Sobre a fofoca e o que os outros vão dizer? Por mim, problema deles!! – Crônica de Elton Tavares

Já faz muito tempo que não ligo sobre o que as pessoas acham, falam ou sentem em relação a mim. A minha família e meus amigos sabem quem sou e me aceitam desse jeito. E é isso que importa. Esse papo veio à tona hoje, quando eu conversava sobre a opinião dos outros com minha namorada.

Meu irmão, Emerson Tavares, não possui Twitter ou Facebook. Ele diz que é só fofoca. Eu já acho as redes sociais bem divertidas, interativas e coisa e tals. Mas, às vezes, o mano está coberto de razão. Por conta da super exposição (estou incluído no grupo de pessoas que adoram postar muitas fotos e comentários), os vampiros sociais sugam nossas forças, tramam e inventam.

Tudo bem que olhamos, curtimos, concordamos ou discordamos uns dos outros no mundo virtual. Mas daí ficar fissurado nos passos de alguém por puro desejo de fofocar. Ou ouvir um comentário sujeira e sair espalhando a rodo, convenhamos, é ridículo!

Os fofoqueiros promovem uma inquisição social, com suas tochas e fogueiras, ávidos por queimar as pessoas que elegeram “bruxas”, por pensar ou agir diferente dos referidos babacas.

Já tem um tempo que tento me manter longe de fofoca. Aprendi, do pior jeito, que é melhor não se meter na vida dos outros. Mesmo que sejam seus amigos ou familiares. E olha que tem gente fofoqueira no meu trabalho, no meu grupo familiar e entre os meus afetos. Mesmo assim, não dou confiança para suas respectivas maldades.

As pessoas não invejam somente uma boa condição financeira, ascensão profissional ou status social. Elas detestam (uma boa parte delas) se você vive nos seus termos, de acordo com suas vontades, seja moralmente ou loucamente. A maioria é amarrada dentro de convenções e sofre por não ser quem gostaria. Desse mal eu não morro.

Ilustração de Ronaldo Rony

Como disse o amigo poeta e escritor Fernando Canto :”olhos adiposos vivem a me espreitar pelos caminhos que construo, jogando energia negativa em minha direção” e abate a maldição da inveja com o trecho da canção Tajá, de sua autoria: “Segura meu segredo, neguim/ De ti não tenho medo, neguim / Comigo-ninguém-pode, tajá/ Comigo-ninguém-pode, tajá (…) Tomo banho de alho/ misturado com sal grosso/ Rezo pros meus guias/ Vou bebendo água de poço/ Água de poço”.

Aí lembrei de outra citação, do também amigo escrito Ronaldo Rodrigues: “todos os meus pecados são públicos! Os que omiti são para consumo dos mais íntimos. Que vejam que sou livre e deixo-os com suas mentalidades medievais. Deixem que pensem, que digam, que falem. Fofoca para quem precisa de fofoca”. Cirúrgico.

Reforço o meu lema de não dar teco na vida alheia. Pois assim, nenhum infeliz (seja um babaca ou uma doida) ter o direito de opinar sobre a minha feliz existência. Afinal, é sempre ridículo, principalmente quando você não possui conhecimento de causa. O problema dos outros é deles e os meus poucos, são meus.

Foi o que disse ao finalizar o tema com minha linda namorada: cada uma tem uma vida. E o que os outros vão dizer sobre a minha ou a sua? Por mim, problema deles!! É isso.

Elton Tavares

Poema de agora: “O sonho é o verbo, o pesadelo é a visão” – Poema porreta de Fernando Canto – @fernando__canto

O sonho é o verbo, o pesadelo é a visão

O sonho move/ o pesadelo retém
Palavras prendem/ o texto liberta
O sonho instiga/ o pesadelo ilumina
A voz se solta/ o eco expande

O sonho é o tempo/ o pesadelo o espaço
A palavra lavra/ o texto laça
O sonho enevoa/ o pesadelo escolhe
A palavra planta/ o texto colhe

Quando o pesadelo
É a brasa
E o sonho
É água
A palavra é sonho
E o texto pesadelo
Quando o texto
É o ralo

E a palavra
Corre
O pesadelo acorda
E o sonho morre

Fernando Canto

(*) Os versos deste texto podem ser lidos de trás para frente; cruzados nos substantivos e verbos; alternados; invertidos em direções diversas ou como o leitor quiser. Pode-se até fazer jogral com a plateia para que se criem novos versos, com novas palavras. O importante é ter sonhos, pesadelos, palavras e textos para que se crie uma filosofia sobre o tema (F.C).

