Poema de agora: Nuvens de Agosto sobre Setembro – Luiz Jorge Ferreira

Foto: Elton Tavares

 

Nuvens de Agosto sobre Setembro

…as vezes a noite já vai longe e quase chega a madrugada
Olho no Zap…estás ligada a ele também…
Como ignoro onde…com quem…ou lês simplesmente…
Guardo as palavras na mente e não deixo que meus dedos a digitem…
De manhã cedinho não saberei o que diria
Mas a sensação de um vazio permanece até a terceira xicara de café
Dai em diante presto atenção no texto que lerei dentro da dinâmica do trabalho e quando saio….
Deus extendeu novamente a noite
Olho para ela indiferente ao que penso
Joga- me gotas d’água e me esbofeteia com um sopro gelado.
Então eu ligo o carro e ligo o rádio…e uma frase musicada me diz que devo levar prá casa, remédio para a solidão.

Luiz Jorge Ferreira

Poetas Azuis apresentam recital Remix Poesia no Festival de Inverno de Garanhuns

Celebrando os 10 anos de atuação, os Poetas Azuis, tradicional grupo amapaense de poesia, apresenta na quinta-feira, 27, de julho, o recital Remix Poesia, no Festival de Inverno de Garanhuns – FIG. Este é o segundo ano que o grupo levará uma performance para o evento que chega a sua 31ª edição em 2023.

Com produção da Duas Telas Produtora Cultural, os Azuis, embarcam no dia 26 para Garanhuns, cidade do Agreste Pernambucano. A seleção ocorreu por meio de inscrição no edital de chamada pública realizada em abril.

Para este ano o grupo apresenta, o Remix Poesia, que é o recital-show que traz releituras de diversos trabalhos construídos durante a sua primeira década de existência, agora acompanhados por um DJ.

Poetas Azuis

É um grupo lítero-musical amapaense criando em 2012 com o intuito de promover o encontro da poesia falada e a poesia cantada através de seus recitais-shows. Já se apresentaram em outros estados do Brasil e participaram de festivais ligados a literatura e a música tais como: Off Flip, FLIMAR, FLIU e Música na Estrada. Além de circular por projetos apoiados pelo SESC como Viajando Pelo Mundo da Literatura e SESC Amazônia das Artes.

FIG 2023

O Festival de Inverno de Garanhuns – FIG, chega a sua 31ª edição e acontece de 21 a 30 de julho. A programação conta com shows de Lenine, Nação Zumbi, Arnaldo Antunes, Maneva, Tiago Iorc e Priscila Senna e atrações locais.

Fotos: Eudes Vinicius
Assessoria de comunicação

Hoje é o Dia Nacional do Escritor (minha homenagem aos confrades literatos) #diadoescritor

Hoje (25) é o Dia Nacional do Escritor. O conceito diz: Escritor é o artista que se expressa através da arte da escrita ou, tradicionalmente falando, da Literatura. É autor de livros publicados, embora existam escritores sem livros publicados (chamados, por alguns, de amadores, mas não para mim). A data foi instituída em 1960 pelo então presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), João Peregrino Júnior, e pelo seu vice-presidente, o célebre escritor Jorge Amado.

O Dia do Escritor, no Brasil, surgiu após a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, iniciativa da UBE. O grande sucesso do evento foi primordial para que, por intermédio de um decreto governamental, a data fosse instituída com a finalidade de celebrar a importância do profissional da palavra escrita – profissão que, infelizmente, nem sempre tem sua relevância reconhecida.

Todos que escrevem crônicas, poesias, contos ou contam histórias e estórias são produtores de universos e mundos imaginários, bem como guardiões da memória, tradições, resgate da memória e fortalecimento da identidade cultural da sociedade amapaense. Sempre imparáveis e com insPiração.

Alcinéa Cavalcante e Fernando Canto. Dois imortais da Academia Amapaense de Letras, meus ídolos e queridos amigos. Foto: Flávio Cavalcante (também amigo escritor).

Hoje, em nome de Fernando Canto e Alcinéa Cavalcante, parabenizo os escritores que conheço e sou fã e também congratulo grandes literatos amapaenses que não conheço pessoalmente, mas possuem grandes obras e contribuições expressivas para a literatura do nosso lugar no mundo. Deste grupo, em especial, o admirável Manoel Bispo, de quem sou admirador, mas nunca troquei uma palavra.

