tapajós e Marilena Amaral) e Saravá Nega (Odibar). 

Pouco ouvida e pouco valorizada no Brasil, tal discografia totaliza 30 álbuns – lançados entre 1975 e 2012 – e quatro DVDs. Já no primeiro dos 30 LPs do cantor, Emílio Santiago (Cid, 1975), ficou evidente o gosto por repertório apurado que, no caso desse disco, inclui músicas de compositores como João Donato, João Nogueira (1941 – 2000), Jorge Ben Jor e Ivan Lins. 

Mas é fato que o supra-sumo dessa obra fonográfica reside no acervo da gravadora Universal Music. São os 10 álbuns gravados e lançados por Emílio entre 1976 e 1984, sobretudo os dos anos 70. O primeiro dessa fase, Brasileiríssimas (Philips, 1976), é espécie de precursor da série Aquarela brasileira – a coleção de sete volumes lançados entre 1988 e 1994 que transformou Emílio Santiago, enfim, num cantor popular – e nem se destaca tanto no período. 

As obras-primas da discografia do intérprete na década de 70 são Feito para ouvir (1977), Emílio (1978) e O canto crescente de Emílio Santiago (1979), sendo que somente o primeiro ganhou edição em CD no Brasil, sem sua capa original, via Dubas. São discos em que o canto naturalmente refinado do artista – sofisticado, sim, mas nunca pomposo – se aliou a repertório impecável e a arranjos tão classudos quanto a voz que este já saudoso cantor carioca treinara nas boates do Rio de Janeiro (RJ) no início dos anos 70. 

Já os discos da primeira fase da década de 80 – títulos como Ensaios de amor (1982) e Tá na hora (1984) – resultam mais oscilantes, embora todos tenham bom nível. Finda a série Aquarela brasileira, Emílio – já com cotação mais alta no mercado fonográfico – exercitou sua liberdade artística e gravou alguns discos que mereciam ter obtido maior repercussão comercial. Perdido de amor (Som Livre, 1995) – tributo ao cantor carioca Dick Farney (1921 – 1987), produzido por Marco Mazzola – e Bossa Nova (Sony Music, 2000) são discos excelentes que reiteraram a maestria de um cantor carismático que sempre teve ginga na voz de barítono. 

Embora seu vozeirão tenha transcendido rótulos e ritmos, Emílio Santiago também se beneficiou das conquistas estéticas da bossa para projetar seu canto sempre macio. Que caía no samba com suingue espetacular. Último título de estúdio da discografia de Emílio Santiago, Só danço samba – tributo ao rei dos bailes Ed Lincoln (1932 – 2012), produzido com apuro por José Milton – o fecho irretocável de obra fonográfica que merece urgente reavaliação e urgentes reedições em CD. Para bem da música popular do Brasil.

1. Emílio Santiago (1975)
2. Brasileiríssimas (1976)
3. Comigo é assim (1977)
4. Feito para ouvir (1977)
5. Emílio (1978)
6. O canto crescente de Emílio Santiago (1979)
7. Guerreiro coração (1980)
8. Amor de lua (1981)
9. Ensaios de amor (1982)
10. Mais que um momento (1983)
11. Tá na hora (1984)
12. Aquarela Brasileira (1988)
13. Aquarela brasileira 2 (1989)
14. Aquarela brasileira 3 (1990)
15. Aquarela brasileira 4 (1991)
16. Aquarela brasileira 5 (1992)
17. Aquarela brasileira 6 (1993)
18. Aquarela brasileira 7 (1994)
19. Perdido de amor (1995)
20. Dias de luna (1996)
21. Emílio Santiago (1996)
22. Emílio Santiago (1997)
23. Preciso dizer que te amo (1998)
24. Bossa nova (2000)
25. Um sorriso nos lábios (2001)
26. Emílio Santiago encontra João Donato (2003)
27. O melhor das Aquarelas (2005)
28. De um jeito diferente (2007)
29. Só danço samba (2010)
30. Só danço samba ao vivo (2012)

Música Popular Brasileira: aqui também tem! (artigo de @anamartelAP)


A Música Popular Brasileira, a MPB, (como consta nos dicionários), é um ritmo musical brasileiro surgido nos anos 60. Na época, uma soma de música de raiz e sofisticação dos movimentos culturais que combatiam, então, a ditadura militar.

