The Blacklist – N⁰ 171 – O Cronista – Por Aloísio Menescal

Elton Tavares, Raymond ‘Red’ Reddington e Dembe Zuma – Foto montagem fictícia de Bruna Cereja

Por Aloísio Menescal 

Ah, Dembe, Dembe… Você é um bom e confiável amigo, que planeja e se previne. Não um hedonista como eu ou outro notável indivíduo sobre quem vou lhe contar agora.

Há alguns anos, estava eu saindo de um inesperadamente bem sucedido jogo de bacarat no cassino El Tito, em Maracaibo, quando embarquei em um dos mais exóticos e tradicionais cabarés flutuantes da Amazônia, chamado Brega da Gonçala. Era uma embarcação brasileira e ribeirinha, mas navegava em águas internacionais ilegalmente apenas para satisfazer uma aposta perdida pelo capitão. Lá dentro, no bar, vendo as mais belas dançarinas exóticas que só o caldeirão genético sulamericano é capaz de produzir, conheci nosso personagem.

Com óculos escuros demais para aquele horário, assim como eu mesmo, ele com uma armação no estilo do Elvis em seus últimos anos, e dedos adornados com anéis de crânios, sempre prontos para marcar o rosto de algum desafeto de última hora. Ele se dizia jornalista, mas na verdade era a memória viva de sua cidade natal, registrada e relembrada nos bares em crônicas regadas ao melhor e ao pior álcool disponíveis, pois ele não julgava a companhia, o local e nem a bebida, apenas testemunhava a vida da forma que ela se apresentava.

Naquela noite ele bebia uma dose de absinto em seu mais tradicional ritual, flambando um cubo de açúcar. Elogiou, mas disse que um toque de gin de jambu aprimoraria a experiência. Seu nome era Elton, mas não o John. Seu homônimo britânico – apesar da fama, talento e fortuna – mal sustenta uma conversa semiestimulante (falo isso com propriedade, pois atualmente até evito suas ligações).

Ele me contou sobre sua cidade e sobre o Bar Caboclo, sobre seus conflitos com a lei e com os homens, mas principalmente me falou da arte, do ritmo marabaixo que ainda não pude escutar ao vivo e da música de bandas de rock imortais que permeiam nossos repertórios em comum. Elton vive e celebra apenas o que foi e o que é, Dembe. Ele sorve a vida gota a gota, em seus mais variados sabores e sons. Ele faz isso hoje, pois não há amanhã…

*Esse texto foi uma brincadeira do amigo jornalista Aloísio Menescal (com quem converso, além de trabalho, sobre música, filmes, séries e etecetera) , que tirou com um sarro comigo e contextualizou minha boemia incorrigível com o jeito de narrar as coisas do personagem principal da série de TV Lista Negra, Raymond ‘Red’ Reddington (James Spader) em um suposto diálogo (ficção da ficção) com seu amigo Dembe Zuma (Hisham Tawfiq).

**Em The Blacklist, Raymond Reddington (James Spader) é um dos criminosos mais procurados pelo FBI. Até que um dia ele decide se entregar misteriosamente à agência, oferecendo com ele uma lista de importantes nomes da comunidade do crime: vários terroristas e líderes de organizações criminosas entre os mais procurados pela polícia. Ele deseja participar ativamente da captura de tais criminosos e faz duas exigências: receber completa imunidade pelos crimes que cometeu nos últimos vinte anos e falar diretamente apenas com agente novata Elizabeth Keen (Megan Boone). À princípio, Keen e seu supervisor Harold Cooper (Harrry Lennix) suspeitam das motivações de Reddington e seu estranho interesse em Keen. Mas depois que uma de suas dicas ajuda o FBI a capturar um perigoso terrorista e desfazer seus planos de ataque, eles percebem que pode ser importante continuar recebendo sua ajuda. Mas ao longo da trama, a curiosidade de Reddington por Keen tem suas motivações reveladas, mostrando um conexão entre o passado dos dois.

 

A chegada do Banana no céu – Crônica muito porreta de João Lamarão (contribuição paid’égua de Fernando Canto)

Banana – O chato mais querido do Amapá – Foto: Chico Terra

Por João Lamarão

Um mês já havia se passado daquela noite fatídica, tempo mais do que suficiente para que os tramites burocráticos do Purgatório se processassem normalmente, contando é claro, com o jeitinho brasileiro, instrumento fundamental para que qualquer processo corra rapidamente em qualquer lugar e o Banana foi autorizado a ingressar no átrio que dá acesso a porta do Céu. O ambiente normalmente tranqüilo, nesta hora estava altamente congestionado. Filas intermináveis, parecia mais com o pronto socorro durante os finais de semana do que a ante-sala do Paraíso.

Como era de se esperar, a situação mexeu com os brios do Banana que esbravejou aos quatro cantos que aquilo era uma esculhambação geral e que até ali, não havia respeito com as almas que aguardam a redenção eterna, por isso, iria se queixar diretamente a Ele. Deus, seu amigo intimo, que já o salvara de poucas e boas, de forma que a BACOL não deixaria aquilo barato.

Antigo Bar Xodó – Fotos: arquivo de Fernando Canto

Em um cantinho apertado, tipo 3×4, pois o preço do aluguel no Céu está pela hora da morte e onde foram implantadas as modernas instalações do Xodó Celestial, várias almas disputavam uma vaga no exíguo espaço a fim de conseguirem tomar uma cerveja geladinha enquanto aguardavam a vez de serem chamados pelo assessor especial de São Pedro, um negro alto e forte, ar de bonachão, que pela sua estatura sobressaia a turba, impondo respeito ao ambiente. Era nada mais, nada menos que o Pururuca.

Numa área reservada àqueles do regime semi-aberto que podem sair e entrar no Céu a qualquer hora, ao redor de uma mesa estrategicamente colocada, Paulão, Waldir Carrera, Marlindo Serrano e Bode, jogavam conversa fora. Faziam conjecturas de como estava a vida pelas bandas daqui de baixo, se haveria ou não carnaval, se a micareta na orla seria liberada, entre outras coisas.

O saudoso Albino Marçal, dono do Xodó – Foto: arquivo de Cláudio Pinho

Pela parte interna do balcão de mármore branco italiano, entre santinhos, velas e terços postos a venda, o Albino muito p… da vida meio a confusão peculiar, reconheceu nosso amigo ao longe, perdido meio a multidão e esbravejou:

– P.Q.P., taí o motivo da minha cuíra. Acabou o nosso sossego. Vejam quem acaba de chegar prá me aporrinhar.

Todos se viraram rapidamente na direção indicada. A alegria foi geral e imediatamente uma festa foi armada para receber o novo hóspede, gerando grande confusão, todos ávidos por notícias da terra, uma vez que por aquelas bandas não tem televisão e nem pega celular. Sabedores de que o Banana era onipresente, conseguia a proeza estar em vários lugares praticamente ao mesmo tempo, teria portanto, muita informação a dar.

