Poesia de agora: Pequeno ensaio sobre o Poema – Jaci Rocha

Pequeno ensaio sobre o Poema

A palavra poema
Mora dentro da emoção
O corpo dança
a ciranda das palavras

Inerente como um passarinho bate as asas…

O poema vive de horizontes
De gente que vibra as cores e sente mais
Pois sabe que a vida – longe de imagem/cenário-
é feita de coisas reais…

é uma pena quando o poema
sai para ser mero adereço de teatro
porque a rima carece mesmo é de ser sentida
longe de luzes artificiais, confete e espetáculo

Poema é sede, é dor, amor
Magia, necessário ninho!
Como a garganta, após a lida,
precisa de um bom vinho

A rima precisa estar bêbada
Daquilo que se é: sonhos e gente quente
Que, mais do que letras
tem a bondade como semente

-O poema é muito mais que lindo
Quando nele bate um coração
porque o verso é mais que verbo,
é palavra bendita, oração

Jaci Rocha

Secult/AP prorroga, pela segunda vez, o prazo para participação do Edital “Circula Amapá”: artistas e produtores culturais terão até 30 de junho para se inscreverem

Na última sexta-feira (22), a Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult/AP) estendeu, pela segunda vez, o prazo de inscrição para o Edital “Circula Amapá”, que busca premiar 137 iniciativas da cadeia produtiva da cultura e das artes em todo Estado. A medida visa garantir a participação do maior número de segmentos culturais. A expectativa da Secult é receber propostas que propiciem experiências artísticas a população amapaense. A submissão dos projetos segue de forma on-line, no site – http://www.secult.ap.gov.br/.

A chamada pública foi lançada no dia 18 de março pela Secult, por meio de emenda federal articulada pelo senador do Amapá, Davi Alcolumbre, com o intuito de valorizar e fortalecer a cultura amapaense, incentivando a produção local com políticas ampliadas para os projetos que favorecem a circulação de bens, produtos e serviços artísticos e culturais em âmbito local, estadual, nacional e internacional.

Deste modo, o edital contemplará os múltiplos campos da cultura no Estado, abrangendo os segmentos popular, tradicional e identitária; teatro; arte circense; dança; artes visuais e/ou plásticas; artesanato; audiovisual; livro, leitura, literatura e biblioteca; e música. Poderão participar Microempreendedores Individuais (MEI) e pessoas jurídicas de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, que comprovem tempo de atuação de acordo com sua área pleiteada.

O projeto atenderá diversos profissionais do setor artístico, como, por exemplo, artistas, produtores, grupos, companhias, associações e demais agentes da cadeia produtiva da cultura. As premiações variam entre cinco e dez mil reais, de acordo com critérios estabelecidos no edital, totalizando um investimento na cultura de 938 mil reais. Com essa medida, a pasta quer reconhecer o trabalho desenvolvido pelos empreendedores da cultura do Estado.

Atendendo o segmento da cultura popular, tradicional e identitária, o edital contemplará grupos de marabaixo e/ ou batuque, grupos ou comunidades tradicionais, entidades juninas tradicionais ou estilizadas e grupos de capoeira. Já na vertente da leitura, literatura e biblioteca, podem participar escritores (poetas, contistas, cronistas), contadores de histórias, mediadores de leitura e demais agentes.

Segundo o secretário da Secult/AP, Evandro Milhomen, a ideia do edital é ampliar o acesso à cultura, uma política que a pasta sempre colocou como prioridade e, agora se torna ainda mais fundamental com a crise de saúde pública. “Com esse incentivo aos segmentos culturais do Estado, ganham os profissionais da cultura, mas principalmente a população do Amapá. Nesse momento triste que o mundo está vivendo, a arte irá restaurar as esperanças e mostrará um novo caminho para todos nós”, ressaltou.

Foto: Divulgação Secom/GEA

Como participar

Os interessados devem realizar o cadastro no Sistema Estadual de Informações e Indicadores Culturais – SEIIC, sendo pré-requisito para participar do edital. A Secult/AP disponibiliza em seu site vídeos explicando aos interessados sobre o funcionamento do Edital e como proceder no ato da inscrição. Além disso, os técnicos da Secretaria também estarão à disposição dos artistas e produtores culturais para sanar quaisquer dúvidas sobre o certame, por meio de ligações e WhatsApp no número – (96) 98808-0736. O acesso também pode ser via o e-mail da Secult/AP: [email protected].