Mas, como tudo é dinâmico na cultura, a MPB não poderia ficar no tempo presa em alguma manifestação. Hoje, convivem pacificamente no Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira (www.dicionariompb.com.br), verbetes como Tom Jobim, Barão Vermelho, Michel Teló, Ana Martel, Banda Calypso e o verbete Sertanejo Universitário e seus representantes.

Somos amapaenses da “gema”? Depende do olhar. Se for musical, somos brasileiros e fazemos música com a propriedade da que é feita por quaisquer brasileiros, independente de seu chão. O que importa é que a música traduza em notas e ritmos o que os olhos dos compositores do lugar vêem de sua terra e de sua própria existência. 

Ao passear de carro com o rádio ligado pela nossa orla, podemos encontrar no dial, talvez um programa diário em uma rádio FM e outra rádio cuja programação é dedicada a músicas feitas no Amapá, mescladas com músicas do cenário nacional. Não posso afirmar que o que está fora disto não é MPB. O que posso dizer é que esta programação traz música de qualidade, feita com esmero, não por encomenda, com arranjos maravilhosos e com gravação e mixagens cuidadosas. O que agrada meus ouvidos, conta-me histórias e toca minha alma.

Rita Lee já disse: Ai, meu Deus, o que foi que aconteceu com a Música Popular Brasileira? Isto se deu nos anos 80. Hoje, com o leque mais amplo e novos cantores, grupos e compositores surgindo a cada dia, e distribuindo seus trabalhos através da internet, até para a própria roqueira fica difícil avaliar e refazer a sua canção/crítica.

O que gostamos de ouvir depende da nossa criação: eu ouvia Tim Maia, Novos Baianos e Gilberto Gil quando criança. Meus vizinhos eu não lembro, mas alguns vizinhos de hoje, com certeza, não ouviam o mesmo que eu. 

O fato é que cada um tem no seu HD a MPB que traz dentro de si!

Ana Martel – Cantora, compositora e socióloga.

Acende, ascende (amor)


Nos habituamos com emoções incendiárias que detonam ao estopim do acaso, e é difícil entender os passos miúdos do envolvimento gradual.

Não é fácil para a pipoca de microondas entender como um milho de tacho pôde chegar ao seu mesmo patamar sem ser inflamado por ondas de dentro pra fora e ter as entranhas arrebentadas de euforia instantânea. Pobre ser extasiado.

Então, por sorte, em um dia desprevenido descobrimos o encanto tímido que não nos assalta a consciência e arde em chamas, porém gradativamente aquece de fora para dentro e se torna apto à explosão, o que também é um arrebatamento.

Camila Ramos 

Mulheres! Ah! As mulheres! (por Régis Sanches)

Por Régis Sanches 


Nenhum ser humano viveria sem elas. No dialeto de Yoda, o Jedi de George Lucas, “indelicado é …. falar da vida alheia”. Vou-me ater às minhas mulheres.

Dona Antonia, minha mãe, 75 anos, é clone de Madre Tereza de Calcutá. Conversa com suas plantas. O jardim da sua casa, em Vila Amazonas, Santana, é o Éden. Católica fervorosa, poderia ser budista: abdicou de todos os seus desejos para realizar os sonhos de seus semelhantes. E mais não digo.

Ana Luiza Sanches, minha primeira filha, tem 17 anos. Mineira e virginiana, nasceu em BH, cidade que eu amo de paixão, como me ensinaram meus amigos das Geraes. Há tempos não vejo a luz ser filtrada pelos olhos cor de “azeitona com mel”, definidos pela própria quando contava 6 anos de idade. O tempo passa, o tempo voa, e a Ana Luiza continua numa boa. É mais discreta do que o mais astuto político mineiro.


Isabela Quintanilha Muniz Sanches tem exatos 3 meses e 22 dias. Nasceu em Macapá, onde há uma fenda intergaláctica da 7ª dimensão, vulgarmente denominada de Meio do Mundo. Hoje, quando saí para trabalhar, Isabelinha ainda estava dormindo. Toquei sua mão direita, tão tenra e macia. Ela suspirou. Aspirei com cuidado seu perfume de flor ainda não catalogada pelos botânicos. Enquanto a contemplava, pensei comigo: Se eu for um pai afortunado, espero que a “minha doce pimentinha vermelhinha” tenha sonhado com um anjo de cara vermelha, cabelo espetado e olhar suave e selvagem. Se a descrição de criatura tão rara coincide com a de Régis Sanches, é uma mera coincidência.

