ANTENA DE ARAME – Conto de Luiz Jorge Ferreira

ANTENA DE ARAME

Conto de Luiz Jorge Ferreira

O rádio estava chiando muito. Meu pai, com o propósito de diminuir o chiado, mudava de posição a vara de bambu que segurava um pedaço longo de arame que chamava, a toda hora, de antena. Mas tudo em vão. Eu sabia que era Copa do Mundo.

Todos falavam que aquele jogo com a Tchecoslováquia era de vida e morte. Aquele Skarov era o diabo, podia fazer um gol e muitos outros e nos mandar de volta do Chile para casa, acabando com o sonho de sermos bicampeões mundiais.

Eu, medrosamente, olhava para o rádio. Quem sabe se aquele diabo loiro, musculoso, de muitos metros de altura, como eu o imaginava, pulasse de dentro do rádio para acabar com todos ali, inclusive comigo que torcia contra ele. Eu queria que este Skarov morresse e fosse para o inferno que era o pior lugar que eu em meus oito anos ouvira falar. Escondia-me por detrás de mamãe. Ia aonde ela ia. Vigiava a porta disfarçadamente e olhava assustado para o grupo de amigos do papai, que ora fumavam, ora bebiam um gole de seus copos sempre cheios, ora passavam a mão pelos cabelos, ora roíam as unhas e iam e vinham do banheiro apressados, enxugando as mãos na calça. “- Quanto está ainda? Ninguém marcou? O Skarov está nos atacando novamente? Este demônio vai acabar fazendo um gol.” Depois de noventa minutos de sofrimento, o Brasil ganhou o jogo.

À noite, vi Skarov vindo me engasgar com suas mãos peludas, rindo e pondo a mostra seus dentes afiadíssimos. Trazia um hálito de sangue, um fogo em seus olhos vermelhos que pareciam beliscar-me. Gritei muito. Mamãe saiu de seu quarto e veio me sacudir. “– Eu não lhe disse para que não provasse o vinho que seu pai e os amigos dele estavam tomando? E que também não ficasse com o ouvido grudado no rádio? Jogo é para gente adulta. Levanta e vai tomar banho. Está urinado. Lave-se e, depois, vá para cama do seu irmão. De manhã, troco os lençóis. Reze de novo antes de deitar.”

Em 1982, por ocasião da Copa do Mundo, fui a trabalho até a antiga Tchecoslováquia e fiquei hospedado nas proximidades de uma antiga Vila Olímpica que, na ocasião, foi transformada como abrigo de ex-atletas. Uma noite, antes de embarcar, ao regressar sozinho de um coquetel, atravessei por entre os prédios todos iguais, andando por uma viela escura que cortava caminho em direção ao Hotel onde estava hospedado com a delegação de jornalistas brasileiro, foi quando vi o vulto de uma pessoa.

Ao me aproximar, vi um homem caído defronte a um dos últimos prédios. Aproximei-me para prestar-lhe ajuda. Risquei o isqueiro. Estava escuro e muito frio para a estação. Ameaçava mesmo nevar. Observei que era um homem de aproximadamente uns setenta e poucos anos, magro, desnutrido, que cheirava álcool, balbuciava uma mistura de francês e tcheco. Ficou apavorado comigo ali. Àquela hora, abaixado sobre ele e tentando acender um isqueiro, eu tentava enxergá-lo melhor para saber se ele estava ferido. Vi que tentou levantar-se, arrastar-se, mas as pernas castigadas pelo álcool não lhe obedeciam. Transpirava muito. Olhava-me quase como se implorasse pela sua vida e eu, também, fiquei nervoso balbuciando frases mal construídas em inglês e em francês, tentando me comunicar. Era em vão. Ele estava em pânico. Apertava meu braço e tentava ficar de pé. O vento frio que soprava não era o bastante para enxugar o suor que gotejava da sua testa. Ele tremia apavorado. Eu, sem saber o que fazer para acalmá-lo, gritava em português. “– Acalme-se! Não se apavore, quero ajudá-lo. Sou jornalista do Brasil. Você esta ferido? Você entende? Brasil!”