Poesia de agora: Opus Dei | Adélia Prado (Vídeo e voz de Áquila Almeida) @manudosertao

OPUS DEI

As borboletas não desistem,
inconscientes de seu nome impróprio.
As estações renovam-se sem erro
e teimas ainda em te certificares|
de que não é pecado dizer:
ó beleza, sois a minha alegria.
Abre-te,
Jonathan é apenas um homem,
se lhe torceres o lábio zombeteira
a lança dele reflui.
Um inseto esgota a razão toda,
rói com sabedoria as sumas,
uma gota de seiva mata um homem.
Portanto entrega-te
ao que te faz tão bela quando ris.
A ópera não é bufa,
é só um não-saber rasgado de clarões.
Se Jonathan for deus estarás certa
e se não for, também,
porque assim acreditas
e ninguém é condenado porque ama.

Adélia Prado – Vídeo e voz de Áquila Almeida

Poesia da amapaense Jaqueline Miranda é selecionada no edital Poesia Surda do Itaú Cultural

O site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br) anunciou nesta sexta-feira, dia 29, os selecionados para o edital Poesia Surda, quarto da série Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, voltado exclusivamente para poetas surdos ou com deficiência auditiva.Foram contemplados 100 trabalhos de todos as regiões do Brasil– 77 deles na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e 23 em Visual Vernacular (VV), recurso artístico e poético próprio das línguas de sinais, também conhecido no Brasil como Libras 3D.

Dentre os contemplados está a amapaense Jaqueline Freitas de Miranda.

Acredito que este seja o primeiro edital neste modelo, voltado para a produção poética de pessoas surdas ou com deficiência auditiva e ficamos muito satisfeitos com o resultado”, observa Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. “Este chamamento é mais um passo em nossa política de acessibilidade, que iniciamos há oito anos tendo como foco o protagonismo das pessoas com algum tipo de deficiência”, completa.

O processo foi iniciado em 2012 com a contratação de um educador surdo e a oferta de videoguias nas exposições. Até antes da pandemia, além dos espetáculos, palestras e debates – presenciais e transmitidos pela internet – contarem com interpretação em Libras, todas as exposições apresentavam mecanismos de inclusão, como audiodescrição, audiovisuais em Libras, piso e objetos táteis. Neste período de suspensão social, os instrumentos acessíveis acompanham a organização em sua programação e conteúdos 100% digitais. Do mesmo modo, já estão sendo repensados os protocolos e meios para retomar as medidas adotadas nas atividades presenciais.

Seleção

Sobre o processo de seleção dos trabalhos recebidos no edital Poesia Surda, Valéria Toloi, gerente do Núcleo de Educação e Relacionamento do Itaú Cultural, destaca a diversidade de temas dos poemas recebidos e sua origem. “Recebemos poesias potentes de todo o Brasil, e pudemos contemplar nessa seleção todas as regiões do país”,comemora ela. Tais resultados também possibilitam ao Itaú Cultural efetuar um mapeamento desta produção cultural e de quem e o que está sendo produzindo no universo desta linguagem literária.

De norte a sul e leste a oeste do país, as 100 poesias selecionadas vem de 16 estados: Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás,Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. Os temas são variados abordando a atualidade vivida pela ação do Coronavírus, o empoderamento feminino, empoderamento surdo, identidade, liberdade de expressão, diversidade de corpos, entre outros.

Os autores contemplados receberão, cada um,o valor bruto de R$ 2,5 mil. Fica a cargo do Itaú Cultural a sua forma de exibição, podendo chegar ao público por meio da grade de programação virtual da organização,por suas redes sociais ou, ainda, pelos canais e mídias dos próprios artistas.

(Ascom/Itaú Cultural)

Fonte: Blog da Alcinéa

Poema de agora: Falta de Bom Censo – Lara Utzig (@cantigadeninar)

Falta de Bom Censo

“gente morre todo dia
mas agora tudo é covid
racismo
trans e homofobia
ninguém morre mais
de morte morrida”

a troco de nada
tantas estatísticas
não são números
são vidas
APAGADAS
nomes
não-registrados
no abecedário
do negacionismo
reacionário

não apenas cêpêefes
corações pulsantes
de sonhos
com o peito arfante
sem ar
jamais serão esquecidos por nós
ou afogados
nesse mar
de desespero
e lodo
onde estamos todos
tentando nadar

Lara Utzig

Poesia de agora: POEMA ILHADO PARA UMA CIDADE SUBMERSA – @stkls (Vídeo e voz de Áquila Almeida) @manudosertao