Minhas homenagens aos que viraram saudade, como Gabriel García Márquez, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna. Também felicito os meus grandes e velhos amigos Victor Hugo, Mário Quintana, Fiódor Dostoiévski, José Saramago, Franz Kafka, Manuel Bandeira, Mário Prata, Machado de Assis, Luís Fernando Veríssimo, Charles Bukowski Friedrich Nietzsche, Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, entre outros tantos, que me ajudaram a melhorar a percepção das coisas.

Com os escritores Pat Andrade, Fernando Canto, Ronaldo Rodrigues, Alcinéa Cavalcante, Lulih Rojanski, Silvio Neto, Esmeraldina dos Santos, Flávio Cavalcante, Thiago Soeiro e Pedro Stkls. Amigos!!

Os exímios escritores, que com habilidade e criatividade usam as palavras e ajudaram a abrir cabeças e ensinaram pessoas a ler nas entrelinhas, são, como diz a minha amiga jornalista manauara Juçara Menezes, “máquinas pensantes para outros começarem a pensar”. De fato!

Quando perguntavam qual a minha profissão, dizia que “sou jornalista, assessor de comunicação e editor de um site. Mas que, um dia, gostaria de ser escritor”. Pois é, me tornei escritor e estou feliz com isso. Fiz a estreia nas antologias “Cronistas na Linha do Equador” e “61 Cronistas do Amapá”, lançadas em 2020. Sobre essas duas publicações, agradecimentos aos escritores Mauro Guilherme (saudoso amigo que fez a passagem há pouco tempo) e Alcinéa Cavalcante, querida amiga que sempre me apoia.

Também tenho dois livros publicados. São as obras “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias” (de 2020) e “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo” (2021). Eles foram os primeiros de muitos que virão, se Deus permitir. Agradeço sempre aos familiares e amigos que contribuíram e foram fundamentais ambas as publicações da obra.

Em 21 de junho deste ano, a Academia Amapaense de Letras (AAL) completou 70 anos. Durante a programação, várias personalidades foram homenageadas, entre elas, eu e fiquei feliz demais por ter recebido o troféu Destaque Cultural 2023, das mãos do presidente da AAL, meu querido amigo Fernando Canto. Fui agraciado por conta de meu trabalho e divulgação da cultura há mais de 13 anos, neste site.

Voltando à data celebrada hoje, parabenizo ainda os jornalistas que escrevem crônicas e contos. A licença poética (da poesia marginal, claro) e liberdade de expressão me permitem dizer: o que vocês fazem é bom pra caralho!

Ah, aos que nunca conseguiram publicar seus livros, deixo o recado: continuem tentando, sempre!

Enfim, senhores escritores, meus parabéns por rabiscarem ou digitarem seus pontos de vista, histórias e estórias próprias ou de terceiros, causos, contos, devaneios, tudo com muita sagacidade, inteligência e humor. A nós, literatos imparáveis, desejo muita insPiração e um feliz Dia do Escritor.

Elton Tavares – Jornalista e escritor.

Dia do Escritor é comemorado com exposição, recital de poesia e tarde de autógrafos de escritores amapaenses

O Senac Amapá realiza o Sarau do Dia do Escritor, no dia 25 de julho, das 14h às 18h, na sede da instituição, com entrada gratuita. A programação conta com exposição e comercialização de livros, autógrafos dos profissionais locais e recital de poesias.

Com o objetivo de evidenciar e homenagear os escritores amapaenses, o evento conta com a participação dos escritores Amanda Barreiros, Angela de Carvalho, Bruno Muniz, Fernando Canto, Leacide Moura e Paulo Tarso.

O professor Mauro Rabelo e o jovem aprendiz do Senac, Arilson da Silva Ericeira também expõem seus trabalhos.

O evento é aberto ao público e oportuniza o contato com profissionais escritores, inspirando os jovens a atuarem neste ramo.

Programação

25.07.2023
Local: Auditório Ladislao Pedroso Monte

14h30 – Recepção
15h – Apresentação de vídeo da trajetória e importância do Dia do Escritor;
15h15 – Pronunciamentos das Autoridades;
15h30 – Recital de poesias;

Local: Área de Convivência
16h – Exposição e comercialização de livros, varal literário e tarde de autógrafos

Andréa Maciel
Assessoria de comunicação

Feras Soltas: primeiro romance de Lulih Rojanski já está em período de pré-venda

Por Silvio Carneiro

A escritora Lulih Rojanski publicou seu primeiro romance pela Editora Patuá (SP). Com mais de 30 anos de experiência literária, com diversos livros de contos e crônicas publicados, além da participação em diversas coletâneas nacionais e binacionais, a premiada escritora estreia seu primeiro romance, Feras Soltas, que traz como pano de fundo a pandemia da COVID-19, onde três protagonistas refletem sobre suas vidas, seus traumas e seus segredos.