Em homenagem a todas as mulheres deste planeta, neste 8 de março de 2013, não escreverei vírgula ou etc. a respeito das mães de minhas filhas. Posso dizer apenas que sem elas eu ainda seria um moleque de rua, carregando um violão vadio pelos bares e causando confusão sem uma causa nobre.

Do fundo da minha alma imortal o meu beijo de gratidão no coração de todas as mulheres. Ah! as mulheres!!! Mulheres!!! Sem vocês seríamos apenas um espermatozóide vagando à esmo; como um barco bêbado rumo ao infinito imprevisível. Obrigado!!!!

Sobre ser feliz o tempo todo…(por @genifrota)


Desculpe você aí que tem absoluta certeza do que é e fica cantando aos quatro ventos seu verdadeiro EU. Você que já chegou ao ápice da máxima socrática do “Conhece-te a ti mesmo”.

Este texto não é para você! Até logo…

No entanto, você que continua esta leitura e que se vê conscientemente na busca incessante de conhecer-se, saber suas possibilidades e seus limites, que tem certezas e muitas incertezas, que se olha no espelho e vê um ser forte, capaz, vencedor mas, que no dia seguinte vê um serzinho feio, de cabelo esquisito, incapaz, fraco e fadado ao fracasso… Para você uma excelente notícia: você é um ser perfeitamente normal!!!

Que bom que você está ainda aqui, lendo…

Nossa instabilidade na percepção que temos de nós mesmo não é sinal ou sintoma de fraqueza. Antes de mais nada, pressupõe que você está extremamente atento ao seu funcionamento e pode perceber quando se aproxima do abismo a tempo de retornar. Ainda, que, consciente de que tem fraquezas e as conhecendo bem, pode agir sobre elas e, pelo menos, minimizá-las.

Somos fruto de uma sociedade marqueteira… É! Criei essa perspectiva: marqueteira porque vende a ideia que devemos sempre estar preparados para gravar um comercial de refrigerante ou de creme dental (olha que me deu vontade de escrever “pasta de dente”!)… A cobrança incessante de sempre parecer estar no podium da motivação levou a um modismo das tais palestras motivacionais, cujo único ganho é dar alguns minutos de muito riso e pouca bagagem cognitiva para fortalecer comportamentos.

Também criou uma ojeriza geral pelos livros de auto ajuda. Todos esquecendo que o nome do segmento é auto explicativo: auto ajuda —> só VOCÊ pode se ajudar, o livro só lhe dará elementos para… as decisões são por sua conta. O livro levanta questões que podem ou não servir para o seu contexto aqui e agora, poderá não fazer sentido hoje, portanto, não os leia por modismo, apenas por necessitar de alguma luz sobre determinado tema.

Saiba que, metade do que pensa sobre motivação pode ser bastante melhorado se você não fosse tão pressionado a sempre “estar de bem com a vida”, estar “sempre sorrindo”. Fique calmo! Você tem o direito de estar de mau humor (não todo dia!). Tem o direito de se sentir meio feinho (não todo dia!). Tem o direito de sentir o peso do mundo em suas costas (não todo dia!).

E tem o direito de levar a vida do seu jeito, desde que consiga ser feliz com isso. Inclusive com os feedbacks que receber por causa disso.

E correndo o risco de me tornar repetitiva, porque já escrevi isso aqui, lhe digo com todo o carinho:

A felicidade não é um estado, é uma decisão. A felicidade NUNCA pode ser o destino, precisa ser o CAMINHO.

Fique bem!

Geni Frota – Consultora e Coach de Vida 

Construa pontes…(texto firmeza da @genifrota )


Se os caminhos não forem retos, construa os desvios. Se encontrar abismos, construa pontes…Geni Frota

É absolutamente comum nos depararmos com dificuldades em qualquer processo em nossa vida. O que não é natural é paralisarmos diante dos obstáculos.

