Poema de agora: (DES)CAMINHO – Ori Fonseca

Ilustração: Museu da Tortura de Amsterdam

(DES)CAMINHO

Apanhei muito pra aprender o errado,
E mais ainda pra esquecer o certo.
A vida não tem lógica, decerto,
Nem justo é o presente com o passado.
Fui violentado achando ser amado,
A tirania eu já senti de perto.
O amor, que sevicia é encoberto
Pelo ódio que afaga disfarçado.
Cercado de gente, estive sozinho,
E quando achei estar só, me acompanhava
Alguém distante com quem não contava.
A vida é esse caminho em descaminho:
Quem me odiava já me deu carinho,
Fui castigado já por quem me amava.

Ori Fonseca

Poema de agora: Chuva de Semente – Arilson Freires – @ArilsonFreires

Chuva de Semente

Na vastidão
Vejo segundos de paz
Que logo se armam
Bélicos e heroicos.

O amor sem um fio
Rio sem margem
O tempo contraria, contaria
A vida é uma miragem.

Como é bom ser imperfeito
Fazer as coisas do seu jeito
Meter os pés pelas mãos
Esborrachar a cara no chão

Um andante da planície
Errante entre mentes
Num sol que entristece
Um samurai sem mestre

Chuva de semente no domingo à noite
É esse tipo de paz que se busca

Arilson Freires

Paulo Tarso Barros completa 60 voltas em torno do sol. Feliz aniversário, amigo poeta!

Eu, com os escritores e poetas, Fernando Canto e Paulo Tarso Barros (nosso querido aniversariante). Foto: Sal Lima

Gosto de parabenizar amigos em seus natalícios, pois declarações públicas de amor, amizade e carinho são importantes pra mim. Além disso, o Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Esse texto, além de ser uma felicitação, é um momento de reconhecimento.

Quem gira a roda da vida neste vigésimo nono dia de agosto, é o professor, escritor, contista, poeta, servidor público, membro da União Brasileira de Escritores (UBE), da Associação Amapaense de Escritores e da Academia Arariense-Vitoriense de Letras e imortal da Academia Amapaense de Letras (AAL), militante cultural e amigo deste editor, Paulo Tarso Silva Barros.

Nascido em Vitória do Mearim (MA), Paulo chegou ao Amapá com 18 anos e escolheu Macapá como lar. É um marido e pai dedicado de duas filhas (uma delas, minha querida Ingrid). Tarso é um escritor premiado, autor de várias obras e de centenas de crônicas e artigos na imprensa do Amapá, Pará, Maranhão, São Paulo, Pará e Rio de Janeiro. Paulo é um cara que começou a escrever com 13 anos. Publicou poemas em jornais, criou grupo de teatro, escreveu e dirigiu peças, produziu literatura de cordel e panfletos.

Além disso, é um incentivador da Literatura e de novos escritores. Hoje ele chega aos 60 anos, bem lidos, bem escritos e bem vividos. Pelo grande cara que Paulo de Tarso é e por tudo que ele fez pela cultura do Amapá, hoje lhe rendo homenagens.

Amigo, que seu novo ciclo seja ainda mais produtivo. Que tenhas sempre saúde e ainda mais sucesso junto aos seus amores. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

PAULO TARSO E OS POEMAS DE AÇO (*)

Há 32 anos tive o privilégio de apresentar o livro “Poemas de Aço” do então jovem e talentoso poeta Paulo Tarso. Eu dizia que “apresentar um poeta, um livro de poesia ao público, é um trabalho de responsabilidade, sobretudo em Macapá, onde os movimentos literários não são tão intensos, mas a crítica é feroz e ávida por novos escritos. A isto se justifica a constante luta dos autores que batalham para ver os seus trabalhos publicados, em que pesem as distorções e a pressa de alguns mais afoitos, que trazem no que escrevem uma carga muito grande de falta de qualidade, de experiência de vida e de vivência literária.