POEMA ILHADO PARA UMA CIDADE SUBMERSA

tem a memória
que do outro lado da porta
brinca de molhar os pés
é sempre um jeito
de me dizer que o rio barrento
é como um milagre
que é um amor
que é uma passagem de Deus
aqui ao menos
o rio será o tempo
um relógio de marés-minutos
que a todo instante
quer beber a cidade
o corpo da cidade
como tudo isso nasceu
eu não sei dizer
esse ruído de rio
esse rio que pula muro
esse rio que já esteve aqui
dentro do peito da cidade
agora é um quintal
onde são josé brinca
faz suas travessuras
sobe nas árvores
adoça a boca com fruta
e volta a olhar a ilha
o sol quando nasce no rio
é partícula de poesia
e vai ficando cheio de sol
e tudo de repente é poesia
vira um poema de rio
vira um poema de verão
penso que se jogar a rede agora
pesco um paneiro cheio de poemas
pesco…
o rio outro dia
estava solitário de maresia
e um barco passando
fez uma linha bem na sua aorta
o rio não revidou
o rio fechou os olhos
cansado do dia
o rio sonhou
que era um menino correndo
brincando nas poças da chuva
você rio maior da poesia
visto do espaço
é um caminho sem fim
um cabelo emaranhado
linhas e linhas de água
riscadas pelas canoas
rio amazonas, no princípio
tinha um poema ilhado
para uma cidade submersa
recortes de histórias
pessoas mistérios e lendas
agora é um caminho sem volta
a cidade sempre fui eu
você me submergiu
cresceu poesia em mim

Pedro Stkls – Vídeo e voz de Áquila Almeida

Poema de agora: EMAÚS – do poeta Ori Fonseca, em homenagem ao padre Bruno Sechi (falecido nesta sexta-feira, 29)

Foto encontrada no Facebook de Ori Fonseca

EMAÚS

Se agora Deus morrer, quem chorará?
Crianças chorarão de fome e frio,
Meninos sentirão o odor do cio,
Meninas pensarão “o que será?”.

Se o padre não benzer, quem benzerá
Os rumos dos pequenos do Brasil?
Quem lhes dirá que existe um tênue fio
De uma esperança que não chegará?

Cada criança às portas do abandono
Gritava ao mundo como nos desertos,
Mas quantos dos portões eram incertos?

Resta-nos crer na bruma, Bruno, outono…
Que a história possa despertar o sono
De um homem que dormiu de olhos abertos.

Ori Fonseca, em homenagem ao padre Bruno Sechi (falecido nesta sexta-feira, 29)

Hoje rola o segundo dia do Festival “Arte na Janela” e a programação deste sábado conta com apresentação dos Poetas Azuis

Hoje (30), a partir das 16h, será realizado o segundo dia do Festival “Arte na Janela”. Ao todo, mais de 20 pessoas entre artistas e profissionais da área da saúde estão envolvidos no evento online. O grupo litero-musical Poetas Azuis está entre as atrações deste sábado.

O Festival Online Arte na Janela, idealizado pelo cantor, Vini Gonçalves em parceria com a Gabrielly Cristiny, é um movimento artístico social que tem como intuito conscientizar sobre a importância da quarentena, por meio de lives com artistas e profissionais da saúde, promovendo debates sobre saúde mental e prevenção contra a covid-19. Cada artista tem 30 minutos de live, em suas respectivas redes sociais, para conscientizar, conversar com os seguidores e claro fazer sua performance.

Ontem (29), a abertura do Festival contou com a psicóloga Carla Madeira, Nathalia Nery e Ítalo Santos, Índ’go, Fernanda Canora, Maria Lopes, Ani Karoline, Indiegentes, Vini Gonçalves, Jhimmy Feiches.

Sobre os Poetas Azuis

O grupo litero-musical surgiu em junho de 2012 na capital amapaense e foi criado pelos poetas Pedro Stkls e Thiago Soeiro em parceria com o produtor musical Igor de Oliveira. A poesia-musical dos Poetas Azuis reúne elementos diversos tendo como principais influências o Folk, MPB, MPA e o Marabaixo (dança tipicamente amapaense). Suas letras abordam temas como o amor, a saudade, a solidão e as histórias do cotidiano.

Programação completa do Festival para este sábado:

16:00 – Acadêmico e técnico de enfermagem Lucas Rodrigues – Abertura no @_artenajanela, @_lucas_rodrigues_lr)
16:30 – Natália Tupinambá – live no @natalialob0_
17:00 – Anthony Barbosa – live no @thonny_barbosa
17:30 – Jovem Carvalho – live no @carvalh0_l
18:00 – Effy Anspach – live no @effyanspachart
18:30 – Joao Roberto – live no @joao_roberto_ribeiro
19:00 – Nicole Leone – live no @leone.niki
19:30 – Poetas Azuis – live no @poetasazuis
20:00 – Jessy Abreu – live no @jessyabreuu

“Fale de sua aldeia e estará falando do mundo” – Leon Tolstói.

