Poema de agora: Joseli Dias – um ano sem você! (Angela Nunes)

Joseli Dias – um ano sem você!

O dia 08.08.18 mal amanhecia
E você partia…
Joseli Dias – um ano sem você!

Um ano sem seu sorriso
E seu beijo matinal…
Sem suas brincadeiras, sem seu bom humor
Sem sua ternura…
– um vácuo enorme!!!

Joseli Dias – você fazia as pessoas felizes
Sua prosa, sua conversa marota,
Seus causos, suas estórias, suas histórias
Encantaram e encantam.

Você fez a sua parte
Cantou a sua terra
Contou seus mistérios…

Joseli Dias – O contador de histórias,
O encantador poeta
Sagaz jornalista
Homem alegre
Apreciador da natureza
Amante das belas coisas…

A morte te tirou a vida
Tirou o prazer do teu convívio
Mas não tirou levou suas histórias
Que encantarão a muitos.

É o teu legado
Serás sempre lembrado
Reverenciado e amado
Mitos e Lendas do Amapá
Está aí para provar

O grande escritor que você foi
E sempre será.
O vazio que ficou
Jamais será preenchido.
E o céu comemora hoje

O primeiro ano
Da vida eterna
De nosso amado Joseli Dias
Que estará sempre em nossa memória
E influenciará sempre
A literatura do Amapá.

Angela Nunes

*Contribuição do jornalista e presidente do Sindjor/AP, João Clésio. 

Poema de agora: ÚLTIMA MODA – Pat Andrade

ÚLTIMA MODA

dobrei numa esquina do tempo
e dei de cara com a vida.
não gostei do que vi.
tomei outra rua,
outro atalho,
outro túnel.
atravessei preferenciais,


furei sinais,
perdi o freio,
perdi a hora,
perdi o rumo.
ando agora sem memória,
sem lembrança,
sem passado,
e sem futuro…

caminho sobre o nada…

olho as vitrines
que me oferecem
a última moda
em camisa de força…

PATRÍCIA ANDRADE

Poema de agora: Rastro de estrelas – Pat Andrade

Rastro de estrelas

é tanta estrela
no céu da Amazônia
que – ai, meu Deus! –
nem cabe…

o menino ribeirinho
que com elas sonha
– ai, meu Deus! –
ele sabe
e conta pra gente
que o rastro de luz
que brilha
sobre as águas
é – todo ele – feito
de estrelas cadentes
que resolveram tomar
um caminho diferente.

Pat Andrade

Poema de agora: Talheres Transparentes! – Luiz Jorge Ferreira

Talheres Transparentes!

Encontrei meus olhos do outro lado da mesa.
Mesa onde guardo um álbum de fotos, e escondido um caderno de receitas, inclusive um bolo de Tucumán-açu.
Guardo receitas do Sacaca, de infusões, para dor n’alma , e mandingas para desviar a saudade, do caminho até o coração.
Guardo a impressão digital do Coelho da Páscoa em uma saborosa Ceia de Natal, entre convidados ilustres,
os 3 Reis Magos, Papai Noel e o recém operado Saci Pererê.

Guardo sua mão acenando, e o desenho de mim, em suas costas, se afastando, e dando adeus.
Guardo a dança do ventre da princesa Zuleika, irmã gêmea de Alladin
Guardo com Alecrim e Cravo a montaria dos Reis Magos e o perdão dos dois ladrões.
Guardo o deslizar do dia la no horizonte entre as favelas dependuradas nos Morros do Rio de Janeiro.


Guardo a tristeza dos Cemitérios e a fé dos Cruzeiros que abrem seus braços, chamando os que estão embaixo de cruzes e rezas.
Guardo a torre da igreja e seu relógio atrasado e as nuvens passando carregadas de água e indo criar chuva no lago, oposto a seca terra do Nordeste.
Guardo os pés das Bailarinas e seus rodopios e suas finas silhuetas , sob a mesa, saciados, os obesos, e as lamparinas de chocolate.
Guardo comigo o vôo dos Pardais, e as decolagens de Generais, na Campanha da FEB.


Para que encontrar meus olhos, eu não ver não descolore a Rosa dos Ventos, para caminhar,eu só preciso me aproximar da saída.
Alegra-me a Música cantada na fala dos surdos, nas Libras dissonando em cada semi tom,
e alegra-me o chacoalhar do rabo das Serpentes, que me morde e mente dizendo que não dói.


Alegra- me o Paraíso onde eu deslizo meu corpo no sofá para atravessar descalço a cancela dos sonhos…
Bebo água…Bebo água…tomo Losartana…engulo Hidroclorotiazida…acredito que assim serei eterno…e se não tomar, não viverei para acordar.
Doutro lado da mesa, dois olhos depositados no chão. Eles estão me vendo, eu não os vejo mais.
Por isso escrevo poemas do avesso, do lado de fora para o lado de dentro,do lado esquerdo,para o lado estreito,rasgarei as páginas todas,em que risquei…


– Começo?
E embaralharei os parágrafos que desenhei…Para quê.
Por quê…e como.
Vejo a diagramação de Paris,vejo as Ferraris deslizando,e vejo um homem com um relógio Russo de Ouro, ele olha para a Torre Eiffel, e a Torre nem olha
para ele.


