Poema de agora: DESASSOSSEGO – Marven Junius Franklin

DESASSOSSEGO

[Esse tempo] de medo & sentimentos ilhados…tempo em que o rio desconhece as marés & a noite diz não precisar dos pores do sol.

[Esse tempo] de escuridão & desassossego… tempo em que os alpendres preferem a solidão & a verdade diz não compreender as injustiças.

[Esse tempo] de alamedas desalumiadas… tempo em que o amor desconhece Narcisos incautos& o espelho finge não ser dele os reflexos da dor

Marven Junius Franklin

Barca das Letras de 2020, que acontecerá de 22 a 25 de março, contará com apresentações do “Tio Nescal”

Vem aí a primeira Barca Das Letras de 2020. O voluntário Fabio Nescal estará nesta edição, que acontecerá de 22 a 25 de março, nos municípios de Macapá e Santana no Estado do Amapá e em Afuá/PA. A ação visa incentivar a leitura, as artes, a cultura viva comunitária, o voluntariado e alegrias nos corações de crianças de periferias e rios do Amapá e Pará!

Fabio Nescal é Contador de Histórias, Arte-Educador, ator, escritor, recreador. Nascido em Macapá(AP) é amante da leitura desde criança. Licenciado em Pedagogia, faz parte da Divisão de Recursos Didáticos-DIRED da Secretaria Municipal de Educação de Macapá, que desenvolve o trabalho de incentivo à leitura para os alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental, além de ministrar oficinas e palestras aos professores (Formação Continuada). Tio Nescal também é Animador de festas infantis, fazendo parte do grupo ‘Tio Nescal e Banda’ que percorre os municípios dos Estados do Amapá e Pará realizando shows infantis em datas comemorativas(Carnaval, Páscoa, Natal etc). Fabio Nescal já participou de 3 coletâneas literárias. Conheceu a Barca das Letras por meio das redes sociais e, a partir de então, surgiu o imenso desejo de contribuir com o projeto.

Vem com a gente espalhar o amor, livros, gibis e poesias!

Conheça mais em http://santanadoamapa.blogspot.com/2018/01/tio-nescal-um-poeta-um-animador-um.html?m=1

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Doe livros e gibis:
61 98355 7232 – Jonas Banhos
[email protected]
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Poema de agora: As Cores da Saudade – Kassia Modesto

As Cores da Saudade

Eu nunca vi interrogação tão grande e tão mal resolvida
Se eu fosse um pintor, eu faria da saudade a tela mais colorida
Se ela fosse uma cor, somente, eu me pergunto que cor ela seria
Um tom de azul, céu profundo
A me sugar solitária ao seio do mundo?
Um branco limpo e infinito
Enlouquecendo aqui dentro, como em um próprio hospício?
A saudade é uma parceira solitária e fugaz
Que caminha a espreita e vai correndo atrás
De uma fiel companheira, sangria voraz..
Saudade, saudade, saudade…
Minha companheira nas horas tardias
Gostaria de pintar de um azul, verde-mar
Ou as cores da primavera eu poderia recriar.
Dar-lhe um tom cintilante
E deixar pelo menos por um instante
A sua dosagem me embriagar…
A saudade que carrego comigo
É preto, é luto, é medo
A viúva negra a companheira eternamente ausente
O passado ainda presente
A lembrança constante,
O afago ao frio
O arrepio apenas na mesma recordação
A saudade que carrego comigo é como o preto,
É a ausência das cores que guardo no peito.

Kassia Modesto

Poema de agora: Lágrimas por Marielle – Jaci Rocha

Lágrimas por Marielle

Nem aqui, nem ali
Nem nos palácios
Nem na favela
Nem no Rio
Ou SP

Eu, aqui,
No meio do Equador.

05 tiros na mente da Democracia
No seio da mãe Nação,
Nem flores, nem canhão
Violência silenciosa…

Amanhã, mais ódio escorre da TV
No Big Brother-Jornal Nacional
O olho que distorce tudo o que vê
E alimenta a fome da ignorância…

Lágrimas por Marielle,
Caem no território da mãe gentil
Onde a realidade, hostil
Enterra na favela

O direito de sonhar.

Jaci Rocha

*Republicado por conta de hoje completar dois anos do assassinato de Marielle Franco.

Hoje é o Dia Nacional da Poesia (meus parabéns aos poetas do Amapá e Brasil)

Hoje é o Dia Nacional da Poesia. A data é comemorada em 14 de março por ser o dia do nascimento de Castro Alves, em 1847. Poeta do romantismo, ele foi um dos maiores nomes da poesia brasileira.

A palavra “poesia” tem origem grega e significa “criação”. É definida como a arte de escrever em versos, com o poder de modificar a realidade, segundo a percepção do artista.