O livro é escrito pela perspectiva das três personagens centrais, de forma que as narrativas paralelas acabam se cruzando e revelando uma história, ao mesmo tempo, vibrante, cativante e repleta das mais diversas emoções. Manuela é uma mulher atormentada pelas memórias de abuso na infância, que se deita na terra e sonha deixar para trás e do avesso a velha pele, triste e nodosa, da vida inteira. Sam, seu marido, possui segredos que se tornaram seu pesadelo fiel. E Boni, irmão de Manuela, vive as alucinações e delírios da esquizofrenia. Os três desistiram da vida em sociedade e há muitos anos vivem na mesma casa, onde parecem ter uma rotina normal e respeitar uma escolha de reclusão. Mas, aos poucos, a história revela a sociedade secreta que há em cada um e o que os levou a esquecer como se abrem portas. Quando o isolamento social passa a ser uma obrigação e não apenas uma escolha, em razão da pandemia da COVID-19, paradoxalmente suas portas começam a se romper, levando-os a enfrentar demônios mais vivos do que eles imaginavam.

“Tudo faz parte das tristezas que colecionamos neste estranho tempo em que a única certeza é que tudo é perigoso: sair à rua, andar sem máscara, aglomerar-se, manifestar-se contra o poder, dizer o que se pensa… Fomos feitos fortes para cuidar de nossas vidas, mas nunca antes a vida foi tão frágil. Parece estar sempre por um fio. Há que se cuidar dela como quem segura uma gota d’água na palma da mão” (Lulih Rojanski)

Feras Soltas será lançado em Macapá no mês de agosto, mas os leitores já podem apoiar o projeto adquirindo o livro na pré-venda, com preço especial, de hoje até o dia 31 de julho, no site da Editora Patuá através do link https://www.editorapatua.com.br/feras-soltas-romance-de-lulih-rojanski/p .

A Editora Patuá tem se destacado ao longo dos anos por apresentar ao público livros com excelente qualidade gráfica e, sobretudo, literária. Desde 2011 já são muito mais de 1700 títulos publicados, conquistando três vezes o Prêmio São Paulo de Literatura, três vezes o Prêmio Jabuti, o Prêmio Açorianos, o Prêmio AGES, duas vezes o Prêmio Guavira, o Prêmio Minuano e o prêmio Casa de las Américas, e deixando autores e autoras finalistas e semifinalistas do principais prêmios literários do país.

Serviço:

Livro: Feras Soltas (Romance)
Autora: Lulih Rojanski
Editora: Patuá
Link: https://www.editorapatua.com.br/feras-soltas-romance-de-lulih-rojanski/p
Preço: R$50
Contatos: (96) 98116-1889 / (96) 98132-2705

Nunca fui… – (Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Ilustração: Ronaldo Rony

Crônica megalomaníaca de Elton Tavares

Nunca fui sonhador de só esperar algo acontecer. Sou de fazer acontecer. Não sou e nunca serei um anjo. Não procuro confusão, mas não corro dela, nunca!

Nunca fui de pedir autorização pra nada, nem pra família, nem para amigos. No máximo para chefes, mas só na vida profissional.

Nunca fui estudioso, mas me dei melhor que muitos “super safos” que conheci no colégio. Nunca fui prego, talvez um pouco besta na adolescência.

Nunca fui safado, cagueta ou traíra, mesmo que alguns se esforcem em me pintar com essas cores.

Nunca fui metido a merda, boçal ou elitista, só não gosto de música ruim, pessoas idiotas (sejam elas pobres ou ricas) e reuniões com falsa brodagem.

Arte: Camila Karina

Nunca fui “pegador”, nem quis. É verdade que tive vários relacionamentos, mas cada um a seu tempo. Nunca fui puxa-saco ou efusivo, somente defendi os trampos por onde passei, com o devido respeito para com colegas e superiores.

Nunca fui exemplo. Também nunca quis ser. Nunca fui sonso, falso ou hipócrita, quem me conhece sabe.

Nunca fui calmo, tranquilo ou sereno. Só que também nunca fui covarde, injusto ou traiçoeiro.