Afinal, se você considerar a evolução da humanidade, o ser humano é um exemplo claro de avanços constantes no sentido da adaptação, readaptação e criação de novos cenários mais favoráveis ao seu desenvolvimento.

A capacidade de agir diante dos obstáculos, de gerar soluções, de buscar alternativas e mover-se apesar deles, é inerente a todo indivíduo: Seja sozinho ou com a ajuda de outros. Esta capacidade humana de superação, no sentido de promover solução imediata e constante diante das dificuldades ou dilemas que se apresentam na sua vida, deu-se o nome de resiliência.

A Resiliência é um conceito adaptado, e emprestado, da Física, pelos estudiosos do Desenvolvimento Humano, que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer algum tipo de ruptura.

Talvez pergunte-se: por que é mais fácil para alguns desenvolver resiliência do que para outros?

Fatores ligados ao ambiente familiar, estímulos e limitações recebidos e mentoria durante o processo de desenvolvimento cognitivo, contribuem para definir o grau de resiliência que um indivíduo é capaz de desenvolver.

No entanto, é possível, mesmo depois de adulto, treinar e desenvolver a habilidade de ser resiliente.

O primeiro passo: estar disposto a quebra paradigmas, desafiar as próprias crenças e permitir-se uma nova forma de pensar a partir de feedbacks recebidos.

O segundo passo: é orientar a mente para que esta esteja SEMPRE focada na SOLUÇÃO. Focar na solução é citar o problema apenas uma única vez e partir para o levantamento de todas as possibilidades de possíveis, testá-las e eliminá-las ou aproveitá-las.

O terceiro passo: responda as perguntas:

1)    Em quais situações da minha vida eu “funciono” rapidamente?
2)    O que faz com que eu “funcione” mais rápido nessas ocasiões?
3)   Como eu poderia aplicar a resposta da pergunta 2 em outras ocasiões da minha vida?

Treinar-se constantemente para agir na conquista dos seus sonhos deve ser um hábito diário. Assim como um músculo que precisa ser exercitado para ganhar forma, tamanho e tonicidade, nossas competências subjetivas também precisam ser treinadas, exercitadas, através de repetição, para que encontrem o pleno funcionamento.

Logo, para tornar-se resiliente é necessário ser, também, disciplinado e comprometido. E, como tudo na vida, é um ciclo de aprendizagem constante.

Geni Frota – Consultora e Coach de Vida. 

A dinâmica dos grupos nas redes sociais – Twitter (Por @genifrota)

Artigo inspirado em uma proveitosa conversa com @marceufarias

Os primeiros estudos estruturados sobre a dinâmica dos grupos foram realizados por Kurt Lewin no período de 1945 a 1947, quando funda, a pedido do MIT (Massachussets Institute of Technology), um centro de estudos sobre a dinâmica dos grupos.

As premissas e hipóteses levantadas por Kurt Lewin, nos estudos que encaminhou no MIT, são extremamente valiosas e podem contribuir imensamente para a prática dos profissionais que trabalham com grupos.

Já mencionei em artigos anteriores aqui no Blog que oriento meu trabalho com grupos com base nas proposições de Lewin. O trabalho de Lewin é apaixonante! Vale a pena dedicar-se à leitura dos poucos textos que ele deixou escritos de próprio punho. Pois é! Lewin escreveu pouco. Seus discípulos escreveram mais sobre suas proposições. Leia estes também!

Mas, vamos ao assunto que interessa! Não escrevo este Blog com nenhuma pretensão à verdade ou mesmo com alguma responsabilidade acadêmica. Escrevo sobre as coisas que penso que sei (Sócrates, essa benção!) e sobre as observações que faço nas interações com os grupos que convivo.

“Para Lewin, os fenômenos de grupo não revelam as leis internas de sua dinâmica senão aos pesquisadores dispostos a se engajar pessoalmente a fundo, neste dinamismo (…)” (MAILHIOT: 1973)

Poderá se perguntar o que Lewin pode ter de diferente dos outros pesquisadores da vida do homem em grupo. Enquanto aqueles focaram seus estudos em conceber como se dava o processo de socialização do ser humano, Lewin manteve seu interesse focado para as atitudes coletivas. Ou seja, quais comportamentos, ou movimentos, se repetem nos contextos de grupos. Que forças agem sobre o indivíduo quando este está inserido nos grupos?