Como autor, garanto que não é tão fácil propor um trabalho que venha a ter imediata aceitação ou que os caminhos percorridos desde a concepção dos versos ou da prosa foram perfumados, e que não tiveram obstáculos de alguma origem. Não obstante o passado recente, quando a censura cerceava criações artísticas de alto nível, os artistas não se intimidaram e foram à luta, desatrelando-se daquilo que podia tê-los como um compromisso histórico, com homens e regime espúrio. Daí é que com a mudança do sistema político, muita coisa também mudou. Horizontes se descortinaram e, apesar das dificuldades do estado gerir não mais por si só a questão cultural, entramos numa nova época onde já se percebe um maior entrosamento dos setores governamentais com a classe artística e com os movimentos populares. À luz da ideia de que a arte vem do povo clareou e assim o leme do barco tomou um rumo diferente, mesmo que saibamos que ainda navegamos em meandros.

Vinda do povo, da sua atávica sabedoria e das suas entranhas, a poesia não só nasce da linguagem como vive do aprimoramento desta e que por si só representa, também, o pensamento de muitos mesmo que hermética para alguns.

Mas apresentar Paulo tarso Barros para mim não só é responsabilidade, é motivo de orgulho, pois a sua humildade e talento coalescem, fundem-se como o aço derretido que endureceu seus poemas há tempos, desde a adolescência na terra de Gonçalves Dias e Ferreira Gullar, de onde veio para enriquecer mais, como outros, a literatura aqui produzida.

Natural de Vitória do Mearim, onde nasceu a 29 de agosto de 1961, lá estudou e participou da sua vida política e cultural, escrevendo peças teatrais, letras de músicas, literatura de cordel e contos. Publicou seus primeiros trabalhos em jornais de São Luís e de sua cidade. Em 1981 mudou-se para Macapá e aqui trabalhou no comércio, tendo estudado no Colégio Amapaense. Colaborou com poesias, contos e crônicas em jornais locais e em março de 1986, publicou sua primeira coletânea de poemas intitulada No Dentro de Mim, que recebeu ótima aceitação dos leitores e da crítica de seu estado e de Macapá.

Sobre “Poemas de Aço” talvez não seja necessário dizer que é um livro forte, poema que “vem da oficina metálica”, no dizer do autor. É um trabalho filosófico e maduro. Nele, Paulo Tarso não sintetiza, expande o mais virtual gesto operário para uma situação universal, tangendo a sofreguidão e a angústia de quem faz algo útil, de quem trabalha num afinado canto proletário, cavando a profundeza dos dias. Por ser social, logo abrangente, a poesia deste nordestino que às vezes reclama de solidão se descreve atônita ao sentir um novo mundo ou “apenas um rosto”. Dono de uma sensibilidade admirável o poeta diz que “Em todos os amanheceres menores somos”. E, por ter a certeza que de que não entregará sua vida para um abismo qualquer, eu dizia àquela época que Paulo Tarso “poderá deslanchar futuramente como um escritor de grande valor, pois não procura desesperadamente caminhos, mas ensina por veredas diversas que há um destino a ser encontrado.

(*) publicado em 2004. JD.

Lançamento do livro “O mistério da pistola ponto quarenta – Apartamento 803”

Eis que surge no cenário literário amapaense um novo escritor. Trata-se de Luiz Marcos da Silva, mineiro de nascimento, amapaense de coração, onde atua profissionalmente desde 1992.

Luiz Marcos traz em seu livro de estreia, “O mistério da pistola ponto quarenta – Apartamento 803”, crônicas saborosas eivadas de uma observação arguta e singular sobre o cotidiano em que se insere.

No dizer de Fernando Canto, prefaciador da obra, “sua verve literária faz fluir um estilo impecável entrelaçando o fato e a imaginação para viajar por uma estrada oscilante de temáticas, passando pelo bom humor e pela seriedade, pelo conhecimento jurídico profissional e pela sabedoria evolutivo-filosófica de um escritor maduro que não mede o número de centelhas acesas nos seus textos para saber que incêndio vai dar”.