Nunca fui só mais um. Sempre marquei presença e, muitas vezes, fiz a diferença. A verdade é que nunca fui convencional, daqueles que fazem sentido. E quer saber, gosto e me orgulho disso. E quem convive comigo sabe. É isso.

Elton Tavares

Foto: Flávio Cavalcante

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Máscaras de Mazagão Velho – Crônica (resgate histórico) de Fernando em homenagem à Festa de São Tiago

Foto: Marcelo Loureiro – Secom.

Texto de Fernando Canto (Uma velha homenagem à Festa de São Tiago de Mazagão Velho)

Há alguns anos ministrei palestra para uma turma de Sociologia do Ceap sobre “Cultura e Poder”, enfocando aspectos da Festa de São Tiago de Mazagão Velho (cavalhada que relembra a lenda desse santo na guerra entre Mouros e Cristãos na África) a convite do professor Luís Alberto Guedes. Nesse dia levei uma caraça utilizada pelos “Máscaras” e pedi aos alunos que a experimentassem em seus rostos. As reações foram as mais diversas e a discussão bem participativa. Entretanto, se por trás da máscara há um mundo de significados, pela frente pode representar a face divina, a face do sol. Ela exterioriza às vezes tendências demoníacas (Teatro de Bali, máscaras carnavalescas), manifesta o aspecto satânico. Ás vezes não esconde, mas revela tendências inferiores que é preciso por a correr, porque não se utiliza uma máscara impunemente. Ela é um objeto de cerimônias rituais, como por exemplo, as máscaras funerárias, que são arquétipos imutáveis nas quais a morte se reintegra. Na China ela se destina a fixar a alma errante.Ela também preenche a função de agente regulador da circulação das energias espirituais espalhadas pelo mundo e visa controlar e dominar o mundo invisível.

Foto: Fernando Canto

Na Festa de São Tiago ela é usada no “Baile de Máscaras” que ocorre no dia 24 de julho, e é um dos aspectos ritualísticos mais importantes, pois simboliza uma cena de regozijo à vitória que os mouros julgavam ter obtido sobre os cristãos O baile ocorre após terem oferecido comida envenenada aos cristãos, visando dar oportunidade aos que quisessem passar para seu lado. É um baile de homens onde todos estão fantasiados, mas às mulheres e crianças é proibida a participação. Eles dançam no sentido inverso ao do relógio até ao amanhecer. Ao meio-dia um personagem mascarado chamado “Bobo Velho” passa três vezes no território cristão e é apedrejado pela assistência, pois se trata de um espião mouro tentando obter informações. Na cena do “Rapto das Criancinhas Cristãs”, os “Máscaras”, dezenas de atores populares, surgem fantasiados, assustando e arrebatando olhares de medo das crianças que os assistem.

*As fotos são de um ‘Lambe’ feito em Mazagão Velho, em três ambientes diferentes, em Macapá no muro da casa do jornalista Jorge Herbert e essa na Casa Velha, no bairro da Cidade Velha (feitas pelo Jorge e também da Flávia Souza, fotógrafa, museóloga e pesquisadora).

A máscara parece ser uma transferência de energia que tem o sentido de mutação e que transcende o drama. Já o “Baile” é uma festa dentro da festa. É uma cena de um drama em que paradoxalmente ocorre a oportunidade de se desregrar (pela ingestão do álcool). Mas é quando se subverte a realidade constituída, pois a organização social do drama tem seus apelos e sanções: se há notícia de uma outra festa na vila, os “Máscaras” vão até lá e acabam com ela. Fazem respeitar as normas da tradição e tecem críticas à realidade através de um grande boneco mascarado chamado “Judas”, que todo ano muda de nome, conforme o momento histórico e a decisão dos que o confeccionaram.

Foto: Marcelo Loureiro – Secom

O “Baile de Máscaras” é uma forma de representação do potencial subversivo das festas, não só pela crítica, mas pelo dançar constante na direção inversa ao do ponteiro do relógio, tratando-se de um embate contínuo com o tempo, quando os brincantes giram e vão se espiralando, afastando o tempo linear e vivendo a dimensão da memória, num tempo mítico, onde os acontecimentos heroicos se repetem pelos rituais.

Culturalmente as máscaras de Mazagão Velho podem ser vistas como um aspecto místico da festa porque traduzem o tempo, a memória e o ritual que organiza a memória, a história e a sobrevivência da sociedade. Assim a cultura da festa se efetiva porque suas crenças, gestos e valores são oriundos de um processo de criação de homens e mulheres e que são partilhados por todos, por meio de juízos de valor e símbolos.

