Lançado edital do Concurso de Poemas do projeto Escola de Leitores

O Município lançou oficialmente o edital do Concurso de Poemas do projeto Escolas de Leitores. O certame irá promover a seleção de poemas feitos por estudantes da rede municipal de ensino, que serão compilados em um livro, com previsão de lançamento para o fim deste ano, como uma culminância do projeto.

A proposta é valorizar as produções escritas de pequenos escritores, de acordo com o Plano Municipal de Educação. Esta é a primeira edição do concurso, que irá selecionar uma produção textual de cada uma das 80 escolas municipais de Macapá. O resultado disso será o lançamento do livro Coletânea dos Pequenos Escritores Tucujus.

O edital pode ser acessado nas escolas municipais ou por meio do link:
https://drive.google.com/file/ d/1ax-63Ii3Y-52hQTmnvZC9_ rFiX4m62gZ/view?usp=drivesdk

Rafaela Bittencourt
Assessora de comunicação/Semed
Contato: 98805-8150

Poema de agora: Síndrome de Estocolmo – (@cantigadeninar)

Síndrome de Estocolmo

se amor é despedida
e o fim inevitável é sempre um adeus
não vejo justiça na vida
que teima em desgraçar os filhos seus.
amor de verdade é desprendimento,
um desalgemar da alma,
passagem só de ida com o vento,
uma esmola dada com calma.
prazo de validade?
quando a gaiola se abre
não importa a idade
apenas se sabe que é tarde.
dou-me por vencido.
o código de barras atesta:
produto podre, coração ferido,
acabou a festa.
culpa de quem?
do amor?
discordo, vou além.
o amor é indolor.
é desapego sincero,
um bem-querer que se quis,
um acenar singelo
de quem só quer ver o outro feliz.
responsabilizo pois,
os amantes.
que adiam, deixam para depois,
o que deveria ser feito antes.
os pulsos machucados
são libertos devagar…
com a jaula entreaberta
vou voltando a respirar:
posso voar!
mas prefiro ficar e esperar.
mais que amante, sou tola
por crer que a mola
do mundo é o amor.
e que o tempo não apaga
as contas das tecelãs do destino,
tampouco serve de adaga
para cravar no peito a lâmina do desatino.
as velhas costureiras me miram
com os olhos negros e enrugados
e tudo que me ensinam
é a não desistir do que está escrito e tatuado.
na pele
nas estrelas
no cerne
nas veias
e por escolher permanecer
sou refém da felicidade,
para contigo ser…
aprisionada por vontade.

Lara Utzig

Poema de agora: Reciprocidádiva – (@cantigadeninar)


Reciprocidádiva

Criticam a rima pobre
De quem combina amor com dor.
“É inconcebível que em uma língua tão nobre,
Limite-se tal riqueza com aquilo que se vai por”!
Eleva-se o verbo com o substantivo;
Aceita-se também adjetivo,
Mas considera-se crime o binömio amor/dor.
Mal sabem que esta é a única consequência deste sentimento:
Um recheio de lamento
Que, por fim,
Transforma-se em mais um poema ruim,
Acinzentando todas as cores.
Onde amores… Há dores.

Lara Utzig

Poema de agora: SORTILÉGIO – Luiz Jorge Ferreira

SORTILÉGIO

Cai a chuva sobre Londres.
Puta que pariu, porque tão longe?

Os poetas que eu conheço, apostam no sucesso,vindos do Nordeste do Nordeste.

Os poetas engarrafam o trânsito a porta dos Cemitérios.
E, é tão sério que os mortos não riem.
Fernando Pessoa, toma um chopp, em um Boteco de Vila Maria, e os lê, em Braille.
Os poetas tomam porrada a esmo.
Cachaça com torresmo, a Leste da Tabacaria.

Espantados com o amanhecer, procuram a noite em seus bolsos.
Atiram um mijo morno na terra roxa.
Os grafites se derretem, e choram preto.
E os poetas com todo o respeito, choram por mim.

Luiz Jorge Ferreira

* Do livro Beco das Araras – Scortecci Editora. 1990.

Poema de agora: Toda poesia – Jaci Rocha

Toda poesia

Olho a tarde cair
até mesmo a natureza cai,
o dia vai, a gente é assim…
s´tá sempre findando um pouquinho.

A vida não é ideal
e apesar disso, ainda é lindo
sorrir, pendurar poemas no varal
fazer alguma coisa a mais
Que apenas respirar.

regar, ainda que aos pouquinhos
desenhar as páginas pálidas do cotidiano
Sustentar os ganhos, os planos, os sonhos
pacientemente acreditar na estrada.
Acreditar na estrada e ser doce!

Por isso a fé,
os olhos voltados para o céu azul, o sol
por isso o jardim, o arco-íris, as lavadeiras
por isso, toda a poesia – é teimosia.
Só teimosia boa…

Por isso as linhas que falam em amor,
palavras feito: bênção, quintal, flor e magia
delicadeza, beleza, alegria…
é teimosia, só teimosia
é só vontade de acreditar

(Na vida)

Jaci Rocha

Poesia de agora: Sobre a vida (@tagahasoares)

