Oportunidade para escritoras: aberto edital para a antologia “Mulheres Livres – Senhoras de si”

Escritoras do Amapá, do Brasil e estrangeiras que escrevam em Língua Portuguesa podem se inscrever para o edital da antologia “Mulheres Livres – Senhoras de si”.

O prazo vai até o dia 15 de março de 2021 para participar da obra literária. As inscrições iniciaram no último dia 10, pelo site: www.sfeditorial.com.br.

A participação nesta antologia é exclusivamente feminina e a proposta é amplificar narrativas e experiências de sucesso da mulher na sociedade, em seus mais diversos âmbitos.

A coletânea é idealizada pela escritora amapaense organizadora da obra. A parceria na organização se deu a convite da SF Acompanhamento Editorial, do Rio de Janeiro, através do editor Carlos Ferreira.

A socióloga, estudante de psicologia e também escritora, Amanda Moura, filha de Leacide, reforçou o time. As duas organizarão a obra, que é voltada para questões de gênero.

As autoras podem participar do Edital com textos sobre desigualdade, machismo, conquistas femininas em âmbitos profissionais, sociais, entre outros temas relacionados.

Neste prisma, as escritoras terão a oportunidade de fazer relatos escritos sobre mulheres fortes e inspiradoras , com destaque na sociedade, mercado de trabalho e/ou que venceram desafios, sejam eles profissionais ou domésticos na luta contra o patriarcado.

Edital

De acordo com Leacide Moura, o edital está disponível no site www.sfeditorial.com.br ou direto no link https://editorasf.wixsite.com/mulhereslivres.

Ao acessar os links da chamada para a obra, é preciso preencher o espaço destinado ao e-mail e ao número do celular, e então o edital estará disponível para download.

“Convidamos as escritoras amapaenses a compor essa nova antologia. Precisamos, nós autoras, documentar casos de sucesso, histórias reais sobre mulheres fantásticas. Além de reforçar os direitos femininos, as narrativas sobre histórias fictícias ou de próprias vivências ou experiências de outras pessoas contadas pelas autoras, a obra reforçará a arte literária tucuju“, comentou a escritora Leacide Moura.

Elton Tavares, com informações de Leacide Moura.

Associação Gira Mundo realiza lives de espetáculos teatrais e shows

A Associação Gira Mundo irá promove no período de 25 a 28 de Fevereiro, uma série de lives que visam fomentar a cadeia cultural no estado.

As lives fazem parte dos projetos que foram aprovados pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) por meio, do edital Nº 002/ 2020. Os shows e espetáculos serão transmitidos pela página da Gira Mundo no Facebook e Youtube.

A Associação Gira Mundo é organização sem fins lucrativos dedicada a trabalhar com projetos e ações de arte, cultura, educação e cidadania, com o objetivo de promover o bem-estar social e a descentralização de programas nessas áreas para as periferias da Amazônia, do Brasil e do mundo.

Programação

Espetáculo Teatral Lugar da Chuva
Dia 25/02/2021
Hora: 21h

Realização: Frêmito Teatro (AP) e Agrupamento Cynétiko (SP)
Atores: Raphael Brito e Wellington Dias
Direção e Produção: Otávio Oscar
Dramaturgia: Ave Terrena
Direção de Arte: Daniele Desierrê
Videoartista: Luciana Ramin

O espetáculo LUGAR DA CHUVA é uma viagem afetiva e poética pela Amazônia amapaense, fruto de uma residência artística na cidade de Macapá e seus arredores. A dramaturgia cartográfica, que organiza o texto por ilhas, navega por diversos locais na foz do Rio Amazonas, reinventando cenicamente as sensações e reflexões que atravessam os corpos durante o seu percurso entre a cidade e a floresta, entre o mato e concreto, entre o rio e a rua.

Catraia System
Dia 26/02/ 2021
Hora: 21h

Performance | Show | DJ Set | Festa – inspirado nas festas de aparelhagem do Norte do Brasil, navegamos pelos ritmos que habitam o percurso do Rio Amazonas, atracando nas cidades de Macapá, Belém, Parintins e Manaus. Nas ondas sonoras, o balanço de gêneros como: brega, tecnobrega, carimbó, marabaixo, toada, guitarrada, zouk love, beiradão, cumbia e lambada.

Durante a performance festiva, os artistas do Frêmito Teatro – Otávio Oscar, Raphael Brito e Wellington Dias – botam o público pra ferver, festejar e dançar os ritmos amazônicos, interagindo com a plateia e levantando a bandeira da alegria como antídoto para o tédio, a tristeza e o preconceito.

A ideia do projeto é ser uma ação afirmativa e festiva em prol da identidade e do orgulho de ser amazônico, esse povo que é invisível ao resto do mundo, mas que guarda grandes riquezas e potências.

Além disso, como artistas LGBTs, nosso estado de performance durante o fervo do CATRAIA SYSTEM é de caráter libertário, nos assumindo como legítimas ‘pocs’ amazônicas e reafirmando nosso orgulho, nossa sensualidade, nossa sexualidade e a beleza de nossos corpos, traços e personalidades.

A ambientação cenográfica e os figurinos do CATRAIA SYSTEM foram criados pela artista plástica e figurinista Daniele Desierrê, inspirados na estética amazônica a partir das diversas influências naturais, urbanas, rurais e caboclas, com aquele toque de glamour e lacração típicos da cultura pop/LGBT.

Show Jhimmy Feiches
Dia 27/02/ 2021
Hora: 20h
Artista: Jhimmy Feiches
Dançarinas: Will e Augusto
Participação de Luiza Brito

O show consiste em uma apresentação performática, acompanhado dos dançarinos Will e Augusto, com um repertório de músicas autorais e a interação com a música pop e dançante, proporcionando um momento alegre, contagiante, e de alto ao público virtual.

