Boletim oficial de casos de covid-19 no Amapá 30.11, às 18h – São 175 novos casos confirmados, 76 em Santana e 52 em Macapá

O Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COESP) traz novo relatório com dados sobre a covid-19 no Amapá com 175 novos casos confirmados, sendo 76 em Santana, 52 em Macapá, 15 em Ferreira Gomes, 12 em Laranjal do Jari, 10 em Pedra Branca do Amapari, 3 em Oiapoque, 3 em Calçoene, 3 em Vitória do Jari, 1 em Mazagão.

Também há o registro de um óbito de município de Macapá. A vítima é um homem de 61 anos (sem comorbidades declaradas), falecido em 28 de novembro.

Painel geral de casos pela covid-19:

Casos confirmados 59.131 (sendo: Macapá: 23.584/ Santana: 12.129/ Laranjal do Jari: 5.046/ Mazagão: 1.687/ Oiapoque: 3.109/ Pedra Branca: 2.859/ Porto Grande: 1.355/ Serra do Navio: 707/ Vitória do Jari: 3.001/ Itaubal: 325/ Tartarugalzinho: 1.523/ Amapá: 836/ Ferreira Gomes: 690/ Cutias do Araguari: 639/ Calçoene: 1.290/ Pracuúba: 351).

Recuperados: 46.865
Óbitos: 807

Casos confirmados hospitalizados: 150
Sistema público: 132 (51 em leito de UTI /81 em leito clínico)
Sistema privado: 18 (17 em leito de UTI /1 em leito clínico)

Casos suspeitos hospitalizados: 65
Sistema público: 4 (0 em leito de UTI /4 em leito clínico)
Sistema privado: 61 (6 em leito de UTI /55 em leito clínico)

Total em isolamento hospitalar: 215

Com isso, o percentual de ocupação dos leitos voltados para o atendimento da covid-19 no Amapá é de 63,61%.

Isolamento domiciliar: 11.309
Em análise laboratorial: 1.904
Descartados: 42.236

Casos suspeitos declarados pelos municípios:
Macapá: 3.514
Santana: 426
Laranjal do Jari: 0
Mazagão: 63
Oiapoque: 17
Pedra Branca do Amapari: 2
Porto Grande: 169
Serra do Navio: 25
Vitória do Jari: 22
Itaubal: 8
Tartarugalzinho: 25
Amapá: 1
Ferreira Gomes: 15
Cutias do Araguari: 44
Calçoene: 70
Pracuúba: 5

Total: 4.406

Assessoria de comunicação do Governo do Amapá

Boletim oficial de casos de covid-19 no Amapá 28.11, às 18:00h – 535 novos casos confirmados, sendo 378 em Macapá (HOJE) – Égua-moleque-tu-é-doido

O Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COESP) traz novo relatório com dados sobre a covid-19 no Amapá com 535 novos casos confirmados, sendo 378 em Macapá, 101 em Santana, 21 em Calçoene, 10 em Mazagão, 8 em Laranjal do Jari, 8 em Porto Grande, 5 em Oiapoque e 4 em Pedra Branca do Amapari.

Também há o registro de um óbito no município de Macapá. A vítima é um homem de 79 anos (com doença pulmonar obstrutiva crônica), falecido em 18 de novembro.

Painel geral de casos pela covid-19:

Casos confirmados 58.835 (sendo: Macapá: 23.489/ Santana: 11.989/ Laranjal do Jari: 5.034/ Mazagão: 1.686/ Oiapoque: 3.101/ Pedra Branca: 2.849/ Porto Grande: 1.354/ Serra do Navio: 707/ Vitória do Jari: 2.998/ Itaubal: 325/ Tartarugalzinho: 1.523/ Amapá: 836/ Ferreira Gomes: 675/ Cutias do Araguari: 639/ Calçoene: 1.279/ Pracuúba: 351).

Recuperados: 46.769
Óbitos: 806

Casos confirmados hospitalizados: 159
Sistema público: 140 (51 em leito de UTI /89 em leito clínico)
Sistema privado: 19 (18 em leito de UTI /1 em leito clínico)

Casos suspeitos hospitalizados: 75
Sistema público: 14 (0 em leito de UTI /14 em leito clínico)
Sistema privado: 61 (9 em leito de UTI /52 em leito clínico)

Centro Covid HU – Foto: G1 Amapá

Total em isolamento hospitalar: 234

Com isso, o percentual de ocupação dos leitos voltados para o atendimento da covid-19 no Amapá é de 67,25%.

Isolamento domiciliar: 11.101
Em análise laboratorial: 1.904
Descartados: 41.922

Casos suspeitos declarados pelos municípios:

Macapá: 3.530
Santana: 402
Laranjal do Jari: 0
Mazagão: 63
Oiapoque: 17
Pedra Branca do Amapari: 2
Porto Grande: 189
Serra do Navio: 25
Vitória do Jari: 22
Itaubal: 8
Tartarugalzinho: 25
Amapá: 1
Ferreira Gomes: 15
Cutias do Araguari: 44
Calçoene: 70
Pracuúba: 5

Total: 4.418

Assessoria de comunicação do GEA

Boletim oficial de casos de covid-19 no Amapá 27.11, às 18:30h

O Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COESP) traz novo relatório com dados sobre a covid-19 no Amapá com 257 novos casos confirmados, sendo 140 em Macapá, 79 em Santana, 12 em Calçoene, 10 em Ferreira Gomes, 5 em Cutias do Araguari, 5 em Porto Grande, 4 em Vitória do Jari e 2 em Oiapoque.

Também há o registro de três óbitos no município de Macapá. As vítimas são três homens, um de 43 anos, falecido em 25 de novembro; um de 86 anos, falecido em 18 de novembro (ambos sem comorbidades declaradas) e outro de 70 anos (com insuficiência renal crônica) com óbito ocorrido em 26 de novembro.