Sobre a vida

tá com a roupa tão larga e tão fora de moda
a viola afinada, mas tão longe da roda
a viagem marcada, o errado é a hora
que se a vida se acaba sem amor
nenhum lábio, mas onde eu compro um sorriso
tanta fé nesse Deus mais de pão que preciso
toda noite o meu sangue é doado às pragas
e se a vida se acaba por tanta dor
como carne em mercado eu tenho o meu preço
pelo menos a vida bem sei que mereço
e se ela termina sem ter um começo
pois quem é que me salva ou me vira do avesso
eu também como Cristo já fui açoitado
ou então como Judas estou perdoado
já perdi companhia e ganhei inimigos
é que eu brinco com a vida e ela briga comigo
penitente ou demente o que eu fiz foi tão pouco
sou pedinte, indigente, o mais louco dos loucos
e se a roupa é surrada é que a vida anda pobre
e por tantos pecados não há quem me cobre…

Tãgaha Soares Luz

 

Poema de agora: Entre o Humano e o Divino – Lara Utzig (@cantigadeninar)

Entre o Humano e o Divino

Ciente da minha condição humana,
Não temo, pois não há razão para medo:
Desde muito cedo,
Aprendi a respeitar Deus.
E, sabendo que o amor é divino,
Nutro em mim sentimento infinito
Que, de dentro pra fora, cresce.
Meu peito se expande de leste a oeste
E, por amar com a fé de quem faz uma prece,
Sigo doando abraços que não se medem:
Assim, fico mais perto do céu.

Lara Utzig

Poema de agora: ASTRONAUTA DE ELASTÔMERO de Marven Junius Franklin.

Imagem: Katanaz

ASTRONAUTA DE ELASTÔMERO

Minutos após meu pai ter fenecido [carpido pelas unhas truanescas das sombras]
seus olhos indagaram-me e abarrotaram-se de temor.

Horas após meu pai ter fenecido [afundido por intensos vendavais] aguardei que naus assombradas o trouxessem de volta… indumentado como um rejuvenescido flibusteiro castelhano.

Dias após meu pai ter fenecido [levado para a região dos anoiteceres com sol] eu morri um pouquinho… absorvendo suaves porções de impassibilidade – sepultando anseios e veleidades em desmesuradas valas-comuns de medo.

Semanas após meu pai ter fenecido… eu fui com ele um bocadinho disfarçado de astronauta de elastômero para lhe auxiliar na tomada de posse [de seu novo condado].

Ó pai, mil invernos até que te ache!
vestido com paletó bem cortado… solvendo um apropriado bordeaux na calçada de um modesto café parisiense.

Marven Junius Franklin.

Poema de agora: HARPIA – Carlos Nilson Costa

HARPIA

Surge o sol raiando. Madrugada que se acaba,
e seus raios, como uma samaúma que dá sombra,
Enchem de luz manhãs de aves canoras,

Saem dos ninhos. Majestade de penas
Que agasalha e adorna a coroa
da natureza à sua rainha das selvas.

Harpia, Harpia, rasga com tuas garras
A morte que te espreita com o homem
E busca liberdade e permanência!

Harpia, Harpia, senhora da floresta
E leviatã dos ares, busca de Baudelaire.
seu Albatrós, – senhor dos mares

Faz parceria e sustenta com astúcia e ardor,
A força que embala na selva e na praia
A grandeza de uma vida na orgia do amor.

Espero que esse meu singelo canto não fique mudo diante da indignação que sustenta com voz aguda a liberdade e a imensidão do ar.

Carlos Nilson Costa

Poema de agora: Vidas – Maria Ester

Vidas

Para atos deliberados e maliciosos
Ser mais sonhadora que realista
Ser luz
Ser bom
Ser em flor (nascer –brotar-florir-ir)
Tem seu
Poder
Dever
e Fim
Um presente divino deste
não careceria ser questionado
deve-se curvar
aceitar , sorrir, chorar e agradecer
E quem és tu que jaz para mim
Homem ou Mulher
Jaci’s
Frida’s
Maria´s
Ser Fato
Ser Fake
E eu ainda não me acostumei com a maldade, talvez noutra vida.
Cursos, ciclos e estações da alma que se fecham em luas de sangue!

Maria Ester

Poema de agora: DIZER ADEUS – Carlos Nilson Costa

DIZER ADEUS

O amor me fez juntar
as coisas que vivi
-o choro de minha mãe
-as zangas de meu pai
-os risos deles dois
e os exemplos
-sempre com bondade
De meus irmãos as doçuras da vida
e a cumplicidade da companhia
e da família a união para a sociedade
Do amor presente uma saudade de você
dos carinhos de suas mãos
a ternura de um bem querer
De tua voz a música em meus ouvidos
dos beijos, as palavras que não dizias
que no silêncio só eu ouvia
Fiz deste poema a lembrança de você
Prá nunca mais amar
e ter outro querer.

Carlos Nilson Costa

Poema de agora: AVEC ÉLÉGANCE – Marven Junius Franklin

Jaci Rocha, advogada e poeta, para quem ofereço essa linda poesia do Marven.

AVEC ÉLÉGANCE

Tua boca
rubra da cereja
que furtastes do dry martini
(língua ávida
a fazer massagem
no meu desejo)
Ah, menina!
Além da fragrância
tua boca traz
outra compreensão
para mim – simples mortal
Sabe – demoiselle!
Vênus submerge
perante tua sedução
– avec élégance
quando me olha
e me escraviza
E já não medito
sobre decência
– tua mesa já não
está tão distante
(cena que produz
ondas intermitentes
e coniventes)
Ah, a noite adentra
e ela desaparece…
levando embora
minha alma…
(carecia ter sido
mais ousando
na presença de uma deusa)

Marven Junius Franklin.

*A poesia é do Marven, mas ofereço para minha namorada, a poeta Jaci Rocha.