Pode ser que o sono que espero, atravesse o Canal da Mancha, atravesse a mancha de café com leite, seca, sobre a toalha da mesa,
e risque o vidro do relógio Russo de Ouro, mas eu continuo com os olhos doutro lado da mesa.

Sera que fui eu que sempre deixei os olhos do lado de lá da mesa, ou não existia mesa quando se criaram os olhos.

Luiz Jorge Ferreira

 

* Do livro de Poemas “Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – São Paulo.

Nesta quarta-feira (31), no Sankofa, rola show de Zé Miguel na “Quarta de arte da Pleta”

Nesta quarta-feira (31), a partir das 19h, no Sankofa, vai rolar mais uma edição da “Quarta de arte da Pleta”. O evento contará com apresentações de grandes nomes da música, como o renomado Zé Miguel, um dos ícones da música amapaense e o músico colombiano Arturo.

Outras atrações musicais são: Os de Sempre que conta com Fernanda Canora, Erick Pureza, Wellem Monte e Tico Souza. A poesia estará bem representada pelas poetas Hayam Chandra e Kassia Modesto. E rolará ainda o quadro “Papo Leal”, com Vinícius Leal.

Ainda vai rolar uma promoção de cerveja, caipirinha, gengbirra e água, de 17h àss 20h, por 24.99 (consuma quanto poder).

A Quarta de Arte da Pleta foi realizada em todas as quartas das férias de julho. O projeto, patrocinado pelo estúdio Tattoo Naldo Amaral, seguirá em agosto.

Serviço:

“Quarta de arte da Pleta”
Data: 31/07/2019
Local: Sankofa, localizado na Rua Beira Rio 1488, Orla do Santa Inês, zona sul de Macapá.
Hora: a partir das 19h
Couvert: R$ 5,00
Mais informações pelo telefone: 98109-0563 (Andreia Lopes).

Elton Tavares

Poesia de agora: POEma ao lAÇO – Fernando Canto

Tela de R. Peixe/1984 – Acervo de Fernando Canto

POEma ao lAÇO – Fernando Canto

Não, não quero falar de gente
Em meu intento oculto
Pois o poema abre-se lento
E impoluto
À luz de vela

Em seu percurso
Traz palavras que se fecham
Em seus recursos

É manhã, cães de plumas
Voam, escalartes
E um claro signo de livra
Dos grilhões da noite

Meu poema é rocha sobre a carne
Não consiste em cúmulos ou nimbos
É mortal, tem lama, luz e flama
– Firma-se na própria ausência –

E como tal
Alimenta-se de vidro
E está preso apenas
Ao laço prata da memória.

Fernando Canto

Poema de agora: Don Juan da Amazônia – Lara Utzig (@cantigadeninar)

Don Juan da Amazônia

Engravida as virgens
Conquista sem parcimônia
O Boto nas margens…

Ameaça Boiúna
Cresce mais e mais
Rasteja e inunda
Cobra grande voraz!

Criatura que corre na mata
Com os pés ao contrário
Entidade da floresta nata
Curupira, Caipora!

Sereia que (en)canta no rio
Destruindo sem mágoa
Qualquer homem perde o brio
Iara, mãe d’água!

Assombração que pede tabaco
E apita na madrugada
Quer fumo no escuro opaco
Matinta Pereira, rasga-mortalha…

Mágico amuleto
Que concede pedidos
Presente predileto:
Muiraquitã, artefato querido.

Esse tronco que sobe o rio
Padeceu por amor
Madeira levada pelo vazio
Tarumã, índio sofredor…

Pássaro raro
De plumagem vermelha
Com um canto lendário…
Uirapuru incendeia!

Naiá se afogou
Apaixonada por Jaci
Estrela que virou flor
Vitória Régia boia feliz.

A floresta traz consigo
Riquezas de tradições
A Amazônia habita ainda

O imaginário dos corações…

Lara Utzig

Soy loco por ti América! – Crônica porreta de Marco Antônio Costa

Crônica porreta de Marco Antônio Costa

Dia desses estava com Violeta Parra ouvindo violas andinas e cantadores do povo. Dávamos ‘gracias a la vida’, que tem nos dado tanto…

Chegou-se conosco Victor Jara, um pouco antes da chegada de Ali Primera. O clube do cone sul foi reforçado por Mercedes Sosa, enquanto que os cubanos Silvio Rodríguez, Vicente Feliú e o Pablo Milanés cerraram fileiras com Primera. Pronto. A melancolia deu lugar aos merengues, maracas e metais. Dançamos todos. Uma verdadeira festa caribenha!

