Poema de agora: Náufrago – (@ThiagoSoeiro)

Náufrago

quando comecei este poema
ainda não sabia falar
de como o mar
consome todas as palavras
que são ditas
ao pé do seu ouvido
era cedo demais
pra entender qualquer
urgência da palavra dita
quando comecei neste poema
as palavras faziam onda
em minha cabeça
revoltas em imagens
que só anos mais tarde
eu iria entender
dali pelos próximos dias
de fevereiro
o céu do norte do país
andaria escuro
e ninguém veria em alto mar
o poema perdido
antes mesmo do começo.

Thiago Soeiro

Poema de agora: Nuvens de asteroides – @ThiagoSoeiro

Nuvens de asteroides

já tem mais de um ano
desde a última vez
que te encontrei no poema
e não teve um dia
que não sentisse a sua falta
era como se todos os poemas
de amor não falassem de amor
sem você dentro deles.
ouvi dizer que você tinha partido
atravessado o céu rumo à Marte
estaria escondido em alguma estrela
e nenhum astronauta havia desconfiado
que seu coração universo
estaria morando na via láctea
fazendo chover saudade.

Thiago Soeiro

Cultura amapaense pela internet: hoje começa o Festival On-Line “FicaDiBubuia”

Nesta quinta-feira (26), a partir das 16h50, começa o Festival On-Line “FicaDiBubuia”. Promovido pela produtora Duas Telas, o festival é totalmente independente e conta com artistas voluntários, sem nenhum tipo de remuneração.

A ideia é quebrar a sensação de distância gerada pelo isolamento comunitário por conta da prevenção ao coronavírus (Covid-19), e promover cultura por meio da internet, além de manter vivo o espírito criativo dos artistas locais. De 26 a 29 de março serão dezenas de apresentações ao vivo.

O Festival Cultural On Line será transmitido pelo perfil da Duas Telas na rede social @duastelasproducoesap, onde rolarão shows musicais e performances em formato pocket. Qualquer pessoa poderá acompanhar as programações e interagir com o evento e artistas.

Hoje, a abertiura do Festival On-Line “FicaDiBubuia contará com as apresentações de Poetas Azuis, Joãozinho Gomes, Alan Yared, Enrico Di Miceli, Cley Lunna, Colibris, Roniel Aires, Nani Rodrigues, Laura do Marabaiaxo, Naldo Maranhão, Malabarista Flor, Grupo Guá, Rambolde Campos, João Amorim e Quarteto Casa Nova.

O festival cultural on-line é uma alternativa de entretenimento na quarentena. Uma maneira de estarmos juntos, conectados em uma corrente de empatia.

Sobre a expressão “dibubuia”

A expressão Bubuia vem do nosso “caboclês”, virou gíria popular, e é uma forma gentil de pedir: fica de boa, fica tranquilo, fica aí parado. É desse jeito jeito que pedimos a todos que fiquem em casa para segurança dos mais vulneráveis…

Então é isso. Vamos combater essa batalha com o melhor que podemos dar, com nosso amor pela cultura e pela responsabilidade de doar o que temos de mais precioso em nosso fazer diário: Nossa produção artística! POR FAVOR FICA EM CASA! #FicaDiBubuia … Não fica mufino! Espia nossa programação! #producao #arte #bubuia #musica #literatura #poesia #artista #amazonia #norte #corona #quarentena #amapa #macapa

E o melhor: é de graça! Assista e prestigie!

Patrícia Andrade e Elton Tavares

Poema de agora: Vírgula – Luiz Jorge Ferreira

Vírgula

Eu me chamo…eu.
Faz tempo que eu me conheço…
Faz tempo que eu me amo em segredo.
Em mim, o que não gosto, nem percebi.

O que mais admiro em mim, são os porquês …
O que mais detesto em mim…a mortalidade.

Dançando com minha sombra.
Sob uma lua que pintei no teto da sala.
Eu sou feliz…
Sempre me basto!