A Moça do Tempo – Crônica de Ronaldo Rodrigues (com ilustração de Ronaldo Rony)

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Aos 19 anos, Mariana completou 30.

Sempre à frente de seu tempo, Mariana menstruou aos 70 e perdeu a virgindade aos três.

O tempo era seu passatempo. Seus banhos demoravam duas semanas, mas para comer cinco pizzas e três refrigerantes, dois segundos e meio bastavam.

Mariana se casou com seu avô, este com sete anos. Seu filho mais velho nasceu depois dos trigêmeos, que vieram ao mundo separadamente, em Estocolmo, Kingston e Bruxelas.

Seus netos a conheceram na festa de seu 15º aniversário, quando ela, já completamente senil, ainda não havia nascido.

Sempre que perguntada pelas horas, Mariana respondia que faltavam quinze dias para dois minutos, tempo em que viriam o calor infernal do inverno, as flores no outono, a primavera hostil e o verão glacial.

Mariana começou a escrever suas memórias antes dos 150 anos e as concluiu com apenas dois dias de nascida.

Seus pais começaram a namorar 20 anos antes de se conhecerem.

Depois do mestrado e doutorado, Mariana ingressou na alfabetização, onde aprendeu a ler todos os livros que ainda não haviam sido escritos. Foi quando Mariana pediu um tempo ao tempo……………………………………………………………

Então, todos os relógios do mundo marcaram a mesma hora. Quando seu primeiro ancestral iniciou sua proliferação, bem no começo de toda a existência, o tempo fechou para Mariana. As ampulhetas explodiram e os relógios, com seus ponteiros apontados para ela, gritaram numa só voz:

– Seu tempo acabou! Seu tempo acabou! Seu tempo acabou! Seu tempo acabou! Seu tempo acabou! Seu tempo acabou! Seu tempo acabou! Seu tempo acabou!

Desconfortáveis encontros casuais – Crônica de Elton Tavares – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Encontro um velho conhecido.

Ele: “cara, você tá muito gordo!”. Eu, (em pensamento, digo eu sei caralho, vai tomar no cu!): Ah, cara, sabe comé, sem exercícios físicos, sem tempo pra muita coisa, muita cerveja e porcarias gordurosas (que amo).

Sem nenhum assunto, fico em silêncio.

Ele: virei médico e você?

Eu: sou jornalista.

Ele: ah, legal (com um ar de desdém que vi ao encontrar outros velhos conhecidos advogados, administradores, contadores, ou alguma outra profissão mais rentável).

Aí um de nós subitamente diz que está atrasado e marca uma gelada qualquer dia com nossas respectivas esposas ou namoradas e vamos embora. Com certeza, passaremos mais 10 anos sem nos falarmos, graças a Deus.

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Poesia que não se esgota (texto poético Fernando Canto) – @fernando__canto

A poesia não se esgota no pensamento porque ela é o esforço da linguagem para fazer um mundo mais doce, mais puro em sua essência;

A poesia procura tocar o inacessível e conhecer o incognoscível na medida em que articula e conecta palavras e significados;

Cada imagem representada, projetada pelo sonho, pela imaginação ou pela realidade, é um símbolo que marca o que sabemos da vida e seus desdobramentos, às vezes fugidios.

Mas nem sempre é o poeta o autor dessa representação, pois tudo o que surge tem base social e comunitária, depende da vivência de realidade de quem propõe a linguagem e a criação poética.

Quando isso ocorre estamos diante da autenticidade do texto poético. E todos somos poetas, embora nem sempre saibamos disso. E ainda que nem tentemos sê-lo.

Fernando Canto

*Do livro “O Centauro e as Amazonas”.

**Fernando Canto é o maior escritor vivo do Amapá, além de querido amigo. 

Hoje é o Dia Nacional da Poesia

Hoje é o Dia Nacional da Poesia. A data é comemorada em 14 de março por ser o dia do nascimento de Castro Alves, em 1847. Poeta do romantismo, ele foi um dos maiores nomes da poesia brasileira.