Show de Márcia Fonseca
Dia 28/ 02/ 2021
Hora: 20h

Apresentar o show da artista MÁRCIA FONSECA, com repertório de samba, cantando Alcione, Adoniram Barbosa, Cartola, Beth Carvalho, Paulinho da Viola e outros, proporcionando um momento alegre, contagiante, e de alto ao público virtual.

Adryany Magalhães/ Assessoria de Comunicação Gira Mundo
Contato: 99144-5442

Missa de envio abre a programação da Festividade de São 2021

No próximo sábado, 27, acontece a abertura da programação da Festividade de São José 2021. A missa de envio e de bênção das Imagens e Oratórios será na Catedral de Macapá, às 19h, e vai reunir paroquianos, fiéis e famílias devotas, além de representantes de instituições públicas e privadas para dar início aos festejos deste ano em honra ao santo padroeiro.

A missa será presidida pelo bispo diocesano, dom Pedro José Conti, e concelebrada pelo pároco da Paróquia São José, padre Rafael Donneschi, e tem por objetivo abençoar as imagens e oratórios de São José que serão utilizados pelas famílias e instituições durante a peregrinação e os encontros da Festividade 2021.

Cada devoto, família ou instituição que vai preparar um altar, andor ou oratório para homenagear a São José pode participar da celebração trazendo consigo o objeto ou uma imagem do santo padroeiro.

As peregrinações em instituições públicas ou privadas iniciam no dia 1 de março e seguem até o dia 15. No mesmo período as famílias devotas podem realizar os momentos de encontros em homenagem ao santo. Para este momento já está disponível o Livro de Peregrinações e Encontros preparado pela comissão organizadora.

Além da forte tradição do povo amapaense durante o mês de março, a preparação de um ambiente especial para homenagear o santo ganhou mais motivação graças à proclamação do Papa Francisco do Ano de São José a ser comemorado em toda a Igreja até o dia 8 de dezembro de 2021.

Oratório

Os fiéis, famílias devotas ou instituições também podem adquirir o Oratório de São José confeccionado especialmente pela comissão organizadora para a Festa deste ano.

O artigo religioso pode ser utilizado para substituir uma imagem na ornamentação do altar particular do devoto.

O Oratório de São José pode ser adquirido na secretaria da festa, localizada no subsolo da Catedral São José. O horário de atendimento é de segunda à sexta, 8h às 12h e de 15h às 19h. Aos sábados e domingos, antes das celebrações na lojinha da festa, na praça em frente à Catedral.

Transmissão

Devido às restrições de público por conta da pandemia do novo coronavírus, o acesso de fiéis está limitado a 300 pessoas na área interna da Catedral.

Para que os devotos possam acompanhar a missa e a benção, as páginas da Diocese de Macapá e da Catedral no Facebook irão realizar a transmissão do momento. Os fiéis também poderão acompanhar a transmissão através da Rádio São José 100.5 Fm.

Diocese de Macapá
Pastoral da Comunicação
Contato: 98414-2731

Comunicado da Secult/AP

A Secretaria de Estado da Cultura (Secult/AP) comunica que, no último dia 20 de fevereiro de 2021, ocorreu uma pane na casa de força que abastece de energia elétrica o Museu Fortaleza de São José de Macapá e seu entorno, em decorrência uma queda de energia.

Desde o ocorrido, a Secult/AP, órgão responsável pelo Museu Fortaleza de São José de Macapá, vem adotando as medidas para solucionar o problema, através dos órgãos governamentais e da Companhia de Eletricidade do Amapá.

A incidência das fortes chuvas nos dias que antecederam o fato – especialmente no último final de semana – impediram uma ação imediata, pois o equipamento necessita de vistoria e laudo técnico que comprovem o problema causado.

A Defesa Civil já esteve no local e realizou os procedimentos básicos de retirada do acúmulo de água no ambiente e os demais procedimentos serão realizados a fim de que o abastecimento de energia no Monumento e adjacências seja normalizado.

Últimos dias para as inscrições no Campeonato Amapaense de Futebol Profissional 2021

Encerra na próxima terça-feira (02), o prazo de inscrições no Campeonato Amapaense de Futebol Profissional 2021. Podem participar da disputa os clubes profissionais regularizados com a Federação Amapaense de Futebol (FAF), entidade que realiza o campeonato.

Segundo o calendário estipulado pela FAF no fim do ano passado, o Campeonato Amapaense está previsto para iniciar dia 06 de abril, com encerramento no dia 27 de maio e 16 datas prévias de jogos.

Por causa do período de pandemia enfrentado, as datas ainda não estão confirmadas e a FAF segue a determinação dos governos municipal e estadual sobre as medidas restritivas relacionadas às práticas esportivas em grupo em Macapá.

O período de inscrições no Campeonato Amapaense de Futebol Profissional 2021 iniciou no dia 22 de fevereiro e acontece exclusivamente por meio de comunicação via e-mail com a Secretaria Geral da FAF. Até o momento, Santos/AP, Trem Desportivo Clube e Independente Esporte Clube já confirmaram suas participações.

Tabelas e regulamento serão apresentados quando as inscrições forem finalizadas, como explica Manoel Figueira, diretor do departamento técnico da FAF: “Quando encerrar esse período de confirmação dos clubes participantes, vamos começar a elaboração da tabela de jogos e regulamento. A ideia é deixar tudo pronto para iniciar o campeonato quando for seguro e liberado pelas autoridades”.