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro…Na frente da boca da Noite, Ficam os dias de Ontem – Rumo Editorial (São Paulo) – 2020.

Festival On-Line “FicaDiBubuia”

Muito antes da chegada das tecnologias avançadas, a arte provou ter o poder de conectar as pessoas. Um artista sozinho no palco pode parecer uma pessoa solitária e triste. Mas não! Um artista, ainda que brincando com sua sombra, pode maravilhar multidões pelo encantamento que a arte produz, pois a criatividade humana tem a capacidade de nos libertar dos nossos medos e nos garantir o mais vigoroso dos alimentos: A Esperança!… Nestes dias que virão, precisamos alimentar nossa alma dessa esperança de podermos estar juntos, conectados em uma corrente de empatia… Para isso, a Duas Telas Produções, junto com diversos artistas do Amapá e de outros estados, fará gratuitamente de 26 a 29 de março do corrente ano, o Festival Cultural On Line #FicaDiBubuia. Como diz a expressão Bubuia do nosso “caboclês”, que virou gíria popular, é uma forma gentil de pedir: fica de boa, fica tranquilo, fica aí parado. É também nosso jeito carinhoso de orientar que todos fiquem em casa para segurança dos mais vulneráveis… E como forma de dar opção e superar o tédio do isolamento residencial, bem como elevar da melhor forma a autoestima durante a quarentena, que certamente conterá o avanço do COVID-19, estaremos apresentando uma variedades de shows musicais e performances em formato pocket, pelo endereço do Instagram @duastelasproducoesap, por onde qualquer pessoa interessada poderá acompanhar as programações e interagir com o festival e os artistas. Vamos combater essa batalha com o melhor que podemos dar, com nosso amor pela cultura e pela responsabilidade de doar o que temos de mais precioso em nosso fazer diário: Nossa produção artística! POR FAVOR FICA EM CASA! #FicaDiBubuia … Não fica mufino! Espia nossa programação! #producao #arte #bubuia #musica #literatura #poesia #artista #amazonia #norte #corona #quarentena #amapa #macapa

Artistas e pesquisadores locais contarão com edital da Secult/AP para promoção de atrações on-line

A Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult-AP), ciente das dificuldades que os trabalhadores da cultura estão enfrentando pelas medidas de isolamento social provocadas pela pandemia do Covid-19, lançara o projeto “Ao Vivo lá em Casa”. A iniciativa pretende atender os agentes culturais que sobrevivem exclusivamente de sua arte, sem vínculos empregatícios e sem renda auxiliar. HASHTAGS – #aovivolaemcasa #fiqueemcasa

A medida vem atender o clamor das trabalhadoras e trabalhadores da cultura e das artes, impossibilitados de executarem seus ofícios diante dos riscos provocados pela pandemia que vem abatendo o mundo. Deste modo, o projeto pretende difundir as práticas artísticas e culturais nas redes sociais e nas plataformas de streaming, que hoje representam o que há de mais moderno na distribuição de conteúdos digitais.

A ideia base do projeto é gerar renda aos artistas impossibilitados de subirem aos palcos, sem deixá-los distantes de seu público, visto que a internet tem se mostrado uma grande ferramenta de redução de distâncias, unindo pessoas nas mais remotas partes do mundo. A ideia é também escoar a produção cultural local, servindo para abrir novas possibilidade de negócios a partir da internet.

O projeto vai contemplar conteúdos digitais, produzidos por artistas e pesquisadores amapaenses. O edital amplia a participação dos trabalhadores culturais, que podem propor atrações como pocket shows, intervenções cenopoéticas, intervenção teatrais, vídeo aulas, contação de causos e estórias, stand up comedy, demonstrações técnicas e entre outros.

Os conteúdos propostos podem ser inéditos ou não, transmitidos ao vivo ou serem previamente produzidos e posteriormente reproduzidos nas redes sociais e plataformas de streamings administradas pela Secult ou pelos próprios artistas selecionados. A secretaria dará mais informações no seu site: [email protected].