Aí foram chegando os escritores, devidamente capitaneados por Jorge Amado e suas histórias cacaueiras de Ilhéus. Tanto Vargas Llosa quanto García Márquez ouviam atentos suas indicações etílicas e sensoriais. Isabelita Allende parecia desconfiar. Antiguidade é posto.

Não mais que de repente um cavaco, um pandeiro e um tamborim se apresentaram para marcar posição. A moçada do Rio mandou como representação Vinícius de Moraes – pela poesia e pela experiência diplomática! -, e Cartola, bem, porque Cartola é Cartola. Fez-se samba e não pude deixar de notar o quão desengonçado, mas feliz, tentava sambar Piazzolla. Por óbvio que o maestro Antônio Brasileiro Jobim requintou o ambiente com a nossa bossa.

Servia-se pisco peruano, cachaça brasileira, rum anejo de Cuba e, acreditem, fernet! Houve até quem quisesse introduzir a bebida perfumada da Inglaterra, o gim, mas protestos efusivos, cantando “oligarcas temblad viva la libertad!” demoveram a ideia do pobre contrabandista.

A comida servida era do Pará e do Amapá: pato no tucupi, maniçoba e caldeirada de filhote, tudo levinho como um tango de Gardel. Tanto que um novinho dos pampas, Jorge Drexler, se empolgou e perdeu contato de áudio e vídeo com a torre na primeira metade da festa…

E assim a noite foi indo e chegou ao fim como começou. Demos gracias a la vida pedindo a deus que a injustiça nunca nos seja indiferente.

Que pai, mãe, irmão, amigo e o meu amor possam viver numa América livre.

Sou louco por ti América!

* Marco Antônio Costa é jornalista, fã de música boa, cinema, literatura, professor de Sociologia, além de brother deste editor. 

Hoje rola tem Estação Poesia na Veiga Cabral

Os amantes da literatura clássica poderão apreciar nesta sexta-feira, 26, a Estação Poesia na Praça Veiga Cabral. A programação é novidade dentro do Macapá Verão 2019 e busca reunir os amantes do gênero com declamações, exposições e espaço para autógrafo dos autores. Haverá sarau, apresentações de artistas locais da literatura, de artes visuais, além da feira de artesanato e gastronomia.

Programação:

Nitai Santana – 17h
Grupo Boca da Noite – 17h30
Ana Anspach – 18h
Anthony Matheus – 18h30
José Inácio e Salgado Maranhão – show literomusical – 19h
Exposição Jeriel – 16h às 22h

Serviço:

Cássia Lima
Assessora de comunicação/Fumcult
Contato: 98103-9355

Poema de agora: É bom sentir – @ManoelFabricio1

É bom sentir

Mesmo quando tu acha que não sente
A dúvida paira como um pássaro
Na corrente de ar quente
Tu lembra levemente da dor de dente
Tu lembra levemente da topada com o dedão
Tu lembra da queda e do joelho ralado na diversão
Tu lembra da dor e de levantar, limpar a terra e correr
Tu lembra do que havia perdido na memória
Tu lembra que acordou domingo sorrindo
E lembra que sente
E fica se sentindo
É bom sentir

Manoel Fabrício

Poema de agora: PAU E CORDA (Poesia de parabéns do poeta Obdias Araújo ao maestro Joel Elias dos Santos)

PAU E CORDA

Ver o Joel Elias e o Rui Lobato na mesma fotografia
me dá uma gastura enorme. Não tenho comigo um cromo sequer
ao lado de Joel que o Fernando Canto grifou Valsinha
e o Cartório Jucá negligenciou o anexo. Não temos eu e o Rui Lobato
nenhum registro de nossas peraltices. Nem mesmo de quando
ele quebrou meu braço e eu sempre deixava pra depois
o tiro que daria na cara torta do Fotógrafo Mariozinho
por conta do total desconhecimento dos fatos.

O Olivar Cunha estava lá. Eternizou o flagrante
num de seus quadros mais aplaudidos
pelo público e pela crítica.

O Osvaldo Simões apoiado numa caixa de cerveja
segurava pincéis e paletas em mãos solicitas
de Romanceiro Chimango.

Manoel Sobral De Souza Sobral enviou-me agorita
a segunda foto onde Leonam e Noé do Bandolim
fazem as honras da casa e um atabaqueiro inserido
às pressas no contexto não sabe sequer o como
e o porquê de ali estar.

Ouço Rapsódia Húngara e penso
sem motivo algum no Joel Elias
que se vivo fosse hoje
completaria lúcido 127 anos.

Já o Oncinha
vai muito bem.
Obrigado!

(Poesia de parabéns do poeta Obdias Araújo ao maestro Joel Elias dos Santos)