Restrições

Desde o ano passado a Federação vem seguindo os decretos governamentais sobre as medidas restritivas de combate à proliferação da Covid-19. Com exceção da partida da final do Campeonato de Futebol Profissional, todos os demais jogos aconteceram sem a presença do público nas arquibancadas.

“Mantivemos todos os cuidados para que as atividades realizadas não colocassem em risco a saúde dos nossos colaboradores e dos atletas. Esse ano não será diferente, seguiremos as recomendações das autoridades sobre as datas de início do campeonato profissional e sobre as medidas restritivas obrigatórias”, garantiu Netto Góes, presidente da FAF.

Marcelle Nunes
Comunicação FAF

Resenha do livro “Menina Má”, de Willian March – (Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena)

Por Lorena Queiroz

Este livro é um clássico do suspense escrito por Willian March e publicado pela primeira vez em 1954. Muito bem recebido pela crítica e elogiado por Ernest Hemingway que, inclusive, escreveu para March, enaltecendo sua obra. Ocorre que Willian March faleceu um mês após a publicação do livro que inspirou uma série de filmes e personagens como Damien de A profecia, Chucky o boneco assassino, Anabelle, entre outros.

O livro conta a estória de Rhoda Penmark, uma menina de oito anos que, aparentemente, é a criança perfeita. Rhoda é aplicada nos estudos, organizada, educada, simpática e adorada pelos adultos, pois Rhoda sabia – como uma espécie de instinto – como tratar e agradar as pessoas. Ao contrário da relação que a menina tinha com os adultos, Rhoda não possui amigos de sua idade, as crianças não brincam com Rhoda.

A mãe de Rhoda, Christine Penmark, tem como tarefa a criação e os cuidados com a menina, já que seu pai, Kenneth, ficava meses fora de casa viajando a trabalho.

A trama se desenrola a partir de um concurso de caligrafia em que Rhoda se dedicava incansavelmente com a finalidade de ganhar a medalha de vencedor. Ocorre que o prêmio é dado para um menino de sua escola. Durante um piquenique ocorre um “acidente”. O episódio desperta as desconfianças da mãe da menina que, após recapitular algumas situações igualmente estranhas e trágicas no passado de Rhoda, inicia sua investigação sobre o caráter da filha.

A mulher então começa a se auto indagar sobre o comportamento da criança, pois percebe a falta de compreensão da filha no que tange os sentimentos. Rhoda apenas tinha coisas que lhe interessavam e sabia muito bem calcular de que forma agir para consegui-las, inclusive na relação com a mãe, que ela tratava diariamente com indiferença, mas sabia como agradar quando queria retirar algo: “Mamãe, o que você me dá se eu te der uma cesta de beijinhos ?” .

O livro se mostra sob a ótica de três personagens, Christine Penmark, a amiga Sra Breedlove e Leroy, um detestável zelador que nutre uma estranha atração por Rhoda, onde seu odioso cortejo consiste em irritar a menina. Dentro das três visões, o leitor nunca sabe o que se passa realmente na mente de Rhoda Penmark.

A obra não aborda só Rhoda como protagonista, a mãe de Rhoda, Christine, na minha humilde opinião, é a verdadeira protagonista do livro. Seu sofrimento materno, suas indagações e, posteriormente, suas investigações acerca do próprio passado, revelam fatos e sentimentos que, para ela, poderiam ser a origem do mal que a filha carrega.

É uma leitura interessante, pois aborda temas incomuns para a década de 50, que vai desde o homossexualismo à maldade criminosa proveniente de crianças.

Muito já se discutiu sobre a origem da psicopatia. Não tenho conhecimento técnico e científico para falar sobre o assunto, pois até os estudiosos do tema, ainda não têm uma opinião pacificada sobre como e quando a patologia se manifesta, mas ela existe nas mais diversas idades e parafraseando o príncipe palhaço: “A loucura é como a gravidade, só precisa de um empurrãozinho”.

* Lorena Queiroz é advogada, amante de Literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site.

 

Parceria entre Embrapa e IEB apoiará produção de óleos vegetais no Bailique

A Embrapa Amapá formalizou convênio de cooperação técnica com o Instituto Internacional de Educação no Brasil (IEB) para apoiar ações do Projeto “Consolidação de Cadeias de Valor Comunitárias nos territórios do Beira Amazonas e Bailique com inclusão de gênero e juventude”. A atuação da unidade de pesquisa estará concentrada no grupo de trabalho que atua junto às mulheres extratoras de óleos essenciais da comunidade ribeirinha Limão do Curuá, no arquipélago do Bailique (Macapá-AP).

Nesta sexta-feira, 26/2, no horário das 9h às 12h (hora de Brasília) durante o seminário on line sobre Inclusão Produtiva e Gênero em Cadeias de Valor da Sociobiodiversidade no Amapá, a pesquisadora da Embrapa Amapá, Ana Euler, vai apresentar os termos do convênio desta cooperação técnica durante sua participação na mesa redonda “Cenários, desafios e perspectivas para a inclusão socioprodutiva de mulheres no Amapá”. (Veja a programação completa abaixo).

As atividades da Embrapa no projeto coordenado pelo IEB estarão vinculadas aos objetivos do Projeto Manejo Florestal Extrativismo (MFE), executado com recursos do Fundo Amazônia operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente.

O objetivo do evento virtual é promover o debate acerca dos desafios e oportunidades para o protagonismo feminino em cadeias de valor da sociobiodiversidade, com o envolvimento de organizações da sociedade civil e setores do governo que dialogam com o tema de gênero, sustentabilidade e políticas públicas para mulheres. Devido às restrições impostas pela pandemia da Covid 19, o seminário ocorrerá pelo Google Meet. O link será enviado às 8h30 do dia 26/2 para as pessoas que confirmarem a participação.