O ancião olhava-me em choque, com certeza se achava vítima de um assassino ou na presença de um monstro de dentes afiadíssimos que queria no mínimo devorá-lo. De repente, passou-me uma ideia. Abri o paletó e mostrei-lhe a camisa da Seleção Brasileira que tínhamos levado para o coquetel de confraternização a fim de fazermos uma brincadeira com os jornalistas portugueses. Senti que havia dado certo. Eu tinha razão, ex-atleta reconhece a camisa. Aquela cor, aquele distintivo. Por fim, deixou-me ergue-lo e acomodá-lo em um canto da escada, onde o cobri e com meu sobretudo. Senti que se acalmava. Já não transpirava muito e seus olhos começavam a perder o olhar apavorado. Diminuíra sua angustia. Tentei fazer com que ele me entendesse e procurei ver se tinha um documento, uma identificação para que eu pudesse passar pela portaria do Hotel. Pedi para que um funcionário fosse vê-lo e o encaminhasse a um atendimento médico. Por certo, ficaria muitas horas exposto ao frio. Ele deu-me um pequeno embrulho de plástico. Compreendi que aquilo protegia um documento. Antes que eu me afastasse em direção a portaria, abraçou-me agradecido, meio sem jeito, na posição que se encontrava. O deixei ali e fui até ao Hotel onde entreguei o embrulho para o chefe da segurança, que se encarregou do caso.

Pela manhã, ao descer para embarcar de volta para a Espanha, o rapaz da portaria disse que havia um recado para mim da família do homem que eu ajudara, mas que infelizmente ele havia falecido. Como não leio Tcheco, ele o fez anotando a tradução no verso do próprio bilhete que imediatamente guardei. Tomei um táxi para o Aeroporto com aquela tira de papel no bolso do paletó e o episódio martelando em minha cabeça.

Comprei um jornal espanhol e ao folhear a secção de esporte, deparei-me com a notícia “A Tchecklosvaquia perdera um craque da seleção vice-campeã do mundo de 1962. Encontrado ao relento por um turista estrangeiro…” Foi, então, que abri a tira de papel com o bilhete traduzido: “A família do ex-jogador de Futebol Skarow agradece ao jornalista brasileiro pela ajuda prestada ao seu pai e avô.” Grampeada em anexo havia uma foto da formação da seleção Tcheca 1962. Retornei ao jornal assustado e confuso. A notícia martelava em minha cabeça. Li novamente. Abaixo da legenda via-se a foto de um ancião pequeno, frágil, magro, de cabelos brancos e ralos, de semblante plácido, deitado sobre uma mesa, coberto com seu sobretudo. Tomei o avião e quando cheguei em Madrid, fazia sol.

* Além de contista, Luiz Jorge Ferreira é poeta, escritor e médico amapaense que reside em São Paulo e também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames).

Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil terá blitz educativa no Centro da cidade

Nesta sexta-feira, 23 de novembro, o país se une para celebrar o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil. Em Macapá, a prefeitura, em parceria com a ONG Carlos Daniel, irá realizar uma blitz educativa, na Rua Cândido Mendes, a partir das 8h30. A atividade visa estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil, estimulando o debate sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer.

O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático). Hoje, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. (Fonte: Agência Saúde)

Serviço:

Data: 23/11 (sexta-feira)
Hora: 8h30
Local: Rua Cândido Mendes, esquina com Padre Júlio.

Jamile Moreira
Assessora de comunicação/Semsa
Contato: 99135-6508

Feliz aniversário, Amaral Júnior!

Hoje aniversaria o marido apaixonado da Claudinha, pai dedicado do Aldryn e Maria Luíza, fervoroso flamenguista, remista sofredor, boêmio do Laguinho, caprichoso doente (daqueles que vai dançar toada em Parintins), ex-nadador com vários títulos, funcionário público e velho amigo meu, Amaral Junior. Um velho e querido amigo. Trata-se de um cara porreta, fiel à família e amigos. Sobretudo, um homem honesto e do bem.

