Eu vasculho minhas entranhas, a procura de lama. Eu arranco a pele, e me cubro de mágoas,e me escondo n’água que vaza das lágrimas. Eu me desosso dos poros aos pólos, e enrolo em novelos de pelos, os planos súbitos e atônitos, que conversamos em off.
Eu oco, seco e só, caminho entre montanhas de pó, vindos da memória. E se eu morresse sem concluir o enredo cheio de medo de não concluir, com que loto páginas e parágrafos.
Continuaríamos a ver pelo menos na TV, o Arco Íris? Como foi com Mao. Vestido de amarelo, sem chinelos e com um enorme desejo de comer Avelãs? Ainda assim depois de amanhã, um outro amanhã, segue seu vir.
Como se nada houvesse deixado de terminar. E tudo tivesse deixado de existir. Desisto…arrumo mangas podres em frente a foto do portão, que a enxurrada levou, junto com Abril.
Luiz Jorge Ferreira
*Poesia escrita em Osasco (SP), na última quinta-feira (8), dia também conhecido como ontem.
Buscando aproximar ainda mais os artistas da região norte ao público em geral, estreia nesta quinta-feira, 07 de maio, a Live Programa “Conhecendo o Artista”, apresentado pela produtora cultural Kássia Modesto, cujo objetivo é dar voz e visibilidade aos profissionais da arte, possibilitando um bate-papo leve e divertido, onde o artista possa se abrir e contar tudo o que tem por dentro e por fora da sua arte.
O programa que acontecerá por meio de live no instagram @srta.modesto, a partir das 20h, será divido em blocos, dentre os quais haverá conversas sobre a trajetória pessoal e profissional do artista, interligada por dinâmicas e jogos.
Na estreia, o programa contará com a presença do poeta e compositor Joãozinho Gomes, que é paraense, mas reside no Amapá, onde mantem uma produção ativa com parceria com diversos nomes da música nacional.
O programa abrirá espaço para artistas de diversas linguagens e do Brasil todo, mas dando muito espaço e foco nos artistas do Norte. Na próxima quinta, dia 14 de maio receberá o músico amazonense Eduardo Branco.
O projeto
A ideia surgiu da inquietude da apresentadora em perceber-se, também, sem espaço para apresentar seus trabalhos artísticos e em meio a tantos artistas que produzem e vivem da arte e que agora estão sem esse meio de renda.
Durante a live, também haverá arrecadação, através de contribuição voluntária para o artista da noite e para o programa, que de forma carinhosa e virtual conta com uma equipe de apoio. A conta fixa para arrecadação do programa é Ag: 8529, CC: 23542-9, CPF: 008.482.032-24 Itaú, Rita de Cassia Silva Modesto.
Nesta quarta-feira (7), a partir das 20h, a poetisa Kassia Modesto estreará o programa “Conhecendo o Artista”. O primeiro entrevistado não é nada menos que o poeta, escritor, cantor e compositor Joãozinho Gomes, um gigante da literatura e música amazônica. A entrevista será online, transmitida pelo perfil da apresentadora no Instagram @srta.modesto .
Sobre Joãozinho Gomes
Joãozinho é natural de Belém e mudou-se para o Amapá em 1991. Nascido na cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Iniciou suas atividades poética/musicais na década de 1970. É um dos mais férteis poetas-letristas da sua geração. Gomes é autor do livro “”A Flecha Passa e Poemas diversos” (segundo ele, o único de seus livros que foi publicado, entre cinco obras literárias prontas).
Além de ícone da poesia do Norte, Joãozinho Gomes compôs canções com dezenas de monstros sagrados da música. Sua obra é brilhante, criada e escrita em parceria com grandes nomes como Val Milhomem , Osmar Jr., Nilson Chaves, Zé Miguel, Enrico Di Miceli e Zeca Baleiro, isso somente pra citar alguns.