Painel geral de casos pela covid-19:

Casos confirmados 58.300 (sendo: Macapá: 23.111/ Santana: 11.888/ Laranjal do Jari: 5.026/ Mazagão: 1.676/ Oiapoque: 3.096/ Pedra Branca: 2.845/ Porto Grande: 1.346/ Serra do Navio: 707/ Vitória do Jari: 2.998/ Itaubal: 325/ Tartarugalzinho: 1.523/ Amapá: 836/ Ferreira Gomes: 675/ Cutias do Araguari: 639/ Calçoene: 1.258/ Pracuúba: 351).

Recuperados: 46.648
Óbitos: 805

Casos confirmados hospitalizados: 152
Sistema público: 131 (51 em leito de UTI /80 em leito clínico)
Sistema privado: 21 (21 em leito de UTI /0 em leito clínico)

Casos suspeitos hospitalizados: 76
Sistema público: 15 (0 em leito de UTI /15 em leito clínico)
Sistema privado: 61 (6 em leito de UTI /55 em leito clínico)

Total em isolamento hospitalar: 228

Com isso, o percentual de ocupação dos leitos voltados para o atendimento da covid-19 no Amapá é de 66,48%.

Isolamento domiciliar: 10.695
Em análise laboratorial: 1.904
Descartados: 41.528

Casos suspeitos declarados pelos municípios:
Macapá: 4.046
Santana: 552
Laranjal do Jari: 0
Mazagão: 58
Oiapoque: 17
Pedra Branca do Amapari: 2
Porto Grande: 158
Serra do Navio: 25
Vitória do Jari: 22
Itaubal: 8
Tartarugalzinho: 25
Amapá: 1
Ferreira Gomes: 15
Cutias do Araguari: 44
Calçoene: 70
Pracuúba: 5

Total: 5.048

Assessoria de comunicação do Governo do Amapá

Em meio a dezenas de protestos, apagão no Amapá chega ao 17º dia – Égua-moleque-tu-é-doido!!

O 17º dia do apagão no Amapá inicia com o registro de mais 6 protestos contra as falhas no fornecimento de energia. Nesta quinta-feira (19), o estado também deve receber a visita do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e mais uma comitiva.

Entre as 17h40 de quarta-feira (18) e 1h desta quinta-feira, a Polícia Militar registrou 4 atos em Santana, e 2 em Macapá. Desde o dia 6 de novembro, os protestos têm ocorrido diariamente. A corporação já contou pelo menos 110 manifestações por conta da crise energética.

Além disso, uma comitiva de órgãos ligados ao setor elétrico chega ao estado, após o segundo blecaute, que ocorreu na terça-feira (17). O estado enfrenta uma crise no abastecimento de energia há mais de duas semanas, após um incêndio atingir a principal subestação do estado no dia 3 de novembro.

Segundo Albuquerque, chegam ao estado secretários do Ministério de Minas e Energia (MME), representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“As razões para os desligamentos estão sendo verificadas e a apuração de responsabilidades será realizada, com todo o rigor, pelos órgãos competentes”, divulgou o MME, através de nota.

Foto: https://bsbnoticias.com.br/

Motivo do novo apagão

Na quarta-feira, o ONS informou que o novo apagão pode ter ocorrido no momento da “energização” de uma linha de transmissão. Entretanto, a energização, momento em que começa a passar eletricidade por uma linha, não teria sido, a princípio, a causa do desligamento.

Segundo a Eletronorte, geradores termelétricos, movidos a combustível, devem começar a funcionar no sábado (21).

Apagão no Amapá chega ao 17º dia — Foto: Albenir Sousa/Rede Amazônica

‘Paciência’

Também na quarta-feira, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) informou que, com a ativação dos geradores termoelétricos, o rodízio no estado será suspenso e que ainda é possível ocorrer interrupções em horários de pico.

O diretor do órgão pediu “paciência” à população: “[A companhia] tem uma fragilidade, ela é real, mas ela tem feito um esforço. Preciso que o consumidor tenha paciência”.

Fonte: G1 Amapá

Boletim oficial de casos de covid-19 no Amapá 17.11, às 17h30

Imagem: Jornal Nacional (da noite do dia 16 de novembro)

O Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COESP) traz novo relatório com dados sobre a covid-19 no Amapá com 226 novos casos confirmados sendo 130 em Macapá, 77 em Santana, 8 de Laranjal do Jari, 5 em Oiapoque, 4 em Vitória do Jari e 2 em Calçoene.

Também há o registro de dois novos óbitos no município de Macapá. As vítimas são dois homens, um de 47 anos e outro de 68 anos (ambos sem comorbidades declaradas), falecidos no dia 16 de novembro.

Painel geral de casos pela covid-19:

Casos confirmados 55.382 (sendo: Macapá: 21.698/ Santana: 11.003/ Laranjal do Jari: 4.937/ Mazagão: 1.624/ Oiapoque: 2.997/ Pedra Branca: 2.826/ Porto Grande: 1.278/ Serra do Navio: 703/ Vitória do Jari: 2.969/ Itaubal: 321/ Tartarugalzinho: 1.410/ Amapá: 809/ Ferreira Gomes: 610/ Cutias do Araguari: 620/ Calçoene: 1.226/ Pracuúba: 351).

Recuperados: 45.751
Óbitos: 782

Casos confirmados hospitalizados: 141
Sistema público: 113 (42 em leito de UTI /71 em leito clínico)
Sistema privado: 28 (23 em leito de UTI /5 em leito clínico)

Casos suspeitos hospitalizados: 99
Sistema público: 8 (0 em leito de UTI /8 em leito clínico)
Sistema privado: 91 (2 em leito de UTI /89 em leito clínico)

Total em isolamento hospitalar: 240

Com isso, o percentual de ocupação dos leitos voltados para o atendimento da covid-19 no Amapá é de 71,43%.