Uma movimentação recente de grupos muito interessante, e que vale uma tentativa de aplicação da teoria de Lewin, são as redes sociais. Limito-me aqui a falar apenas do Twitter, neste momento, porque foi o único segmento que me dispus a “engajar pessoalmente a fundo”.

Não são poucas às vezes que entro na rede apenas para observar. Também, é muito interessante “seguir” um conjunto de pessoas que “se seguem” (perdoem a redundância necessária) e observar como se dá as relações neste contexto.

“Toda dinâmica de grupo é a resultante de um conjunto de interações no interior de uma espaço psico-social. Estas interações poderão ser tensões, conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicação ou ainda pressões e coerções.” (MAILHIOT: XXXXX)

Qualquer semelhança com a Time Line em seu Twitter não é mera coincidência. Pelo que venho observando nos últimos tempos, as redes sociais, o twitter em especial, reproduzem, no mundo virtual, o funcionamento dos grupos no mundo real.

A escolha de quem seguir, os unfollows e blocks da vida, os afetos e desafetos demonstrados tão fortemente nas “indiretas”, são possíveis comprovações que, mesmo no plano virtual, o comportamento humano em grupo, carrega as mesmas movimentações que no plano real.

A medida que lê este texto, liberte sua mente para testar as hipóteses e ver as possibilidades da metáfora construída aqui.

Quando observo o twitter, parto do pressuposto que aquele espaço, pode sim, ser definido como um “campo social” (conceito de Lewin) e nele busco ligações com as proposições de Lewin. Analiso como as pessoas se relacionam, formam sub-grupos, criam afetos e admiração, criam inimizades e geram discórdia, falam a verdade conforme sua própria percepção (e quem não o faz?), tem falhas de comunicação, muitas delas sem tempo para correção… Um infinito universo de convivência humana em 140 caracteres.

Onde nos levará tudo isso???

A uma melhor compreensão das pessoas, dos grupos – Esta é a parte espiritual da coisa.

Esta compreensão pode ajudar profissionais que trabalham com grupos a se tornarem mais aptos e competentes na condução de grupos – Esta é a parte material da coisa.

Continuo estudando e observando…. E claro, participando!

MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades das descobertas de Kurt. Lewin. 2. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973

Artigo escrito por Geni Frota – Consultora e Coach de Vida. 

Macapá, uma declaração de amor

Minha Macapá, por quem tenho  sentimentos de amor por esta cidade maravilhosa. Quando  aqui cheguei oriundo da cidade de Afuá-PA, no final da década 40, tinha somente   dois anos de idade, trazidos pelos meus pais que vieram em busca de emprego, de educação e por conseguinte de  melhor qualidade de vida.
Aqui passei toda minha infância, brincando nas ruas que serviam como campo das peladas de futebol. A cidade era calma  e o os veículos eram contados: um ônibus, algumas ambulâncias, um carro de policia (violino) e outros  particulares.
No igarapé que cortava a cidade, até ao olho d’água do  paredão do Hospital  Geral  de Macapá hoje canal da Mendonça júnior  aprendi a pescar  e contribui para o sustento da família. Nele a fartura de pescado era  de grandes  cardumes de traíras, jandiás, , aracus e especialmente de matupiris, peixes esses que quando frito e apreciados, não sobrava nem as espinhas.
Aqui cresci, tomei-me adulto, trabalhei como vendedor de peixe por vários anos. Depois resolvi mudar de profissão. Prestei  vestibular  em Belém do Pará onde cursei a faculdade. Nas férias voltava á terrinha para vender peixes e ganhar alguns trocados para ajudar no sustento em Belém. Após dois anos, de formado volto á terra que considero como meu segundo berço e comecei a trabalhar na área de meio ambiente em prol desta.

Namorei e casei-me com uma linda morena  macapaense formando uma família  com dois filhos e uma filha os quais também são apaixonados  por esta cidade e que  neste 04 de fevereiro completa 255 anos de fundação.
Macapá é terra para morar, trabalhar, constituir família, criar e educar  os filhos. É terra hospitaleira,  acolhe todo mundo sem perguntar de onde vem e o que veio fazer. O macapaense de berço ou não é um povo que ao sair na rua ainda dá bom dia ao vizinho e pára para bater um papinho com  os conhecidos. Gosta de viver no ritmo da maré, sem muita pressa, mas também não muito devagar e sim do jeito amazônida, adora  a tranquilidade do lugar.

