Poesia que não se esgota (Por Fernando Canto) – @fernando__canto

A poesia não se esgota no pensamento porque ela é o esforço da linguagem para fazer um mundo mais doce, mais puro em sua essência;

A poesia procura tocar o inacessível e conhecer o incognoscível na medida em que articula e conecta palavras e significados;

Cada imagem representada, projetada pelo sonho, pela imaginação ou pela realidade, é um símbolo que marca o que sabemos da vida e seus desdobramentos, às vezes fugidios.

Mas nem sempre é o poeta o autor dessa representação, pois tudo o que surge tem base social e comunitária, depende da vivência de realidade de quem propõe a linguagem e a criação poética.

Quando isso ocorre estamos diante da autenticidade do texto poético. E todos somos poetas, embora nem sempre saibamos disso. E ainda que nem tentemos sê-lo.

Hoje é o Dia Estadual da Poesia (minha homenagem aos poetas do Amapá!)

Hoje é o Dia Estadual da Poesia. Admiro os poetas, sejam cultos, que usam refinados recursos de linguagem ou ignorantes, que versam sem precisar de muita escolaridade. Eles movimentam o pensamento e tocam corações. Não é à toa que as pessoas têm sido tocadas pela poesia há séculos. E nem interessa se o escrito fala de sensatez ou loucura. Tanto faz. O que importa é a criatividade, a arte de imprimir emoções em textos ou declamações.

Alexandre Vaz Tavares,

De acordo com a jornalista e poeta Alcinéa Cavalcante, o dia 8 de agosto é o Dia Estadual da Poesia, instituído pela Lei nº 580, de 21/06/2000. A escolha do oitavo dia do mês oito se deu em homenagem ao poeta, médico, professor e ex-prefeito de Macapá Alexandre Vaz Tavares, nascido na capital amapaense nessa data, em 1858. Consta que ele foi o primeiro poeta a escrever poemas sobre Macapá. Sua poesia “Macapá” (praticamente desconhecida das novas gerações) foi publicada pela primeira vez em agosto de 1889, na Revista de Educação e Ensino do Pará. Vaz Tavares morreu em abril de 1926, aos 67 anos.

A palavra “poesia” tem origem grega e significa “criação”. É definida como a arte de escrever em versos, com o poder de modificar a realidade, segundo a percepção do artista.

O poeta autor/trovador escreve textos do gênero que compõe uma das sete artes tradicionais, a Poesia. A inspiração, sensibilidade e criatividade deste tipo de artista retrata qualquer situação e a interpretação depende da imaginação dele próprio, assim como do leitor.

O Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Como sou fã de escritores, compositores, músicos, poetas e artistas em geral, faço isso, por aqui. Pois a gente precisa aplaudir e elogiar sempre. Não tenho o nobre dom de poetizar, sou plateia. Mas apesar de não existir poesia em mim, uso a tal “licença poética”, para discorrer sobre meus devaneios e pontos de vista.

Hoje minhas homenagens são para os poetas amapaenses (ou que versam sobre nossa terra) que são meus amigos (somente os amigos mesmo). São eles: Fernando Canto e Alcinéa Cavalcante (para mim, os dois maiores daqui), Obdias Araújo, Aline Monteiro, Jaci Rocha, Maria Ester, Arílson Souza, Arílson Freires, Bruno Muniz, Júlio Miragaia, Paulo Tarso Barros, Thiago Soeiro, Pedro Stkls, Lara Utzig, Manoel Fabrício, Luiz Jorge Ferreira, Marven Junius Franklin, Flávio Cavalcante, Carla Nobre, Mary Paes, Andreza Gil, Manoel Fabrício, Leacide Moura, Mauro Guilherme, Annie de Carvalho, Ivan Daniel, Patrícia Pereira, Mayara La-Rocque, Bernadeth Farias, Patrícia Andrade (a poeta que mais colabora com este site), Ronaldo Rodrigues, Andreia Lopes, Kassia Modesto, Jô Araújo, Sabrina Zahara, Weverton Reis, Tãgaha Luz (In Memoriam),  Kiara Guedes, Mary Rocha e Carlos Nilson Costa.  Além de todos os poetas compositores brothers, que transformam poesia em música, Joãozinho Gomes, Val Milhomem, Osmar Júnior, Zé Miguel e Naldo Maranhão. Muito obrigado!