Isolamento domiciliar: 8.708
Em análise laboratorial: 1.127
Descartados: 39.813

Casos suspeitos declarados pelos municípios:

Macapá: 2.863
Santana: 888
Laranjal do Jari: 0
Mazagão: 56
Oiapoque: 37
Pedra Branca do Amapari: 2
Porto Grande: 135
Serra do Navio: 25
Vitória do Jari: 0
Itaubal: 8
Tartarugalzinho: 178
Amapá: 1
Ferreira Gomes: 4
Cutias do Araguari: 19
Calçoene: 71
Pracuúba: 5
Total: 4.292

Assessoria de comunicação do Governo do Amapá

Covid-19: 64 óbitos seguem em investigação epidemiológica

A Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Macapá atualizou na terça-feira, 17, o número de óbitos em investigação suspeitos de Covid-19 na capital. Até a manhã desta terça, 63 óbitos estavam em investigação. Destes, 7 foram confirmados durante a semana pela equipe. Outros óbitos também entraram para investigação nesse período. A partir de agora, o município tem em investigação 64 casos em investigação.

A investigação epidemiológica tem seus sistemas alimentados diariamente, com a confirmação ou não dos óbitos notificados. Caso os óbitos não sejam prontamente confirmados como Covid-19, sendo classificados apenas como suspeito, entram na lista de investigação epidemiológica. São casos de pessoas que faleceram apresentando sintomas da síndrome respiratória, mas que não tiveram a confirmação no momento do óbito ou ainda aguardam resultados de exames.

O procedimento desses casos ocorre conforme recomendação do Ministério da Saúde, com o cruzamento de informações dos sepultamentos, resultados de exames laboratoriais, declaração de óbito, investigação e análise epidemiológica dos dados. A Secretaria Municipal de Saúde, semanalmente, faz o levantamento geral desses casos que são divulgados no boletim de dados da Covid-19 no município.

A investigação epidemiológica segue o protocolo do Ministério da Saúde, que preconiza os seguintes critérios para o encerramento dos óbitos por Covid-19: resultados de exames laboratoriais e critérios clínico-epidemiológico. De acordo com o que preconiza o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, um óbito em investigação pode demorar até 14 meses para ser concluído.

A análise dos dados da investigação epidemiológica foi atualizada nesta terça-feira. Os óbitos suspeitos apresentaram sintomas da Covid-19, como febre, tosse e grave dificuldade respiratória. Por isso, o Município cruza as informações dos prontuários médicos registrados nas UBS’s, hospitais, centros de referências e mortes em casa com os resultados dos exames, declaração de óbito e listas de pessoas sepultadas nos três cemitérios da capital. Até esta terça -feira, 17 de novembro, o município registrou: 21.698 casos positivos da doença em Macapá, 18.692 pessoas recuperadas, 20.166 casos descartados e 551

Foto: Diário do Amapá

Óbitos confirmados após investigação epidemiológica no período de 14 a 17 de novembro.

Datas dos óbitos:

1- 12.11.20

1- 13.11.20

1- 02.11.20

2- 14.11.20

2- 16.11.20

Secretaria de Comunicação de Macapá
Karla Marques
Assessora de comunicação

Nota de pesar da PMM

Prefeito Clécio Luis e ex-prefeito Cláudio do Nascimento, em 2018. Foto: Arquivo de família.

Perdemos na madrugada desta sexta-feira, 13 de novembro, o ex-prefeito de Macapá, Cláudio Carvalho do Nascimento, aos 95 anos. Em seu mandato, ele foi nomeado pelo governador da época, Janary Nunes, e governou a capital de 1955 a 1957.

O ex-prefeito Cláudio do Nascimento era irmão de um dos fundadores do escotismo no Amapá, o chefe Clodoaldo, e por muito tempo foi chefe escoteiro no Veiga Cabral. Ele sempre foi espirituoso e um homem íntegro.

Cláudio do Nascimento, em 2018. Foto: Arquivo de família.

Em 2018, como forma de valorizar aqueles que fizeram parte da trajetória dos 260 anos da cidade, a prefeitura entregou a comenda de mérito Janary Nunes aos ex-prefeitos e vice-prefeitos vivos de Macapá. Ele estava entre os homenageados. A comenda foi instituída pelo Decreto n° 099/2018-PMM para homenagear personalidades ou instituições que prestaram relevantes serviços à causa pública.

Neste momento de dor, que o nosso Deus conforte o coração de familiares e amigos do ex-prefeito Cláudio do Nascimento. Que ele descanse ao lado do Pai.

Clécio Luís
Prefeito de Macapá

‘Somos excluídos do país’: amapaenses veem ‘descaso nacional’ por apagão em meio a protestos e violência ( Via @bbcbrasil)

Moradores do bairro de Santa Rita, em Macapá, protestaram contra o apagão no Estado. Foto de Rudja Santos, no dia 7 de novembro

Por Leandro Machado e Vitor Tavares
Da BBC News Brasil em São Paulo

Nove dias após o início do apagão que deixou a maior parte da população do Amapá sem energia elétrica, moradores da capital, Macapá, ainda relatam dificuldades para retomar a vida normal e reclamam de “descaso” e do “abandono” por parte dos governos, além de falta de visibilidade para o problema no restante do país.

“Meu sentimento é de abandono. A gente (amapaenses) sempre se sentiu muito excluído do resto do Brasil, do resto da população. Acho que agora só ficou mais claro”, diz o estudante André Luiz Fonseca, de 23 anos.

A queda de energia, provocada por um incêndio em uma subestação da empresa Isolux, ocorreu na noite do dia 03 de novembro e atingiu 13 das 16 cidades do Estado. Cerca de 730 mil pessoas do Estado foram afetadas pelo corte, o que representa 85% da população local.

O Ministério de Minas e Energia afirmou hoje que aumentou o fornecimento de energia para 80% do Estado. Na sexta-feira, o ministro da pasta, Bento Albuquerque, disse que o completo restabelecimento é “complexo” e deve demorar pelo menos dez dias.