Antigamente, os poemas eram cantados acompanhados pela lira, um instrumento musical muito comum na Grécia antiga. Por isso, diz-se que a poesia pertence ao gênero lírico. Hoje, os poemas podem ser divididos em quatro gêneros: épico, didático, dramático e lírico.

Sou fã de poesia e poetas. Adoro Ferreira Gullar, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, entre outros tantos poetas brasileiros, mas gosto mesmo é dos poeteiros amigos. Sim, os que admiro tanto quanto estes nomes aí de cima.

O poeta autor/trovador escreve textos do gênero que compõe uma das sete artes tradicionais, a Poesia. A inspiração, sensibilidade e criatividade deste tipo de artista retrata qualquer situação e a interpretação depende da imaginação dele próprio, assim como do leitor.

Admiro os poetas, sejam cultos, que usam refinados recursos de linguagem ou ignorantes, que versam sem precisar de muita escolaridade. Eles movimentam o pensamento e tocam corações. Não é a toa que as pessoas têm sido tocadas pela poesia há séculos. E nem interessa se o escrito fala de sensatez ou loucura. Tanto faz. O que importa é a criatividade, a arte de imprimir emoções em textos ou declamações.

Não tenho o nobre dom de poetizar, sou plateia. Mas apesar de não existir poesia em mim, uso a tal “licença poética”, para discorrer sobre meus devaneios e pontos de vista.

Hoje, minhas homenagens são para os poetas que são meus amigos. Desde o Fernando Canto, Obdias Araújo, Luiz Jorge Ferreira, Juçara Menezes, Lara Utzig, Carlos Nilson, Alcinéa Cavalcante, Paulo Tarso Barros, Tãgaha Luz (In Memoriam), Thiago Soeiro, Pedro Stkls, Bruno Muniz, Andreia Lopes, Annie de Carvalho, Flávio Cavalcante, Bernadeth Farias, Marven Junius Franklin, Carla Nobre, Mary Paes, Maria Ester, Andreza Gil, Ivan Daniel, Patrícia Andrade, Júlio Miragaia, Kiara Guedes, Jaci Rocha, Mary Rocha, Weverton Reis, entre outros tantos. Além de todos os compositores brothers, que transformam poesia em música, como Osmar Júnior, Val Milhomem e Naldo Maranhão.

Também saúdo todos os movimentos que fazem Poesia no Amapá, que realizam encontros em praças, bares, residências, etc. Enfim, saraus para todos os gostos. Portanto, meus parabéns aos poetas, artistas que inventivos que fascinam o público que aprecia a nobre arte poética.

Viva a poesia!

Elton Tavares

Poema de agora: BÔTA – Luiz Jorge Ferreira

BÔTA

Apa…tua…nua…lua…voa..zonza… de lume…e Zinabre…cava a cova…grávida de ovas…
Dança tua dança Mar a baixo d’água D’eu.
Tupã Açu um Sul açoita como Bôta em Cio.
…e tu arriscas ficar velha sem largar de ser bela.
E doida por ti a Fortaleza…
Finge desprezo…


Abraça o velho Rio…rabugento e estridente.
Braçadas de barcaças, e um tronco mufino range demais.
Os eles, os mais de duzentos anos te dizem…te amo…!
Na língua do P.
E eu daqui o imito.
Gritando em Samaraca da janela entreaberta desse Edifício.
Olhando de esguelha o Tietê, e ao longe o Rio Pinheiro.


Assusto a Kalopsita que nunca viu uma Arara de perto, mas ama os tons de cores.
Amo Macapá…como quem ama um turbilhão de lembranças dependuradas em uma fotografia emoldurada com crayon.
A fotografia ainda imune ao ferrugem do tempo.
Resiste.


Ela que tanto brincou comigo e agora se afasta…
Caminha silenciosamente em direção ao Nunca.
Eu fecho a janela e guardo em mim o grito, que agora é saliva, e mergulho no Rio da foto, e nem me molho, nem sobrevivo.
Apenas discuto se foi azul.

Luiz Jorge Ferreira

*Poema do Livro Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas – Rumo Editorial. 2020. São Paulo. Brazil.

Poesia de agora: Poema do Retorno – @alcinea

Poema do Retorno

Voltaste
driblando nuvens e pássaros
e trazendo nas mãos
estrelas azuis que me encantam.
Durante a tua ausência
tentei plantar a paz,
clamei pelo direito de ser livre
e colhi dores e desenganos
que abriram feridas profundas
e machucaram o meu verso,
inaugurando revoltas e frustrações.

Voltaste
trazendo no olhar marrom
esperanças que arranham
as minhas desesperanças.

