Poema de agora: Presente – @ManoelFabricio1

Presente

Tu és forte cabocla
Tens a lama, q faz escorregar quem se aproxima com o mal perto de ti
Tens o vento, q sopra o q não te faz bem
Tens a água, q mata tua sede e deságua desaforos
Tens a mata, q acalenta tua alma e filtra o ar contaminado
Tens o sol que aquece as entrelinhas
Tens o abraço dos teus e as orações
Tens o norte no seio, q dá vida.

Manoel Fabrício

Poema de agora: OBSCURO ABSURDO – Pat Andrade

OBSCURO ABSURDO

acordei dentro do absurdo
num mundo obscuro
tateio em torno sem tocar em nada
em curtos passos exploro o parco espaço

reviro a casa, descarto objetos
misturo as rotinas, espano o teto
caminho a esmo pelo imaginário
me dispo das dores dentro do armário

não caibo mais em mim e a loucura me espreita
enxergo o jardim da janela à direita
mas não vejo flores

no mundo lá de fora não há desespero
mas posso ver as dores e o medo
viro de lado e tento dormir

amanhã, acordo cedo

Pat Andrade

Poema de agora: CANTIGA (NÚMERO DEZ) – Luiz Jorge Ferreira

CANTIGA (NÚMERO DEZ)

Porque fostes assim, ouvidos e ruídos.
Porque fostes assim, início, fim e meio.
Porque fostes assim,a mão que fere, e afaga.
Porque insistes em mim, um amor de não, e sim.

Porque vives assim chegando e partindo.
Porque amo em ti, o que nunca eu encontro.
Porque ouso ferir o amor cicatrizado.
Porque ando ao derredor e volto aos pedaços.

Porque amo a noite, inteira ou destroçada.
Porque sempre receio a dor de uma saudade.
Porque estas onde estás eu mesmo não estando.
Porque creio demais com a fé que não possuo.

Podes agora exilar-me entre gritos e horas.
Podes agora cobrir-me com teu desdém.
Podes agora deixar-me aqui exposto ao frio.
Podes agora falar-me do jeito mais vadio.
Podes agora derramar no chão todo o teu cio.
Podes agora esconder-te profundamente em mim.
Podes agora, te aprontar , e ir.

Eu arrumo as sombras, e os passos.
Eu arrumo, o adeus, e os retratos.
Eu arrumo os versos, e os pratos.
Eu me arrumo inteiro, por pedaços.

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro “Na frente da boca da Noite ficam os dias de Ontem” – Rumo Editorial…2020 (São Paulo – Brasil).

Estamos em casa e sem se desconectar da nossa rede de amor e arte ♥️

Amigos! Em meio a essa pandemia, todos nós de algum modo mudamos hábitos. E o mais importante deles é ficar em casa pois esta é a melhor alternativa para minimizar a taxa de contágio pelo Coronavírus. Podemos estar em casa, mas não vamos ficar desconectados, e por isso o meio virtual será nosso espaço de encontro. Porque o mais importante também é não deixarmos de nos amar e cuidar da nossa rede de afeto.

Por causa das medidas de contenção, muitas pessoas tiveram suas atividades laborais interrompidas, paralisando, assim, sua fonte de renda. Nós, artistas, somos uma classe inteiramente atingida por esta ação e já têm famílias sem ter o que comer por  não poder manter nossas atividades laborais de cada dia, como dar aulas ou tocar nas casas noturnas.

Por esse motivo estamos em campanha É de pouco que se faz um monte♡.

“Me chamo Erick Pureza e venho através dessa  pedir sua colaboração com alimentos não perecíveis; produtos de higiene pessoal;  fraldas descartáveis ou transferências. Faremos nossas prestações de conta de cada cesta ou valor arrecadado através do Facebook e nossas lives no Instagran quarta_de_arte_da_pleta (exibida toda quarta feira a partir das 20h)”

Tem Quarta de Arte da Pleta hoje, dia 08 de abril, às 20h.
Nega Aurea – Hayam Chandra – Leka Denz – Tico Sousa – Cley Lunna – Edu Gomes –
Erick Pureza – Sousa – Wendell Cordeiro – Fernanda Canora

Instagran quarta_de_arte_da_pleta

Toda ajuda é bem vinda!
♡Sua doação pode significar o almoço de uma criança♡

Contato para doação:
Fone 991246160
Endereço: Barracão da Tia Gertrudes/ Banquer Desclassificaveis
Avenida Duque de Caxias, 1203 – Centro

Banco do Brasil
Conta Poupança
Agência: 261 – 5
Conta: 107188 – 2

Texto: Lilia Chaves

Poema de agora: Explicação – Por @alcinea

Explicação

Vivo do ato de escrever
sobre tragédias
e espetáculos
sobre o candidato vitorioso
e o derrotado
sobre o deputado corrupto
e o governante que finge ser honesto
sobre a exportação da mandioca
e a importação da farinha
sobre a fome
e a riqueza
sobre o real
e o dólar.
Perdoa-me, Anjo,
não sobrou tempo
para escrever
um poema de amor.