Escritores e poetas Fernando Canto e Alcinéa Cavalcante. Os meus muito queridos amigos e maiores poetas do Amapá. Foto: Flávio Cavalcante.

Também saúdo todos os movimentos que fazem Poesia no Amapá, que realizam encontros em praças, bares, residências, etc. Enfim, saraus para todos os gostos. Portanto, meus parabéns aos poetas, artistas inventivos que fascinam o público que aprecia a nobre arte poética.

Parabéns aos poetas do Amapá. Principalmente aos meus poetas preferidos!

Elton Tavares

Poema de agora: Homenagem – Manoel Santana Câmara (ao amigo João Camara)

Homenagem (ao amigo João Camara)

Eu amo as flores caídas neste quintal esquecido
nenhuma vassoura passa aqui há muitos anos
apenas um gato cuida
de sua morada nesse telhado onde os ratos crescem como um dia cresceu minha esperança
mas hoje na entrada da casa, baratas passeiam e a solidão mora junto com meus antigos sonhos


mas eu passo a passos lentos e tento entrar
não preciso de chave a porta foi comida pelo abandono
e ali presente apenas as minhas lembranças
sou passado e aqui onde morei
Morro de saudade.

Manoel Santana Câmara

*Contribuição do poeta Luiz Jorge Ferreira

Poema de agora: A colecionadora – Jaci Rocha

A colecionadora

Livros ao chão
E a doce ilusão
De que sei algo!
ah! De que sei algo – e me delongo na ilusória distração…

Mas, de súbito, se achega uma borboleta
Asas e cor sob o ar,
Flor delicada que, ao vento, quis morar…
Ah! por que, carbono, a flor borboleta voa?

A já não me cabem noções de aerodinâmica!
Por que também não nasci com asas?
Se tão feliz, dançaria com as borboletas amarelas
Que passeiam, em Setembro, pela estrada…

Por que, carbono, terra é marrom
E essa pele que me reveste inteira,
Ou este rosto, ou esse afã
Por que aqui, neste momento
E não noutro, em 1500?

Nada que a religião não sossegue
E a filosofia não dite
Mas, por que enfim, haveria de crer
Num único motivo?

Se existem tantas cores e mesmo o corpo
Tem quatro sentidos?

E na pouca certeza dos livros ao chão
Entendo que mais que conhecimento
Vivo mesmo
É de colecionar por quês.

Jaci Rocha

Poema de agora: Utopia – Lara Utzig (@cantigadeninar)

 

Utopia

Aumente o zoom
Consegue enxergar 100%?
Somos todos um.
Haverá um tempo
Em que não será preciso
Nenhuma lupa
Nem juízo
Pois não existirá culpa.

Aumente a mente
Consegue enxergar no total?
Somos todos gente.
Haverá um dia fatal
Em que não será necessário
Nenhum holofote
Nem ego exacerbado
Pois não existirá fraco ou forte.

Aumente a visão
Consegue enxergar bem?
Somos todos canção.
Haverá um dia também
Em que só se ouvirá uma voz
Nenhum semitom
Nem desafinação feroz
Pois não existirá falta de dom.

Aumente o panorama
Consegue enxergar com exatidão?
Somos todos raça humana.
Haverá uma época de revelação
Em que só se falará de abundância
Nenhuma terra infértil
Nem ganância
Pois não existirá tiro de projétil.

Aumente a perspectiva
Consegue enxergar com senso?
Somos todos massa viva.
Haverá uma era de consenso
Em que o foco será a mudança
Nenhum ócio contraproducente
Nem desejo de vingança
Pois a prioridade será o presente.

Aumente a lente
Consegue enxergar direito?
Somos todos esse presente.
Haverá um período de respeito
Em que o objetivo será a unidade
Nenhuma grade, cerca ou muro
Nem individualidade
Pois a intenção será construir o futuro.

Lara Utzig

Poema de agora: Tinturas e Texturas – Lara Utzig (@cantigadeninar)

Tinturas e Texturas

Conheci no meio do caos
as madeixas da cor do sol
que afastaram espíritos maus
e todo o agouro da volta do anzol.