Amaral faz parte da turma que denominei “galera da piscina”, grupo de amigos que nadaram na velha Piscina Olímpica de Macapá. Nem sei quanto tempo o conheço, mas faz muitos anos.

Com ele, eu e a velha turma assistimos incontáveis títulos do Mengão e bebemos algo próximo a dois rios amazonas de cerva. Sempre na casa do sacana, pois o Amaral e Claudinha são grandes anfitriões. Sim, vivemos excelentes momentos em inúmeros churrascos com Rock e dominó. Ele e a maioria daquela galera fazem parte das minhas memórias felizes.

Junior é sensato e equilibrado. É uma pessoa que os amigos escutam e respeitam, inclusive eu. A gente se distanciou com o tempo, mas nos gostamos. Sempre torço pelo sucesso e saúde do Amaral, assim como de sua bela família.

Depois de tempos sem encontrar o Amaral, tomei umas com ele e Claudinha, há cerca de um mês e meio. Também tive a grata surpresa de ver que o Aldryn se tornou um cara safo. Foi muito firme!

Enfim, mano velho, que que tenhas sempre saúde e sucesso junto aos seus amores. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

MP-AP reúne com AMCEL e cobra compensações ambientais efetivas no município de Tartarugalzinho

O Ministério Público do Amapá (MP-AP) reuniu-se nesta segunda-feira (12), em sua sede na Procuradoria-Geral de Justiça – Promotor Haroldo Franco, com a empresa Amapá Celulose S. A. (AMCEL). Durante o encontro foi tratado Procedimento Administrativo nº 0000283-12.2018.9.04.0005, instaurado pela Promotoria do município de Tartarugalzinho cujo objeto visa fiscalizar a execução de políticas públicas sobre a compensação ambiental, por meio de projetos sociais a serem executados pela empresa naquela cidade.

A reunião contou com a presença da secretária-geral do MP-AP e coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caop Ambiental), promotora de Justiça Ivana Cei; da promotora de Justiça titular de Tartarugalzinho, Klisiomar Lopes Dias; do promotor de Justiça Alexandre Monteiro, que atua na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Macapá; e da coordenadora de relações públicas da AMCEL, Heloise Helena Melém.

Durante a reunião, os membros do MP-AP solicitaram informações da representante da AMCEL quanto à política pública sobre a compensação ambiental acordada.

Heloise Melém destacou que a AMCEL desenvolve o Projeto Carcará em Tartarugalzinho, entretanto, ainda resta alinhar algumas ações com o comando da Polícia Militar na cidade, comandante Ebinézio, que coordena a ação. A relações públicas disse ainda que a empresa executa o Projeto Escola da Madeira, com oferta de curso móvel: “Horta sem fogo”, nas comunidades Nova Vida e Assentamento Água Vida, no município.

Dos Pedidos

Klisiomar Monteiro pontuou que a AMCEL execute o projeto Informática Comunitária – INFOCO em Tartarugalzinho, que objetiva a inclusão social de jovens por meio de capacitação profissionalizante, do mesmo modo que foi realizado nas cidades de Ferreira Gomes e Porto Grande, em parceria com o MP-AP.

Além da qualificação, a promotora de Justiça solicitou que a empresa analise a implantação de uma casa abrigo para o projeto Família Acolhedora, também no município de Tartarugalzinho, que tem o propósito de atender crianças e adolescentes na modalidade de acolhimento familiar, por meio de famílias cadastradas da comunidade local.

Queremos efetividade nas compensações ambientais, como medidas que deem retorno para a sociedade do município, como qualificação para os jovens e projetos sociais”, salientou Klisiomar Lopes Dias.

Por sua vez, o promotor de Justiça Alexandre Monteiro frisou que cada município deverá implantar o projeto de acolhimento de menores em estado de vulnerabilidade, desafogando os estabelecimentos da capital, não excluindo a responsabilidade de Macapá.