Passada a euforia inicial, as coisas foram acalmando, mas ao largo, um grupo de almas francesas xingava até em patuá, a falta de organização do ambiente, exigindo providencias urgentes. Ao fundo, uma voz em fluente francês tentava acalmar o agitado grupo dizendo:

Franky de Lámour – Arquivo de Fernando Canto.

Monsiers et mademoiselles, calma, calma… aqui as coisas são assim mesmo. Não se preocupem que vou ajeitar tudo pra vocês. Se há necessidade de dar um jeitinho, daremos; para isso, sou a alma certa, conheço todo mundo aqui no pedaço; tenho até autorização do Todo Poderoso para trabalhar como lobista e, mais rápido do que o pensam, vocês estarão rezando um terço com Senhor. Mas antes, preciso de um adiantamentozinho prá molhar a mão do porteiro.

Ouvindo isso e intrigado com a presença de tantos franceses, o Banana virou-se rapidamente e deu de cara com nada mais nada menos que o Franky de Lámour que tentava resolver a questão:

– Franky, que bagunça é essa, cara? Aqui não é o Céu, onde tudo é mil maravilhas?

– Não Banana! Aqui não é o Céu, aqui é Caiena.

– Valha-me Deus! Dancei.

João Lamarão – Arquivo Sônia Canto

*”Essa crônica sobre o Banana é antológica. Foi escrita pelo nosso parceiro João Lamarão, engenheiro e escritor que também já foi pra Caiena, infelizmente. Ele é o autor do livro “No tempo do Ronca,- Dicionário do falar Tucuju”. Essa é uma singela homenagem àqueles que fazem parte da vida macapaense e que partiram deixando saudades e para não esquecer o quanto ele também fez parte de nossa história. Sua simplicidade, bom-humor (às vezes mau-humor, mas sem ser grosseiro) e profundo amor por esta terra” – Fernando Canto.

**Fotos encontradas nos blogs “O Canto da Amazônia”, do Chico Terra e da Sônia Canto.

Frases, contos e histórias do Cleomar (Segunda Edição de 2023)

Tenho dito aqui – desde 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Assim como as anteriores, segue a Segunda Edição de 2023, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas em tempos pelo ilustre amigo. Boa leitura (e risos):

Nada fácil sem mutreta

Nessa vida não tem dinheiro fácil, ou tem mutretagem no meio ou não vai ser tão fácil assim.

Meio termo

O certo é não ter o nome tão limpo a ponto daquele parente limpeza te pedir pra comprar um carro e nem tão sujo que não dê pra trocar a geladeira no fim do ano.

Uber em Macapá

Os motoristas de Uber aqui de Macapá são diferenciados, eles querem que os carros andem sem acelerar, tipo barco a vela, fouda-se”

Nunca atendem

O dia que eu estiver numa situação de vida ou morte é mais fácil eu ligar pra Gisele Bündchen e ela me atender, do que o pessoal aqui de casa. Fouuudasse!!

CEA imbatível

Queria que meu time fosse igual a CEA/EQUATORIAL, duvido alguém ganhar dela!

Lisura misturada com Pavulagem que é o problema

O problema não é tu ser velho ou novo pra andar em tal lugar, o problema é essa tua lisura misturada com pavulagem que só te atrapalha. No meu tempo, liso ia pra praça.

Procrastinar, mas se garantir

Procrastinar não é deixar de fazer, o procrastinador raiz sabe que dá conta, só se utiliza melhor dos prazos.

Liso & Jarana

Pior que beber com liso, é beber com gente jarana, fouda-se!

Mulher encontra tudo

Falando sobre o submarino, um amigo do trabalho disse o seguinte: Só não encontraram esses caras porque eu não tô junto, se eu estivesse, minha mulher já tinha achado a gente.

Amor por fofoca

Se cada um cuidasse da sua própria vida, isso aqui não ia ter graça nenhuma!

Ditado de trampo

Trabalhe com o que você gosta e nunca mais você vai gostar de nada nessa vida!

Chatice

Sou tão chato, que teve um Dia dos Pais que eu mesmo comprei um presente pra mim e não gostei, te manca!

Nunca decepciona

A vantagem de ser ruim em alguma coisa, é que você nunca decepciona, você sempre faz mal feito!

Novela

Égua da novela doida da porra, uma mistura de Lost, De Volta Para o Futuro e Walking Dead, fdc!

Velho pra show

Mais um show desses e eu vou parar em Cayena. Tô muquiado!

Serviçal

Já passei por tanta largura/salvação nessa vida, que se eu for pra o céu, é na função de serviçal.

Flamengo 2023

Flamengo resolveu tirar um ano sabático.

Esse ano para o Flamengo, foi igual a um aniversário meu, em que eu gastei uma nota e não ganhei porra nenhuma.

Emputecer

Se tem uma coisa que me deixa puto, é a pessoa achar que eu tô mentindo, e eu estar mentindo mesmo.

Eclipse

Amanhã, já vou direto no INSS pedir minha aposentadoria, minha vista até agora ainda não tornou.

Sexta

A sexta-feira parece que testa a gente, pra ver se no fim do dia, a gente merece mesmo aquela cerveja bem gelada, que traz uma paz sem igual.

Falsa modernidade

Não há modernidade nenhuma no restaurante que não oferece cardápio físico para o cliente, é desagradável e corta o barato, tu dentro do restaurante, ter que estar abrindo aplicativo toda hora pra saber o que tem pra comer.

Calor

Já tá mais do que na hora do governo criar o Minha Piscina Minha Vida, fouda-se do calor!

Multidão e Tumulto

Não há diferença nenhuma entre o desespero do bolo de aniversário da cidade e a Black Friday da Eletroshop.

Fernandinho Bedran gira a roda da vida. Feliz aniversário, irmão! – (@NandoBedran13 e @BedranCoelho)

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Quem gira a roda da vida pela 57ª vez, neste décimo terceiro dia de novembro, é o Fernando Bedran. Um brother muito querido e por isso lhe rendo homenagens, pois trata-se de um cara porreta!

Com 27 anos de Amapá, Bedran é um paraense que escolheu nosso estado como seu lugar no mundo. Fernandinho é um baita cara paidégua. Sério, não é clichê, pois nunca conheci um figura igual a ele. Trata-se de um sacana porreta à máxima potência multiplicado ao cubo. Além de sábio, dono de vasta cultura geral e extremamente inteligente, ele é um homem bom de coração, sábio, tranquilo e ponderado. Uma pessoa que não fala mal de ninguém. A não ser dos filhos da puta, pois estes ele combate em tempo integral, assim como todos deveríamos fazer.