(Alcinéa)

Poema de agora: Sob o Sol – Ori Fonseca

SOB O SOL

Ai, Deus, meu Deus, tirai-me deste inferno
De inconspurcados homens sem pecado,
E de mulheres santas a seu lado,
Mais puros do que Vós, ó Pai Eterno.

O sol de hoje, como o sol hesterno,
Derrama luz no pântano e no prado.
Então, por que de haver o imaculado
Flanando de turbante, estola e terno?

Ou tudo, Pai, é uma questão de sorte
(Roleta que sorteia o Mal e o Bem)?
Eu ouço o Vosso riso de desdém.

Mas volto ao sol, que aquece o fraco e forte:
Se o imperfeito há de abraçar a morte,
A perfeição há de morrer também.

Ori Fonseca

Poema de agora: “Curar” – Kathleen O’Meara (1839)

Curar

E as pessoas ficaram em casa.
E leram livros e ouviram música
E descansaram e fizeram exercícios
E fizeram arte e jogaram
E aprenderam novas maneiras de ser
E pararam
E ouviram mais fundo
Alguém meditou
Alguém rezava
Alguém dançava
Alguém conheceu a sua própria sombra
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente.
E as pessoas curaram.

E na ausência de gente que vivia
De maneiras ignorantes
Perigosos, perigosos.
Sem sentido e sem coração,
Até a terra começou a curar
E quando o perigo acabou
E as pessoas se encontraram
Eles ficaram tristes pelos mortos.
E fizeram novas escolhas
E sonharam com novas visões
E criaram novas maneiras de viver
E curaram completamente a terra
Assim como eles estavam curados.

Kathleen O’Meara, em 1869 (quando a poeta tinha 30 anos).

*A escritora Kathleen O’Meara nasceu em Dublin (IE) em 1839. e morreu em 10 de novembro de 1888, em Paris (FRA).

“Uma Noite Me Namora”, livro da poeta Pat Andrade está disponível para aquisição em versão virtual. Compre e incentive a cultura local!

A poetisa, escritora e colaboradora deste site, que assina a sessão “Caleidoscópio da Pat”, Patrícia Andrade, lançou uma versão virtual de seu 24º livro de poemas. A obra, denominada “Uma Noite Me Namora”, nesse formato, ganhou a ilustre participação do também poeta Pedro Stlks, que assina a arte do livro. A publicação contém 16 poemas da brilhante mestra da arte poética.

A iniciativa de Patrícia Andrade visa arrecadar recursos financeiros nessa época de isolamento social, por conta da epidemia de coronavírus.

Há 21 anos em Macapá, a poetisa paraense escreve belos poemas, declama e edita seus livros. Ela sempre comercializa suas obras em eventos culturais bares e da capital amapaense, o que não é possível nestes tempos de Covid-19.

Sempre compro e recomendo o trabalho de Pat Andrade, de quem sou fã e tenho a honra de ser também amigo. Aliás, já tenho o meu “Uma Noite Me Namora”. Corre, fala com a Pat, e adquire o teu exemplar virtual. A cultura agradece.

Serviço:

“Uma Noite Me Namora”, de Pat Andrade, em formato virtual
São 16 poemas . A publicação tem arte de Pedro Stlks
Pague o quanto puder e compre o seu.
(96)99188-6565 (W’app – Patrícia Andrade)

Elton Tavares

Poema de agora: O AMOR EM TEMPOS DE LONJURA – Pat Andrade

O AMOR EM TEMPOS DE LONJURA

em tempos de lonjura
vale a memória da pele
o arrepio do pelo

vale o sabor da tua boca
o cheiro de nós dois
o gosto do suor

vale o calor dos teus braços
o brilho nos meus olhos
e nossa paz interior

vale o que fomos,
o que somos e vivemos
pra deixar chegar o amor

“O amor nos resgatará”

vale a vida lá de fora
o beijo que não foi dado
e o tempo que parou

Pat Andrade

Cultura on-line: hoje rola Quarta de Arte da Pleta – Edição na Rede – Não é bicuda não!

Como o negócio é ficar em casa, a gente não marca bobeira e aproveita pra fazer arte, muita arte, na Quarta de Arte da Pleta especial de Quarentena. “Num é bicuda, não!”