É imprescindível que os amantes da boa literatura adquiram este livro e apreciem os inúmeros causos que ali desfilam para sorrir, gargalhar, refletir, ensimesmar e, ao final sentir a pujança de uma obra bem escrita. (Sonia Canto)

Lançamento: 

DATA: 29/08/2021 (Domingo) Horário: 11h.
LOCAL: Avenida Presidente Vargas, 1503 – Bar da Maria
Valor para aquisição: R$ 40,00
Reservas e informações: (96)99142-2071

Sônia Canto – Produtora. 

Poema de agora: Um dia chamado hoje…um momento chamado agora –  Luiz Jorge Ferreira

Um dia chamado hoje…um momento chamado agora

Meu coração é uma Melodia com asas.
Muda o ritmo das suas incursões aladas…mas termina quase sempre no chão.
Meu coração é um desenho fosco.
Sem detalhes coloridos,
Cheio de entalhes mal definidos.
Que apenas ocupa a meia metade do esquerdo peito…que carrego comigo a um tempão.
Há dentro de mim e perto dele um espelho para que ele se veja, e não se sinta só.
Ele se reflete a si mesmo.
Quando o encontro vermelho, é sinal que chorou.
Aí, eu declamo Pessoa, ele imagina que sou eu, e zomba.
É quando saio para chorar tristonho , junto aos Anjos da terceira esquina.

Luiz Jorge Ferreira

 

Poema de agora: Estrangeiro – Ori Fonseca

Ilustração: Retirantes, de Cândido Portinari (1944).

Estrangeiro

Vou vos contar apenas num soneto,
Vós sois um retirante do estrangeiro.
Eu também sou, vim num navio negreiro,
Morrendo desde o parto, por ser preto.

Cá na cidade, vós viveis num gueto,
Chapa quente do beco brasileiro,
Onde a temperatura de braseiro
Derrete desde a alma ao esqueleto.

A vossa prole abunda nos mercados
(Com seus estômagos atrofiados)
Nas portas de farmácia — a nova igreja —,

Nos ônibus negreiros da cidade,
Na fila insana da descaridade,
Sem despertar um mero olhar que seja.

Ori Fonseca

Poesia de agora: POEMA-CANÇÃO

POEMA-CANÇÃO

nosso amor é feito
de manhãs azuis
e tardes ensolaradas
de segredos divididos
e dores compartilhadas

nosso amor é feito
de areias quentes
e águas geladas
de roda gigante
sorvete e mãos dadas

nosso amor é feito
de bilhetes e canções
de doçura e nostalgia
de sonhos guardados
de samba e poesia

Pat Andrade

Da vez que pensaram em trocar o nome do Teatro das Bacabeiras – Crônica de Elton Tavares

De acordo com o sociólogo, escritor, jornalista e compositor Fernando Canto, a alcunha “Teatro das Bacabeiras”, pelo fato de trazer o nome que supostamente originou a palavra Macapá, foi escolhida democraticamente pelos artistas amapaenses para nomear o principal teatro de Macapá. Portanto, a denominação se identifica com a nossa terra.

Em 2015, foi cogitada a possibilidade da mudança do nome do Bacabeiras para que o teatro recebesse o acréscimo do nome do ator, humorista e radialista Pádua Borges, que faleceu em 2014.

Pádua era brilhante, ícone da cultura local e um cara porreta. Ele merece mesmo uma homenagem póstuma, mas não essa.

A questão da modificação do nome do teatro público do Estado iria além da questão de prestar uma homenagem ao importante representante da cultura amapaense. A mudança envolve a construção da identidade cultural do Amapá, processo que se constitui e é defendido a muito custo por nossos artistas e agentes culturais.

Mudar o nome do teatro, cuja escolha parte da construção histórica do amapaense seria descaracterizar uma parte daquilo que temos como memória, elemento agregador (fundamental!) da cultura.