A palavra “poesia” tem origem grega e significa “criação”. É definida como a arte de escrever em versos, com o poder de modificar a realidade, segundo a percepção do artista.

Antigamente, os poemas eram cantados acompanhados pela lira, um instrumento musical muito comum na Grécia antiga. Por isso, diz-se que a poesia pertence ao gênero lírico. Hoje, os poemas podem ser divididos em quatro gêneros: épico, didático, dramático e lírico.

Sou fã de poesia e poetas. Adoro Ferreira Gullar, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, entre outros tantos poetas brasileiros, mas gosto mesmo é dos poeteiros amigos. Sim, os que admiro tanto quanto estes nomes aí de cima.

O poeta autor/trovador escreve textos do gênero que compõe uma das sete artes tradicionais, a Poesia. A inspiração, sensibilidade e criatividade deste tipo de artista retrata qualquer situação e a interpretação depende da imaginação dele próprio, assim como do leitor.

Admiro os poetas, sejam cultos, que usam refinados recursos de linguagem ou ignorantes, que versam sem precisar de muita escolaridade. Eles movimentam o pensamento e tocam corações. Não é a toa que as pessoas têm sido tocadas pela poesia há séculos. E nem interessa se o escrito fala de sensatez ou loucura. Tanto faz. O que importa é a criatividade, a arte de imprimir emoções em textos ou declamações.

Não tenho o nobre dom de poetizar, sou plateia. Mas apesar de não existir poesia em mim, uso a tal “licença poética”, para discorrer sobre meus devaneios e pontos de vista.

Hoje, minhas homenagens são para os poetas que são meus amigos. São eles: Fernando Canto, Alcinéa Cavalcante, Pat Andrade, Luiz Jorge Ferreira, Paulo Tarso Barros, Bernadeth Farias, Carla Nobre, Andréia Lopes, Ronaldo Rodrigues, Pedro Stkls, Thiago Soeiro, Lara Utzig, Bruno Muniz, Marven Junius Franklin, Leacide Moura, Ricardo Iraguany, Maria Ester, Kássia Modesto, Tiago Quingosta, Mary Paes, entre outros que tenho a sorte de ter a amizade ou parceria. Muito obrigado!

Também saúdo todos os movimentos que fazem Poesia no Amapá, que realizam encontros em praças, bares, residências, etc. Enfim, saraus para todos os gostos. Portanto, meus parabéns aos poetas, artistas que inventivos que fascinam o público que aprecia a nobre arte poética.

Viva a poesia!

Elton Tavares

Poema de agora: Poros (Jorge Herberth)

Poros

O calor
No amor
Eva poras

O amor
No frio
Congela
O vapor
Do mar

No amor
Viajam
Continentes
Gêiseres
Geleiras
Sol

Na natureza
Do amor
Haverá sempre
Um aroma
De enxofre
E cobre
Oxigênio
O amor
Antropofágico
Eva poros

Jorge Herberth

Saudades do Quiosque Norte Nordeste, o saudoso “Bar da Floriano” – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Fotos: Chico Terra (esquerda) – A poeta Patrícia Andrade no Quiosque – Foto: Aog Rocha (direita)

Crônica de Elton Tavares

Quem vive a boemia de Macapá há mais de 25 anos, certamente frequentou o Quiosque Norte Nordeste da Praça Floriano Peixoto. O “Bar da Floriano” era o ponto de encontro de poetas, artistas, músicos e malucos em geral. Os proprietários do boteco eram dona Neide e seu Alceu. Aliás, duas figuras queridas por todos que por ali curtiram na companhia de amigos.

O seu Alceu era sempre cara carismático e caladão. Quando descobriu que eu era filho do Penha, virei brother na hora, pois meu pai tinha sido seu amigo.

No Bar da Floriano rolou de tudo: Rock (lá, eu e um grupo de amigos inventamos o “Lago do Rock”, em 2004), Reggae, Samba, MPB, MPA, Clube do Vinil, saraus temáticos, declamação de poesia, lançamento de livros (como o Vanguarda), exibição de filmes, lançamento de fanzines (como os do Ronaldo Rony), venda de artesanato, entre outras tantas manifestações culturais.

Era fácil ver por lá figuras como o poeta Dinho Araújo, os músicos Nivito Guedes, Dylan Rocha, Sérgio Salles, Rebecca Braga, Chico Terra, a Patrícia Andrade, o Wedson Castro, o Ronaldo Rodrigues, o saudoso Gino Flex, etc. Enfim, uma porrada de gente legal.