Vi em meio à biblioteca
as mesmas madeixas solitárias
e hoje minha sorte não seca:
ocupa mil hectares e áreas.

As madeixas agora são acobreadas
e as vejo sempre espalhadas pela minha memória
como se cada fio fosse uma linha deixada
para manter-me ebriamente sóbria.

Ela possui todas as cores
e nos olhos uma imensidão
que afasta todas as dores
e se infinita em meu coração.

Lara Utzig

A Poesia da fronteira do Amapá circula em Minas Gerais

O poeta Marven Junius Franklin, autor do livro “Rio Oiapoque [in Blues]” é um dos autores dos livretos do projeto LETRANIA/Poesia de Bolso, promovido pelo Fundo Municipal de Cultura de Betim (MG), lançados em Minas Gerais.

As obras serão distribuídos em data oportuna pelas cidades de Betim e Belo Horizonte, capital mineira.

“Recebo com alegria o lançamento dos livretos referentes ao projeto LETRANIA/Poesia de Bolso. Os meus poemas estão no livro 03, junto com o poeta mineiro Leonardo Lyrios”, comentou o poeta.

As poesias podem ser lidas no ebook pelo link: https://letrania.com.br/livro-3/?fbclid=IwAR2Ndo93qnxW91-Pp3-r8h96qEUTFsOwF9ECmDWK3cyO4GFpLA3eYnwLWN0

Marven Junius Franklin

Descente de confederados norte-americanos que aportaram e apostaram no Brasil, professor de educação física, poeta ativista, com várias publicações e premiações literárias em seu currículo. Encantou-se com rios, floresta, aborígines, amores, cultura e o sentimento de grandiosidade que emana ininterruptamente destas plagas magnificas.

Elton Tavares, com informações do poeta Marven Junius Franklin.

Poema de agora: ASAS DE CERA – Ori Fonseca

Ilustração: Dédalo e Ícaro. Óleo sobre lona, de Charles Paul Landon – 1799.

ASAS DE CERA

Não te atires do penhasco;
O amor perdido voa, tu não!
Nem as noites perdidas
Nem a dor de cabeça
Nem o choro convulso
Nem os teus pesadelos
Serão tua rede de amparo.
Não aceites as asas de cera
Que o amor te oferta.

Não te lances aos trilhos;
O amor é em tudo volúvel, tu não!
A solidão dos teus olhos,
Não secará teu pranto,
Nem o amargo da língua
Há de aplacar-te o medo.
Retém teu passo Karenina,
Teu anjo da guarda, um bêbado,
Não parará teu salto.

Não te rabisques com lâminas;
O amor tem veias vazias, tu não!
A frialdade da morte
Não cessará tua agonia,
Nem a poesia em teu lábio
Será o batom de teu beijo.
Nem os teus dentes cerrados
Estancarão teus horrores.
Levanta! Há mais amores por se morrer.

Ori Fonseca

Ao Vivo Lá Em Casa: Última sexta do mês de julho terá programação virtual nas redes sociais da Secult/AP

Com ótima aceitação do público, o projeto Ao Vivo Lá Em Casa, da Secretaria de Cultura do Amapá (Secult/AP), encerra sua primeira etapa de exibições virtuais, nesta sexta-feira (31). Mais sete atrações locais se apresentam pelas redes sociais da pasta (Facebook e Instagram), entre elas, a banda de rock Tia Biló, DJ Netinho Popular, Workshop de Balé e Histórias da Quadra Junina. A programação inicia às 18h.

Desde o dia 10 de julho, mais de 80 produções de artistas locais já foram transmitidas virtualmente para os amapaenses, de forma totalmente acessível, garantindo a interação entre o trabalhador da cultura e seu público. Com a iniciativa, o Governo do Amapá (GEA) – por meio da Secult/AP – enaltece a classe artística do Estado, possibilitando também que pessoas de outras regiões ou países conheçam um pouco da cultura tucuju.

Uma programação diversificada foi oferecida, com shows musicais, recitais poéticos, espetáculos, performances, exposições, exibições, contação de histórias, demonstrações técnicas, entre outras. Na quarta-feira (29) e quinta-feira (30), teve música com Heber Lemos, Brenner Pinheiro, Ezequias Monteiro, Cleverton Nélio, Mariele Maciel, Artur Loran e Amado Amâncio. Completaram a programação, os artistas Jansen Rafael (Artesanato), Rafael Lacerda (Teatro), José Inácio (Audiovisual) e Luiz Alberto (Capoeira).