O Bedran é o marido apaixonado da Elainy Alfaia (outra que é um lindeza de pessoa), pai de três filhos, libanês da Cidade Velha, Rosa-Cruz, degustador de heinekens tuíras, presidente da Divisão Internacional da Vida Alheia (D.I.V.A.) no Amapá, recordista intergaláctico de gentebonisse, mestre em paidéguice boêmia, fabricante e sócio-diretor da PimentArte do Brimo, administrador comercial, fã dos quadrinhos (principalmente de Asterix), amante de boa música, locutor e DJ da Rádio Fuleiragem, ilustre morador de Santana, melhor papo de bar que conheço (onde ele é também meu providencial conselheiro), além de querido irmão de vida.

Conheci Bedran há mais ou menos 24 anos, em uma reunião de amigos. Quando entrei na festa, ele arranhava um violão e cantava “Sessão das 10”, música do Raul Seixas. Foi empatia na hora, pois aquele bicho animava o ambiente, como é de seu feitio. De lá pra cá, fortalecemos a amizade e bebemos juntos (às vezes bem e noutras mal acompanhados) uns dois rios Amazonas de cerveja.

Longe da larga e comprida esteira dos “Maria vai com as outras”, Bedran é um cidadão tenaz, coerente, instigado, de visão crítica e justa, que promove a reflexão nos que lhe cercam. A gente admira o sacana. Paralelo a isso, é um doidão que não cultiva mágoas ou rancores. Só dispara contra pessoas sórdidas ou hipócritas (só uns 2%, pois nos outros 98 o cara é só alegria).

Já disse e repito: Bedran é uma das pessoas que mais gosto de ter por perto, por conta da energia boa e positividade que o figura irradia. Um figura que usa o hemisfério esquerdo do cérebro para o bem dele e de quem o cerca.

Fernando Bedran não é jornalista, poeta ou escritor por pura falta de vontade, pois ele tem talento, senso crítico, ins-piração e conhecimento demais. Certamente seria caralhento em qualquer uma dessas atividades (ou em todas). Só para vocês terem uma ideia, o Fernando Canto escreveu o conto Mama-Guga (que nomeia seu livro de mesmo nome), realismo fantástico de primeira linha, inspirado em papos com o Fernandinho. Avalie!!

Meio bruxo, meio alquimista, parece que o maluco veio enviado de outra dimensão para disseminar alegria, disparar sacadas geniais, sarcasmo boêmio, ironia fina e pérolas da boa sacanagem (ao som da sua inconfundível gargalhada). Outra coisa que sempre repito é a frase do meu irmão, Emerson Tavares: “Bedran é melhor para tomar cerveja do que tira-gosto de charque”. E é mesmo!

Fernandinho, que teu novo ciclo seja ainda mais feliz, produtivo e iluminado. Que sigas pisando firme e de cabeça erguida em busca dos teus objetivos, sempre com esse sorrisão e alto astral contagiante, além de paciência invejável, senso de solidariedade e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. E que tua vida seja longa, repleta de momentos porretas. Você merece. Parabéns pelo seu dia. Feliz aniversário. Turcão (ele como bom libanês por descendência, não curte ser chamado de turco, mas a gente sacaneia)!

Elton Tavares

“Trovão Azul”, o Chevette do Bruno (uma crônica minha sobre um carro, amizade e boas lembranças)

Trovão Azul, o chevette do Bruãno

Lendo sobre curiosidades, soube que o o último Chevrolet Chevette, carro da General Motors, que foi lançado no Brasil em 1973, saiu de fábrica em 12 de novembro de 1993. E lá se vão 30 anos, completados ontem.

Meu pai teve esse modelo de automóvel. Aliás, meu velho possuiu dois Chevettes: um branco, que comprou zero Km na Sevel, todo bonitão, com painel emadeirado e tudo, e outro na época de vacas magras, amarelo e todo corroído, que apelidamos de “fuinha”. Era horrível aquele carango!

Mas sobre Chevettes, lembrei mesmo foi do “Trovão Azul” (em alusão à série de TV na qual um helicóptero era chamado assim), o carro do querido amigo Bruno Jerônimo. A gente aprontou muito naquela viatura de doidos.

O Trovão Azul era igual a coração de mãe, sempre cabia mais um maluco. Ali não pegava mau olhado, era protegido por São Raul Seixas e devidamente defumado. Bons tempos aqueles do Chevette do Brunão, Quiosque Norte Nordeste (na Praça Floriano Peixoto), da antiga turma.

Meu velho amigo Brunão.

O Trovão Azul não tinha acessórios e nem ar condicionado. Nem era superconfortável, mas todos queriam andar naquele Chevette. Ora, senão!

Lembro de uma vez que íamos, eu e Bruno, para a casa da Giselda, lá no Boné Azul, era niver da Luíza, filha dela. Dois motoqueiros bateram com capacete em cima do Trovão Azul… deu muita raiva, quase sai porrada, mas eles foram embora. “Tantas emoções”, já diria o Roberto Carlos.

Ilustração de Ronaldo Rony

O Trovão Azul percorreu Macapá e nos levou em várias aventuras e poucas desventuras. Ele era um carro velho, mas cheio de histórias bacanas, totalmente impublicáveis.

Os anos passaram, o Brunão vendeu o Trovão para o Samuel (que o transformou num Chevette de playboy), as coisas mudaram muito, cada um da velha turma cuidou de si e a vida seguiu.

Naquela época, a gente vivia contanto moedas para nossas reuniões etílicas regadas a rock. E isso é uma lembrança feliz. E como é!

Elton Tavares

Livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias” – Foto: Flávio Cavalcante.

*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020. 

Hoje é o Dia Nacional do Riso (Ria sempre que puder)

Hoje, 6 de novembro, é o Dia Nacional do Riso. A celebração teve origem em Mumbai, em 1995, com o Dia Mundial do Riso, onde 12 mil membros de seis mil clubes sociais de diversas partes do mundo juntaram-se em uma mega sessão de riso. O evento foi criado pelo fundador do movimento Yoga do Riso, Dr. Madan Kataria. Surgiram então, os chamados “Clubes de Yoga do Riso”, que praticam a terapia do riso.

Rir é bom. É um exercício de felicidade. Dizem que faz bem pra saúde e transmite satisfação. Hipócrates, o pai da medicina, no século IV a.C. já utilizava animações e brincadeiras na cura de pacientes. Daí o adágio popular “Rir é o melhor remédio”.

Gosto de gente inteligente, alegre, bem humorada, engraçada e de alto astral. Nunca acordo mordido; se fico puto por algum motivo, dou risada após revolver o problema.