Mais uma vez,
(talvez inutilmente)
uniremos nossos gritos
pedindo liberdade para viver
amar
cantar
e sorrir.
Serão protestos aos crimes
cometidos contra a liberdade
os nossos gritos
(ainda que não encontrem eco).

Mas, se te faz bem,
posso dizer
que não é proibido
sonhar que todos os caminhos se abrirão
e a liberdade será uma realidade palpável.

Alcinéa Cavalcante

Poema de agora: Vida Desafio – Pat Andrade

VIDA DESAFIO

a vida desafio
corre como um rio
em direção ao mar
enche e seca com a maré
reflete a lua e o sol
não cessa de brilhar

a vida desafio
sufoca como pó
não me deixa respirar
tem cheiro de rapé
tem gosto de jiló
não é boa de provar

a vida desafio
me faz morrer de frio,
me faz arrepiar
abre e fecha o tempo
me tira o movimento
me faz querer chorar

na vida desafio,
eu vivo por um fio,
sempre a me equilibrar
tenho medo de cair
porque ainda ando só
não aprendi a amar

PAT ANDRADE

Hoje: Quarta de arte da Pleta apresenta Sarau lítero-musical Meu Vício é PoEsia

Palavras palavras postas Poesia para alma

Quarta de arte da pleta: Meu vício é Po E sia. Nosso encontro de amor e arte saúda hoje a Poesia Amapaense. Convidamos você para celebrar junto com Alcineia Cavalcante, Negra Áurea, Mary Paes, Carla Nobre, Hayam Chandra, Pat Andrade, Grupo Tatamirô de Poesia, Poetas Azuis, Afrologia Tucuju, Fernanda Canora, Augusto Oliveira, Afrane Tavora, Joãozinho Gomes, Ricardo Iraguany, Aroldo Pedrosa, Ademir Pedrosa, Ronaldo Rodrigues, Tiago Quingosta, Rostan Martins e os músicos Helder Brandão, Wendell Cordeiro, Edu Gomes, Alan Yared e Yana Mc.

Muita gente, muito talento, muita poesia, arte e cultura.

Nosso encontro está confirmado. E temos um bom motivo:

O dia 14 de março é o Dia Nacional da Poesia – uma homenagem a um dos nossos maiores poetas: Antônio Frederico de Castro Alves, nascido em 14 de março de 1847. Essa celebração tornou-se oficial a partir de 3 de junho de 2015, por lei.

Castro Alves é considerado a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu as grandes causas da liberdade e da justiça.

Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproximava do Realismo. Sua poesia era como um grito explosivo a favor dos negros, sendo por isso denominado “O Poeta dos Escravos”.

Sua poesia é classificada como “Poesia Social”, pois aborda o inconformismo e a abolição da escravatura, através da inspiração épica e da linguagem ousada e dramática como nos poemas: Vozes d’África e Navios Negreiros, da obra Os Escravos (1883), que ficou inacabada.

Só um gostinho da poesia de Castro Alves.


Basta!… Eu sei que a mocidade
É o Moisés no Sinai;
Das mãos do Eterno recebe
As tábuas da lei! — Marchai!
Quem cai na luta com glória,
Tomba nos braços da História,
No coração do Brasil!
Moços, do topo dos Andes,
Pirâmides vastas, grandes,
Vos contemplam séc’los mil!

Navios Negreiros

Era um Sonho dantesco… O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar do açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar… (…)
E rir-se a orquestra, irônica, estridente…
E da ronda fantástica, a serpente
Faz doidas espirais…
Se o velho arqueja… se o chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voa mais e mais… (…)

(Fonte) https://www.ebiografia.com/autor/dilva-frazao/

Serviços:

Quarta de arte da Pleta
Sarau lítero-musical Meu Vício é PoEsia
Local: Sankofa Av. Beira-Rio, 1488
Hora: 19h
Data: 11/03/2020

Poema de agora: Como Charles me via – Pat Andrade

Como Charles me via

caía a tarde
quando o canto da cigarra
a fez lembrar
das noites bizarras que vivia
pelos colchões sujos
mãos sem braços
em suas coxas
bocas sem rosto

Arte de Emiliano Bruzzone

em sua boca
era toda solidão
e melancolia
langor e lascívia
entre gritos e gemidos
rezava pela luz do dia

Pat Andrade

*Charles é uma referência ao poeta e escritor alemão Charles Bukowski.

 

Poema de agora: OLHO NOS OLHOS* – Ori Fonseca

Ilustração: detalhe de São Jerônimo no Deserto, de Leonardo da Vinci.