Ilustração de Ronaldo Rony

O Bar foi fechado pela Prefeitura de Macapá em 2011 (acho eu, pois não lembro da data exata) e deixou a galera sem rumo, sem ninho, sem point. Pode soar como nostalgia, mas o boteco de banheiro sujo, goteiras e instalações rústicas deixou saudade numa moçada que conheço bem.

A cereja do bolo era o Antônio, garçom mais folgado e bruto como poucos, sempre com sua camiseta verde. Eu gostava daquele figura.

O comentário do amigo Chico Terra sobre o fechamento do Bar pelo poder público foi perfeito. Eu aqui reproduzo e assino embaixo:

Marlonzinho, eu, Fausto, Patrick e Ronaldo Macarrão – 2004.

“Era lugar de reunião de artistas e que varava madrugadas em paz. Mas o poder público mandou derrubar o quiosque que abrigava a poesia , tudo em nome da intolerância, inclusive religiosa do gestor municipal de plantão (na época)”. É isso!

É, nós, os malucos da cidade politicamente incorretos, contávamos moedas para a coleta da birita no local, pois amávamos a crueza e falta de sofisticação do boteco. Bons tempos aqueles do Bar da Floriano, apesar de, às vezes sórdidos, mas sempre divertidos. Com toda certeza, uma lembrança feliz. É isso.

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2020.

Poema de agora: Turbulência sob a claridade do escuro…(Luiz Jorge Ferreira)

Turbulência sob a claridade do escuro…

Eu sou morto de sede por água.
Faço selfie das gotas da chuva na vidraça,
e as congelo no olhar.
Sopro o vento que dá de encontro ao meu rosto.
E o invejo, porque carrega gotículas transparentes de chuva.
E não as deixa sobre ele, some com elas entre meus pensamentos,
e sufoca a alma que olha de dentro do olhar…
Vai apressado, querendo caminhar sobre as pisadas que deixei na rua, e pisar sobre um resto de luar sujo de mim, que larguei na esquina,
antes de correr do próximo manhã.

Queria pegar as sandálias de Cristo para caminhar sozinho rumo ao final dos tempos, e reencontrar com o vento sujo dos meus anseios de ser feliz…
Ele úmido dos meus choros,
e ainda me reconhecendo pelos poemas deixados em páginas amareladas…
Querendo desenhar uma pequena história sobre um reflexo…
ainda da chuva sobre as pedras do aquário …
…ainda da chuva sobre a rua.
…ainda da chuva sobre a chuva.
… coisa estranha de noite é lua…
E você deitado sem as asas esquecidas nas entranhas, construindo fugas banais pelo vão das telhas,
inutilmente se imaginando voar de si.

Luiz Jorge Ferreira

Eu não ligo… – Crônica de Elton Tavares (Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Geralmente me incomodo se uma roupa aperta, pois sou gordão e o mundo de hoje cobra cada vez mais corpos malhados e gente na moda. Duas coisas que não tenho, a boniteza corporal e nem vontade de acompanhar moda alguma. Mas no fundo, no fundo, não ligo. Mesmo. Se ligasse realmente, tinha emagrecido (sem cirurgia e não por saúde)  e andava todo na pinta, como a maioria dos quarentões/cinquentões chatos e “fitiness”.

Outra coisa é papo de música…Eu realmente não ligo para o que toca na rádio e nem se fulano gosta de sertanejo, beltrano gosta de axé, cicrano gosta de pagode ou zé mané curte funk, toada e afins. Eu só não escuto, não frequento locais ondem tocam essas merdas e nem julgo quem gosta. Ah, também não ligo se a pessoa não gosta do meu gostar.

Carrego vários rótulos nas minhas costas largas. Alguns com razão de ser, mas muitos nada a ver. Mas realmente eu não ligo.

Não ligo para o que acham que sou ou que faço. Sei dos meus atos e quem sou. O resto é doidice de quem pira por qualquer motivo. Minha consciência segue tranquila, pois sempre fui literal quanto ao meu comportamento e honestidade para com todos.

Não preciso provar nada para quem sabe quem eu sou. Muito menos para quem não sabe, pois estes não me importam.