Macapá é  cercada do verde pelos quatros cantos. O calor do verão harmoniza com os coloridos das flores  amarelas  dos ipês e no inverno  com o verde  em diversas tonalidades das folhas e dos frutos especialmente das mangueiras e jambeiros,  espécies  essas  muito utilizadas na arborização da cidade.
Macapá é bonita não só pelas noites de lua cheia com  seus brilhos rutilantes sobre as águas do rio Amazonas, mas também pela sua   arquitetura, praças, situação geográfica e tantos outros monumentos. Macapá é terra de poetas,  escritores,  grupos musicais que constantemente  estão reverenciando  com sua  poesia, cultura,  natureza, seu encanto e sua beleza.
O carinho por Macapá é grande, até    fico triste quando vejo alguns  políticos quererem descaracterizar   a sua história com mudanças de nomes de ruas, praças, bairros e outros logradouros públicos, desrespeitando o trabalho dos antepassados e provocando transtornos aos moradores por tais atos impensados. Não que os personagens  novos não mereçam, mas deveriam ser  homenageados de outra maneiras, por exemplo, o nome  ruas novas, praças e repartições sem provocar a ruptura de nossa história.
Para os gestores a “cidade jóia da Amazônia” está precisando de atenção especial, como: confecção, revitalização  e desobstrução de calçadas, podas de manutenção das árvores que enfeitam a cidade, de pavimentação, acessibilidade, sinalização e  iluminação públicas modernas capazes de atender o  cidadão  macapaense e os turistas  que   visitam nossa cidade. Precisamos    resgatar esse   titulo perdido por descaso de alguns gestores do  passado que não cuidaram da cidade.
Parabéns minha querida Macapá, pelo seu aniversário e que continue sendo uma cidade próspera, aconchegante e maravilhosa para com seu povo e com seus visitantes.

Rubens da Rocha Portal
Analista Ambiental – IBAMA(AP)

O arcanjo Gabriel


Hoje falo de outro personagem de minha predileção: o arcanjo Gabriel. 

Gabriel aparece nas bíblias com nomes como o Anjo da Morte e Príncipe do Fogo e do Trovão, mas o que eu gosto mesmo é de sua constância como mensageiro. Uma espécie de Miguel Strogoff bíblico. Sobretudo como arauto de nascimentos. Nessa função, talvez facilitada por falar fluentemente siríaco e caldaico, anunciou o nascimento de Sansão, o de João Batista e, todos sabem, anunciou Jesus a Maria. Sem esquecer que estava lá, firme, no tremendo sarro do Santo Sepulcro, na hora da Ressurreição. Dizem que, quando as três Marias chegaram com a mirra, encontraram a pedra removida e a tumba vazia. 

E, aí, um anjo de veste branca fulgurante, que tinha chegado antes – era ele! -, lhes disse que Cristo já tinha saído, e aconselhou-as a levar a notícia aos Apóstolos. 

Mas (agora verifico) antes já tinha destruído os hóspedes de Senaqueribe, explicado a Daniel (o dos leões) alguma de suas visões, mostrado o caminho do Egito a José, e ajudado a enterrar Moisés. 

Incansável, ainda é Gabriel que, seis séculos depois, está lá, em Meca e Medina, ditando o Corão pra Maomé. E não fez por menos – recitou as 114 suras ao som de sinos, com absoluta precisão, em ordem decrescente. Quando Maomé morreu foi ainda Gabriel quem ajudou a levá-lo pro sétimo céu montado no Borak. 

Em tempo: Consulto agora o Smith’s Bible Dictionary. Segundo essa pequena obra-prima, o evangelho de Lucas, o livro de Daniel e a tradição judaico-cristã tratam Gabriel como um dos arcanjos, individualizado. Mas, na Escritura, Gabriel designa apenas a função angélica de ministrar conforto e simpatia aos seres humanos. Em suma – os arcanjos seriam todos gabriéis. Donde a ubiqüidade. Guardo minha admiração mitológica, continuando a ver Gabriel como um superarcanjo. 

Millor Fernandes, no livro A Bíblia do Caos.