O IEB é uma instituição não-governamental que atua em parceria com organizações como a Associação da Escola Família Agroecológica do Macacoari (AEFAM), Cooperativa Amazonbai, Embrapa Amapá, Universidade Estadual do Amapá (UEAP) e demais parceiros que integram o Programa Economias Comunitárias do Amapá. Buscando favorecer a organização produtiva das mulheres, em específico, apoia o fortalecimento de dois grupos que se articulam em torno da Cozinha Coletiva para produção de alimentos secos do Beira Amazonas e, do grupo de extratoras de óleos essenciais da comunidade de Limão do Curuá, no Bailique.

PROGRAMAÇÃO:


Seminário sobre Inclusão Produtiva e Gênero em Cadeias de Valor da Sociobiodiversidade no Amapá.

🗓️ Data: 26 de fevereiro de 2021 (sexta-feira)

⏰ Horário: 9h – 12h

📲 Evento virtual através do aplicativo Google Meet

📧 Inscrições: Enviar nome e identificação para o e-mail [email protected] ou através do WhatsApp: (91) 99146 0845

SERVIÇO:

Dulcivânia Freitas, Jornalista DRT/PB 1063-96
Núcleo de Comunicação Organizacional
Embrapa Amapá
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Macapá/AP
[email protected]
Telefone: + 55 (96) 3203-0287 / 3203-0200

Tecendo a memória – Sobre o livro “Tecituras de Helena”, da autora Helena Bermerguy – Por @luizadejobim

Aos 80 anos, Helena Bemerguy reconta sua infância em livro bordado – Foto: Arquivo Helena Bemerguy.

Por Luíza Nobre

Faltando 15 minutos para o horário marcado para o início das fotos, eu ainda procurava no quarteirão o “excelentíssimo jardim” indicado no convite. Noto movimento e portas abertas em uma casa com muros de vidro onde funciona um escritório de advocacia e desço ali. Ainda molhadas, as plantas pareciam cabisbaixas por conta da chuva que tinha acabado de cair. Olho para o chão e vejo uma paleta de tinta gigante, na qual se encaixam vasos de flores. Tive a certeza de que estava no jardim certo.

O final do corredor estreito abria para um quintal aconchegante e coberto, onde se distribuíam cadeiras para os convidados se acomodarem. Uma lona comprida com ilustração de estante de livros prevenia que as cadeiras fossem molhadas. Os guarda-chuvas abertos, no entanto, em nada protegiam da água, mas cumpriam seus papéis decorativos pendurados no teto.

À direita, uma mesa com doces e chocolate quente foi disposta ao lado dos bordados emoldurados da autora, organizados em uma escada com flores. Os bastidores formavam um varal de bordados que balançava com o vento ou com a curiosidade de quem queria ver de perto as obras. Uma boneca de pano escorava-se na garrafa quente e ao fundo dela, via-se um baú aberto repleto de exemplares do livro.

Procurei um lugar para me sentar e montar a câmera, enquanto observava dona Helena, que socializava em uma rodinha de senhoras. Percebi que não via Helena há uns 15 anos, desde a época dos os aniversários de Maíra, sua neta e também minha amiga. Sorri e me apresentei como a moça que faria as fotos do lançamento. Ela sorriu de volta e perguntou meu nome, enquanto sentava em uma poltrona vermelha que combinava com o vestido azul e o tênis moderninho cheio de brilhos e amarrações, para fazer os primeiros registros.

Já com um volume considerável de pessoas, Amélia, a filha caçula da anfitriã, pediu licença para iniciar a apresentação do “Tecituras de Helena”. Ela, a Helena a quem o título do livro se refere, comentava o processo de criação junto dos desenhos de Bárbara Damas, que foram adaptados em linhas de costura e depois impressos em papel.

Abria-se o momento de perguntas e eu, que até então estava com os olhos na câmera tentando me camuflar atrás do móbile de sapatos, levantei a mão. “Queria saber como foi o processo de ressignificação das suas memórias”, ela me olha e diz “Olha, minha filha, acho que ainda está sendo. Quer dizer, eu sento e bordo, tendo motivo ou não. Esse livro eu fiz para deixar de herança para os meus netos, junto das muitas histórias que eu quero contar no livro e fora dele”, assenti com a cabeça e um “muito obrigada” e voltei para o meu lugar de espectadora.

Mais tarde, enquanto ela autografava os livros e eu registrava tudo bem de frente para a mesa, tentando não enquadrar o copo que ela escondeu atrás das flores, dona Helena me olha e pergunta se minha dúvida foi sanada. “Profunda a sua pergunta, menina, eu preciso pensar melhor sobre ela”. E eu, uma jornalista que nutria imensa curiosidade para além das histórias contadas, pedi timidamente para entrevistá-la no dia seguinte. Tempo suficiente para que ela processasse o que perguntei.

Na minha época

Nascida em Belém, capital do estado do Pará, no ano de 1937, Helena Aben Athar Bermerguy teve uma infância movimentada, mas sempre tranquila. Irmã mais velha entre os seis filhos, era ela quem comandava as brincadeiras e, quando necessário, ajudava a mãe em casa. “Eu vivi o século XX, minha infância não teve internet e televisão, precisávamos ser criativos”, comenta olhando para o meu celular que fazia papel de gravador no momento.