O projeto Planeta Amapari e Grupo Senzalas, dos quais o poeta fez parte, consagrou o Amapá dentro e fora do Brasil. Em 2009, o disco “Amazônica Elegância”, em parceria com Enrico Di Micelli, é outra joia dessa trajetória, além de várias músicas gravadas por Patrícia Bastos, cantora amapaense de maior projeção (estamos no aguardo do “Timbres e Temperos”, mas é outra história).
Se sua contribuição com o Estado já não fosse o bastante, a canção “Jeito Tucuju”, composta por ele, juntamente com Val Milhomem, se tornou Hino Cultural do Amapá, em 2017. No mesmo ano, Joãozinho Gomes foi agraciado com título de Cidadão Amapaense, pela Assembleia Legislativa do Amapá. Por tudo que fez, faz e é, vou assistir a entrevista e a recomendo.
Sobre o programa “Conhecendo o Artista”
De acordo com Kassia, o programa será feito de um jeito leve, poético e divertido. O objetivo é que o público conheça os artistas e suas particularidades.
“Nossa ideia é trazer leveza para as pessoas que curtem arte. E uma forma de reconhecimento aos artistas do Amapá. Essa iniciativa é uma forma de disseminar cultura e levar afeto para a sociedade, tão necessária nestes tempos”, comentou Kassia Modesto.
Eu te amo, Carolina Vi-te menino e te amei, mina Nunca te esqueci Nunca te perdi E nunca te encontrei. E eu te amei Em muitos nomes Quando me consomes Em Juliana Em Lúcia, Larissa Quando a preguiça É tudo o que emana De te amar demais.
E tem mais: És Irene És Januária És Ene És Ana És Rita És Joana És Bita És Teresinha És Therezinha És Regina És minha Mina!
Eu te amo, Maria Todo dia Desde o teu ventre quente Desde que me soube gente Desde que mudaste o nome Sem eu saber que esse nome Seria minha ilha Eu te amo, Emília Mais do que em mil vidas se pode amar Por isso te amo sem parar Minha filha.
Eu te amo, Carolina Minha mina Minha paixão De canção Minha maravilha De e Emília Minha pelúcia De Lúcia Minha Gana De Juliana Minha cobiça De Larissa.
Nena, Bia, Néia Minha ideia Sem vocês sou nada Minha ideia sem Déia É nada! Iza, Iza, Iza Minha vida te precisa Zany, Zane Deiseane Deise Anne Que eu me dane Com quem há de vir Edna, Lena, Nair Estou aqui A morrer por vocês Sem vocês.
Venham cá Pelo tempo que se foi, pelo tempo que virá!
há dois dias atrás li no correio da manhã a noticia sobre os astronautas que mandaram pro espaço uma astronave chamada saudade sorri como daquela vez primeira quando provei do sal do mar esses astronautas são os bichos mais agarrados na saudade eles ficam horas emprestando seus corpos à gravidade zero do espaço e brincam que são pássaros azuis no peito de um bukowski e se alimentam de sol para iluminar as fotografias de seus dias armazenadas nos músculos de seus estômagos quando a saudade no espaço é escassa os astronautas viajam para galáxias distantes quase subterrâneas e só voltam com seus peitos doloridos o efeito colateral é a insônia de dez dias onde perdem o fôlego em transe com queimaduras de terceiro grau saudade é o mesmíssimo amor fogo que arde e não se vê foi no espaço que enfileiraram casinhas roxas numa rua sem vento ou cachorros da madrugada e dentro de cada uma há alguém metendo o dedo na ferida de uma bigorna a qual chamam de solidão e eu chamo de: pegar o ventilador e fazer ventar estrelas
quando preciso ser mais forte é minha poesia que me dá suporte quando minha voz se cala é minha poesia que fala quando me sinto triste é minha poesia que subsiste quando a angústia aumenta é minha poesia que me sustenta
então não cale minha poesia não encarcere minha rima não sufoque minha lira deixe que ela viva e grite as dores do mundo que chore e sofra o meu penar
hoje ela fotografou galhos secos e a cruz do mundo entre o azul branco das nuvens e a umidade da temperatura dos seus olhos tem um mar de paisagens sob os cílios e seu nome significa barquinho adormecido no rio onde há sempre uma colônia de sol navegando no miolo da noite pode ser que um dia ela fotografe o esmaecer da chuva pelo vidro do carro e cante quem sabe cante para a chuva passar depressa e a legenda será: ‘fique avisada… o carnaval é todo meu e teu entre a flor de muçambe e a flor do abacateiro’ este poema é sobre a fotografia onde se assobia o amor.