O governador do Estado, Waldez Góes (PDT), afirmou que o governo federal é quem deveria responder pelo apagão – Foto: Agência Brasil

Já o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), culpou o governo federal. “Quem deve dar resposta ao desastre em termos de punição é a Agência Nacional de Energia Elétrica e o Operador Nacional do Setor Elétrico. Quem deve dar resposta da transmissão também é o governo federal, porque já que a iniciativa privada é contratada, o governo federal deve dar resposta”, disse há dois dias, em entrevista à Globonews.

Há 48 horas, a eletricidade tem chegado a parte da população apenas por algumas horas ao dia, e em caráter de rodízio.

Na casa de André Luiz Fonseca, por exemplo, a energia funciona duas vezes por dia, das 6h às 12h e das 18h à 0h. Na noite de terça, porém, a família só teve luz elétrica durante uma hora.

“Pra dormir, a casa fica toda aberta por causa do calor, mesmo com medo da violência. Nessa semana uma farmácia na esquina de casa foi saqueada”, conta.

Por causa do rodízio e dos problemas causados pelo apagão, muito amapaenses saíram às ruas para protestar, o que gerou episódios de violência e repressão policial. Um adolescente foi atingido no olho por uma bala de borracha disparada pela polícia.

Na semana passada, filas quilométricas se formaram nos poucos pontos onde havia caixas eletrônicos em funcionamento, pois máquinas de cartões de débito e crédito não estavam ativas. Além disso, houve aglomerações em postos de gasolina e locais com fornecimento de água potável.

A pesquisadora Ana Rita Pinheiro Barcessat, grávida de cinco meses, cogitou a possibilidade dormir no laboratório da universidade com sua filha mais velha

‘Dormindo na universidade’

Na casa de Ana Rita Pinheiro Barcessat, 43, pesquisadora da Universidade Federal do Amapá, só há eletricidade por seis horas ao dia. O problema é a madrugada.

“Por causa do calor e dos mosquitos, a gente costuma dormir com ventilador ou ar-condicionado. Sem energia, fica praticamente impossível dormir. Sou privilegiada, moro num bairro central e em uma casa boa. Mas nos bairros mais pobres, as pessoas estão sofrendo muito”, diz.

Durante o dia, quando há energia, ela tem recebido amigos em casa, pessoas em busca de uma temperatura mais amena para descansar e de água para tomar banho.

Em Macapá, boa parte das casas tem poços artesianos para armazenar água. Porém, ela é retirada por meio de bombas, que precisam de eletricidade para funcionar.

“Alguns colegas, professores e pesquisadores, estão dormindo e tomando banho na universidade, onde há energia por causa do hospital universitário. Também levei um colchão para o meu laboratório, caso eu precise dormir aqui”, diz Ana Rita, que está grávida de cinco meses.

Ela conta ter cancelado as consultas odontológicas que dá em outro hospital público de Macapá. “Se eu ligar o compressor do consultório, a quimioterapia do hospital desliga. É uma situação desesperadora”, diz.

Daylane Barreto e um grupo de amigos se reuniram para doar água a moradores de regiões mais pobres de Macapá

#SOSAmapá

Já a administradora Daylane Barreto, 31, reclama que o rodízio tem favorecido bairros mais ricos. “Há comunidades de periferia onde a energia só chega por 2 hora ao dia, às vezes só por 20 minutos”, diz.

“A gente liga para os números de reclamação da empresa de energia e do governo, mas nada funciona. Não estamos só às escuras porque não tem eletricidade, mas também por falta de informação. É um descaso total”, afirma.

Ela e um grupo de amigos diariamente levam galões de água mineral e cestas básicas para moradores de bairros mais pobres de Macapá, como Macapaba e Novo Horizonte, onde a energia elétrica está bastante instável.

Barreto também critica a cobertura da imprensa sobre o caos enfrentado pelo povo amapaense, uma reclamação bastante citada nas redes sociais sob a hashtag #SOSAmapá.

“Se fosse no Sudeste, isso jamais estaria acontecendo. Teria plantão 24 horas na televisão, o dia inteiro falando do problema, influenciadores da internet cobrando uma solução. O que a gente tem visto são reportagens de um minuto, coisa rápida. Aí volta o apresentador, falando: ‘agora vamos falar mais sobre as eleições nos Estados Unidos'”, diz.

O estudante André Luiz Fonseca faz a mesma reclamação. “Aqui está todo mundo comentando sobre a resto do Brasil não dar a devida atenção pra gente. Fica todo mundo apreensivo, esperando os jornais na TV, pra ver se haverá atualização, e nada. Muitas vezes são matérias recicladas do jornal local”, afirma, por telefone.

“As pessoas esquecem que Amazônia não é só floresta. São pessoas, animais, cidades. É muito fácil colocar uma hashtag para salvar a Amazônia, pra gerar engajamento. Se o apagão fosse em São Paulo, estaria esquecido ou tendo uma comoção nacional?”, questiona.

Fonte: BBC News Brasil

OITO DIAS DE CALOR E ESCURIDÃO – Por Dulcivânia Freitas – @DulcivaniaF

“A panela de pressão explodiu”, conta jornalista sobre o apagão no Amapá e a desigualdade no acesso aos serviços – Dulcivânia Freitas estuda à luz de luminária de emergência – Foto: Ricardo Costa/acervo pessoal Dulcivânia Freitas

Por Dulcivânia Freitas

Numa Macapá ainda às escuras, a jornalista Dulcivânia Freitas relata o desespero dos primeiros dias sem energia nem água durante o apagão no Amapá. O transformador na subestação de energia que abastece pelo menos 13 das 16 cidades do estado foi atingido por um raio e explodiu. Escrito a pedido da piauí, este diário revela a consciência da desigualdade social flagrante, pois a energia e água vão voltando, mas não para todos. Enquanto faz doações para ajudar quem ainda está às escuras, ela relata os dias de perplexidade com a demora para resolver o problema em meio ao calor amazônico, com temperatura que beirou os 30°C e umidade variando de 60% a 92%, o que causa “suplício, corpo e cabelo melecados, sensação de colapso mental em adultos, crianças gritando”. “A panela de pressão explodiu.”