Das tecnologias da época que a menina gostava, o rádio era a predileta. Conta que passava tardes sentadas na mesa do pai ouvindo as canções e novelas, e só aprendia músicas se copiasse a letra. Um apreço que foi da palavra falada para a palavra escrita e a fez criar afinidade com as narrativas textuais.

“Na minha época, a menina que não tinha diário não estava por dentro da moda, e tinha que manter ele bem escondido. Eu escondia debaixo do colchão para a mãe não ver. Tive uma adolescência inteira, logo que entrei no ginásio”. Ela dividia com o caderno os sentimentos do dia e os sonhos juvenis. Mas engana-se quem pensa que confidenciar segredos fosse um ato movido pela timidez. Helena gostava mesmo de ter um motivo para contar histórias.

Ainda no início do livro a escritora descreve Belém como uma cidade única, e para ela, o melhor lugar. As comidas, os sabores, os igarapés e as mangueiras que subia para apanhar fruta da janela de casa. Pontualmente fala do pai, que ia à feira e trazia o paneiro carregado de frutas, depois reunia todos os filhos em volta da mesa para que provassem e aprendessem os sabores de cada uma.

”Como disse, meus primeiros pontos foram praticados nos enxovais dos meus irmãos mais novos”, dona Helena fazia dos bordados mais uma de suas brincadeiras em uma rotina em que boa parte do tempo era dentro de casa. De família tradicional judaica, ela sempre foi uma moça reservada pelas questões religiosas, mas o suficiente para não deixar de se destacar.

“É que no meu tempo as coisas eram mais diferentes, a juventude era outra”. E percebo que ela repete essa frase muitas vezes enquanto fala. Mas sem saudosismo. Sem o desejo de retornar ao passado. Fala com apreço às memórias afetivas que ainda são vivas na lembrança, e agora eternizadas em um livro que eu tenho em minhas mãos.

Vou te contar

Os bordados que antes eram passatempo ganharam outro significado na vida da jovem. Aos 17 anos, Helena foi “deportada” para Macapá, para que se afastasse de um namorado cristão. “Eu vim morar aqui muito cedo e sentia muita saudade dos meus pais, então comecei a bordar minhas histórias e alinhavar algumas coisas no meu texto”.

Na expectativa de seguir vivendo um amor impossível, o rapaz veio atrás dela na nova cidade, e lhe propôs um casamento onde ela não precisaria se preocupar em trabalhar e como diz Vinícius de Moraes: ser só perdão. Tudo o que ela não esperava da vida. “Eu sempre sonhei com minha independência financeira, porque eu acho que a mulher tem que ser dona da vida dela”, e preferiu seguir a vida sozinha e focada nos novos interesses.

Mas como diz a expressão popular: casamento e mortalha no céu se talha. E fugindo ou não da orientação do pai, o destino amoroso dela foi com um judeu. “Eu era a única judia em Macapá e só havia um judeu aqui, que era noivo na época. Quando me conheceu, desmanchou o noivado e nos juntamos, casamos e tivemos quatro filhos.” E mesmo trabalhando fora e tendo autonomia, Helena dedicou-se à construção de uma família sólida.

Mair Naftali Bemerguy e Helena Aben-Athar formaram juntos uma das famílias tradicionais de Macapá quando a mesma ainda estava em processo de deixar de ser território do Pará e se tornar uma cidade. “A família é como uma célula, minha filha, quando ela é boa na sua base, aqui embaixo, ela tende a seguir próspera”. Apesar de ter se casado cedo, ela se tornou viúva ainda jovem, quando completou 52 anos.

“Depois dos meus sessenta anos, quando comecei uma nova fase na minha vida, época em que meus filhos foram morar em Brasília, passei a fazer muitos cursos de crochê, frivolité, macramê e outros. Foi nesse movimento entre armarinhos que comecei a pensar na possibilidade de bordar minha história”, diz ela sobre a descoberta dos livros bordados. Por algum motivo, lembrei-me do poema “O Menino Que Guardava Água na Peneira” de Manoel de Barros que fala da infância e pergunto se ela conhece, recitando o primeiro verso para facilitar a lembrança. Ela balança a cabeça positivamente e diz que foi o primeiro livro bordado que leu e a inspirou. Ri da coincidência e tira da mala cópias dos desenhos originais que Bárbara Damas fez para o Tecituras de Helena.

O desejo de dar continuidade a um trabalho que se propôs a fazer na construção da família não lhe permitiu criar interesse em buscar outro casamento, e assim, o foco de sua vida voltou-se para a educação dos filhos. “A Bossa Nova passou em minha vida e não vi”. E nesse momento eu, que a ouvia sentada no chão aos pés da poltrona onde ela deitava esticando as pernas e permaneço observando os olhos dela.

Os olhos de Helena são de um acinzentado límpido, mas sem suavidade. Um olhar que não têm nada de tranquilo e que me atravessaram como a agulha atravessa o tecido para abrir uma nova casa em um ponto corrido. Penetram e constrangem, mas não um constrangimento ruim, e sim de quem se perde na transparente da expressividade deles. E penso que o maior baú de histórias dela talvez esteja guardado no olhar.

Livro Tecituras de Helena.

Das memórias que não soube tornar possíveis

“O meu neto de quinze anos sempre diz: vovó você foi professora, hoje você não é mais. E realmente, o ensino mudou muito, a maneira de ensinar. Confesso que pelo pouco que vejo meus netos estudarem, percebo uma evolução na forma de estudar, tem a internet, a leitura dinâmica”. Aposentada como professora de ciências e matemática, Helena não acredita que existam outros caminhos para o sucesso que não sejam construídos através da educação.