Já disse tantas vezes: a gente ainda vai rir disso. E, assim foi. Rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite. A Monalisa não tem sobrancelhas e mesmo assim vive com aquele sorriso maroto. Rir aproxima e estreita laços. Também cria oportunidades e abre portas.

Dou risada quando escrevo um bom texto, quando um safado se ferra, quando vou ao bar com amigos ou em reuniões familiares. Rio quando aquela menina inteligente diz que lê este site e elogia um texto. Até quando me fodo dou risada, afinal, rir é melhor que chorar, sempre.

Já diz o jornalista da Folha de São Paulo, José Simão: “o Brasil é o país da piada pronta. Rimos dos fatos que deveriam nos chocar, de tão corriqueiros”. Mas, lembrem-se das palavras de Vítor Hugo: “e que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero”.

Como disse o amigo ator/palhaço/jornalista, Dan Alves: “somos palhaços porque estamos há um tempão tentando maquiar nossas imperfeições com o riso. Felizes aqueles que têm uma piada na ponta da língua, que dramatizam situações engraçadas para os amigos rolarem de rir; que quando bebem algumas doses, sobem na mesa e fazem todos lagrimarem de tanta bobagem. Desoprimam o riso. Libertem a piada”. É isso aí!

Elton Tavares

*Só uma coisinha, essa sessão “Datas Curiosas” deste site incomoda alguns, que chegaram a reclamar de tais registros. Ainda bem que todo dia é dia de alguma profissão, atividade ou brincadeira. Acreditem, tem gente que não gosta. Mas são somente os amarguinhos que encontramos pela vida.

Cemitério: um lugar de encontro e memória- Crônica de Fernando Canto

Crônica do sociólogo Fernando Canto

No cemitério todos estão iguais: mortinhos. Mas as pessoas que o visitam no Dia de Finados estão ali para reverenciar os mortos pelas suas qualidades, pela saudade que ficou, pelo respeito à obra que deixaram ou pelo amor que ainda paira na lembrança.

Assim o cemitério torna-se um lugar da memória porque ali cada lápide é uma imagem que enclausura um objeto de representação social ou familiar. E a presença dos parentes e amigos não só traz o significado do respeito e da fé religiosa como também o da mudança que se opera em todos os homens e mulheres diante da inflexibilidade da morte. Torna-se também lugar de oração, culto e reflexão.

Embora já não represente mais tanto mistério nem incuta mais tanto medo, o “campo santo” no centro da cidade é apenas mais um dos tantos aparatos urbanos encravados e irremovíveis que chegam a causar muitos problemas para as administrações municipais. Principalmente os de natureza ambiental, porque o chorume humano polui densamente os lençóis freáticos das suas redondezas, algo semelhante quando combustíveis como óleos ou gasolina penetram no subsolo.

É um lugar democrático: defuntos de todas as classes sociais estão enterrados nele. É um local frequentado por pessoas de todo tipo, que expressam seus sentimentos das mais diversas maneiras. Há fanáticos, por exemplo, que se atrelam a um devocionismo doentio, pois crêem que determinado defunto faz milagres e por isso pedem o que querem e inundam seu túmulo com plaquetas de agradecimento “pela graça alcançada”. Já vi homens virarem santos por obra e graça dessa morbidez que povoa a cabeça dos devotos. Vi pessoas serem homenageadas com pompas fúnebres pela ilibada conduta pessoal e profissional que tiveram, assim como já vi impropérios atirados a assassinos mortos pela polícia e a um político que a vida toda enganara eleitores e a família. Soube, inclusive, que nos anos 60 muita gente soltou foguetes no enterro de um delegado famoso por sua perversidade para com os presos.

O cemitério também é um lugar de encontro dos amigos. Ora, depois de uma rezada básica e uma vela acesa para os parentes, antigos amigos que hoje só se encontram no dia das eleições ou numa decisão do campeonato amapaense, se cumprimentam e se põem a conversar sobre conhecidos que já morreram. Então vêm à tona inesquecíveis episódios e velhas piadas sobre eles. A memória se reacende e traz de volta à vida o homem e sua conduta, mesmo que lhe reste apenas o pó dos ossos sob a lápide.

A conversa gira sobre os assuntos mais banais: desde a vizinhança de túmulos de entes queridos aos preços cobrados pelos coveiros que estão “pela hora da morte”; desde os “bons e velhos tempos” às doenças enfrentadas por eles (principalmente o diabetes) e as consultas periódicas aos médicos; desde aos planos mais mirabolantes às tentativas de convencimento a votar em certo candidato.

Em que pese a gritaria e o comércio de ambulantes que quase não deixam as pessoas passarem na frente do cemitério, a homenagem aos mortos passa a ser um acontecimento um tanto quanto banalizado pela força do capital que se instaura em qualquer lugar, seja onde for. Alguém vai sempre lucrar com isso. E como a morte rende… Não é à toa que cada vez mais aumenta o número de vendedores e de produtos diversificados nas proximidades das necrópoles. Não é à toa que o comércio abre suas portas mesmo sendo feriado.

Não quero dizer que acho isso estranho, pois tudo muda, evolui. Mas lembro com certa saudade a programação musical da extinta Rádio Educadora no dia de finados. O dia todo só tocava música clássica. Isso despertou em mim a curiosidade pelos eruditos que os padres italianos ouviam com prazer.

Cemitério é palavra que vem do grego, koimeterion, que significa “dormitório”. Como eu não quero ainda “dormir” na cidade dos pés juntos, prefiro me programar para ir até lá no dia dos finados, exercitar a memória e jogar conversa fora com os amigos.

Prefácio do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias” – Por Fernando Canto

Tagaha Luz, o primeiro incentivador para o livro, que morreu em 2016.

Por Fernando Canto

Após a súbita subida dimensional do nosso inesquecível amigo Tãgaha Soares, o Elton Tavares me elegeu para escrever o prefácio do seu primeiro livro de crônicas e contos. Haja responsa.

Já se passaram dois anos, e eu aqui tentando alinhavar umas palavras que coubessem no seu texto carregado de frases insólitas, no conjunto do seu fazer insistente em dar forma e existência a uma produção intelectual que traz a lume no seu famoso site “De Rocha”.

Ao leitor inabitual fica a advertência: você vai encontrar palavras inexistentes, mas deverá compreender o intuito, pois o autor é chegado a um neologismo onde realmente nenhuma palavra cabe, e a gírias atuais, modernas, que pessoas da geração dele se comunicam com libações ao redor de uma cerveja do polo sul. Fica também a informação de que palavras como: ”infetéticos”, “migué”, “tals”, “óquei”, “brodagem”, “caralístico” “paideguice”, “sequelado” e “rabugem” trazem sempre uma boa dosagem de ironia e lirismo, porque, como ele mesmo diz: “Nunca fui convencional”. E sempre que pode reafirma recorrentemente: “É isso!”