Foto: Marcelo Loureiro – Secom

A utilização da máscara na Festa de São Tiago é de disfarce, de aparência e de jogo estratégico. E para entender melhor esse processo nada como pôr no rosto uma caraça, pois assim cada um assumirá também o papel que subverte e mete medo, e que também diverte, mas, sobretudo, que une e corporifica os valores culturais daquela sociedade.

(*) Do livro “Adoradores do Sol” – Textuário do Meio do Mundo, Scortecci, São Paulo, 2010.

Poesia de agora: Poema para o amigo – Alcinéa Cavalcante (@alcinea)

Com a querida amiga Alcinéa

Poema para o amigo

É possível que eu te conte
uma história de príncipes e fadas
que escutarás com o olhar perdido na infância.
Ou que te conte uma piada tão engraçada
que rolaremos de tanto rir.
Nossas gargalhadas contagiarão os passantes
e de repente todo mundo estará rindo
sem nem saber por quê.
É possível
que eu faça um café com tapioca e te chame
pois café, tapioca e amigo tem tudo a ver.
É possível que eu chegue na tua casa sem avisar
só pra te ofertar uma rosa que acabara de nascer
e te oferecer um Johrei.
É possível que eu te ofereça uma música no rádio
ou te mande, pelo Correio,
uma carta numa folha de papel almaço.
É possível que eu te ligue
no meio da noite
no meio do dia
a qualquer hora
– mesmo na mais imprópria –
só pra dizer:
Amigo, eu amo você.

(Alcinéa Cavalcante)

Yurgel Caldas gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo! – @CaldasYurgel

Eu, Yurgel, Mara, Clícia e Enrico. Amigos!!

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste vigésimo dia de julho, o escritor, professor de Literatura da Universidade Federal do Amapá e do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGLET) da mesma instituição, Yurgel Caldas, gira a roda da vida.

Yurgel é o marido apaixonado da Mara, pai de um casal lindão, fã de boa música, livros, viajante do mundo, carnaval, cervas e bons vinhos. É bonito de ver/acompanhar o amor deles . Ele é um cara inteligente pra caralho, educado, mas combativo e gente fina. O figura sempre foi um brother porreta para bater um papo.

Aliás, sempre colabora com este site com seus textos com conteúdo rico. E até já assinamos uma resenha musical juntos. Aquele papo, o maluco manja das paideguices.

Com Yurgel Caldas

No último dia 21 de junho, Academia Amapaense de Letras (AAL) completou 70 anos. Durante a programação, várias personalidades foram homenageadas, entre elas, eu e Yurgel. Ficamos felizes, claro. Foi o último encontro com o Yurgel, mas logo logo a gente deve molhar a palavra em alguma “controada” lá pela casa da Clícia e Enrico.

Yurgel, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria e talento. Que a Força sempre esteja contigo. Que tenhas sempre saúde e sucesso em sua jornada. Que tudo o que idealizas como felicidade se concretize e que tua vida seja longa. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Amigos & Inimigos- Crônica firmeza de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Sempre tive muitos amigos: de infância, de escola, de bar, amigos que fiz no decorrer de uma vida cheia de altos e baixos e que sempre pude contar com eles nas horas que precisei. Não se têm amigos só para jogar conversa fora, brindar em uma comemoração ou para fazer (in)confidências, às vezes mentirosas e desnecessárias. Nesse caso sempre a amizade vai por água abaixo quando uma confidência é espalhada pelos sete cantos da cidade. Já tive “amigos” que supus serem Amigos, que ajudei pensando estar fazendo um bem, e que a ingratidão deles brotou como espinhosa árvore na lavoura que tentei cultivar.

Não falo de inimigos, pois como os ex-amigos, eles não merecem a minha ira. Apenas desprezo o que não quero prezar. Eles são meramente pontos obscuros de referência na encarnação de um maniqueísmo torpe, trivial e vulgar. Amigo mesmo é para contar com ele na hora da necessidade, para se divertir, criar junto e imaginar um mundo melhor. Amigos bons nós desenhamos para que se tornem o modelo da nossa própria utopia.

Talvez fosse desnecessário este preâmbulo para falar de gente que gostamos de graça e nem fosse conveniente registrar numa crônica o apreço que sentimos por certas pessoas que às vezes, por gestos naturais e descomprometidos, nem sabem a extensão do bem que fizeram a nós em determinados períodos de nossa história pessoal.