E entender a educação como fator modificador a faz se aproximar da realidade dos netos. Viver e se adaptar ao tempo presente sem grandes esforços e dialogar com diferentes gerações. “Eu sou um ser político, gosto de acompanhar o movimento do mundo. E sempre pugnou pelo social, não admito preconceito racial, de gênero… sou a favor das cotas, políticas públicas para as minorias”. E me mostra em seu celular os contatos do WhatsApp dos netos, com quem ela fala diariamente.

Quando lhe perguntei sobre a rotina, recebi um “eu faço qualquer coisa diariamente” como resposta e achei graça da objetividade dela. Mas compreendi que, para uma senhora de 80 anos com uma mente pensante e inquieta “qualquer coisa” sempre há de ser algo construtivo e interessante. Hoje ela nutre o desejo de ensinar a arte do bordado para quem tiver disposto a aprender e até me oferece uma vaga na possível primeira turma.

Decidir bordar a própria história, literalmente, foi uma forma que ela encontrou de dividir com os filhos os momentos que não teve a oportunidade de contar. Criar memórias a partir das memórias narradas, mesmo que tardiamente e agora, com mais uma geração para ouvir e carregar junto toda essa bagagem. Unir a família em uma única tessitura atemporal.

E deitada em uma poltrona rosa, uma espécie de divã, eu presenciei o que para mim tinha sido uma das maiores manifestações não governamentais do que seja a

memória. Tão espontaneamente que preenchia o espaço e tudo era motivo de um gancho ou explicação para existir naquele cômodo, na casa do filho de Helena. Tão pueril como o próprio livro. E com um convite final para um bolo no pátio, e mais conversa. Enquanto ela se adianta passos à frente, eu abro o prefácio do livro e releio “Quando terminei este livro fiquei pensando se meu pai ao lê-lo não diria: Abu, Helena, Abu*!”

*Abu significa “mentira” em hebraico.

Fonte: Café com Notícias.
* Luíza Nobre é jornalista, fotógrafa e produtora do programa de rádio Café com Notícia na 90,9FM, além de pesquisadora na área de memória e narrativa. Artista e curadora de memes.

Lançado livro das peregrinações e encontros da Festividade de São José

A comissão organizadora da Festividade de São José da Diocese de Macapá lançou na última semana o Livro das Peregrinações e Encontros para a festa deste ano em honra ao santo padroeiro.

Os devotos podem adquirir o livro no valor de R$ 5,00 na Lojinha da Festa que funciona na secretaria da festa no subsolo da Catedral São José e aos sábados e domingos, antes das celebrações.

O livro foi elaborado com o intuito de oferecer às instituições e famílias que irão se preparar para a festa um subsídio contendo a mensagem do bispo diocesano, orações, novenas, tríduo de preparação e cantos que permitam aprofundar a devoção a São José.

Os temas dos encontros foram inspirados na Carta Apostólica “Patris corde” (Com coração de Pai) do Papa Francisco, que proclamou de 8- de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021 um Ano dedicado ao padroeiro São José.

Temas

Os encontros preparatórios possuem como temas:

1° A história e a tradição do culto e da devoção da Igreja Católica para são José
2º encontro: São José, Pai Amado
3º. Encontro: São José, Pai Na Ternura
4º. Encontro: São José, Pai Na Obediência
5º. Encontro: São José, Pai No Acolhimento
6º. Encontro: São José, Pai Com Coragem Criativa
7º. Encontro: São José, Pai Trabalhador
8º. Encontro: São José, Pai Na Sombra
9º. Encontro: São José Padroeiro Da Igreja Católica

Diocese de Macapá
Pastoral da Comunicação
Contato: 98414-2731

Sete clubes disputarão o Campeonato Amapaense de Futebol Sub-20

As inscrições para o Campeonato Amapaense de Futebol Sub-20 deste ano encerraram na sexta-feira (19) com sete clubes inscritos para a disputa. A Federação Amapaense de Futebol (FAF) já organiza a tabela, mas aguarda a liberação dos decretos de medidas restritivas de combate à Covid-19 para divulgar as datas dos jogos.

Os participantes do campeonato são os clubes São Paulo-AP, Santos- AP, Oratório, Macapá, Trem, Santana e Independente.

Este ano, o campeonato conta com a volta do Independente Esporte Clube, do município de Santana, que já conta inscrito, mas ainda passa por análise de regularização do clube junto à FAF e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Datas

Os decretos governamentais vigentes não preveem atividades esportivas em Macapá. Enquanto aguarda a liberação, o departamento técnico da FAF organiza a tabela e prepara as medidas restritivas necessárias, como explica Manoel Figueira, diretor da FAF.

“Agora é reunir com os clubes e apresentar a tabela que está sendo construída e o regulamento. A previsão é o fim de março, mas ainda não temos data confirmada para começar. Enquanto aguardamos a liberação dos decretos, planejamos a execução do nosso campeonato”, concluiu o diretor.

Marcelle Nunes
Comunicação FAF

Obdias Araújo gira a roda da vida. Feliz aniversário, poeta!

Tenho alguns companheiros (brothers e brodas) com quem mantenho uma relação de amizade e respeito, mesmo a gente com pouco contato. É o caso do poeta Obdias Araújo, que gira a roda da vida neste vigésimo segundo dia de fevereiro.

Obdias foi guarda territorial do Amapá, é poeta, escritor, pai amoroso, flautista, trompetista, pirata da batucada, doido de pedra, guardião da Fortaleza de São José de Macapá e marido apaixonado.

Além de músico e poeteiro genial, Obdias Araújo é maluco, não tem filtro e nem conta gostas. Às vezes, chega a ser áspero por conta do seu jeito à bruta. Mas a gente gosta dele mesmo assim.