Terça-feira, 3 de novembro

O amanhecer de céu nublado foi uma surpresa que havia dois meses não acontecia em Macapá. Depois de quase quinze anos vivendo na capital do estado do Amapá – extremo Norte do Brasil – entendi as nuvens como prenúncio da chegada das chuvas do inverno Amazônico, estação particular da região. Só que antecipado, porque é comum as fortes chuvas caírem na Amazônia a partir de dezembro. Na rotina de 30°C em média o ano inteiro – sensação de 40°C entre junho e agosto – e com 90% de umidade relativa do ar, um certo conforto térmico se instaurou. Mas, no fim da tarde, começou uma tempestade de raios, trovões e relâmpagos – cenário pronto para os amapaenses se prepararem para interrupção de energia e da conexão de internet, como é de praxe quando esses eventos acontecem. Por volta das 21 horas, a energia caiu. Nos grupos de WhatsApp se espalharam rumores de que a cidade inteira estava no breu, depois os municípios vizinhos.

Depois da meia-noite nos convencemos de que a agonia do calor duraria uma noite, não mais que uma noite. Meu filho, um pequeno tucuju de 9 anos de idade, dormiu tranquilo sob o calor equatorial. Tucuju, nome de uma nação indígena já dizimada, é um adjetivo para quem nasce por aqui, na margem esquerda do Rio Amazonas. Atravessamos a noite com “sono picotado”, besuntados de repelentes anticarapanãs e zanzando de um cômodo para o outro. Por volta das 2h30, banho para aplacar o suadouro e a pele molhada de suor melecada. Após o banho, cheguei à conclusão de que seria melhor não me secar. Na madrugada, novos estrondos e clarões, e imaginei as trombetas do apocalipse na sequência. Naqueles instantes também me pus a pensar nas aflições dos bebezinhos, obesos, idosos, doentes de catapora, e nos animais domésticos que tanto sofrem com esses episódios.

Quarta-feira, 4 de novembro

Veio a confirmação oficial: a interrupção de energia atingira 14 dos 16 municípios do estado. Depois esse dado foi ajustado, eram 13 municípios. Só Oiapoque, no extremo Norte, e Laranjal do Jari e Vitória do Jari, no extremo Sul (estes dois separados do território paraense pelo Rio Jari), por terem um sistema de geração independente, atendido por outra rede. Só consegui dormir por volta das 6 horas, com o dia claro. Dormi até às 9 horas. No meio da manhã, as operadoras de internet móvel conseguiram abrir sinal por uma hora, e conseguimos dar sinal de vida nos grupos de trabalho e de parentes, e também buscar pistas mais concretas e atualizadas sobre o ocorrido. Adiei diversas atividades programadas na agenda do teletrabalho – regime que estou cumprindo desde março e que deve ir até 15 de janeiro de 2021 por causa da pandemia da Covid-19. No Twitter, onde sigo as principais fontes de informação da cidade, comunicadores, técnicos de governos, artistas, gestores, professores, pesquisadores, entre tretas e debates, já estava visível que continuávamos vagando pela escuridão, inclusive da informação. Também fiz meu desabafo: falta de energia, calor infernal, sinfonia de mosquitos ao ouvido e sem energia a noite inteira. Não há previsão para normalizar totalmente a energia no estado. Vejo avisos soltos nas redes, do tipo “estamos sem o sistema interligado (Sistema Interligado Nacional – SIN) pois o transformador que explodiu ficava na subestação operada pela empresa privada que não tem outro pra repor no momento”. A Companhia de Eletricidade do Estado do Amapá (CEA), distribuidora de energia elétrica, anunciou que os hospitais teriam prioridade de normalização do abastecimento, e conforme a Eletronorte fosse aumentando a geração de energia na Hidrelétrica Ferreira Gomes (localizada no município homônimo a 138 km de Macapá), iria progressivamente normalizando a distribuição para as demais unidades consumidoras.

Quinta-feira, 5 de novembro

Com o foco na falta de energia, só aí me dei conta de que estamos em plena pandemia do novo coronavírus, com aumento exponencial de casos positivos em Macapá no último mês. Eu não cogitava buscar bicos de tomadas em shoppings para reabastecer os celulares. O fornecimento de água encanada ficou dramático até para quem dispõe de alternativa para obter água potável, pois o sistema da companhia estadual depende de energia elétrica para funcionar. “Não dá pra ligar a bomba porque não temos energia, estamos puxando água do poço no braço”, contou uma amiga.

Saímos e, pela janela do carro, o Centro da cidade parecia viver aquelas cenas de filme: filas imensas nos postos de combustíveis, pessoas comprando até dez garrafões de água de uma só vez, outras com malas e mochilas no píer de saída na frente da cidade com destino à cidade de Afuá (Pará). Por outro lado, amigos falavam da disponibilidade de energia via gerador para as áreas de condomínios, o que já nos dava sinais da desigualdade de condições para a população enfrentar o mesmo problema. Algumas pessoas tinham água armazenada em caixas d’água para suprir mais dois dias com parcimônia, como era nosso caso. A Prefeitura de Macapá decretou calamidade pública por trinta dias e começou a abastecer parte da população sem acesso a água potável por meio de carros-pipa.

Sexta-feira, 6 de novembro

Além do caos no fornecimento de energia, água, telefonia, combustíveis, gelo, remédios e alimentos, com unidades hospitalares em grave crise, o setor bancário começa a entrar em colapso. Várias agências estipularam filas exclusivas para saques. Alguns bancos tiveram que suspender o atendimento, mantendo somente os caixas eletrônicos 24 horas. Os supermercados começaram a restringir a venda de três garrafões de água por pessoa.