OLHO NOS OLHOS*

Eu vejo a luz nos olhos de meu filho,
Aquele brilho, amado Deus, foi meu.
Não dei por mim de quando se perdeu,
De quando se fez treva o que era brilho.

O tempo em tudo é fogo de rastilho,
Trem sobre um trilho que se corroeu.
Não sei dizer de como se esqueceu,
Nalguma curva, de seguir o trilho.

Teus olhos, pobre filho, são passados,
Cheios do brilho que a loucura atrai,
Mas no pavio do tempo a luz se esvai.

Ontem, olhei meu pai de olhos cansados;
Hoje, os meus olhos são enevoados
Da mesma névoa que cegou meu pai.

Ori Fonseca

* A palavra “olho”, do título, não é substantivo, mas o indicativo presente do verbo “olhar” na primeira pessoa do singular.
16:44

A mulher da chuva e do sol do Equador (Fernando Canto)

Por Fernando Canto

Chove em Macapá neste amanhecer de pétalas caídas nos jardins. Ondas verticais fustigam a pobreza das ruas, alagam o oco das pedras e atiçam o furor do céu, onde deuses cavalgam atônitos em busca das últimas estrelas que o firmamento esconde nesta época de nimbos. Uma dádiva esta chuva. É uma faca que golpeia o rastro dos caracóis e que retarda o voo das aves migratórias. Uma chuva é uma caba colossal dona de seu próprio voo que procura sobre a terra o segredo do veneno perdido na face espelhada das lamas matinais Uma chuva é um dom de Deus na relativa necessidade de quem a almeja. E assim eu te quero, chuva. Hoje mais do que nunca, porque és elemento da minha paisagem cotidiana, cenário da transformação do meu amor e indubitável perfume que cai suavemente sobre nós, sobre mim e ela, a mulher da minha vida.

Mulher que chove aos cântaros quando envidraça a escuridão dos teus sentidos, mulher que arde – absolutamente chama – sem o consumir do fogo. E chama a oceânica vontade do teu ser plural no sexo espumoso que especula degredos, inda que guardando segredos indizíveis na semente do tucumã, fruta ancestral. Mítica mulher que habita a cavidade dos sonhos enredados e abre as portas para o resoluto amor. Inexorável és como as calvas cúpulas da serra do Tumucumaque, a cobra adormecida, a morada dos alados seres que nunca estilhaçaram o gelo inexistente no teu dorso. Reserva-te ao direito de seres como Mitaraka, ó mulher, a montanha em forma de gente, observada pelos invasores de tua curta solidão, que chegam com o vento em alucinantes tropéis. Ora podes ser um arquipélago. Uma teia abissal de ilhas perdidas no oceano, ilhas que bailam e que dançam sob a música dramática dos dias da civilização. Ora podes ser também a mãe orgulhosa do fulgor das vozes e o relâmpago capaz dessa esperança. Talvez até no sol que invade a tua garganta com sua luz vertiginosa das manhãs cênicas do Bailique tu podes transformar-te, ó mulher.

Eu amo o teu estuário de loucura e a generosidade das águas que em ti moram e louvo o bailado das ondas fulgurantes e o esplendor das estações que existem em ti. Amo, sim, pois és a chibata que açoita os pesadelos, o sustentáculo que abriga bons augúrios, a flor, o jardim e a raiz das plantas crescidas no sabor da aurora, esta que invade nossa casa sem precisar pedir licença. Eu amo o teu cabelo e o magnetismo depositado na escova, assim como as páginas viradas de um livro que relemos rindo. E ali no canto do banheiro talvez uma sandália virada espe
re teus pés para que calces novos planos e andes na direção do oriente. Nossos livros e telas, nossos vinhos e cds flutuam sobre uma lona azul-turquesa. Estão lá, junto aos amigos, os cerzidores do que rasgamos no passado, inquilinos que são da nossa vida para sempre.

Agora me despeço. Eu vivo a luz e a sombra da mulher que esbraveja o verbo e absorve a vida. Eu observo a mão que trata a argila do manancial diário das notícias da família, eu voo vaga-lume perto deste refletor iluminante, lâmina certeira, mulher dadivosa de chuva, enfeitada de estrelas e de andaimes, amante inconclusa da minha vontade.

Agora sim, eu me despeço inundado em poesia, sobre a mesa posta que abriga somente o pão quentinho e o aroma do café que tomamos juntos quando o dia chega. Eu me despeço naufragado na ternura dos teus olhos cuidadosos, enquanto a chuva, lá fora, lava almas e plantas e espera o sol brilhar para todas as mulheres que trabalham, sofrem e amam nesta terra salpicada de luz do equador.

*Do livro “Adoradores do Sol”. Scortecci, S. Paulo, 2010.