Desenho de Obdias feito por Fernando

O Fernando Canto diz que “OB” é um “velho militante da literatura amapaense, irmão de outros bons poetas, primo de loucos-varridos-da-porta-da-igreja e parente de punha-mesas”. É isso mesmo!

Obdias é um cara talentoso, que tive a sorte de conhecer numa noite quente de Projeto Botequim. Fui apresentado a ele pelo também gênio Ronaldo Rodrigues. Ambos são uma mistura de Quincas Berro D’Água e Charles Bukowski tucuju.

Além das poesias, gosto dos diálogos com OB e do escracho brilhante do cara. Obdias Araújo é dono de uma sagacidade, bom humor e sacanagem ímpar. Além de ser um grande representante da cultura literária amapaense.

Eu e Obdias, há alguns anos.

Apesar de ser um bolsominion, o que contrasta com sua literatura, a gente gosta do OB.

Obdias, acima de tudo, te desejo saúde. Que tu sigas tirando onda, poetizando, escrachando geral. Que tenhas mais sucesso e vida longa. Que teu novo ciclo seja ainda mais porreta. Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Hoje é o Dia Internacional do Maçom (meus parabéns à Ordem e sobre os maçons da minha família)

Hoje é o Dia Internacional do Maçom. A data é celebrada em 22 de fevereiro por conta do aniversário do primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington. Ilustre Irmão Maçom e principal artífice da independência dos EUA. Inclusive, ao assumir o mandato, em 1789, prestou seu juramento constitucional sobre a Bíblia da Loja Maçônica na qual era Venerável Mestre.

O conceito de Maçom diz: “homens de bons propósitos, perseguindo, incansavelmente, a perfeição. Homens preocupados em ser, em transcender, num preito à espiritualidade e à crença no que é bom e justo. Pregam o dever e o trabalho. Dedicam especial atenção à manutenção da família, ao bem-estar da sociedade, à defesa da Pátria e o culto ao Grande Arquiteto do Universo”.

Maçonaria é uma sociedade discreta e, por essa característica, entende-se que se trata de ação reservada e que interessa exclusivamente àqueles que dela participam. Seus membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade. Além do aperfeiçoamento intelectual, sendo assim uma associação iniciática, filosófica, progressista e filantrópica.

João Espíndola Tavares, meu amado e saudoso avô.

Maçonaria no Amapá e meu avô maçom

A Maçonaria existe no Amapá desde 1947, quando foi fundada a Loja Maçônica Duque de Caxias, localizada na Avenida Cloriolano Jucá, Nº 451, no Centro de Macapá. Hoje existem 24 lojas maçônicas no Amapá. Destas, 13 são da Grande Loja do Amapá e 12 da Grande Loja Oriente do Brasil. Além da capital, os municípios de Mazagão, Porto Grande, Santana e Laranjal do Jari possuem uma loja cada.

Meu avô paterno, João Espíndola Tavares, foi maçom. Aliás, foi um homem dedicado à Maçonaria. Vou contar um pouco dessa história:

Em 1968, após ser observado pela sociedade maçônica de Macapá, João Espíndola (meu avô) foi convidado a ingressar na Loja Maçônica Duque de Caxias, onde foi iniciado como Maçom. Logo se destacou dentro da Ordem por conta de seu espírito iluminado. Foi um dos maiores incentivadores de ações filantrópicas maçônicas no Amapá.

João foi agraciado, em 1981, após ocupar 22 cargos maçônicos, com o Grau 33 e o título de “Grande Inspetor Litúrgico”. Ele sedimentou seus conhecimentos sobre literatura mundial lendo de tudo.

Meu avô é o primeiro da esquerda. Nessa foto, com outros maçons, entre eles o senhor Araguarino Mont’Alverne (segundo da direita para a esquerda), avô de amigos meus.

Vô João transitou por todos os cargos da Ordem. As cadeiras que ocupou foram sua ascendência à graduação máxima da instituição. Foi Vigilante, 2ª Mestre de Cerimônias, Venerável Mestre, 1º Experto Tesoureiro, Delegado do Grão Mestre para o 11ª Distrito Maçônico e presidente das Lojas dos Graus Filosóficos. Também foi um dos participantes do Círculo Esotérico da comunhão dos membros.

Ele também integrou o grupo de humanistas da instituição, que objetivava a assistência social e humanitária, oferecendo atendimento médico gratuito ao público. A entidade filantrópica também ministrava aulas preparatórias para candidatos ao exame de admissão ao Curso Ginasial, que hoje conhecemos como Ensino Médio.

Quando ele morreu, em 1996, em nota, a Maçonaria divulgou: “Durante sua estada entre nós, sempre foi ativo colaborador e possuidor de um elevado amor fraterno”.

Há 12 anos a Loja Maçônica do município de Mazagão, Francisco Torquato de Araújo, comemorou 20 anos de fundação. No evento, a instituição homenageou seus fundadores, entre eles o patriarca da minha família paterna, João Espíndola Tavares.

Tio Pedro, o Venerável Mestre

Meu tio e querido amigo, Pedro Aurélio Penha Tavares, é o único maçom da minha família. Ele também é o atual Venerável Mestre da Loja Duque de Caxias, que ano passado completou 71 anos de fundação. Meu avô, lá nas estrelas, deve ter muito orgulho de seu filho, que seguiu seu caminho Maçônico.

Tio Pedro, Venerável da Loja Duque de Caxias, ao lado do Anatal, Parter Venerável da Loja Acácia Do Norte.