Nas redes surgiram as hashtags #SOSAmapa e #ApagãonoAmapá, com depoimentos de moradores e arrecadação de donativos. Vergonha e humilhação tornam-se expressões e sentimentos recorrentes da população amapaense. A Eletronorte publica nota informando que não é responsável pela subestação que pegou fogo. A empresa privada responsável no momento pela operação da Subestação Macapá é a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), operada pela Geminy Energy.

Em nota lacônica, o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) confirma as eleições para o próximo dia 15 de novembro, com garantia de baterias para as urnas eletrônicas. Sem nota de solidariedade.

Sábado, 7 de novembro

A companhia de energia prometeu uma tabela com o planejamento do rodízio de fornecimento de energia. Às 23 horas, não havia sido divulgado. A rede de solidariedade se intensificou, com doação de alimentos e água potável, e colaboro como posso. O Amapá se tornou estado com a Constituição de 1988, antes era Território Federal, e até 1943 fazia parte do Pará. Amapaenses e paraenses dividem raízes próximas e familiares. Neste primeiro dia de restabelecimento de pouco mais de 60% do fornecimento de energia, a população começa a se inteirar, via redes sociais, da dimensão da estrutura de geração de energia elétrica no Amapá, onde há quatro Usinas Hidrelétricas que, segundo relatórios recentes do ONS, continuam produzindo energia para o SIN: três delas no município de Ferreira Gomes, e uma em Laranjal do Jari. O estado possui apenas duas subestações, a de Macapá, que pegou fogo, e outra em Laranjal do Jari, município na divisa com o Pará.

Domingo, 8 de novembro

Mesmo com rodízio, temos algumas horas de energia. Ligamos ar condicionado e ventilador e já ouço relatos de boas horas de sono. Eletricidade e água vão voltando. Mas não para todos. O Amapá tem quase 70% da população concentrada nos municípios de Macapá, Santana e Mazagão (Região Metropolitana de Macapá). Os demais padecem com a dificuldade de comunicação. No início da tarde, a CEA divulgou a aguardada tabela de racionamento, mas logo percebeu-se que o cronograma não estava sendo seguido. Um grupo ficará sem energia justamente das 0 às 6 horas, ou seja, não poderia dormir por causa do calor. Há protestos nas redes e sugestões para reformular o cronograma do racionamento. A qualidade da energia distribuída no Amapá é rotineiramente instável mesmo nas maiores cidades, com perdas ou danificação constante de aparelhos eletrodomésticos e materiais eletroeletrônicos. Há regiões no interior atendidas somente durante quatro horas diárias de luz geradas a partir da queima de óleo diesel. Nas comunidades do arquipélago do Bailique (no município de Macapá, a 12 horas de barco da capital), onde moram cerca de mil famílias, a população padece até trinta dias sem energia elétrica. Na capital, moradores interditaram as ruas de bairros – alguns da área central da cidade – que continuavam sem abastecimento de energia e água, e também um trecho da orla banhada pelo Rio Amazonas.

Segunda-feira, 9 de janeiro

Primeira noite de sono tranquilo, com o ar condicionado ligado. Em meio à crise energética sem precedentes, temos a sorte de contar com o retorno de energia e outros serviços. Optei por não ser indiferente. Participo da campanha de doações. Começo este diário. Descrever a experiência de viver o apagão do Amapá traz momentos difíceis, mas sei que há muitas pessoas em pior situação. Enquanto escrevo, a luz acaba e só volta à meia-noite. Só então consigo dormir.

Terça-feira, 10 de janeiro

Oito dias depois do apagão, o fornecimento de energia não está normalizado, e, em muitas casas, o sofrimento continua. Num estado onde a temperatura média é de 27°C, chegando a 36°C nos meses mais quentes, e a umidade pode superar os 80%, a impossibilidade de ligar um ventilador que seja significa suplício, corpo e cabelo molhados, sensação de colapso mental em adultos, crianças gritando de calor. Desde domingo, moradores reagem com protestos e interdição de ruas. Comerciantes relatam furtos e perda de equipamentos. A panela de pressão explodiu. O TSE ratifica a eleição, pois acredita na previsão de que o fornecimento estará regularizado 100% até domingo, mas mandará 1.200 baterias sobressalentes para as urnas eletrônicas. Espero que o apagão, de algum modo, ajude a descortinar a escuridão e a exclusão em que vivem boa parte dos amapaenses.

DULCIVÂNIA FREITAS
Analista de comunicação da Embrapa/AP, mestranda em ciências da comunicação/estudos jornalísticos na Universidade Fernando Pessoa, no Porto (Portugal).

Fonte: Revista Piauí.

Em apagão no AP, jovem dorme com gerador de energia ligado e é achado morto – Por @abinoan_

Jehoash Vitor foi encontrado morto no local de trabalho – Imagem: Arquivo Pessoal

Por Abinoan Santiago

A Polícia Civil do Amapá investiga a morte do técnico em informática Jehoash Vitor Monteiro, de 24 anos, encontrado morto em 6 de novembro, em Porto Grande, a 102 quilômetros de Macapá. A suspeita é de asfixia por inalação de gás expelido de um gerador de energia enquanto dormia na empresa onde trabalhava.

De acordo com a Polícia Civil, testemunhas contaram que a vítima procurou o espaço na madrugada de 6 de novembro para ter energia com o gerador movido a óleo diesel, já que a cidade estava sem eletricidade por causa do apagão que atinge o Amapá desde 3 de novembro.

Fonte: UOL.

Amapá tem 5ª noite de protestos contra rodízio de energia; base da PM é depredada

Amapá tem 5ª noite de protestos contra rodízio de energia; um dos atos interditou a BR-210 por cerca de 8 horas — Foto: PM/Divulgação

O Amapá registrou a 5ª noite seguida de protestos contra o apagão de energia, que chega ao 9º dia nesta quarta-feira (11). Manifestantes reunidos na noite de terça-feira (10) pediam a regularidade do fornecimento de eletricidade, que atende com falhas em sistema de rodízio, ligado por até 6 horas de maneira alternada.