É verdade que nesse caminhar encontramos amigos dos amigos que não são nossos amigos, mas que os toleramos por respeito à admiração pessoal ao amigo titular. Assim também é verdade que falseamos nossa conduta para não decepcioná-lo, embora acreditando que de falso em falso se chega ao cadafalso.

Machado de Assis dizia em “Ressurreição” que o tempo não conta para a amizade: “Que importa o tempo? Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos”. Talvez o tempo seja o que conta para quebrar os obstáculos que surgem na vida. E dizem que muitas amizades rompidas, um dia voltando, passam a ser mais do que eram, independentemente das diferenças do passado. Voltam mais sólidas e mais maduras. E passam a ver que sempre existiu alguém interessado nesse rompimento. Coisas de novela, mas também coisas da vida.

Pessoas que estimamos passam por provações e se tornam sábias sem saber se são, ou pelo menos não demonstram isso. Há as que têm as almas simples e vivem num mundo aparentemente sofisticado. Mas as almas dos amigos muito se assemelham a casas: algumas delas são cheias de janelas abertas, onde corre ar puro e luz, outras são como prisões, fechadas e escuras, mas que merecem nossa consideração e respeito, porque a alma entende-se a si mesma e o amigo vale a afeição que fazemos valer por ele. Uma alma, mesmo fechada, sempre traz uma luz que pode nos iluminar antes de banhar-se a si própria.

Amigos têm defeitos e mazelas. Por essa imperfeição mútua é que normalmente amizades se atraem, bem como pela admiração recíproca de cada um no seu desempenho social. Uns moldam outros, outros se espelham em alguém. Porém, na amizade só não pode existir a incorporação da personalidade do amigo.

Ela deve ser autêntica e eivada de respeito às idiossincrasias, inclusive pela solidão e ao silêncio do outro. Afinal somos seres em alteridades. Espíritos amigos voam na mesma direção da fonte original e bebem da mesma água fresca. Devem saciar sua sede bem antes que ela seja poluída pelos interesses pessoais de qualquer conspirador. A amizade só é possível pela oportunidade do encontro.

Meu amigo R sempre diz que os inimigos são necessários, pois nos ajudam a refletir para que melhoremos. Não discordo, porque entendo que a vida é uma constante dialética. Mas não ando à caça de inimigos.

Alguns cruzam meus caminhos em momentos que não criei. E, como não tenho um cemitério para enterrá-los como um certo personagem de Jorge Amado, eles que cavem suas próprias sepulturas e façam de suas mortes um renascimento.

A diferença entre amigos e chegados – Crônica de Elton Tavares – (Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Aprendi a ter amigos longevos. Mas para isso, de vez em quando, é preciso dar um tempo deles. Pois mesmo os bons companheiros, precisam de uma pausa no convívio. Noutros casos, existem aqueles chegados otários que todo mundo tem, que a gente convive em um determinado grupo social, mas que a gente nem curte, só atura.

Como dizia meu avô, é preciso ser água, que passa por entre as pedras no caminho. Sim, sigo neste aprendizado. Hoje em dia, brigo menos e ignoro mais. Aliás, eu, você ou qualquer um pode ser aquele amigo antipático de alguém, na opinião de terceiros.

Quem me conhece, sabe: tenho palavra. E odeio papo furado. Tento manter uma boa relação com todos, mas não gosto de blá, blá, blá, leva e traz e coisas do tipo.

Outros, que se dizem amigos, mas não passam de parceiros de birita ou algo assim, devem ser tratados como tal. Aprendi também que parcerias de ocasião também são formas de consideração, algo menos visceral, mas não deixa de ser.

Entre estes “chegados”, tem muito nego que precisa inventar que é foda. Estes mentem e tentam diminuir os outros para se auto afirmarem. E é o pior tipo, pois se acham safos, mas são otários. Suas personalidades são mutáveis e suas palavras um risco na água.

Muitos que você pensou ser ou foram amigos no passado, tornaram-se chegados. Entre estes, no ápice da babaquice, ACHAM que fazem de você “Pateta” e elegem a si próprios como Mickeys. Ledo engano. Na maioria das vezes, só têm inveja de ti. Dá pra aturar, só não dou muita confiança.

Tenho amigos que quero sempre junto a mim, eles energizam o ambiente. Amizade é um bem precioso, portanto, cuide daqueles que lhes são caros. Mas somente os que são amigos de mão dupla, pois a reciprocidade é fundamental.