Durante seu pronunciamento, a secretária geral do MP-AP e coordenadora do CAOP Ambiental, destacou a existência do projeto “Agentes Ambientais Mirins”, executado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM/AP), em Macapá, bem como o projeto de horta comunitária, que também poderiam ser realizados com o apoio da AMCEL em Tartarugalzinho e demais municípios onde a empresa atua.

Heloise Melém afirmou aos membros do MP-AP que apresentará os pleitos à Diretoria da empresa e garantiu que terá uma resposta até o dia 14 de novembro de 2018.

É nosso dever cobrar das empresas que exploram os municípios do Estado este tipo de compensação, pois chega de empreendimentos virem para o Amapá e não realizarem benfeitorias reais para a população de nossas cidades. O CAOP Ambiental dará todo o suporte necessário para a Promotoria de Tartarugalzinho, assim como nas demais unidades do MP-AP em todo o Amapá”, comentou Ivana Cei.

Serviço:

Elton Tavares
Assessoria de comunicação do MP-AP
Contato: (96) 3198-1616
E-mail: [email protected]

Fecomércio AP lança mais uma edição do Concurso de Vitrines e Fachadas

Incentivando a criatividade nesse natal, o Sistema Fecomércio Amapá lança nesta segunda-feira, dia 12, mais uma edição do Concurso de Vitrines e Fachadas. A iniciativa já virou tradição no comércio macapaense e tem como objetivo estimular o clima natalino no centro comercial de Macapá e nos principais shoppings da cidade.

Realizado há mais de dez anos pela Federação, o concurso já premiou diversas empresas nos mais variados segmentos comerciais. Com duas categorias, vitrine e fachada, o concurso também oferece prêmios para os responsáveis pelas decorações vencedoras.

Este ano, além dos empreendimentos, o público da internet também terá a possibilidade de concorrer a prêmios em dinheiro. “Nossa intenção é que todos fiquem envolvidos pelo clima natalino e aproveitem a data para incentivar o movimento do comércio local”, afirmou o Presidente do Sistema Fecomércio AP, Eliezir Viterbino.

As inscrições para empresas participarem do concurso são gratuitas e iniciam no dia 20 de novembro e vão até o dia 10 de dezembro. Para participar da disputa basta enviar uma (01) foto da vitrine/fachada decorada junto com os dados da empresa (nome fantasia, CNPJ, endereço e telefone para contato) para o e-mail: [email protected]

A divulgação dos ganhadores acontecerá no dia 04 de janeiro de 2019 por meio do site da Federação www.fecomercio-ap.sicomercio.org.br e nas redes sociais oficiais da Fecomércio AP. A entrega dos prêmios ocorrerá no dia 07 de janeiro de 2019.

Julgamento

O julgamento do concurso para a escolha das melhores vitrines e fachadas de 2018 será feito por meio de um jurado técnico e o maior número de curtidas nas publicações das empresas, que serão realizadas no perfil oficial da Fecomércio Amapá no Instagram.

A apuração do jurado e da contagem de curtidas acontecerá no período do dia 11 a 25 de dezembro.

Prêmios

Este ano o concurso irá premiar três (03) empresas na categoria vitrine e três (03) empreendimentos na categoria fachada.

O primeiro lugar na categoria vitrine receberá o prêmio de R$ 1.000,00. Já na categoria fachada, a premiação para o primeiro lugar será de R$ 1.500,00.

Para o público da internet, que participar da promoção no perfil oficial da Fecomércio Amapá no Instagram, serão sorteados prêmios nos valores em dinheiro.

Ao todo, os prêmios, entre os ganhadores das categorias fachada, vitrine e internet, somam o valor de mais de R$ 5 mil.

Aline Medeiros
Assessoria de comunicação da Fecomércio AP

O INSTANTE DO BRUXO ALUMBRADO (*)

Por Fernando Canto

Bolero em Noite Cinza traz a emoção da dança e a virtude da luz pelas fretas das portas. São poemas ecléticos que pulverizam palavras, rebentam estruturas e reconstroem sentidos em fuga. Configura-se aqui momentos de tensão, medo, sátira anárquica, crítica social e até mesmo a pura despretensiosidade poética. São ainda trabalhos de grande generosidade estilística, pois o autor joga sua versatilidade nas entranhas do mundo através de figuras e expressões linguísticas variadas. É, sobretudo, uma forma nova de encarar o mundo e de desvirtuar a realidade que tanto sufoca. Este livro é, portanto, um instante de alumbramento.