“Os artistas locais precisaram se adaptar para poder continuar trabalhando nesse período de pandemia; coube então a nós, da Secretaria, criar os mecanismos para que a produção cultural não fosse totalmente afetada. Acredito que o projeto Ao Vivo Lá Em Casa foi uma excelente experiência para os produtores culturais e o público amapaense que, mesmo dentro de suas casas, pôde apreciar a riqueza dos segmentos culturais presentes em nosso Estado”, enfatizou o titular da Secult/AP, Evandro Milhomen.

Programação:

31 de julho (sexta-feira)

18h – Ademir Barbosa (Artes Visuais); 18h20 – Luana Mira (Dança); 18h40 – Letícia Rosa (Cultura Popular); 19h – Kleber Luiz (Música); 19h20 – Júlia Medeiros (Música); 19h50 – Banda Tia Biló (Música); 20h20 – Dj Netinho Popular (Música).

Poema de agora: O tempo e as mandalas da vida – Obdias Araújo

O tempo e as mandalas da vida

Hoje eu vi um menino com
sua bola de plástico presa
por um fio a seu braço.

Ele chutava a bola que desenhava
mandalas de calor e fumegantes
regras de um futuro campeão
para o menino.

O tempo é sábio. Ele sabe o tempo
que se ele parasse promessas e
profecias não se cumpririam e Deus
seria um cometa sem cauda.
Um astro de nenhuma grandeza
na novela diuturna.

Enquanto isso o menino cresce
o fio rebenta e a bola desenha
mandalas cada vez maiores.

Obdias Araújo

 

Poema de agora: Comentários a respeito da Vida – Jaci Rocha

Comentários a respeito da Vida

Vida! Quem dera um remoto controle,

mas ao vivo não tem replay
Pausa para ir ao banheiro
não tem mocinhos ou bandidos
nem mesmo um super-herói
dentro de um secreto esconderijo.

Ah! deve ser por isso
que a gente corre para o cinema
ou põe na telinha um romance
meio que comédia
– esquece o apelo cotidiano da tragédia –

existir é coisa de gente bruta, meu bem
amar é para quem tem coragem de ir além
e é cada coisa louca que inspira emoção
– Mesmo tudo que habita o apelo do não.

Aqui, o segundo vira sem garantia de sucesso
às vezes nem mesmo um nexo,
e a nossa temporada é cancelada inesperadamente
há tempos de flor, outros de esperar e regar a semente…

ah! mundo real,
belo e cruel.

A dor é mesmo dor
Na tragicomédia ambígua de um maluco inventor
pois eis, que entre o concreto e o cotidiano
Nasce flor, verso, arte e amor…

O código reto da realidade,
não tem título, não existe segunda temporada
Apenas os fios do agora,
puxados entre o nunca mais e a eternidade…

E eu, que brinco de normalista*
Ando por aí cheia de fórmulas e antigas teorias
Finalmente descobri na última curva da estrada
Que não sei mesmo nada,
não sei nada e talvez jamais saiba…

É que ao vivo, meu bem, não tem sinopse
é de sustentar o porte
Como bem me disse Martha
“Pena a vida não ter corte”!

(E se tiver, esteja certo:
“às vezes não sara nunca,
às vezes, sara amanhã”)

Jaci Rocha

Programa “Conhecendo o Artista”: hoje Kássia Modesto entrevista o escritor e poeta, Tiago Quingosta.

Por Marcelo Luz

Hoje é dia de… Poesia… no Conhecendo o Artista. Para tanto, nós recebemos, Tiago Quingosta, também conhecido como Le Gothique Morbidus, nascido em 11 de setembro de 1987, na cidade de Macapá – Amapá. Quingosta é servidor público, especialista em Direito Processual Civil, escritor, declamador e poeta inspirado pelos autores românticos, naturalistas, simbolistas e também de traços dadaístas e surrealistas. É, também, um dos membros fundadores da Associação Cultural Pena & Pergaminho – P&P e membro da Associação Literária do Estado do Amapá – Alieap.