Elton Tavares

*Do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, lançado em setembro de 2020. 

Professores da Unifap particparam do Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada 2023, na Bahia

Entre os dias 10 e 14 de julho, foi realizado o XVIII Congresso Internacional da ABRALIC (Associação Brasileira de Literatura Comparada). Com o tema “A Literatura Comparada e a invenção de um mundo comum”, o congresso teve lugar na UFBA – campus Ondina, em Salvador, Bahia. Depois de 20 anos, a ABRALIC voltou para a Bahia e contou com uma vasta programação com a presença de professores/as, pesquisadores/as, alunos/as e escritores/as de todo o Brasil, além de convidados especiais, como a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a escritora Conceição Evaristo e a ativista Angela Davis.

O PPGLET (Programa de Pós-graduação em Letras) da UNIFAP se fez presente nesta ABRALIC com professores que organizaram simpósios temáticos e alunos/as, que apresentaram comunicações em simpósios. Como estratégia de divulgação desse Programa da UNIFAP, a participação de membros do PPGLET na ABRALIC – o maior fórum brasileiro da área de Literatura – aponta para a sua consolidação, a de seus grupos de pesquisa e a possibilidade de expansão de redes de pesquisadores/as nas quais se inserem seus membros, tanto os/as docentes quanto os/as discentes.

Na Assembleia Geral do Congresso, Manaus foi eleita a próxima sede da ABRALIC, com diretoria eleita a ser compartilhada entre a UEA (Universidade do Estado do Amazonas) e a UFAM (Universidade Federal do Amazonas). Então, até o XIX Encontro da ABRALIC (2024) e o XIX Congresso Internacional (2025).

Poeta e médico Luiz Jorge Ferreira gira a roda da vida pela 70ª vez. Feliz aniversário, amigo!

Os poetas Fernando Canto e Luiz Jorge Ferreira, em algum lugar do passado.

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste décimo nono dia de julho, o amigo Luiz Jorge Ferreira, gira a roda da vida pela 70ª vez e lhe rendo homenagens, pois trata-se de um baita cara talentoso e gente fina demais!

Luiz Jorge é médico, escritor, poeta, contista, cronista e cara porreta. Um amigo que eu nunca vi pessoalmente, mas tenho respeito e admiração por ele.

Em 2016 ou 2017 – não recordo agora a data precisa – o Fernando Canto, maior escritor vivo do Amapá, apresentou este site – por conta de incontáveis publicações da obra do amigo – ao Luiz Jorge.

A partir daí, o Fernando começou a me passar contos e poemas deste tal Luiz Jorge. Rapá, o cara é fera! Peguei o contato do escritor e me tornei amigo do figura. Comecei a publicar. De lá pra cá, mantenho contato com o Jorge, que é fã de música boa, um cara muito pai’égua e excelente artista das letras. Até livros dele ganhei de presente via Correios.

O Jorge nasceu em Belém (PA), morou quando criança e jovem em Macapá (AP) e formou-se médico na Universidade Federal do Pará, hoje exercendo o nobre ofício em hospitais da grande São Paulo, onde reside há décadas. Além de ser um sujeito muito gente boa, um médico competente e um escritor foda, sei também que o cara é ainda um pai e um avô amoroso.

Livros que ganhei do poeta aniversariante. Agradeço a moral.

Luiz Jorge Ferreira é um dos membros fundadores da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES). Autor dos livros “Cão Vadio”, “Berro Verde”, “Beco das Araras”, “Thybum” e “O Avesso do Espantalho”, participou em coletâneas da União Brasileira de Escritores – UBE (PA), da qual também é membro. Já letrou música pra compositores de MPB e Música Regional de Raiz. Milton Batista, Edinaldo Lobato, Alfredo Reis, José Serra e Fernando Canto são alguns dos seus parceiros (fonte Rumo Editorial).

O cara é um escritor premiado em vários concursos literários de contos e poesia no Brasil e no exterior. E vocês acreditam que um figura com esse currículo me manda mensagens e diz: “mestre, segue um conto (ou poema). Veja se gosta”? Porra! Sempre adoro, pois é cheio de memória afetiva, poesia nostálgica, contos cinematográficos. A cabeça do homem é uma usina de coisas legais passadas pelas palavras.

Quando estive em São Paulo (SP), tentei tomar umas cervejas com ele, mas não deu certo por conta de compromissos profissionais dele (plantão) e meus, já que eu estava na capital paulista a trabalho.