Fernando Canto, alumbrado.

Quarto Degrau – Conto de Luiz Jorge Ferreira

Depois que nos mudamos para aquela casa. Bastava cessar a chuva e eu ouvia o barulho de Zig.Zig.Zag.

Ouvia por quatro vezes. Depois parava. Eu saia do meu quarto meio com medo dentro dos meus seis anos. Ia até a cozinha e olhando na direção da escada que levava ao andar de cima. Estava lá uma esfera luminosa zig zig zag deslizando com ruído no quarto degrau. Eu das primeiras vezes fiquei espantado. Depois já me aproximava dela. Era esférica e tinha um orifício no meio. Eu enxergava–a com dificuldade. Mas mesmo assim conseguia ver que havia imagens no centro do orifício. Depois ela sumia e sumia com ela o barulho.

Não contei para ninguém. Nem satisfiz a curiosidade de olhar no centro da esfera e ver o que eram aquelas figuras ali. Que dava para nota-las, dava, mas não dava para distinguir. Mesmo eu dobrando os óculos de vovó, para por as duas lentes em um olho só.

Mesmo assim. Eu tinha medo de aproximar meu rosto da esfera luminosa.

Meses depois meu pai que era Gerente do Banco Moreira Gomes em Macapá.

Foi transferido para Fortaleza.

Passaram-se anos. Eu formado em engenharia volto a cidade á trabalho. Como cresceu. Quase não a reconheço.

Hoje eu resolvo ir à casa de uma colega de equipe para um encontro e já meio atrasado tomo um táxi.

Pode me levar a rua Jovino de Noa, a altura do 515? – É pra já, responde, o motorista.

Começamos a rodar. Estou ansioso. Parece que estou apaixonado, ela interessou-me demais.

De repente o táxi entra por ruas que me levaram a infância. Lembranças felizes.

Momentos inesquecíveis junto com meus pais, agora já falecidos.

Peço que ele diminua a velocidade.

Foto encontrada no blog Porta Retrato

-Olho o colégio que estudei. Olha a praça dos Escoteiros. Quantas pipas empinei aqui.

O motorista sorriu.

Aqui nesta praça ganhei esta cicatriz.  Apontei-a sobre a sobrancelha direita.

De repente surgiu o esqueleto de uma casa já meio demolida. Eu já morei ai. Disse-lhe.

Que vão construir? Perguntei. Um templo, respondeu.

Pare um pouco. Vou descer um momento. Vou entrar um pouco nestas ruínas.

Ele parou na esquina. Debaixo de um foco de luz da iluminação publica. O que restou da casa estava do outro lado da rua em total abandono.

Não se demore disse. Este lugar é bastante perigoso.

Atravessei meio correndo.

A casa estava ali. Fora a ultima moradia comum a meus pais e meus avós, antes de irmos para Fortaleza.

Apesar de estarem derrubadas algumas paredes. Eu ainda conheço você, disse. Conheço bem ainda seus cômodos. Aqui era a sala. Bem ali ficavam os quartos, o banheiro, a cozinha.

Estava muito escuro. A placa da construtora defronte da casa quase totalmente demolida aumentava a escuridão e era uma construção de responsabilidade de nossa Construtora.

Que coincidência. Pensei comigo.

Parece que o táxi buzinava. Chamando-me.

O lugar esta escorregadio. Quase levo um tombo e que choveu fininho há pouco.

Das poucas coisas ainda de pé encontro à escada a minha frente, suspensa no ar.

Agora ela não se encontra com o andar de cima. Vou ao quintal não há mais a porta, vejo o cajueiro outrora pequeno, agora enorme.

De repente ouço um zig zig zag que me assusta um pouco. Retorno à cozinha pulando por sobre monturos de paredes derrubadas.