O escritor e poeta foi eleito pela sociedade civil organizada (segmento da Literatura) como Conselheiro de Cultura do Estado do Amapá, para o biênio 2015/2017 e reeleito para o biênio 2017-2019. Participou ativamente da 1ª e 2ª FLAP´s – Feiras do Livro do Estado do Amapá, ministrando palestras, compartilhando saberes em mesas redondas, realizando noites de autógrafos, participando de intervenções literárias, bem como falando da poesia amapaense em escolas públicas do Estado, pelo projeto conhecido como Rufar. Já participou, igualmente, da IV FLIMAR – Festa Literária de Marechal Deodoro, Alagoas. Foi agraciado pelo Governo do Estado do Amapá 2 (duas) vezes com o Troféu Equinócio da Palavra, entregue, respectivamente na 49ª e 50ª Expofeira Agropecuária do Amapá.

Ademais, foi um dos organizadores do Fórum do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Estado do Amapá, evento realizado pelo Ministério Público do Estado do Amapá que reuniu centenas de profissionais dos respectivos segmentos, para aprovação do PELLLB, mais importante marco para as políticas do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Estado do Amapá.

Um pouco mais sobre o artista

Tiago Quingosta escreve há mais de 13 (onze) anos e possui, hodiernamente, uma vasta obra literária, mais de 1.500 (mil e quinhentos) poemas, sendo alguns escritos em inglês, espanhol e francês. Outrossim, possui contos, fotopoemas e no primeiro semestre de 2017 lançou um curta-metragem poético chamado Imersio que produziu e dirigiu, juntamente com o Núcleo de Produção Audiovisual do Amapá.

Lançou, com outros escritores amapaenses, os livros Foz Florescente (OffFlip, Brasil, 2013); Trilogia Poética: Os Opostos Existenciais (Chiado, Portugal, 2016); Poemas, Poesias e Outras Rimas (Scortecci, Brasil, 2018) e Antologia Pena & Pergaminho (Ar, Brasil, 2018). Ainda, participa de várias antologias nacionais e é autor de 6 (cinco) fanzines: Le Gothique Morbidus, Haicai, Darkness then light, Alétheia, Heteronímia e Emoções de Dois Gumes. Já flertou com o teatro, tendo participado dos Espetáculos O Sequestro do Monteiro (como curupira) e o Auto do Menestrel (como menestrel), dirigidos por Tina Araújo e Daniel de Rocha em parceria com o Centro Cultural Franco Amapaense.

O escritor é também declamador, tendo se apresentado em escolas, feiras e eventos literários diversos. Juntamente com a poeta Annie de Carvalho vem apresentando o Recital Poético Liras e Mocambos, no qual recitam poesias de poetas amapaenses da 1ª à 5ª geração. Já apresentaram o Recital em vários eventos culturais da cidade, incluindo o Macapá Verão e datas comemorativas da Literatura. É, também, parceiro de palcos e declamações da nossa apresentadora e, também poeta, Kassia Modesto.

Então, nós aguardamos você hoje às 20h no insta @srta.modesto, no programa Conhecendo o Artista.

Apresentadora: Kássia Modesto
Roteiro: Marcelo Luz
Produção: Wanderson Viana
Arte: Rafael Maciel
Artista Convidado: Tiago Quingosta

Poema de agora: ADEUS – Obdias Araújo (para Fernando Canto)

Obdias Araújo e Fernando Canto. Escritores e queridos amigos meus. Foto: Facebook do Canto.

ADEUS

Quando a morte chegar eu estarei à porta principal
À sua espera tendo em uma das mãos o bocal
De meu trombone polonês armado em dó
Que foi presente do Maestro Tenente Clodomiro Martins
E ninguém toca nele. Conversaremos por alguns minutos.

Ela a morte me narrará interessantes fatos de sua longa viagem
E eu lhe falarei depois do medo que tenho de não suportar
A falta dos amigos e a ausência dos carinhos da mulher amada.
À minha mão esquerda o retrato de minha mãe e uma lágrima
Cuidadosamente retirada de seu olhar de Santa.

Assobiarei baixinho Bolero de Maurice Ravel
E bordarei no centro do meu peito
Um Sinal-da-Cruz imaginário.

Obdias Araújo (para Fernando Canto)