Elton Tavares, com informações dos Poetas Azuis.

Festival “Arte na Janela” promove diálogos e intervenções artísticas na internet

O Festival Online Arte na Janela é um movimento artístico social que tem como intuito conscientizar sobre a importância da quarentena, por meio de lives com artistas e profissionais da saúde, promovendo debates sobre saúde mental e prevenção contra a covid-19. O festival acontece via Instagram no dias 29 e 30 de maio.

O festival foi idealizado pelo cantor, Vini Gonçalves em parceria com a Gabrielly Almeida , para eles a ideia é fazer tudo de uma maneira bem espontânea e sem aglomerações. Uma das regras do festival é que os artistas não podem gerar aglomerações nas lives, sendo permitido apenas um representante da banda durante a transmissão, exceções quando tiver pessoas que moram juntos. “Se vamos falar de conscientização é importante darmos o exemplo”, destaca Vini.

Eles contam ainda que cada artista terá 30 minutos de live para conscientizar, conversar com os seguidores e claro fazer sua performance. “Esse encontro online é para mostrar que a arte não é só entretenimento, mas ela também é luta, resistência e critica. Uma ferramenta de mudança no mundo, onde o artista tem sua voz”, comenta, Vini

Na dinâmica das lives do festival cada pessoa fará a transmissão no seu próprio instagram em uma hora marcada pela organização tendo o tempo de meia hora para fazer sua apresentação.

Programação:

Dia 29

16:00 – Psicóloga Carla Madeira – Abertura no insta @_artenajanela, @psicarlamadeira
16:30 – Nathalia Nery e Ítalo Santos – live no @orbita.neutra
17:00 – Índ’go – live no @indigo_ap
17:30 – Fernanda Canora – live no @canorafernanda
18:00 – Maria Lopes – live no @mariadasarte
18:30 – Ani Karoline – live no @_wir3s
19:00 – Indiegentes – live no @bandaindiegentes
19:30 – Vini Gonçalves – live no @vini_gonclves
20:00 – Jhimmy Feiches – live no @jhimmyfeiches

Dia 30

16:00 – Acadêmico e técnico de enfermagem Lucas Rodrigues – Abertura no @_artenajanela, @_lucas_rodrigues_lr)
16:30 – Natália Tupinambá – live no @natalialob0_
17:00 – Anthony Barbosa – live no @thonny_barbosa
17:30 – Jovem Carvalho – live no @carvalh0_l
18:00 – Effy Anspach – live no @effyanspachart
18:30 – Joao Roberto – live no @joao_roberto_ribeiro
19:00 – Nicole Leone – live no @leone.niki
19:30 – Poetas Azuis – live no @poetasazuis
20:00 – Jessy Abreu – live no @jessyabreuu

Assessoria de comunicação

Poesia de agora: Poema-Esperança – Jaci Rocha

Poema-Esperança

Que nasçam pequenos sóis dentro de você
Para que as flores possam florescer
Ainda que em tempos de pouca aquarela

E que a palavra esperança dance
No seu dia e cotidiano
Pois, mesmo em meio às mais profundas turbulências
Ainda é preciso sonhar.

E que seu maior lar
Seja seu corpo, seu templo
Guardado, dentro do possível
Para viver este maravilhoso mundo

Quando enfim, isso já for possível…

Que você seja generoso por dentro
Sabendo que longe da partilha não há união
E que tudo o mais é desnecessário
Lição acentuada por este novo dia a dia

– Onde estar vivo
É sempre a maior alegria.

Que fiques bem, com os seus…
Que eles estejam guardados pela graça e poder do amor
E que a vida seja generosa em te guardar
Para que depois, num abraço,

A gente possa se encontrar.

Jaci Rocha

Poema de agora: Segunda-feira – Aline Monteiro (Vídeo e voz de Áquila Almeida – @manudosertao)

SEGUNDA-FEIRA

Hoje comecei a ler aquele livro que há tempos
me interessava
Uma descoberta na internet
um acaso tipicamente despretensioso
guardado na memória afetiva
Mas como sempre precisei de alguns dias
até ganhar a concentração suficiente para ler um livro de poesia
Era preciso acumular
alguns dias de trabalho
vencer todos os prazos de entrega
ver aquele filme do fim da lista de coisas irremediáveis
que no final deixou aquela sensação
de um poema prestes a nascer
aquela música cantarolada só na cabeça
que acabamos de inventar
um final alternativo para o filme que acabamos de ver
É preciso saber a hora certa para se ler um livro de poesia
assim como saber a hora da partida
e a hora da chegada do poema
Acabei de lembrar por quê comecei a ler o livro
que há tempos me interessava
Lembrei que gosto da bagunça de certos poemas
que não precisam rimar o final ou falar explicitamente do amor
“Isso é real life” ela disse
Hoje atrasei mais um dia
para escrever este poema.