Homenagear Pádua, o eterno e amado “Lurdico” da dupla “Os Cabuçus”? Sim! Com a criação de novos espaços, que poderão beneficiar a comunidade e agregar conhecimento e arte ao nome daqueles que produziram cultura nesse Estado e que ficaram em nossa história.

Ainda bem que desistiram da ideia. É isso.

Elton Tavares

O dono do Cabaré – Crônica porreta de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Depois de receber uma bolada do “PDV” do Governo Federal, onde trabalhou por quase 20 anos, Zé Ramos não sabia nem como nem onde investir o dinheiro. Mas queria ser comerciante. Como também era boêmio inveterado, frequentador de inúmeros botecos, bares e lupanares, alguém lhe falou que um cabaré estava à venda no subúrbio da cidade. A ideia de comprar um estabelecimento comercial já pronto despertou-lhe a cobiça e o sentimento de poder, pois comandaria pessoas e ainda aproveitaria os produtos da casa. Ou seja, uniria o útil e lucrativo negocio ao agradável hábito do bem bom.

Visando o lucro, Zé Ramos investiu toda a sua fortuna na compra do tal lupanar. Porém, despreparado (Naquele tempo não existiam programas de empreendedorismo a pequenas empresas assessorados pelo Sebrae), nosso herói foi levando o negocio com a barriga. Era mais cliente do que dono.

Quatro meses depois o único garçom roubou o caixa e fugiu; dois empregados, encarregados da limpeza e da cozinha, e um segurança o colocaram na justiça do trabalho e as cinco trabalhadoras sexuais da casa apareceram grávidas o acusando de ser o pai das crianças, pois ele às vezes, quando estava doidão, expulsava os clientes e fechava o estabelecimento, para seu usufruto pessoal.

Acabou vendendo o negocio por uma ninharia para um cearense, dono de um minibox que lhe fornecia mercadoria no fiado. Quase não dava para pagar as indenizações dos empregados e as outras despesas que ficaram da sua gestão.

Mesmo assim, Zé Ramos é um cara feliz da vida. Viveu a sua experiência de empresário como um xeique árabe. E diz, sempre rindo, com o maior orgulho: – Já fui dono de puteiro. Não ganhei, mas também não perdi.

Esse é o Zé Ramos com suas histórias.

* PDV: Plano de Demissão Voluntária, implementado nos anos 90.

Poesia de agora: Não brigo com Deus – Luiz Jorge Ferreira

Não brigo com Deus

Não brigo com Deus
Porque minha impressora quebrou.
Nem procuro a memória no dedal em que escondi um caroço de uva.
Pisco para acender a luz interior
E ponho as palavras em fila do Alpendre desbotado da Av. Ernestino Borges…
Descendo descalças pela beira do rio.
Amo a parte em que saio de mim, e sou outros.
O passado, o depois, o dia que vinha, o ontem que foi.

Quando os vermes parasitas atemporais, inundarem com suas mandíbulas químicas, minhas células cerebrais, se embriagarão de poesia.
Os pluricelulares, alvissareira, declamarão.
Os mono celulares, acharão um absurdo, achar que o sol é tudo.
Quando há lua, chuva, amor, paixão, destino, e intestino.
A impressora quebrada, continuará oxidada.

As palavras nascerão em outras paragens, vindas de bocas, afoitas, e corações apaixonados.
Os bisnetos, dos bisnetos, dos unicelulares, que disseram versos, porque neles não cabem.
Acharão doce a palavra amor.
E com ela subirão pela aorta até o coração.
Onde terei deixado o desenho da palavra paz.

Luiz Jorge Ferreira

 

* Do livro Nunca mais sairei de mim, sem as Asas.

Poema de agora: O NOME DA ROSA – Ori Fonseca

Ilustração: Menina da Rosa, aquarela em papel, de Milla D’Arte.

O nome da rosa

Um anjo de rosa perfuma a vida
E guarda entre as pétalas um segredo:
Tornar em poesia o que já foi medo,
Fazer primavera onde havia ferida.