DIA DEZ – Poetas Azuis – Letra: Pedro Stkls e Música: Igor de Oliveira
Você e eu Estamos no mesmo coração azul Na boca do mar Na testa do céu
Você e eu Estamos na mesma cidade Fora do ar Fora do sentimento
E quando isso parar de doer A gente volta pra casa E cura tudo com amor Ou seja lá o que for A gente inventa uma maneira De sorrir de brincadeira Só não brinque de esconder O seu amor… fora de mim Vou ver agora
começar um poema perdido na maré começar a achar que do outro lado uma canoa me espera e você achando que vou indo lá me embora sem ti quando sei que essas tuas águas não me visitam mais nem o teu olhar prata da noite nem o teu breu de quarto e aquelas tonturas de amor talvez seja melhor colocar na mala um cheiro de capim santo e doses de alecrim pra distrair o cheiro que você me arrumou e que ficou guardado eu não consigo esquecer eu não consigo passar um café sem antes passar nas memórias que eu guardei para o dia do fim e o fim é agora é hoje acho que me distraí no mangue que vim rolando até aqui com os joelhos ralados nem violeta com pião roxo cura o que cura é você chegando de canoa, zé trazendo o peixe preu me distrair só pra ouvir você dizer que delicadeza! que senhora! que deusa! eu só queria te dizer que eu aprendi que o infinito é o mesmo que um rio de estrelas não se acaba assim por que ir se aqui ainda tem tanto amor? tem a lida o cuidar com os bichos tem a noite a luz da lamparina tem agora meu coração que passa frio você é um sujeito -saudade coisa de vento que só toca a gente aqui dentro de mim você é um peixe que nada e eu não sei disfarçar eu te ponho no meu potinho de açúcar e de nada adianta eu te quero amarrado na minha saia de chita preu rodopiar sem pedir licença pra vida ou pro mundo pra natureza ou pra qualquer santo eu já tomei um banho de ervas já ouvi tantas pessoas dizerem ele não é mais ele era e eu digo é impossível ele tá aqui nas tábuas do assoalho no meu altar de santo no campo serrado no rio quando vai chegando a dona castorina me disse que eu carrego um amor muito forte que isso é capaz de enlouquecer como quando corri pelo terreiro e não te achava como quando eu te esperei e você não chegava eu ando achando que você deixou uma canoa à minha espera porque anda pensando que vou sem ti o nosso filho me disse que eu não acreditasse na morte e que agora é você quem acende os vaga-lumes.
que sempre voei em mim Que converso com planetas e madrugadas E ganho vida pelas noites enluaradas E rego plantas, enquanto sinto Eu: organismo, bicho.
Ser vivo. Trancada. À pão. E à circo Zoológico particular de algum alienígena entediado E também acuada – pois aqui, A carne viva está cativa, Nesse pequeno ensaio sobre amor e medo
E não é nenhum segredo Que chegaram tempos em que se cumprem as distopias Livros de história deixam de ser distantes Era nova, novos tempos: nova pandemia.
Como um recorte, uma mensagem De que toda nossa vã tecnologia Não nos afasta de ser carne Bicho, organismo vivo Força que emana efemeridade…
Eu, cativa. Nós, plantas no aquário. À espera de uma esperança – Que se demora a vir do noticiário –
E nesse abecedário particular de dias (in)contados Todo mundo (re)descobre mais claramente Sua própria torpeza, beleza e poesia Pois, longe do barulho que nos afasta do ‘interno’
Sobra apenas nós: A mística do eu, o ‘estranho ao espelho’.
Eu, Trancada. Em meu reino: hospício asséptico de álcool em gel , luvas e água sanitária