Se você liga e não é feliz por conta dos outros, você é uma pessoa totalmente desligada de si mesmo, o que pode custar caro, já que é certo dizer que o caminho da paz interior passa obrigatoriamente pelo autoconhecimento.

Não que eu ligue. Não ligo. Não mais. É isso.

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

30 anos da morte de Charles Bukowski, o genial velho safado! – Por Elton Tavares

O saudoso escritor marginal, bebum e pervertido em tempo integral, também conhecido como “velho safado”, Charles Bukowski, subiu há exatos 30 anos. Ele morreu em 9 de março de 1994, em decorrência do excesso de goró, vítima de pneumonia, na cidade de San Pedro. O genial poeta sacana tinha 74 anos e é considerado o último escritor “maldito” da literatura norte-americana.

Henry Charles Bukowski Jr. nasceu em 16 de agosto de 1920, na cidade de Andernach, na Alemanha, filho de um soldado americano e de uma jovem alemã. Ele foi levado, aos três anos de idade, para morar nos Estados Unidos. Espancado pelo pai, viciado em birita desde adolescente e formado na marginalidade de Los Angeles, onde morou por mais de 50 anos, Buk escreveu sobre sua própria e longa vida (boemia e desgraça).

Obsceno como poucos, Buk fez a alegria de muita gente, pois possui milhões de fãs ao redor do mundo. Seus livros são cheios de situações inusitadas e chocantes, sempre com muita birita, aflições, jogos de azar, sexo e putaria. Vários devaneios e realidade do dia-a-dia dos malucos.

Há anos, minha prima Lorena me apresentou ao poeta e romancista americano. Sua obra tarada, anticonvencional e ofensiva a moral e bons costumes é genial. Sobretudo para fãs da literatura sacana e escrachada como eu. Li somente quatro livros do velho Buk, “Numa Fria”, “Misto-quente”, “Hollywood” (1989) e “Pulp”. Mas me deleitei com vários artigos e crônicas do cara.

O que se pode dizer? Citar Bukowski é trazer todos aqueles bares pelos quais passou, seus bêbados e seus problemas que eles afundam no copo. Como ele mesmo gosta de se vangloriar em suas histórias, um médico disse que, se ele não parasse de beber, morreria em trinta dias: nada aconteceu. Depois desse episódio, Bukowski deu a guinada na sua vida literária, começando a escrever poesia. Dizer Bukowski invoca ao leitor o sabor de cerveja, vinho e outras coisas; citá-lo nesta lista não é uma obrigação, é uma honra.

Claro que o goró estimula a criatividade, é só lembrar dos fascinantes papos que batemos durante uma simples reunião etílica. Sou escritor r biriteiro assumido. Ejá que beber e escrever tem tudo a ver, sigo na esperança de publicar mais livros além dos meus dois já lançados. Um brinde ao velho safado, esteja ele onde estiver!

A gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes” – Charles Bukowski

Elton Tavares

Jornalista lança livro sobre a jornada em viagens pela Amazônia, dando visibilidade à ribeirinhos, extrativistas e pescadores da região – – @wedsoncastrojor

Fazer uma viagem longa de avião ao extremo norte do Amapá, ao município de Oiapoque. Percorrer a floresta, terras indígenas, áreas de fronteira com a Guiana Francesa, e na volta à Macapá, ter uma das piores viagens de avião da vida.

Ou percorrer horas de barco até o limite entre o Amapá e Pará, em uma região remota, onde vivem centenas de pessoas em locais extremamente isolados, e encontrar pessoas que nunca haviam acendido uma lâmpada na vida, ou mesmo tomado uma água gelada e passaram a ter esse sonho realizado graças a instalação de placa solar.

Esses são alguns dos relados encontrados no livro: “ECOS DA AMAZÔNIA ” uma homenagem à riqueza e ao mesmo tempo a fragilidade de um ecossistema único no planeta.

A Obra busca dar visibilidade aos ribeirinhos, extrativistas, pescadores da Amazônia, e claro, mostrar a jornada de um jornalista aventureiro e audacioso.

A criação de cada uma das crônicas ocorreu durante as viagens, muitas com dificuldades e aventuras, seja em voos alucinantes, rios caudalosos ou estradas de chão e florestas quase impenetráveis.