(Aline M.) – Vídeo e voz de Áquila Almeida

Poema de agora: Avesso das coisas – Ilza Carla Reis (Vídeo e voz de Áquila Almeida – @manudosertao)

Avesso das coisas

O universo quer voltar ao princípio
porque tudo está demasiadamente duro
demasiadamente perverso

A borboleta deseja voltar ao casulo
porque, lá, ela se sente protegida
Da excessiva dureza da vida
Da descomedida perversidade dos homens

A criança chora com saudade
do ventre materno
onde ela era livre
onde o cordão umbilical era laço que unia…

Aqui fora, a criança chora
e reclama a ausência
infligida pela pressa das horas
do tempo que nunca sobra…

É preciso colocar, de novo,
as coisas no prumo!

Vai, criança!
Não dá mais pra voltar pr’o ventre
Então, segue em frente
e desavessa o mundo!

Ilza Carla Reis (Vídeo e voz de Áquila Almeida)

Sarau O Norte é Forte recebe as poetas Negra Áurea e Pat Andrade neste domingo

O sarau é uma iniciativa da escritora Débora Menezes, autora do livro Amor Roxo por Manaus e Outras Histórias, e começou com escritoras (e alguns escritores) de Manaus no início da quarentena, em março deste ano, e é realizado sempre aos domingos. Os convidados são poetas da região Norte, entre eles, Silvia Grijó, Pricilla Conserva, Tainá Vieira, Priscila Pinto e Rafael Cesar de Manaus; Neto Freitas e Marcelo Freire de Roraima; Marcela Bonfim de Rondônia e Lara Utzig, Mary Paes, Fernanda Canora e Fernanda Magalhães do Amapá.

Agora, as próximas convidadas são as poetas Negra Áurea e Pat Andrade, ambas daqui de Macapá. Durante a live, muito bate-papo, troca de experiências, histórias de vida e, claro, poesia.

Sobre Negra Áurea

Maria Áurea dos Santos do Espirito Santo ou simplesmente “Negra Áurea” é uma poeta nascida em Igarapé-Miri no Pará. Como formação, possui Magistério, é pedagoga pela UNIFAP/AP, especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico pela Faculdade Atual e Educação de Jovens e Adultos pelo IFAP/AP e Mestra pela Universidade Três Fronteiras no Paraguay. Mora em Macapá desde 1996 e trabalha na Educação do estado.

É uma das precursoras do Movimento Literário Afrologia Tucuju, que trata da historicidade, religiosidade, autoestima e subjetividade do negro. Um grande movimento literário com temáticas voltadas para a relação étnico-racial, no combate ao racismo, discriminação e preconceito e a consolidação pedagógica das leis 10.639/03 e a 11.645/08.

Sobre Pat Andrade

Pat Andrade é uma poeta amazônida. Atualmente, vive em Macapá. É acadêmica do curso de Letras da UEAP. Há mais de 13 anos, vende seus poemas em publicações que ela mesma produz. Já são mais de 25 livrinhos artesanais e pelo menos dois livros virtuais. A autora é colaboradora do Site De Rocha!; tem poemas publicados na coletânea Jaçanã – Poética Sobre as Águas e seu trabalho é estudado por acadêmicos do curso de Letras da Unifap e em algumas escolas da rede pública estadual de ensino.

Pat se considera uma militante da Literatura: visita escolas, universidades e participa de eventos literários e culturais, os mais diversos. Vai assim, semeando a palavra, colhendo brisa e plantando tempestades.

Neste domingo (24), às 20h, o Sarau O Norte é Forte será transmitido ao vivo, pelo Instagram.

Poema de agora: SEM FIM – (Vídeo poema de Áquila Almeida – @manudosertao)

SEM FIM

eu menti pra você
todas as vezes em que disse que te amo
tudo o que um amor grande pode comportar
não se pode medir um sentimento
o amor não tem distâncias terminadas
margens medidas
contenções ordinárias
o amor não se rende a prosaísmos poéticos
é um sentimento imenso
feito as águas correntes de um rio furioso
não há olhar que o decifre
mãos que o alcancem
palavra que o detenha

áquila e.