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Nestas crônicas Elton Tavares se exime de toda a responsabilidade textual que venha possibilitar relação com a sua trampagem (O cara é jornalista, brother!). Disso ele se esquiva e mergulha fundo com independência e caráter. E navega por trilhas que abre diuturnamente como o seu peso e coragem, até encontrar outros rumos temáticos. São saborosas observações do cotidiano expressas de forma, diria novamente, inusitadas, dinâmicas e expostas ao sol do equador com seus cabelos-letras-acentos ao vento do Amazonas. Se elas têm sabor, têm cheiro & pele, têm espuma & malte. Têm, sobretudo, a ausência do conservantismo prosaico e das platitudes tão comuns dos que escrevem suas observações cotidianas sem o compromisso com a escritura, ao invés de tê-la como um deleite da vida humana. Por isso elas são irretocáveis no conteúdo e irreverentes, também no endereçamento aos hipócritas.

Elton Tavares e Fernando Canto, no traço de Ronaldo Rony, que ilustrou o livro.

Creio que as crônicas aqui escritas – muitas delas circunscritas ao Amapá – carregam gestos excruciantes que nos levam a refletir sobre a noção de espaço, pois às vezes temos a intenção de ser espaço. E, por carregarmos muitos vazios dentro de nós, antes e depois do almoço, a intenção é o próprio espaço que esperamos preencher com algo de bom que ficou da nossa vida por um tempo. As crônicas tavarianas me dão esta louca impressão de saciedade, mas depois a fome de ler volta com os cascos, que só pode ser saciada na companhia de uma cerveja bem gelada.

Foto: Flávio Cavalcante.

*O livro foi lançado em setembro de 2020.

Fórmula para espantar azar de sexta-feira 13 – (Antonio Juraci Siqueira – Do livro: “Os Novos Versos Sacânicos”)

Fórmula para espantar azar de sexta-feira 13

Caro leitor, nestes versos
eu vou lhe dar uma dica
pra passar a sexta feira
longe de qualquer pissica.
Essa fórmula porreta,
encontrei numa maleta
que veio da Martinica.

Compre 7 caldeirões,
7 colheres de pau,
7 litros de cachaça
e todo o material
desta lista. Mas cuidado,
pois se fizer tudo errado
você vai acabar mal!

No reino dos vegetais
pegue 7 pés de arruda,
7 folhas de assacu,
7 bananas parrudas,
7 sementes de urtiga,
7 pimentas graúdas.
Coloque tudo num tacho,
acenda fogo debaixo
e aos orixás peça ajuda.

Junte no lixo da esquina
7 cartas de baralho,
7 cuecas furadas,
7 pedras de chocalho,
7 rolhas de cortiça,
e 7 cabeças de alho.
Soque tudo num pilão
e jogue no caldeirão
para dar menos trabalho.

Traga do reino das águas
tudo o que achar bem maroto:
7 dentes de piranha,
7 rabos de tralhoto,
7 cabeças de bagre,
7 vergalhos de boto.
Prosseguindo a operação,
despeje no caldeirão
com bastante água de esgoto.

Pegue no reino animal
7 rabos de tatu,
7 pirocas de gato,
7 bicos de jacu,
7 miolos de pomba,
7 penas de urubu
e, nessa mistura fina,
acrescente estricnina
e veneno de urutu.

Deixe os 7 caldeirões
7 dias em fogo pleno,
depois deixe essa poção
7 noites no sereno.
7 semanas mais tarde,
ponha tudo, sem alarde,
dentro de um tacho pequeno.

Terminada a operação,
reze 7 ave-marias
e derrame o conteúdo
do tacho em 7 bacias.
Faça uns rituais estranhos
depois tome 7 banhos
e espere melhores dias.

Se depois dos 7 banhos
nada mudar, companheiro,
é que o feitiço virou
contra o próprio feiticeiro!
Nesse caso irás curtir
7 anos de atoleiro,
vivendo às custas de esmola,
levando pau na cachola
e sarapó no traseiro!

Feliz Sexta feira 13, meu povo!

(Antonio Juraci Siqueira – Do livro: “Os Novos Versos Sacânicos”)
*Contribuição de Jorge Herberth.

Criança diz cada uma…- Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

“Criança diz cada uma” era uma seção da revista Pais & Filhos que eu gostava de ler, no começo dos anos 1980. A página, assinada por Pedro Bloch, jornalista e médico foniatra, pioneiro na área de fonoaudiologia, era um painel humorístico que explorava muito bem a lógica que só criança tem. Ele anotava tudo o que as crianças consultadas por ele diziam/faziam. Eu também tinha essa mania, anotar coisas que meus sobrinhos diziam/faziam, e sabia que um dia iria publicar. Acrescentando tiradas dos meus filhos, filhos e sobrinhos de amigos, apresento aqui e agora esses flagrantes de inteligência infantil.
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Meu sobrinho Rodrigo, após longa reflexão:
– Tio! Dinheiro custa caro, né?
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Meu filho Pedro: Pai, droga não é proibida?
Eu: Sim, filho. É proibida.
Pedro: E por que tem tanta drogaria na cidade?
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De novo o Pedro. Era período de horário eleitoral gratuito na televisão, o Pedro trocando de canal e vendo sempre a mesma programação: o candidato falando das suas propostas. Aí, vendo que só tinha aquilo em todos os canais, me saiu com esta:
– Pai, estamos cercados!
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Meu filho Artur, naquela fase de imitação de bichos.
– Como é que o cachorro faz, Artur?
– Au! Au!
– E o gato?
– Miaaau!
– E a vaquinha?
– Muuuuuuu!
– E o pintinho?
– Tá ati! Falou o Artur, apontando para o próprio.
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Esta foi com o Lucas, sobrinho do Manoel. Cheguei à casa dos dois quando o Manoel tinha saído pra tirar cópia da chave:
– E aí, Lucas? Cadê teu tio?
– Foi tirar xerox da chave!
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O Arthur, filho da Telmah, vendo os garis recolhendo o lixo:
– Mãe! Tão roubando todo o nosso lixo!
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Diálogos entre a mãe Karen e a filha Clarice.
Clarice: Voxê vai tabalhar de novo?
Karen: Vou sim!
Clarice: Eu quero tabalhar também… como pinxesa!

Karen: Clarice, você tá com sono?
Clarice: Não! Tô feliz!

Karen: Clarice, que música é essa que estás cantando?
Clarice: A música da tua vida!
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Gabriel, filho da Tânia e do Marcelo.
Gabriel chegou da escola descabelado, com a roupa suja e amassada.
Tânia: Gabriel, eu vou à tua escola ver como andas.
Gabriel: Precisa ir à escola pra ver como eu ando? Eu ando assim, mãe, ó…
Deu uns quatro passos e disse:
– Mãe, a senhora fala cada besteira…

Tânia estava dirigindo e ouvindo Legião Urbana. No carro, estavam a mãe e a tia da Tânia, duas senhoras muito recatadas, e o Gabriel. Eis que entra a parte em que o Renato Russo diz “Se não for masturbação, use camisinha”. Gabriel virou para a avó:
– Vó, o que é masturbação? A senhora pode me ensinar com detalhes?