Essa mensageira, a rosa querida,
Por vezes, em sonhos, me espeta o dedo
E faz-me acordar muito aquém do cedo,
Deixando a fragrância de sua mordida.

Que a vida em primavera se revele
No anjo, na rosa, na luz do dia,
Em cada boa mensagem de alegria.

Que a volúpia dos sonhos se encastele
No cheiro da seda, a seda da pele,
Na pétala a eriçar-se em poesia.

Ori Fonseca

Poesia de agora: Confissão da louca – Mary Rocha

Mary Rocha – Advogada e poeta.

Ouvi dizer que sou louca

Acometida de demência especial
Olho o mundo com meus sentidos
E me apaixono pelo irreal

Devo mesmo ser louca!
Pois, na cidade de pedra
Em meu pequeno ninho
Eu tento cultivar rosas
Sem podar os espinhos…

Não é fácil, senhor!
Tentar colorir esse cinza todo
Com meu arco-íris pessoal
Às vezes
Até eu,
Me acometo dessa triste doença
De seguir o padrão social…

É…
Mesmo eu,
Conhecida por desequilibrada
Me disfarço com roupas formais
E me visto de sociedade

Porém, internamente
Alimento essa tão minha
Particular insanidade…

Quem mais
Morando no alto de um prédio
Possui como companhia
Livros, flores e pássaros?
Que livremente passeiam pelo jardim…

Seres que vivem de seus próprios significados
E, dia a dia,
Cultivam minha poesia…

Me ensinando sempre,
Ainda que com dificuldade,
A retirar a armadura
E a me despir dessa tão deprimente
‘’normalidade’’

Mary Rocha

O tempo – Crônica de Elton Tavares (com ilustração de Ronaldo Rony)

Ilustração de Ronaldo Rony

Há anos, após breve conversa com a amiga, ela disse: “o tempo também é burocrático. Nós é que sempre queremos tudo pra ontem”, comecei a devanear sobre o tempo. Verdade, nem sempre dá tempo.

Aliás, o tempo nos ilude quando jovens, em nome da inexperiência e da que nunca morre, a esperança. Sim, o tempo, com pouco tempo de análise, às vezes engana, confunde e conduz pelo caminho errado. Mas nunca omite, no final, sempre mostra quem é quem e como seria. É, o tempo.

A Bíblia, livro mais vendido da história (para muitos mitologia cristã) diz: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1).

Desconfio há tempos que existe uma conspiração que faz do tempo uma espera quase interminável para os que sofrem e um período muito curto para bons momentos. Ah, tempo, dê um tempo!

O velho astro do Rock, David Bowie disse: ‘o tempo pode me mudar, mas eu não posso reconstituir o tempo’. Verdade! Afinal, tudo há seu tempo. O tempo costuma despachar lentamente quando queremos que seja rápido e o contrário, quando é o inverso disso.

O tempo traz méritos, vivências, leva e traz amigos, irradia e ceifa vidas. O tempo sabe coisas que a gente não sabe. Sim, ele flui, voa e dá tapas com luvas, mas não de pelica e sim de boxe. Mas o tempo também faz esquecer e, às vezes, até cura dores. Sobretudo, o tempo nos ensina a entender mais sobre o amor.

Enfim, o tempo passa, nós aprendemos e mudamos com ele. Eu até poderia falar mais sobre a loucura e sapiência atemporal do tempo, mas agora não. Meu amigo Fernando Canto lembrou da filosofa María Zambrano, que dizia: “O tempo é o único caminho que se abre ao inacessível absoluto”. E a Camila, com quem o diálogo originou esse devaneio, falou algo que me faz encerrar aqui: “o tempo é o remédio e a agonia de todos nós”.

Ah, só mais uma coisa: é tempo de ser feliz e assim estou fazendo, enfim, em tempo. Pois não mais tenho tempo a perder. É isso. Ótimo sábado pra todos nós!

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bençãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.