Esta lá brilhando a esfera luminosa. Parece que me esperava. Olho seu movimento zigzagueando de um degrau para o outro ate parar no quarto degrau.

Agora a vejo melhor. Estou usando uso óculos. E com eles posso vê-la é de uma luminosidade quase vermelha, brilhante, com um orifício no meio.E neste meio alguma coisa como que se mexe.

Pulo por cima dos pedaços de madeiras podres, espalhados pelo chão e me aproximo cada vez mais.

Ela não foge de mim zig zig zagueia e me espera.

Agora meio apoiado na própria escada, olho pelo orifício do centro.

Há uma figura masculina posso perceber pelo traje. Andando, de costas para mim.

Há um carro estacionado, é na direção do carro que ele caminha, posso vê-lo bem. Presto mais atenção sem me preocupar com a proximidade dos meus olhos, com o orifício da esfera luminosa. Chega um novo vulto, é outro homem.

Não consigo distinguir bem as feições. O que chegou por ultimo esta armado, mete a mão no bolso do primeiro, retira alguma coisa. Brigam um pouco.O homem armado atira varias vezes. Não acredito pareço sentir em mim os tiros. Ele corre. O que estava indo para o carro é atingido cai de costas. Não consigo ver seu rosto. Agora quase encosto os olhos no orifício de bola luminosa.

De repente sai outro homem do carro pela porta do motorista e se dirige ao que esta no chão Toma-lhe o pulso e parece gritar. O outro deve estar morto, pensei.

Então vira o corpo caído. Meu coração sobressalta-se. Foi um assalto.Eu vejo por fim o rosto nítido do morto no chão. Sua feição jovem, a meia barba, uma cicatriz sobre a sobrancelha direita, os óculos caídos no chão sob a luz mortiça do poste. Agora posso vê-lo nítido.

A esfera luminosa começa extinguir-se, não antes dos meus gritos

Ele.- Sou eu! Ele.- Sou eu! Ele – Sou eu.

Luiz Jorge Ferreira

* Além de contista, Luiz Jorge Ferreira é poeta, escritor e médico amapaense que reside em São Paulo e também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames).

Prefeito Clécio visita obras de construção do novo aeroporto de Macapá

O prefeito de Macapá, Clécio Luís, visitou nesta segunda-feira, 5, as obras de construção do novo Aeroporto Internacional de Macapá Alberto Alcolumbre. Ele esteve acompanhado dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, além do secretariado municipal e diretores da Infraero. A visita teve como objetivo verificar o andamento das obras e garantir uma maior integração de serviços entre Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e Prefeitura de Macapá.

A obra do novo aeroporto, iniciada há 15 anos e retomada por meio de uma articulação da bancada federal, encontra-se hoje bastante avançada e com previsão para ser entregue e inaugurada ainda este ano. “É muito importante estarmos presentes acompanhando e vendo o que está acontecendo aqui. A bancada do Amapá se uniu em torno dessa causa e conseguimos retomar os serviços. Hoje ela está sendo concluída, fruto do nosso trabalho, da nossa dedicação e do nosso empenho. Em breve será entregue para a nossa cidade”, disse o senador Davi Alcolumbre.

“O novo aeroporto terá capacidade para receber cerca de 5 milhões de passageiros ao ano. Hoje, o atual aeroporto de Macapá tem uma movimentação de 600 mil passageiros, com capacidade de movimentação de 1 milhão ao ano. Com a inauguração, teremos um espaço novo pelo menos para os próximos 30 anos da história amapaense”, destacou o senador Randolfe Rodrigues.

Clécio, durante a visita, destacou o apoio da prefeitura para a realização das melhorias necessárias para o bom funcionamento do novo aeroporto. “É uma visita de integração. Trouxe comigo os nossos secretários de Obras, Iluminação Pública, Manutenção Urbanística e o diretor da Companhia de Trânsito e Transporte, exatamente para começarmos a trabalhar de forma integrada com a Infraero e começarmos a ver questões, como, por exemplo, da iluminação púbica da área externa do aeroporto, que já está sendo feita”, disse.