Tânia e Gabriel entram num ônibus lotado e uma senhora, muito solícita, se oferece para que Gabriel prossiga a viagem sentado em seu colo. A senhora puxa conversa com Gabriel:
– E você gosta de fazer o quê?
– Gosto de ouvir música.
– Que bom! Eu também adoro música! Gosto do Calipso, gosto do Luan Santana, gosto da…
Gabriel, com a franqueza brutal das crianças, interveio:
– Poxa! A senhora só gosta de música ruim!
E a cara da Tânia ficou onde?
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Vem história da Espanha, onde vivem a mãe Ana Cláudia e a filha Ana Belén.
Ana Belén estava com um pouco de tosse e ouviu Ana Cláudia dizer que, dependendo de como passasse aquela noite, iria ou não pro colégio no dia seguinte. Quando amanheceu, ela começou a tossir (forçando a tosse) e a mãe Ana reclamou:
– Ana Belén, você não tossiu a noite toda! Como começou a tossir só agora, justo na hora de ir pro colégio?
– Claro, mamãe! Eu estava dormindo, como ia tossir?
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Andréa falando sobre o sobrinho Leonardo.
Eu estava vestida com uma daquelas roupas velhinhas e confortáveis que gostamos de vestir em casa. Ele me olhou seriamente e disse:
– Coitadinha da titia, tão pobrezinha! Usando um vestido toooodo furado!

Uma criança reconhece a inocência de um animal. A Amanda, enquanto brincava com o Aslam:
– Tia Andréa, às vezes eu esqueço que o Aslam é um cachorro. Ele parece uma gente criança.
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Cleia contando histórias da Laura.
Laura havia se afastado da gente na praia e ficamos 20 minutos procurando por ela. A encontramos brincando com areia debaixo de uma mesa, distante de nós.
Depois de termos falado sobre isso por uma semana, voltamos à praia e, num momento em que Laura estava novamente brincando na areia, alguém vai até ela e pergunta:
– Está bem, Laura?
Ela olha pro alto e, com toda a inocência, pergunta:
– Tô perdida?

Outra da Laura.
Mãe e filha passeando pela cidade.
– Mãe, bora comprar sorvete?
– Não temos dinheiro!
– Então, bora comprar dinheiro?

Cleia e o sobrinho Herbert.
Em visita ao filho da Cleia, que tinha acabado de nascer, Herbert olha o bebê no berço e logo pergunta:
– Quanto custou?
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Quem vai querer refrigerante? E a Luana responde:
– Eu quero uma Santa Uva!
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O Enzo, após dar um arroto daqueles:
– Ops! Amarrotei!
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– Mãe, me dá um irmãozinho?
– Mas como vou te dar um irmãozinho?
– A gente compra! Passa no cartão e depois a gente recebe na portaria!
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E os dialetos que as crianças inventam? O Rauan quando queria tomar água:
– Gapiaga!
E quando queria jogar videogame:
– Gapiogôgo!
Bom, a família tinha que se esforçar um pouco, mas acabava entendendo.
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Mateus falando para o pai Marcelo:
– Pai, tô com uma África na boca!
Era afta, mas ele não deixa de ter razão. A África está mesmo por toda parte de nós.
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Meu grande amigo e agora vovô, Euclides foi interpelado pela Maria Eduarda, de 4 anos:
– Vô, por que você não arruma sua mesa de trabalho como pede pra eu fazer com as minhas coisas?
Euclides se recolheu a um silêncio envergonhado, mas sorridente, e tratou de arrumar a mesa.
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– Tio, o senhor vai brincar comigo ou ficar bêbido com o meu pai?
Perguntou a Maitê, sobrinha do Elton. O meu amigo, claro, preferiu brincar com a menina. Sábia escolha.
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Nesta história, personagens reais, nomes fictícios. Vai que a criança, hoje adulta, fique constrangida.
José Nilson levou seu filho Eduardo para o trabalho. Ficaram os dois na sala, José Nilson trabalhando e o filho lendo uns gibis. O menino ficou tão distraído que não notou a moça da limpeza entrar. De repente, ele fala para o José Nilson:
– Pai, eu quero pei…
Antes de terminar a frase, ele nota a presença da moça, fica envergonhado e sai correndo da sala. Até hoje permanece esse mistério: o que será que ele queria fazer?
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É isto. Vou recolher mais histórias e, quem sabe, não sai uma continuação desta crônica? Mandem aí.

A Lenda do Pato no Tucupí – Crônica porreta de Orlando Carneiro

Comecei a criar esta crônica para o Canto de Página do Diário do Pará. Ela veio como numa tempestade cerebral, escrita de uma só digitada. Achei que poderia ser considerada inapropriada, pelos demasiadamente conservadores, para publicação em jornal. Como em livro há maior liberdade, eu a publico aqui, como um Bônus aos meus leitores. Por uma questão de respeito cultural, informo que este texto é ficcional, sendo, pois, uma crônica.

Orlando Carneiro

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A Lenda do Pato no Tucupí

Numa parte isolada da floresta amazônica, havia a tribo Ma’Fu’Xi’co, milenar povo de origem não pesquisada. Vivia da agricultura, da caça e da pesca, tudo muito rudimentar. Dentre os vegetais que plantavam estava a mandioca, da qual era extraída a farinha, feita ao meio dia no calor de ita’Kú (pedra amarela).

O caldo que saía da raladura e da prensagem da mandioca, chamado de tu’Kú (líquido amarelo), era usado para a caça, pois sendo venenoso, era colocado em cabaças nas trilhas dos animais, e estes morriam ao tomar tu’Kú.

Os índios tiravam as vísceras envenenadas e comiam a carne à vontade, pois o veneno não a atingia. Havia muitos veados na mata, e principalmente estes morriam logo que tomavam tu’Kú. Os Ma’Fu’Xi’co estavam pensando em plantar árvores de cuiuda (ou cuieira), pois era cada vez menor o número de trepadeiras cabaçudas (ou cabaceiras) na região, para fazer as cumbu´cas. Quando os Ma’Fu’Xi’co brigavam, eles discutiam muito, e desejavam a morte uns dos outros, gritando bem alto:

– Vão tomar tu’Kú.