O texto demonstra o esforço para o repórter produzir as matérias, fazer entradas ao vivo, encontrar bons personagens nos locais distantes dos centros urbanos. O jornalista vai compartilhando histórias de sua conexão com a natureza e as comunidades locais.

A narrativa abrange desafios e ensinamentos, destacando a vida dos ribeirinhos e extrativistas, promovendo a importância da preservação ambiental.

Com uma prosa envolvente, o autor convida o leitor a vivenciar a majestade da Amazônia e a refletir sobre sua proteção.

Wedson Castro

Este é o primeiro livro do Jornalista e Sociólogo Wedson Castro. Com quase duas décadas de atuação no telejornalismo amapaense, tendo passado por grandes emissoras, como a Rede Amazônica – afiliada da Rede Globo, e TV Equinócio – afiliada da Tv Record.

“Concluir esse projeto é uma grande realização, um sonho que exigiu bastante planejamento e dedicação. É muito bom ver o resultado. Primeiro porque valoriza e dá voz aos ribeirinhos, extrativistas, muitas vezes esquecidos e invisíveis por grande parte da sociedade. Segundo porque damos luz a essa profissão que tanto amo, o jornalismo”, reforçou Wedson Castro.

O livro físico vai ser lançado neste sábado e também em Portugal, e já está disponível de forma digital, pela Amazon e Editora Literando.

Mais informações pelo contato: 96 991142698 e a social @wedsoncastro

Lançamento:

Sábado, dia 9 de março
A partir das 17h
Na Rua Hildemar Maia, 585
(Entre Procópio Rola e Raimundo Álvares da Costa)

Assessoria de comunicação

Poeta Pat Andrade lança livro na 4ª Conferência Nacional de Cultura

Espaço de debates sobre o Plano Nacional de Cultura (PNC), a 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC) irá promover o lançamento de livros dentro da programação do evento. As atividades, com a participação de delegados, convidados e público em geral, serão realizadas nos dias 5, 6 e 7 de março, no Palco Multicultural, na área interna do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Entre os autores, a poeta paraense radicada no Amapá, poeta Pat Andrade, que lançará na quarta-feira (6), seu livro “Entre a Flor e a Navalha”.

A chefe de Divisão de Economia do Livro da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli) do Ministério da Cultura (MinC), Maria Carolina Machado, explica a iniciativa: Cerca de 80 autores e autoras apresentarão suas obras e estabelecerão contato direto e contínuo com o público. Os títulos abarcam grande diversidade, passando por obras ficcionais e não-ficcionais, de poesias a estudos sobre políticas públicas. Todas as pessoas inscritas, que confirmaram presença, participarão desse evento.

Realização

A 4ª CNC é realizada pelo MinC e pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), e correalizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Além disso, conta com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).

O Festival da Cultura, que também integra a programação, é apresentado e patrocinado pelo Banco do Brasil, como realização do MinC e do CNPC, correalização da OEI e apoio da Flacso Brasil.

Confira as atividades:

05/03 (terça-feira)

das 15h às 15h50
Mestre Wertemberg Nunes – Poemus
Benedito José Pereira – Teatro em Sala de Aula
Jussara Prates – Educação Democrática: O Impacto dos Projetos Escolares
Cláudia Leitão – Criatividade e Emancipação nas Comunidades-Rede: Contribuições para uma Economia Criativa Brasileira

das 16h às 16h50
Paulinho Rícoli – O Marciano ET
Fernando Inácio da Silva – Cordel – As Aventuras do Negrão, o Poder da Adoção
Geraldo Vitor da Silva Filho – Selenita´s
Priscila Guidio Bachiega – Entre Haters e Memes: Como o Bullying Virtual Afeta a Sociedade
Daniel Munduruku – Meu Vô Apolinário – Um Mergulho no Rio da (Minha) Memória

das 17h às 17h50
Eva Potiguara – Abyayala Membyra Nenhe’gara
Jester Luiz Furtado – Joaquim, Negra Sim!
Marcos Antonio Trocoli (Ümanto) – Marchinha de Carnaval – 125 Anos – Vol. 1
Mateus Paulo de Lima – … Tempo de Pietra

das 18h às 18h50
Osny Zaniboni Neto – Ima(r)gens
Maria Graciema A. de Andrade – Carta-folheto do I Congresso Brasileiro de Literatura de Cordel

das 19h às 19h50
Lucivone Rodrigues dos Santos Dourado – O Ponto Dourado do Diamante
Juvenal Francisco Dourado Filho – A Fonte das Lágrimas de um Poeta
Reynaldo Domingos Ferreira – As Raparigas da Rua de Baixo
Bernardo Novais da Mata Machado – Política Cultural: Fundamentos
Tony Gigliotti Bezerra – A Emergência do Sistema Nacional de Cultura