O governo federal prevê que a distribuição volte a 100% até o fim desta semana, mas o prazo judicial obriga uma solução até esta quinta (12).

Fogo em pneus e pedaços de madeira no meio da BR-210, em Macapá, na tarde de terça-feira (10) — Foto: Ronaldo Brito/Rede Amazônica

Segundo balanço da polícia, entre sexta-feira (6) e a madrugada de terça-feira (10), foram mais de 50 atos contra o apagão. Um dos protestos desta terça-feira bloqueou por cerca de 8 horas a BR-210, na Zona Norte de Macapá. Centenas de moradores se reuniram em frente ao conjunto habitacional Macapaba, que tem 4 mil moradias populares.

Para chamar atenção, o grupo queimou pneus e pedaços de madeira. Crianças e idosos participavam do ato, segundo a Polícia Militar (PM), que declarou que teve dificuldades em conter os manifestantes. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também atuou para controlar a situação no local.

UPC do Macapaba foi depredada na noite de terça-feira (10) — Foto: PM/Divulgação

Atos de vandalismo foram registrados — um deles, a depredação de uma Unidade de Policiamento Comunitária (UPC) do conjunto Macapaba. É um prédio da PM que ainda não havia sido ativado. Vidros foram quebrados, e botijões, geladeira e extintores furtados.

Além da falta de energia, a população do conjunto cobra outros problemas no Macapaba, como a melhoria no fornecimento de água tratada e segurança pública.

No bairro Buritizal, na Zona Sul, grupo fez barricada — Foto: Reprodução

Outros atos reivindicando a normalização do serviço de energia aconteceram em outros pontos da cidade, como no bairro Buritizal, na Zona Sul. No local os moradores também queimaram pedaços de madeira e outros itens para chamar atenção.

PM tentou desmobilizar ato que seguiu por mais de 8 horas — Foto: Ângelo Fernandes/Arquivo Pessoal

Na segunda-feira, outro protesto bloqueou a Rodovia Duca Serra, na Zona Oeste, que liga Macapá a Santana. A PM tem registrado atitudes violentas durante os protestos de insatisfação. Na terça-feira, uma viatura do Corpo de Bombeiros foi atacada com pedras e teve o vidro frontal danificado na Zona Norte.

Fonte: G1 Amapá

Apagão no AP chega ao 8º dia com luz ‘parcelada’ e improviso na rotina – Égua-moleque-tu-é-doido!

Após cinco dias de apagão total, desde domingo (8) cerca de 90% da população do Amapá depende de um rodízio do fornecimento de energia elétrica. Oito dias após o início da crise no sistema energético, e ainda com falhas no fornecimento por turnos previsto pelo governo, moradores tentam adaptar a rotina para enfrentar períodos de até 12 horas sem luz. O prazo definido pela Justiça para solução definitiva do problema termina nesta terça (10) sob pena de multa de R$ 15 milhões.

Sem água, mãe e filha tomam banho e lavam roupa usando baldes em Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Dividida em dois turnos – de 0h às 6h e 12h às 18h ou de 6h às 12h e 18h às 0h – a retomada parcial do serviço, prevista para durar até o fim desta semana, impõe limitações ao trabalho dos amapaenses.

No Centro Comercial da capital, a maioria das lojas reabriu, mas o bocejar de vendedores e atendentes mostra que a alternância no fornecimento de eletricidade já prejudica o sono das pessoas. Muitos têm que acordar na madrugada para realizar tarefas que não puderam realizar durante o dia pela falta de luz.

Vendedor Antônio Lobato Gama trabalha pela manhã após ficar de 0h às 6h sem energia — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

“Passamos 5 dias sem energia, não tem luz, tenho duas crianças, e ficamos sem dormir porque tem muito mosquito”, relatou o vendedor Antônio Lobato Gama, que ficou sem luz de 0h às 6h e começa a trabalhar de manhã. Por causa do calor, equipamentos como ventiladores e ar-condicionado são indispensáveis para garantir o conforto durante o sono, sem eles, a opção é abrir as janelas e enfrentar a invasão de insetos.

A microempreendedora Tainara Silva Souza também teme pela segurança dela e da família, pois sem luz, ela diz estar com a casa desprotegida.

Bancos reabriram em Macapá e muitas pessoas foram até as agências — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

“Fiquei com muito medo, tem cerca elétrica, mas é perigoso. As câmeras são nossa segurança. Sei de alguns lugares que teve assalto, então a gente nem consegue dormir direito”, relatou.

Além dos problemas no trabalho, a falta do serviço retarda as tarefas domésticas. Na capital, além de faltar luz, também não tem água . Tomar banho e lavar louças ou roupas exigem adaptações.

“Não tem água, a torneira vazia. Aqui volta 12h [a energia], foi embora 18h, a água não sei por que não tem”, lamentou a dona de casa Conceição Corrêa, moradora do Conjunto São José, na Zona Sul. O sistema de abastecimento depende de bombas que operam com energia elétrica.

Dona de casa Conceição Correa fica sem água encanada quando vai embora a energia — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Em alguns locais, moradores reclamam que além do parcelamento da luz, o serviço é suspenso fora do horário programado e retomado sem qualquer aviso.

“Com esse cai cai já não sei se deixo as minhas coisas na tomada. E se cair? E voltar de novo com ‘força’. Vou perder tudo, os aparelhos vão queimar, e ninguém vai me ressarcir”, reclamou a dona de casa Tereza Queiroz.

Retomada total do serviço

A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) informou que o fornecimento pode melhorar conforme as medidas de suporte ao sistema elétrico durante a semana, como utilização de geradores e aumento de produção da Usina de Coaracy Nunes. O estado conta com cerca de 70% de distribuição após o reparo de um dos três transformadores da empresa Isolux.

O sistema de rodízio deve continuar até a chegada de outro transformador que, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), deve começou a ser desmontado para ser enviado à Macapá em até 15 dias.