Ma’Q’Xi’Xí era um jovem índio que se apaixonou por uma Xo’Xo’ta (índia formosa), filha de K’bi’dela, o pajé, e que era muito namoradeira, namorava com todo mundo mas não queria nada com Xi’Xí (assim era chamado o jovem). O apelido da índia era “ga´linha de K’bi’dela”. Xi’Xí, loucamente apaixonado, tentou conquistá-la:

– Tu pode vir P’í (quente), que eu estar P’á (fervendo).

– Vai tomar tu’Kú, foi a resposta definitiva da jovem.

Xí’Xí, ao ser rechaçado, resolveu se matar. Mas tinha que ser um suicídio diferente, que chamasse a atenção. Resolveu tomar tu’Kú , mas antes o pôs no fogo, até que ele P’á (fervesse). Ele achava que se tomasse P’í (quente, depois da fervura dada),a morte seria mais rápida, indolor. Quando o tu ‘Kú ficou no ponto, ele tomou bem P’í. Surpresa : não morreu. Ao contrário, achou que tomar tu’Kú era até que gostoso. Saiu gritando: “tu’Ku’P’í bom, tu’Ku’P’í bom “.

A mãe de Xi’Xí, ao ver que o filho havia tomado tu’Kú, tentando o suicídio, e estava gritando que o veneno era bom, resolveu tomá-lo, pensando que iria morrer junto com o filho, e teve a mesma surprêsa: não apenas não morreu, como aquele líquido amarelo, fervido sem tempero algum, era bom demais, imagine se bem preparado.

Excelente cozinheira, a índia mãe resolveu preparar alguma coisa para acompanhar o tu’Kú’Pí. Pensou antes em frutas, e procurou todas as que fossem Kú: Ba’Kú’rí, Kú’P’u’Açú, Tu’Kú’ Mã, e até A’bri’Có. (Até hoje não se sabe porque o nome não é A’bri’Kú, pois a fruta é amarela). Não deu certo. pensou em peixes Kú: Pí’Ra’Ru’Kú, Pá’ Kú, Tú’Kú’Na’ré, Kú’ri’ma’tã. Até que ficaram bons, mas ainda não eram os acompanhantes ideais. Tentou os animais: car´nei´ro, vá-ca, gá’los. Destes, os gá’los eram os que mais se aproximavam do ideal. Teve até um fato inusitado:

“K’bi’dela Jr. Emoticon smile”filho de K’bi’dela”) jogou no tú’Kú, a P’ir´qui, (periquita) da sua mãe, e quase foi obrigado a tomar tú’Kú, pois a citada periquita era muito querida, principalmente pelo seu índio pai). Xí’Xí perguntou para a mãe: “porquê tu num experimenta P’á-to´to” (“ave de tesão {tô que tô} fervente (pa), pra jogá no tu´Kú quando tiver pa (fervendo)? Ela experimentou, e os dois acharam que era o ideal, o P’á-to´to no tú’Kú’P’í.

Para ter um verde no prato, ela juntou folhas de uma plantinha que gostava muito, o jam´bú Emoticon smile “folha da tremelicagem”) e xi´có´ria Emoticon smile “folha que está sem estar”).

Chamaram os índios e deram para que eles provassem. Os índios vieram meio ressabiados, mas eram muito curiosos (daqueles que cheiram microfone de repórter), experimentaram e gostaram. A partir daí, o p’á-to´to no tú’Kú’P’í passou a ser o prato típico daquela aldeia perdida na amazônia. Xi’Xí, feliz, dizia para todo mundo que era melhor comer o p’á-to no tú’Kú’P’í era “que a ga´linha de K’bi’dela.”

Felizes com a descoberta e com a fama, Xi’Xí e a mãe passaram a tentar inventar pratos. Tentavam de tudo. Um dia Xi’Xí falou:

Mãe, i si nós juntá Ma’ní (folha da maniva) , com tudo que é Só (gordura animal), e B’a (ferver intensamente, dias infindos), será qui vai ficá uma cumida gostosa e nos deixá mais famôsos ?

– Num sei, Xi’Xí. Ma’ni’Só’B’a ? Acho qui é veneno.

– Será? O tu’Kú num era ? Sei não. Vá tapá (novo prato na aldeia? N.A.) a penela do tu’Kú qui tá P’á. Eu vou colher Ma’ní, juntá muito Só e B’á tudo junto. Sí dé certo a Ma’ni’Só’B’a, vou ter todas as Xo’Xo’tas (índias formosas) da tribo no meu mão.

* Orlando Carneiro já publicou inúmeros livros e é um escritor muito conhecido no Pará. Essa crônica foi uma contribuição do amigo do autor e meu também, Fernando Canto.

O Equinócio de Primavera e o meu amigo Fernando Canto – Crônica de Elton Tavares (atualizado do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Foto: Márcia do Carmo

Em Macapá aconteceu, às 3h50 deste sábado (22), o Equinócio de Primavera. O fenômeno ocorre duas vezes ao ano, em março batizado como Equinócio das Águas, por conta do aumento do nível das águas e em setembro. O solstício marca o início das estações e faz com que o dia e a noite durem igualmente 12 horas. O fenômeno astronômico marcará o início da Primavera, em que a terra se inclina fazendo com que a Linha do Equador fique mais próxima da direção do sol.

Elton Tavares e Fernando Canto, no traço de Ronaldo Rony, que ilustrou o livro.

Em 2012, quando cobri o acontecimento, o Equinócio ocorreu exatamente às 11h49 do dia 22 de setembro daquele ano. A luz do sol ultrapassou a linha imaginária do Equador, por dentro do obelisco do Monumento do Marco Zero. O fenômeno é visualizado em Macapá, única capital brasileira cortada pela linha que divide a terra em dois hemisférios: Norte e Sul. É um belo espetáculo!

Além do calor, show de luzes solares e florescer da natureza, o Equinócio sempre me lembra do amigo Fernando Canto. O escritor, poeta, entre outras tantas coisas porretas, é apaixonado pelo fenômeno natural, como também morre por amores de muitas coisas da nossa Macapá. O amigo até escreveu um livro, em 2004, e o batizou de “EquinoCIO”.

Ilustração: Ronaldo Rony

Dono de frases como: “E cá estou: no mais profundo mar. Sem culpas. Mudando como o sol na manhã de um equinócio da primavera”;Que o sol em seu esplendor, neste Equinócio de Primavera, nos dê energia para enfrentar o trabalho e iluminar nossos passos pela vida”, “Do outono ou da primavera. Depende de que lado do mundo você está. Escolha o meio” ou parte de um poema: “Ao meio-dia, assombro-me em segredo – Encolhidinho – no equinócio da alma”, Fernando Canto segue a descrever poeticamente o equinócio com mais luz que ele próprio.