O novo espaço, mais amplo que o atual, após ser inaugurado, levará mais comodidade aos seus passageiros, terá vários pontos comerciais, incluindo os escritórios das empresas aéreas, lanchonetes, guichês de check-in das companhias, áreas mais amplas para o embarque e desembarque de passageiros, estacionamento, dentre outros. “A previsão é que o novo aeroporto seja inaugurado no dia 27 de dezembro, iniciando 2019 já com o novo espaço”, informa a superintendente da Infraero, Keyla de Moraes.

Karla Marques
Assessora de comunicação/PMM
Fotos: Max Renê

Feliz aniversário, Edricy França!

14958942_1375238559195838_222142527_o
Eu e Edricy, na semana passada

Hoje aniversaria neste festivo sábado (5), o desenhista, caricaturista, grafiteiro, amante de Rock and Roll e tatuador Edricy França. Uma figuraça, que além de artista talentoso, carismático e criativo, é meu velho e querido amigo.

Eu o sacava há tempos, da época da pista de skate que ficava em frente ao Banco do Brasil, na orla de Macapá. Mas somente em 2007, quando o cara fez a grafitagem no Bar do Francês e uma caricatura minha, começamos uma amizade.

Quando fiz a minha tatuagem com ele (rosto da minha mãe), em 2009, Edricy já era um dos melhores artistas de Macapá na área. Hoje em dia, aqui, ninguém é melhor que o cara. Aliás, ele trampa na capital amapaense, São Paulo e já tatuou na capital federal.

947307_562058303847205_1469405132_n

Edricy é uma figura “por demais” gente boa. Ao cara “risca” pessoas e materializa fantásticas imagens em pele, rendo homenagens hoje. Além de talentosíssimo, ele é bem humorado, tranquilo, desprovido de boçalidade e é, sobretudo, um homem de bem.

Sem mais rasgação de seda, te digo, Edricy: gosto pra caralho de ti, sacana. Que tenhas sempre saúde, pois do resto você dá conta. Meus parabéns e feliz aniversário, parceiro!

Elton Tavares

Luau na Samaúma anos 60 e 70 será realizado nesta quinta-feira, 1 de novembro

O Ministério Público do Amapá (MP-AP) e a Prefeitura Municipal de Macapá (PMM) promoverão a terceira edição do Luau na Samaúma deste ano. Desta vez o evento terá a temática “Anos 60 e 70”. Com música, poesia, gastronomia, exposições de arte, intervenções artísticas e literatura. O encontro multicultural está marcado para o dia 1º de novembro, a partir das 18h, na Praça Samaúma, em frente à Procuradoria-Geral de Justiça – Promotor Haroldo Franco. A iniciativa visa aproximar a população do órgão ministerial, além de favorecer a ocupação do espaço público com lazer, cultura e segurança.

As apresentações musicais do Luau na Samaúma “Anos 60 e 70” tocarão e cantarão canções dessas décadas douradas. O público poderá usar o estacionamento da sede campestre da Maçonaria, em frente à Praça Samaúma, além do entorno do local para estacionar seus automóveis.

Programação:

18h – Esquete teatral “dê sinal de vida” com equipe de arte educadores da Ctmac/PMM
18h30 – Discotecagem Selecta Branks.
19h – apresentação da Banda Musical da Guarda Municipal.
20h – Discotecagem com Charles Charr, da loja de vinis Lado B.
20h30 – Apresentação da cantora Taty Taylor e banda Babilônia.
21h30 – Apresentação da banda Quarteto Casa Nova

Haverá também comercialização de artesanato com a Feira Preta, do Instituto de Igualdade Racial (IMPROIR); do projeto Mulheres que Fazem da Coordenadoria de Mulheres; Feira do Empreendedor Programa Conviver do Habitacional, além de venda de livros, discos de vinil, comidas típicas e de food trucks; exposições de quadros, fotografias, objetos antigos e exposição de carros antigos; mostra de arte da galeria Arte Amazon; grafitagem ao vivo com os artistas Carla Antunes, Tami e Kash; tenda literária com exposição e declamações poéticas com o Grupo Poesia Boca da Noite e Associação Literária do Amapá (ALIEAP).