Sobre a interrupção da eletricidade fora do horário previsto, a CEA explica que disse que os problemas serão corrigidos a medida que os consumidores relatarem as falhas, por meio do telefone 116.

A distribuidora de energia conta com três transformadores de energia para atender o estado: um deles foi atingido por um raio, que causou um incêndio que acabou atingindo os outros dois. Já o de backup estava parado para manutenção há quase 1 ano. O motivo da demora no reparo do aparelho de retaguarda será investigado. Depois da crise, apenas um dos três transformadores voltou a funcionar.

Fonte: G1 Amapá

O Amapá fica no Brasil – Por Dulcivânia Freitas – @DulcivaniaF

Por Dulcivânia Freitas

Depois de quatro noites e três dias sem energia elétrica, internet, telefonia e abastecimento precário de água, amanhecemos o último sábado com o retorno destes itens no meu bairro. Naquele momento, os informes do Governo do Estado já sinalizavam que teríamos racionamento pela frente. A primeira providência foi acalmar os familiares e amigos de fora do Amapá.

Meu marido e eu dormimos em média três horas a cada noite, felizmente nosso filho de nove anos dorme tranquilo mesmo sob a alta temperatura e umidade, que são características do clima do Amapá. E essa foi a parte confortante da saga.

O emocional ficou impactado, porque represamos bastante em nome da resiliência e o estresse acumulado começou a se expandir por meio de tremores nas mãos. Embora estejamos em condições boas de moradia e outros itens de uma vida digna e que todos deveriam ter, num estado tão rico e pequeno (portanto, mais fácil para administrar), não tenho os olhos e o coração vendados para a situação estrutural da maioria da população.

O fato é que, não apenas em Macapá, mas nas demais cidades do estado, nas ruas e nos distritos e comunidades do interior aonde chega rede de energia, ainda está configurado o cenário de pré-apocalipse. A interrupção da energia elétrica desencadeou uma crise simultânea e de altos impactos nas comunicações, abastecimento de alimentos, de combustíveis e de água, além de amargos prejuízos nos setores de comércio e serviços em geral.

Ao mesmo tempo surgiram várias redes de solidariedade e apoio, ações emergenciais das autoridades, práticas de doações e muitas manifestações externas e internas, como é comum em situações semelhantes de calamidades em qualquer parte do país. Há grupos de pessoas mais vulneráveis do que outros, com certeza. Inclusive, há bairros e comunidades inteiras que vivem há muitos anos, e na rotina, esse flagelo social de falta de água potável e de fornecimento regular de energia quase que na invisibilidade. É diária e cruel a rotina de falta de acesso a serviços essenciais e básicos por parte da maioria da população. Eu poderia me acomodar com a boa estrutura de vida da minha família, em meio a essa crise energética sem precedentes no Amapá, onde temos a “sorte” de contar com o retorno da energia e de usufruir de outros direitos básicos e elementares que não chegam a milhares de outros moradores o tempo todo – não só agora nesse período de apagão.

Mas optamos por não sermos indiferentes. O jogo do contente pode se tornar patético quando não percebemos a linha tênue da insensibilidade e do individualismo.

O mínimo que temos a obrigação cristã e moral de fazer é informar aos familiares e amigos de fora do Amapá que o restabelecimento da energia não está normalizado, há muito sofrimento em boa parte das residências de todas as classes sociais, e também no interior do Estado. Enfatizar que a falta de energia elétrica num estado onde a temperatura e a umidade são muito elevados, a impossibilidade de ligar um ventilador que seja significa suplício, corpo e cabelo melecados, sensação de colapso mental em adultos, crianças gritando de calor, e outros infortúnios. Vou me abster de expor minha participação nas iniciativas de solidariedade e doações.

Só quero dizer que é comovente ver uma legião de pessoas tão abnegadas em promover, organizar e colaborar, preocupadas de fato com o bem estar básico dos vulneráveis. Existe uma reação de pequenos grupos de moradores, em forma de protestos com interdição de ruas. A panela de pressão explodiu, e eu desejo que seja o começo de uma nova postura de compreensão do quanto são oprimidos em seus direitos a vida inteira, e que esta crise trouxe à tona questões que precisam ser debatidas com profundidade. O compromisso de boa parte dos agentes públicos, privados e de parte da sociedade, com o desenvolvimento socioeconômico do Amapá também está no apagão há décadas.

Muita luz para todos nós, em todos os sentidos!

*Dulcivânia Freitas é paraibana, mas mora no Amapá há décadas. Ela é jornalista e assessora de comunicação.

Poema de agora: Manhãs de Vanusa – Luiz Jorge Ferreira

Manhãs de Vanusa

Nem é Setembro para partirmos afinados em Si Bemol
…nem está o Sol, nem está Mercúrio, nem aquele burburinho por trás do Palco se faz presente.
Para onde vão os nascidos em Setembro, para onde vão as Manhãs de Setembro…
Estão na Feira, dentro de um paneiro de Mucajá?
Ou estão estão espalhadas pela Praia do Araxá.
Ou talvez no veio d’água do Pacoval.

Manhãs de Setembro, não estamos em Outubro…
Estamos em Novembro.
Porquê essa fila de dias intermináveis.
Porquê essa fila de meses intermináveis.
Porquê essa fila de coisas intermináveis.
E porquê esses intermináveis, não vão embora.
O que os faz ficar presente aqui comigo, não é comigo…comigo.
É comigo…contigo, consigo, e convosco.
Eu tenho a voz rouca, e não posso cantar mais…
Mas eu gostaria de poder cantar, do topo de um lugar bem alto para todas as paralelas que eu encontrasse.
Vanusa foi embora.
…Está bom…Tá bom…
Eu ia dizer, que não estava, mas eu tenho que dizer, que está bom.
O encontro das Paralelas…se faz no infinito.

Luiz Jorge Ferreira

*Osasco (SP) – 08.11.2020 – Não por acaso, hoje.