06/03 (quarta-feira)

das 09h às 09h50
Yussef Campos – Palanque e Patíbulo: o Patrimônio Cultural na Assembleia Nacional Constituinte e + 3 títulos
João Almir Mendes de Sousa – Cordel Piauí de Belos Sol e Ladeiras
Eunice Tomé – O Oceano em Mim
Patrícia Andrade Vieira – Entre a Flor e a Navalha

das 10h às 10h50
Saulo Barreto – Marx: Estado, Direito e Ideologia
Maiza Pereira Jacques – Salamancas, Mitos e Lendas
Haroldo de Vasconcelos Bentes – Teorias e Práticas: Trilhas Formativas em Educação Profissional e Tecnológica (EPT)

das 11h às 11h50
Lucimar Barros Costa – Guardados da Memória e do Coração

das 12h às 12h50
Edilberto Alves de Abrantes – Quem Apaga os Lampiões

das 15h às 15h50
Bruna Motta – Várias Faces da Mesma Solidão
Carlile Max Dominique Cérilia – Alvorecer do Exílio

das 16h às 16h50
Pitter Lucena – Despertar em Clausura – O Renascer em Meio às Limitações da Vida
Moisés Santos Reis Amaral – Maria Preta, Escravismo no Sertão Baiano
Bárbara Araldi Tortato – Trilogia do Descabido

das 17h às 17h50
Jakeline Sol – A Dor do Silêncio e as Vozes dos Abusadores
Renato Paulo Carvalho Silva – Espera Feliz: O Circo de Marionetes Bem-Me-Quer e suas Andanças…

das 18h às 18h50
Raine Silva Medeiros Furtado – O Livro de Eva
Janio Gouveia Andrade – O Cárcere Religioso, os Dilemas Existenciais de um Judeu
Francisco de Assis Rocha Carvalho Júnior – A Princesa do Vale do Canindé: Narrativas de Santa Rosa do Piauí
Daniely Peinado dos Santos – Cia Vitória Régia 40 anos: Tempos de Teatro
Emílio Carlos Ribeiro Tapioca – Breviários de um Poeta de Ofício e Devoção

das 19h às 19h50
Arnaldo Ricardo do Nascimento – Cartilha como Solicitar Publicações Especiais em Braille e Libras para Formação de Acervo Especial para Usuários: Biblioteca Prof. Luis Palhano Loiola, da Faec
Luane Araujo – Vozes das Autoras do Teatro contemporâneo – França e Brasil – Perspectivas Feministas e Visões Políticas no Fim dos anos 2010
Gilvan Ribeiro – Malês: a Revolta dos Escravizados na Bahia e seu Legado
Antonio Albino Canelas Rubim – Políticas Culturais. Diálogos Possíveis
Mariana Resegue – Cultura em Evidência: Aprendizados para Fortalecer Políticas Culturais no Brasil

07/03 (quinta-feira)
das 10h às 10h50*
Gleycielli Nonato Guató – Vila Pequena: Causos, Contos e Lorotas
Obá Kaiesi Adekunle Aderonmu – A Identidade Tirada de Nós
Manoela Serra – O Diário Bipolar 2

das 11h às 11h50
Marleide Lins de Albuquerque – Antologia Poética Brasil – Moçambique +1
João Mancha – Caderno Resumo da Conferência: Apresentação do Evento e Propostas (1ª Conferência Livre Nacional do Rock)
Patrícia Marys – O Chão que Pisamos: Reimaginando os Territórios da Mediação Cultural
Daniel Machado – Candieiro
Onã Silva – Coleção de Cordéis, Série Notáveis em Cordel
Crisóstomo Pinto Ñgala – Por que a Escola ainda Existe?