Os anos 60 e 70 foram muito importantes em diversos sentidos, representando uma verdadeira revolução nos costumes de época, brilhante produção musical e fortalecimento cultural no Brasil e no mundo. Quem desejar poderá vir à caráter, com roupas destes dois momentos da história. Venha e traga sua família para curtir um pouco dos anos dourados!

SERVIÇO:

Luau na Samaúma, com o tema Anos 60 e 70.
Data: 01 de novembro de 2018.
Hora: a partir das 18h
Local: Praça da Samaúma, em frente a Procuradoria-Geral de Justiça – Promotor Haroldo Franco, na Rua do Araxá.

Elton Tavares
Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Amapá
Contato: (96) 3198-1616
E-mail: [email protected]

Inscrição para Chamada Escolar 2019 terá início na próxima segunda, 5

Atenção pais! A partir do dia 5 de novembro estará aberto o prazo para inscrição na Chamada Escolar 2019. Ela iniciará às 10h, no site www.escolapublica.ap.gov.br, e terminará em 7 de dezembro de 2018. A Chamada pode ser feita em qualquer lugar com acesso à internet, incluindo o celular. Para aqueles que não possuem acesso, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) disponibilizará polos nas escolas municipais para atender esse público.

Para preencher o formulário é necessário ter em mãos a Certidão de Nascimento, CPF e carteira do SUS do estudante; e RG, CPF e comprovante de residência dos responsáveis. Podem participar da Chamada Escolar crianças, jovens e adultos que não frequentam a rede pública de ensino. Crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais específicas deverão ter prioridade na matrícula, assim como a escolha da escola mais próxima de sua residência.

Aos candidatos interessados em frequentar escolas da zona urbana de Macapá, exclusivamente, deve ser preenchido o formulário online; para os interessados em estudar em escolas estaduais dos municípios de Santana, Laranjal do Jari, Oiapoque, Porto Grande, Mazagão, Tartarugalzinho, Vitória do Jari, Pedra Branca do Amapari, Calçoene, Amapá, Ferreira Gomes, Cutias, Pracuúba, Itaubal e Serra do Navio, além das escolas estaduais e municipais da zona rural de Macapá, o preenchimento será feito por meio de formulário impresso.

A Chamada Escolar é feita de forma unificada, entre Estado e municípios de Macapá e Santana.

Assessoria de Comunicação/Semed

Poema de agora: Síndrome de Estocolmo – (@cantigadeninar)

Síndrome de Estocolmo

se amor é despedida
e o fim inevitável é sempre um adeus
não vejo justiça na vida
que teima em desgraçar os filhos seus.
amor de verdade é desprendimento,
um desalgemar da alma,
passagem só de ida com o vento,
uma esmola dada com calma.
prazo de validade?
quando a gaiola se abre
não importa a idade
apenas se sabe que é tarde.
dou-me por vencido.
o código de barras atesta:
produto podre, coração ferido,
acabou a festa.
culpa de quem?
do amor?
discordo, vou além.
o amor é indolor.
é desapego sincero,
um bem-querer que se quis,
um acenar singelo
de quem só quer ver o outro feliz.
responsabilizo pois,
os amantes.
que adiam, deixam para depois,
o que deveria ser feito antes.
os pulsos machucados
são libertos devagar…
com a jaula entreaberta
vou voltando a respirar:
posso voar!
mas prefiro ficar e esperar.
mais que amante, sou tola
por crer que a mola
do mundo é o amor.
e que o tempo não apaga
as contas das tecelãs do destino,
tampouco serve de adaga
para cravar no peito a lâmina do desatino.
as velhas costureiras me miram
com os olhos negros e enrugados
e tudo que me ensinam
é a não desistir do que está escrito e tatuado.
na pele
nas estrelas
no cerne
nas veias
e por escolher permanecer
sou refém da felicidade,
para contigo ser…
aprisionada por vontade.

Lara Utzig