Muita gente boa vai estar contigo hoje, dia 1 de abril, a partir das 20h, no Instagram. Aproveita. Afasta os móveis. Prepara a pipoca e avisa os vizinhos. Vai ter sonzeira e poesia no dia da mentira.

Segue no Istagram: quarta_de_arte_da_pleta

Confere a programação:

20:00 Negra Áurea e Yanna MC
20:20 Leka Denz
20:30 Hayam Chandra
20:40 Lia Borralho
21:00 Fernanda canora
21:20 Pat Andrade
21:30 Wendell Conceição
21:50 Carla Nobre
22:00 Jorginho do cavaco
22:40 Ton Rodrigues
23:00 Wendel Cordeiro
23:20 Ricardo Yraguani
23:40 Tico
00:00 Erick Pureza
00:20 Edu Gomes
00:40 Laura do Marabaixo

Pat Andrade

Pema de agora: O DEVANEIO É O CETRO DO POETA – Paulo Tarso Barros

O DEVANEIO É O CETRO DO POETA

O devaneio é o cetro do poeta.
Flutua, voa, espairece e carece.
Submerge, ondula e flui.
Reina, plácido, entre os aromas
e os cânticos eternos dos poemas.
Mente, esbraveja subversões em lampejos
que mais parecem cometas siderais.

O devaneio é o cérebro incondicional
do poeta,
o coração, as tripas,
os pulmões extracorpóreos.
E o poeta, triste,
da cor só-limão,
caminha por entre as imaginações
e concebe um mundo antimundo:
nem matéria,
nem resultado do big-bang,
nem overdose ficcional,
nem síntese apocalíptica.

Com o cetro na mão,
imperador dos reinos metafísicos,
caçador de sensações,
flutua, enlanguesce, desnuda-se,
contradiz-se e sofre,
principalmente se a palavra não chega
e o silêncio triunfa.

Paulo Tarso Barros

Poema de agora: Tirando da Tomada – Luiz Jorge Ferreira

Tirando da Tomada

O Rádio do Joca
Um Transglobe Philco
Pegava em Ondas Curtas e Médias.
Da casa de D Maricota no recôncavo elíptico do Bairro do Laguinho…

Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA) – Foto encontrada no blog da Alcinéa

A Cidade Sagrada da China…as estátuas pedra sabão do Aleijadinho.
Sintonizava Brumadinhos, traduzia os latidos do Pulguinha e punha em ordem a desordem das aulas de Latim, copiadas por mim, no IETA.

O Rádio do Joca transmitia a Copa do Mundo de 1970, a Olimpíada vindoura em Los Angeles, a chegada do homem na lua, um ano antes.
O ordenança de Noé, pedindo que ele desse ré na Arca, as vezes em Aramaico deixava sair algumas frases, eu dizia ser do Sermão da montanha.


Verissimo achava que eram diálogos de Cristo, Alípio acreditava serem ruídos, João formava a convicção que eram exames de abelhas sugando avelãs, Calouro ria, eram cálculos da hipotenusa traduzidos para o Grego, Zeca batia a foto deles com uma Máquina russa de nome intraduzível…
D.Celia cancelava as teorias…nada disso…e ruído de uma empregada como eu , ocupada com o apronto de omelete…

O Rádio do Joca transmitia ao vivo, ao morto, ao claro, ao escuro…
Tinha vida própria…
Um dia sumiu voando pela janela entreaberta.
Uns dizem que foi de mal com a comunidade da República Estudantil…da Rua 14 de Março…2415.
Belém/Brasil.


O vizinho que consertava carros sem concertos, sobre sua perna de pau.
Disse ao repórter do Jornal das Dez.
Que ele foi um pouco antes do eclipse Saturno Lunar, quase despido , com uma ararinha azul de nome esquisito, alguma coisa como Aristóteles…


Foi para o Norte…rebocando o Equador.
Foi fazendo um barulhão danado.
Parecia até que o Brasil tinha feito um gol.
Não deixou notícias.
Hoje dezenas de anos luz.
Aparece no Facebook.
Está mais velho, mas está ligado,falando alto como se quisesse dizer…Alô…É nós!!!

Luiz Jorge Ferreira

*Poema do Livro Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas. Rumo Editorial – São Paulo – Brasil (2020).

**Criado relembrando o Joca…atleta de vários times, de destaque no Futebol Amapaense, inclusive a Seleção Amapaense de futebol.
Quando de sua ida para Belém, morando na mesma República Estudantil, por 5 anos, quando Curso a Faculdade de Economia, na UFPA.