Não tenho fotos com o aniversariante. Montagem feita gentilmente pela poeta Pat Andrade. Eu, com Luiz Jorge (centro) e Fernando Canto (esquerda). Enquanto esse encontro etílico não rola, vale o improviso.

Já andava há algum tempo com vontade de escrever algo sobre esse amigo e colaborador deste site. Mas a convivência é a munição para tais textos. Ontem comentei com o Fernando Canto sobre o aniversário do Luiz e pedi uma manifestação dele, já que é amigo do cara desde que lamparina dava choque e foi quem me apresentou o médico escritor.

Luiz Jorge Ferreira é médico de coração e letras. Vai ser amigo assim nas nuvens, na terra e na ferrugem . Além do grande talento como escritor, compositor, cantor e médico seu gênio é encantar o mundo com sua poesia fantástica. Adoro esse meu amigo. Feliz aniversário“, disse o Fernando Canto.

Por tudo dito e escrito acima, hoje rendo homenagens para o Luiz Jorge. Mestre, que tu sigas com toda essa humildade, talento e paideguice que te é peculiar, sempre com muita saúde para curtir a vida e os teus amores. Gosto muito de ti. Agradeço as contribuições. Sucesso sempre, parabéns pelo teu dia e feliz aniversário, amigo!

Elton Tavares

*Texto do ano passado atualizado, mas de coração.

Especialização em Estudos Culturais e Políticas Públicas apresenta segundo volume com produção científica de ex-alunos

O Curso de Especialização em Estudos Culturais e Políticas Públicas (Pcult), da Universidade Federal do Amapá (Unifap), apresenta novo volume de publicação digital com resultados das principais pesquisas que foram defendidas como trabalhos finais pelos acadêmicos formados pela pós-graduação.

O livro Pesquisa em Estudos Culturais e Políticas Públicas na Amazônia – Volume 2 reúne artigos que sintetizam resultados de alguns dos principais projetos de pesquisa executados pelos acadêmicos, ao longo da formação, nas duas linhas de pesquisa do Curso: Cultura, Identidade e Linguagem e Cultura, Diferença e Políticas Públicas.

“O volume 2 do livro amplia a apresentação das pesquisas realizadas por novas turmas formadas pelo Curso e atende ao objetivo de divulgar a produção do conhecimento produzido, principalmente, junto aos espaços e aos sujeitos e sujeitas que contribuíram com as investigações dos pesquisadores vinculados ao nosso grupo de pesquisa”, explica o coordenador do Pcult e um dos organizadores da obra, Prof. Dr. Antonio Sardinha.

A publicação está disponível no site do Curso e na biblioteca digital do Observatório da Democracia, Direitos Humanos e Políticas Públicas:

http://observatoriodh.com.br/?p=4988
https://www2.unifap.br/poscult/publicacoes/

Sobre o livro
A obra reúne pesquisas caracterizadas por um percurso interdisciplinar e está dividida em duas partes: 1) Políticas Públicas e Direitos Humanos em Territórios Periféricos; 2) Cultura e Dinâmica Sociopolítica (entre) lugares.

Na primeira parte da publicação (Políticas Públicas e Direitos Humanos em Territórios Periféricos), estão resultados de pesquisa que observam a interface entre o campo de estudos em políticas públicas da área de educação, saúde e direitos humanos voltadas a segmentos e grupos que habitam territórios culturalmente situados.

A segunda parte (Cultura e Dinâmica Sociopolítica (entre) lugares) traz resultados de pesquisas que abordam a interface entre o campo cultural e processos políticos envolvendo indígenas e quilombolas. Além disso, destacam-se estudos sobre literatura e fronteira e sobre processos midiáticos e educacionais em contextos de disputas por sentidos em esferas públicas e sociais locais.

Grupo de Pesquisa
Os pesquisadores que colaboram com o livro são todos integrantes do Grupo de Pesquisa Estudos Interdisciplinares em Cultura e Políticas Públicas (CNPq/Unifap), criado para apoiar as investigações desenvolvidas na Especialização e fomentar a cooperação científica entre redes de pesquisa, a partir da Amazônia.

Também participam da publicação pesquisadores do novo curso de Mestrado Profissional Interdisciplinar de Estudos de Cultura e Política, recentemente aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Mais informações:
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Assessoria Especial da Reitoria – Assesp/Unifap
[email protected]
*Texto: Divulgação/Pcult