Ao vivo lá em casa: Secult-AP lança edital para seleção de atrações online de artistas amapaenses

Na última sexta-feira (05), a Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult-AP) abriu as inscrições para o projeto “Ao vivo lá em casa”, onde pretende contemplar 250 atrações virtuais propostas pelos diversos segmentos da cultura amapaense. Nesse contexto de distanciamento social provocado pela pandemia da Covid-19, a iniciativa tem por objetivo promover conteúdos artístico-culturais por meio da transmissão de streaming, plataformas digitais e/ou páginas de redes sociais. O edital e as inscrições estão disponíveis no portal da cultura – www.secult.ap.gov.br – e encerram no dia 12 de junho.

Podem participar da seleção pessoas físicas e jurídicas dos variados movimentos artísticos e culturais do Amapá. O edital dá oportunidade a atores, atrizes, cantores, cantoras, poetas, poetisas, Djs, contadores de histórias, enfim, artistas e técnicos que integram a cadeia produtiva da cultura e das artes, sem nenhuma distinção.

Os proponentes poderão inscrever shows musicais, recitais poéticos, espetáculos de teatro, dança e circo, performances, exposições virtuais, exibições, contação de histórias, vídeo-aulas e demonstrações técnicas. Os conteúdos deverão ter no mínimo dez minutos de duração e se adequar as plataformas virtuais, onde serão veiculadas.

Os selecionados farão duas apresentações do conteúdo, no período de 60 dias, sendo por cessão digital para que a Secult reproduza em suas redes sociais (Facebook e Instagram) ou canais streaming e a transmissão online (Live) pelos canais virtuais dos próprios inscritos. Todas as propostas selecionadas receberão o investimento de 2 mil reais, pagos em duas parcelas durante o período de execução.

Para mais informações, a Secretaria de Cultura disponibilizou o e-mail – [email protected], e o telefone de contato (96) 98808-0736. Acompanhe também as atualizações pela hashtag: #aovivolaemcasa.

Poema de agora: O ACOLHEDOR – Arilson de Souza

O ACOLHEDOR

Perdi meu chão.
Senti o peso do mundo em mim.
Gritei, chorei
e me convenci que era o fim.

Mas na turbulência da escuridão
Eis que me surge a Luz…
a luz que liberta e traz salvação
A luz do mundo: JESUS !

Bendito és tu,
Cordeiro da paz!
Trouxeste – me a luz
e me acolheste em teu cais.

Bendito és tu,
onde me acolho e me guardo,
Pois teu jugo é suave,
e leve é teu fardo!

E minha vida se transformou.
Meu mundo de trevas
no passado ficou.
Do pecado não sou mais escravo:
Meu CRISTO me libertou!

Bendito és tu,
Cordeiro da paz!
Trouxeste – me a luz
e me acolheste em teu cais.

Bendito és tu,
onde me acolho e me guardo,
Pois teu jugo é suave,
e leve é teu fardo!

Arilson de Souza

Poesias de agora: POEMAS DO LIVRO SALVA-VIDAS – Thiago Soeiro (@ThiagoSoeiro) – (Vídeo e voz de áquila e. – @manudosertao)

I

SEDUÇÃO

a poesia escorre pela janela corre solta na folha
pelos olhares mudos
de quem segue sua rotina hoje é quinta-feira
inverno nos corações cansados o poema se mostra pra mim mas não quero encará-lo tento fugir, ignorar
mas a chuva na janela quer ser um poema não de amor, porque hoje é inverno
a chuva quer ser hoje
um poema de saudade.

II

O REAL POEMA

o poema é áspero
fura se tocado com força corta os nós da língua
fere o medo
é belo incomodar a palavra adorar o neologismo
fazer ruído na mais clara luz um poema pra ser real depende unicamente
de você acreditar nele.

III

CLARIDADE

onde fica a luz do fim do túnel? é difícil saber em certos dias onde nem a rotina aguenta
o poema perdido
a palavra que é enfiada afiada no peito
corta laços invisíveis
que só o tempo faz esquecer você leu o jornal pela manhã a notícia era escura:
nesta cidade não se escreve mais poemas de amor.

IV

SALVA-VIDAS

o poema é meu salva-vidas
é nele que me apoio no alto mar das mágoas nas tempestades de angustia
que o vento às vezes me traz
quero me segurar nele por toda a vida
ser ouvido
sentido
constantemente salvo do afogamento
deus ouve os poemas assim como as orações.

Poemas de Thiago Soeiro (Vídeo e voz de áquila e.)

Poema de agora: DESTROÇOS FLUTUANTES – Luiz Jorge Ferreira

DESTROÇOS FLUTUANTES

Nunca mais farei um pacto de viver com a vida.
Sabe-se lá o que é vida.