das 12h às 12h50
Queiroz, Marijara Souza e Cunha, Érika Matheus – Catálogo da exposição Corpos que Resistem
Valdete Sousa – Memória: Relatos do Teatro de Rondônia

das 15h às 15h50
Júlio Emílio Braz – Pretinha, Eu?
Helder Ramos – Desconstruindo Frases Prontas
José Carlos da Silva – Opressão e Dignidade
José Carlos Franco de Lima – Etnografia Vivencial: um Recurso para Ativistas, Profissionais e Pesquisadores que Atuam em Ações para a Transformação Social

das 16h às 16h50
Rafael Fernandes de Souza – De Capa, Máscara e Boné!
Virgínia Ferreira – Chumbo
Tuca Moraes – Cadernos Vermelhos – Vol. 1 e 2: Edição Ensaio Aberto / Teatro dos Trabalhadores
Guilherme Varella – Direito à Folia: o Direito ao Carnaval e a Política Pública do Carnaval de Rua na Cidade de São Paulo

das 17h às 17h50
Cristiane Sobral – Caixa Preta
Edymara Diniz Costa – O Ensino do Teatro nos Quilombos: Memórias e Identidades Kalunga em Cena
Maria do Socorro Alves de Sobral – Minha História, Minha Gente: Valorização Cultural, Histórica e Geográfica
Juliani Borchardt da Silva – Benzedores de São Miguel das Missões, RS: a Construção de suas Identidades a Partir de Memórias e Tradições
Cynthia Magno Panca – Mulher Caiçara do Mar à Poesia
Morgana Ribeiro dos Santos – Literatura de Cordel em Perspectiva

das 18h às 18h50
Mauricio da Silva – Cartas a Teodora: Confluências para uma Arteducomunicação Decolonial
Duclerc João da Silva – Diacuí Flor dos Campos 70 anos
Vitor da Trindade – O Ogan Alabê, Sacerdote e Músico

das 19h às 19h50
Aline Gomes Rossi Moraes – Coleção Amazônia Paraense
Fábio Abreu dos Passos – Corpos (In)Visíveis
Tiarajú Pablo D’Andrea – A formação das Sujeitas e dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo
Jose Cleiton de Souza Carvalho – Menino da Mata
Lawrence Fontes de Oliveira Lima – Aquila Impetum

Ascom da 4ª CNC

Sobre quando encontrei o velho professor Edésio na Banda, uma história de Carnaval – Crônica de Elton Tavares

Eu e o querido professor Edésio – Foto: Patrick Bitencourt

Crônica de Elton Tavares

Em fevereiro de 2015, em uma Terça-Feira Gorda, nós seguíamos na A Banda, a rua cheia de gente, milhares fantasiados… E o Patrick Bitencurt, meu velho amigo e companheiro no bloco de sujos há 27 anos, diz: olha quem tá ali.

Olhei para a calçada do antigo “Urca Bar” e… Égua! Avistei Edésio Lobato de Souza. Sim, o lendário professor Edésio. Fiquei feliz de vê-lo, pois o cara sempre foi porreta. Quem, como eu, estudou no Colégio Amapaense (CA) na primeira metade dos anos 90 entende o motivo de “lendário”.

Edésio foi um professor de matemática brilhante e diretor do velho CA por anos. Mesmo com as aulas particulares que frequentei na casa dele, no bairro do Trem, em meados de 1990, odeio matemática. Sempre odiei. Aliás, fui reprovado algumas vezes e nas outras passei raspando, isso na recuperação.

De tão engraçado e caricato, Edésio multiplicou amigos, adicionou admiradores, subtraiu tristezas e dividiu alegrias. Sim, ele era e é um cara pai d’égua. Apesar de irreverente, todos os seus alunos e colegas professores o respeitavam.

Edésio foi um diretor que apoiava as atividades esportivas, gincanas, feiras de ciências ou qualquer programação que envolvia os alunos do CA. Além disso, era chapa de todos, quem ia pra diretoria levava uma senhora escrotiada, mas nada além disso. A não ser que fosse um caso grave e tals.

Em novembro daquele mesmo ano, Edésio fez sua subida tridimensional, como diz o Fernando Canto sobre o desencarne. Foi a última Banda dele, o seu último Carnaval. Pelo menos nesse plano.

A gente sente saudades de vê-lo fantasiado de homem das cavernas (naquele dia, o cara ainda fez um barulhinho tipo grunhido do personagem de sua fantasia). Ele sempre foi uma figuraça. Essa foi mais uma história de Carnaval e memória afetiva deste folião incorrigível.

Valeu, Edésio!