Para o Secretário de Cultura, Evandro Milhomen, “mais do que fomentar a economia do meio artístico e cultura em tempos de crises da COVID-19, o projeto reforça o compromisso do Governo do Estado do Amapá de cuidar do seu povo e de seguir juntos por um estado forte. Se é cultura e cabe na tela do celular ou do computador, então pode fazer parte do nosso edital”, afirmou.

Poema de agora: NOTURNO EM DECASSÍLABOS – Rui Guilherme

NOTURNO EM DECASSÍLABOS

Não, não me faças crer em teu amor
que nele posso vir a acreditar.
Desilusão é sonata em tom menor:
leva o poeta, insone, a versejar.

Perdão foi feito pra gente pedir,
mas não é fácil dobrar o joelho.
Do orgulho, o que se pode extrair
é solidão, insônia, olho vermelho:

Deserto estéril de folhas secas,
na ilusão a que me induzes, pecas.
Assim, não me faças crer no amor.

A mão que afaga é a mesma que apedreja.
No delírio, em silêncio de igreja,
toca a tocata e fuga em ré menor..

Rui Guilherme

Poema de agora: O fim do mundo – @alcinea

O fim do mundo

Quando disseram
que o mundo ia acabar
Tia Lila pegou seu terço
e pôs-se a rezar.

O dono da venda
dividiu toda a mercadoria com seus funcionários
e distribuiu o dinheiro do caixa para os mendigos.

A recatada dona Clotilde
jogou-se aos pés do marido
e implorando perdão
confessou que o tinha traído com o compadre.

Seu Joaquim, um santo homem, ajoelhou-se no meio da rua
ergueu as mãos para o céu
e pediu perdão a Deus pelos assassinatos que cometeu
como matador de aluguel.

No dia seguinte
o dono da venda pedia esmolas,
a recatada Clotilde, expulsa de casa,
foi morar num velho puteiro,
Seu Joaquim foi preso.

Só Tia Lila continuou do mesmo jeito.
De terço na mão continuou rezando
e entre uma oração e outra murmurava:
– É mesmo o fim do mundo
– Dona Clotilde, hein, quem diria?
– Seu Joaquim com aquela cara de santo, hein!
É o fim do mundo!
É o fim do mundo!

Alcinéa Cavalcante

Poema de agora: NOSSOS EUS – Rui Guilherme

NOSSOS EUS

Eu tenho um lado diferente:
ora sou bicho, ora sou gente.

Eu tenho um lado distinto:
vezes eu penso; vezes, so sinto.

Eu tenho um lado incerto:
nem bem estou longe e já quero estar perto!

Eu tenho um lado oposto:
pura alegria, fundo desgosto.

Eu tenho um lado errado:
ora me esquecem, ora sou lembrado.

Eu tenho um lado triste:
nele a ironia persiste,
pois nesse lado do meu lado,
por bem ou de mau grado,
tu não me sais da lembrança
e com ela a esperança
de reaver teu corpo amado
aqui comigo, ao meu lado.

Rui Guilherme

Poema de agora: MEU REPERTÓRIO DE ESTUPIDEZ É VASTO – (Paulo Tarso Barros)

MEU REPERTÓRIO DE ESTUPIDEZ É VASTO

Meu repertório de estupidez é vasto.
Nele meu ser encontra o pasto,
nele meus discursos são escritos,
nele vivo exorcizando conflitos.

Meu cabedal de estupidez se prolifera
pelos cantos da cidade: quimera
presente em nossos vis destinos,
puxando as cordas puídas destes sinos:

que bimbalham na catedral vazia
onde, humilhado, ofereço minha homilia
aos deuses que vagamente intuo,
quando das minhas apostasias recuo.

Meu repertório de estupidez é pleno.
Nele meu ser encontra bom terreno
para desvairar-se perante o mundo
neste seco linguajar moroso e bundo.

(Paulo Tarso Barros)