Seria sair pisando descalço sobre a grama molhada.
Ou rolar sobre o chão até beijar sua própria sombra sob o Sol.
Eu acredito que seja pular amarelinha de olhos fechados, ouvindo Gardel.


Como não tem ninguém para brincar comigo de esconde-esconde.
Eu apareço para mim mesmo fazendo de contas, que sou feliz.

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro de Poemas “Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – São Paulo.

 

Poema de agora: Excerto de Tabacaria, do Heterônimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos. (Vídeo e voz de áquila e. – @manudosertao)

Excerto de Tabacaria

‘Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu…’

Do Heterônimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos. (Vídeo e voz de áquila e.)

Projeto virtual do Sesc como incentivo à produção artística nacional: inscrições encerram hoje, 7

Em função das mudanças de comportamento social causadas pela pandemia de Covid-19, a classe artística foi fortemente atingida, com o fechamento dos equipamentos culturais e a impossibilidade de apresentações presenciais. Esse cenário é agravado ainda pela imprevisibilidade da volta dos espetáculos. É nesse contexto que o Sesc lançou, no último dia 3 de junho, o projeto Sesc Cultura ConVIDA!, para incentivar a produção artística em todas as vertentes e levar as apresentações para dentro das casas da plateia.

De 3 a 7 de junho (inscrições encerram hoje), artistas de todo o país poderão inscrever seus trabalhos por meio do site www.sesc.com.br/convida. Serão contemplados até 470 projetos de arte educação, artes cênicas, artes visuais, audiovisual, biblioteca/literatura, música e patrimônio cultural, com investimento previsto de R$ 587.500,00. Com foco em trabalhos não divulgados nos grandes meios de comunicação, o projeto inclui ainda oficinas, debates e podcasts com profissionais que integrem o sistema produtivo da cultura.

“O Sesc Cultura ConVIDA! é a manutenção do trabalho de fomento, difusão e incentivo à produção artística nacional, que o Sesc promove ao longo de mais de sete décadas. Com esta iniciativa pretendemos não só valorizar o trabalho dos artistas de todas as regiões e movimentar a economia criativa, como também contribuir para a qualidade de vida e bem-estar do público neste cenário de isolamento social”, disse a Diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc, Lucia Prado.

Cada proponente poderá realizar apenas uma inscrição e as propostas apresentadas deverão respeitar as medidas de isolamento social que estejam em vigor no momento da sua execução. As comissões de cada segmento são compostas por profissionais de Cultura do Sesc que atuam no planejamento e desenvolvimento da programação cultural da instituição.

Serviço:

Assessoria de Comunicação do Sesc Amapá
E-mail: [email protected]
Fone: (96) 98407-9956
Site: www.sescamapa.com.br

Poema de agora: AZUL – Pat Andrade

AZUL

o azul me arrebata
me inspira
me atravessa
me atira
para além do dia
para além do verso

o azul me emociona
me encanta
me faz feliz
me leva
para além da cor
para além do amor

o azul me tinge
me preenche
me pinta
me leva
para além da tela
para além da tinta

é no azul
que me encontro
e me perco…

é no azul
que te acho
e te deixo…

PAT ANDRADE

Poema de agora: IT’S ALL THAT MATTER (Poesia, vídeo e voz de áquila e. – @manudosertao)

*IT’S ALL THAT MATTER*

há aquela canção do caetano
que fala exatamente
sobre você
embora oculte o teu nome
escuto sempre atenta
sorriso canto da boca
deliro ao som da frase
que diz: ‘o mar nos olhos’
teus olhos, pois sim
e enxergo para além do verso
nas entrelinhas sobrepostas
das palavras
toda imensidão que há em ti
e tanto me inunda os olhos
a poesia
a vida.

áquila e.

Poema de agora: TURQUESA – Luiz Jorge Ferreira

TURQUESA

A bailarina que na esquina se compartilha com a brisa que baila sobre secas folhas.
Não é minha, não é tua, averiguei que uma lua a pariu em um dia destes, dias identicamente iguais a dias iguais, dias de chuva tamborilhando na calçada um ritmo triste de piruetas e staccates.


Uma bailarina com arte e malina me nomeou avô, me povoou de sonhos, me incrustou de planos, me aspergiu de cores, me iludiu as dores, me sufocou os graves, me insultou as frases, me espalhou os contraltos, me desenhou a face, estranhamente se sumiu.

Luiz Jorge

*Poesia escrita em Osasco( SP) nesta quinta-feira.(04.06.2020). Dia também conhecido como Hoje!

Poesia de agora: O Último Poema – Manuel Bandeira (Vídeo e voz de Áquila Almeida – @manudosertao)

O Último Poema

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Manuel Bandeira – Vídeo e voz de Áquila Almeida