Não sei se um dia terei perfil para ser um membro da nobre instituição, mas seria uma honra. Lembro de crescer com um certo fascínio sobre a Maçonaria por conta do meu avô. Além do vô João e tio Pedro, parabenizo todos os meus amigos maçons. Congratulações pela data!

“Fale de sua aldeia e estará falando do mundo” – Leon Tolstoi.

Elton Tavares

O primeiro poema – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

O tinteiro, a pena e o papel estavam lá, à minha frente, sobre a pequena escrivaninha, herança de meu avô. Eu estava tranquilo e os ruídos que chegavam da rua não me perturbavam. Lá fora, uma noite agradável se estendia sobre a cidade.

Eu procurava uma maneira de iniciar o desafio que me foi imposto pela vontade de extravasar os sentimentos por tanto tempo guardados no peito. Naquela noite, eu me preparava para escrever um poema.

Eu nunca havia escrito um poema antes, sequer pensado nisso, e aquela súbita ideia me pareceu absurda. Ela me atingiu no ônibus que vinha lotado de passageiros suados e cansados, assim como eu, depois de um dia extenuante de trabalho. O ônibus era trepidante e barulhento, mas o desejo de escrever um poema me fez flutuar ao som de uma linda sinfonia, que não sei de onde vinha, e nem notei que o percurso da viagem era tão longo.

Tomei um banho demorado, curtindo as bolhas de sabão que dançavam à minha volta e, pela primeira vez, observei os desenhos herméticos que as idas e vindas das formigas formavam no branco do azulejo.

Saí do banheiro e vesti a roupa mais simples. Fui ao quintal e reguei as plantas, conversando com cada uma. Depois, alimentei os cães e os gatos vadios que às vezes iam me visitar. Mudei a disposição dos objetos da casa e coloquei cortinas novas nas janelas.

Agora estava eu ali, na velha escrivaninha de meu avô, tendo à minha frente o tinteiro, a pena e o papel. E a firme determinação de escrever o primeiro poema de minha vida.

Resenha do livro 1984, de George Orwell – (Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena)

Por Lorena Queiroz

1984 foi a última obra de George Orwell e teve sua primeira edição publicada no ano de 1949. Ultimamente este livro está voltando a ser lido por tratar de questões atemporais, bem como pela polarização, pois tanto a direita quanto a esquerda, usam a obra para identificar fragmentos no oponente que indiquem traços denunciados pela obra. Acredito que para entender melhor a obra, temos que entender o mundo de George Orwell e a atmosfera de sua época. O autor vivia o período do entre guerras e a segunda guerra mundial, em um mundo que era recentemente monárquico e democracia um conceito novo. Se apresentava como um social democrata onde este conceito também se apresenta diferente do que conhecemos hoje. Em sua época mostrava um conceito de liberdade que é contrária a qualquer regime totalitário, observe o Nazismo e o Stalinismo e se veja imprensado por ambos, daí tire suas conclusões.

O livro apresenta uma estrutura de mundo soviético e nazista, que vai do bigode de Stalin ao modo de ilustrar um inimigo da forma que Hitler pintou os judeus.

A personagem central do livro é Winston, um homem que vive na Oceania neste mundo distópico que é dividido em três blocos: Oceania, Eurasia e Lestásia. Oceania, que antes fora Londres, é comandada pelo partido do “grande irmão ” que, através de suas teletelas observa e controla o comportamento e, até os pensamentos e sonhos da população. Wiston trabalha no Ministério da verdade, onde sua labuta consiste em mudar a história, reescrevendo notícias, informações que eram alteradas conforme à vontade do partido, pois o grande irmão nunca erra. Se mês passado a Oceania estava em guerra com a Eurasia e no mês seguinte a oponente se tornasse aliada, a guerra anterior era apagada e nunca teria existido. Este era o trabalho de Wiston, lidar com a mentira como verdade incontestável. Para que houvesse eficácia entra o “duplipensamento”, onde o sujeito tem que fazer um exercício mental de acreditar no partido independente de seu julgamento e conhecimento pessoal. Mas essa não seria uma tarefa fácil, mas para tanto, o partido cria, entre outros mecanismos, o dicionário da “novafala “, onde a linguagem é limitada, como por exemplo a palavra : bom. Neste dicionário não existiam graduações, ou era bom ou “desbom”. Mais ou menos, médio, razoável, estas palavras que geram variações tinham que ser extintas para que os pensamentos se mantivessem binários. Se você precisa de parâmetros para raciocinar, então acaba -se com os parâmetros.

Existiam ainda outros ministérios; Ministério do Amor, Ministério da Pujança, Ministério da paz. Todos os ministérios executava tarefas antagônicas ao proposto em seus nomes, pois a verdade neste mundo é maleável e se adéqua à realidade que o partido apresenta. As pessoas são educadas desde sempre dentro desta crença, havendo inclusive, crianças denunciando orgulhosamente seus pais ao partido.

Dentro deste mundo opressor, onde os únicos sentimentos aceitos são o ódio ao inimigo e o amor ao partido, Wiston se encontra sedento por sentimentos e sensações humanas e sua estória se desenrola dentro desta necessidade humana em existir por completo.

Já li Admirável mundo novo do Aldous Huxley, Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, Senhor das moscas de Willian Golding que, ao meu ver, apesar de perturbadoras, não são tão pesadas, densas e, sinceramente, desesperançosas como 1984. A conclusão que tive, é que a humanidade vai sempre subjugar os seus em nome do poder, este que para as mentes totalitárias, tem muito mais valor que o dinheiro, ouro ou vida. O totalitarismo está em qualquer lado do espectro e só a eterna vigilância nos garantirá a liberdade.

* Lorena Queiroz é advogada, amante de Literatura e devoradora compulsiva de livros.