Certa vez, pela rede social Facebook, Fernando disse-me: “brother, um bom dia de equinócio pra você. Muita energia e sinta-se A-sombrado (sem-sombra ao meio dia). Constate isso. Acho que da mesma forma como os paraenses saúdam seus conterrâneos dizendo “Bom Círio”, nós, do Amapá deveríamos dizer “Boa Luz para você” ou “Bom equinócio, minha nega”.

Ilustração: Ronaldo Rony

Aí pensei: esse cara é mesmo porreta, “fouuuu” (outra expressão dele, que não é “otáro”)!

Ainda bem que temos muita beleza natural e fenômenos como o equinócio, que acontecem duas vezes ao ano. E ainda melhor que temos pessoas como Fernando Canto, que vivem a cultura e a magia do Amapá e que acontecem o ano todo. Portanto, boa luz pra você!

Elton Tavares

*Atualizado do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”. 

Sobre o meu 47ª dia 14 de setembro (um pequeno balanço deste incrível milagre de eu estar vivo)

Pois é, “caras como eu estão ficando velhos”. Na verdade, já sou. Um pouco menos Gordão, rosto de 45 (apesar da barba e cabelos brancos) e corpitcho de 95, faço 47 anos hoje. Essa idade parecia tão distante e eu achava que estaria mais velho de espírito, mais maduro, mais coerente, mais sensato, muito mais responsável. Além disso, é impressionante chegar há mais de quatro décadas vividas diante das centenas de “bocas cercadas” e “fogueiras puladas”. Ainda bem que o fígado é um órgão que se regenera.

“Batidas na porta da frente… É o tempo. Eu bebo um pouquinho pra ter argumento…”. E não é que aquele moleque doido sobreviveu até aqui. Largura e não foi pouca não.

É, apesar do trabalho que dei ao meu anjo da guarda, deu tudo certo (acho eu). Aniversários são especiais para mim e estou muito feliz de rodar o calendário mais uma vez. São quatro décadas e sete anos com poucos arrependimentos, muitas bênçãos e amigos. Sobretudo, amor e suporte familiar.

Claro que fiz uma porrada de merdas, mas também acertei muito. Já toquei fogo em muitos circos, mas nem um palhaço morreu queimado (no máximo cego ou aleijado). Já provei poderosos venenos e doces antídotos. Costumo brincar ao dizer que graças a Deus, tenho uma sorte dos diabos.

Com a Maitê (sobrinha) e Bruna (namorada), amores da minha vida.

Não tenho do que me queixar. Muita gente me ama e também muita gente me odeia, mas estes últimos por serem quem são, prefiro assim. Sobre eles, deixo somente as palavras do amigo Fernando Canto: “não falo de inimigos, pois como os ex-amigos, eles não merecem a minha ira. Apenas desprezo o que não quero prezar”. Alguns me acham encrenqueiro, mas estouro para não implodir, somente ação e reação, simples assim. Confesso que às vezes exagero, mas sou assim e isso me faz feliz.

Com uma mistureba rock’n roll, MPB, MPA, marabaixo e Samba, ando por aí com um ar meio maldito, sempre de preto, meio Johnny Cash-sem-talento-musical-gordo-negão. Já fui tão doido que o fotógrafo Sal Lima disse que eu era o Tim Maia sem talento musical (risos). A verdade é que sou chato esquisitão bem humorado, mas antissocial que finge ser sociável e tranquilo. Menos inteligente do que muitos pensam e menos burro do que alguns poucos imaginam (“É um duplo prazer enganar a quem engana” – Nicolau Maquiavel).

Com minha mais que maravilhosa mãe e melhor amiga da vida toda, Maria Lúcia.

São 47 anos de muita batalha e de incontáveis vitórias. Profissionais e pessoais. Consegui sucesso, notoriedade e respeito em uma profissão competitiva, cheia de gente muito talentosa e boa. Sobre isso, nunca me reinventei, mas aprendi e aprimorei os métodos, melhorei o trato e fortaleci velhas parcerias. Há tempos, descobri que respeito é o segredo. Ah, arrisquei várias vezes. Claro, rolaram algumas pisadas de bola e frustrações. Faz parte.

Namorei um bocado; amei e desamei; viajei muito; vi shows de rock; sai na porrada várias vezes; comemorei mundiais da seleção brasileira; títulos do Flamengo; desfilei e fui campeão pelo Piratão; frequentei rodas chiquentas e os botecos mais vagabundos; decepcionei alguns; fiz muitos felizes, enfim, vivi uns 60 anos nestes intensos 47 setembros.

Com o Emerson, meu irmão e melhor amigo da vida toda.

Apesar de um monte de doidices, consegui me tornar o Elton Tavares que é escritor, jornalista e editor deste site. E gosto de quem sou. Amo as minhas pessoas e elas sabem quem são, pois sempre deixo isso bem claro, apesar de minhas esquisitices. E agradeço sempre pela minha vida e por todos que sempre me apoiam. Também por me aturarem, mesmo com a incoerência e insensatez de alguns momentos.

A vida profissional acabou com minha postura marginal, pois foi necessário. Afinal, como diz o ditado popular: “Papagaio que come pedra, sabe o cu que tem“. Mas isso não quer dizer que não sinto saudades disso, às vezes. Porém, quem me conhece sabe que aqui não existe falta de atitude. Hoje renovo minhas esperanças nas pessoas e em mim mesmo. A gente tá aqui para aprender e tentar evoluir. Só que uma piradinha vez ou outra faz com que esse processo seja menos tedioso.

O mais legal é que consegui o que muitos não alcançam: SER EU MESMO. Enfim, é realmente um milagre eu estar vivo.

Agradeço não somente hoje, mas todos os dias para Deus, Morgan Freeman, Universo ou seja lá o nome da Força que comanda tudo por aqui pelo amor da minha mãe, irmão, sobrinha, namorada, avó (in memoriam) tios, tias, primos, amigos e o carinho de uma porrada de gente. Sou grato mesmo. Muito obrigado!

“A vida passa muito depressa, se não paramos para curti-la, ela escapa por nossas mãos” – Ferris Bueller’s, no filme Curtindo a Vida Adoidado.

Elton Tavares – Jornalista, escritor e maluco da antiga.

Hoje é o Dia do Gordo – Meu texto/relato bem humorado sobre nós, os gordos

Hoje (10) é o Dia do Gordo. Li que o principal objetivo da data é a conscientização sobre a importância de se manter o respeito por aqueles que estão acima do peso, ou mesmo aquelas pessoas que apenas possuem uma estrutura corporal mais avantajada. Como sabemos, a obesidade pode ser prejudicial à saúde. Porém, não significa que a pessoa que apresenta uma constituição física maior tenha necessariamente alguma enfermidade. Afinal, existem pessoas magras que convivem com diversos problemas de saúde, e nem por isso são vistas com desprezo.

Portanto, o Dia do Gordo visa desconstruir preconceitos, alterar os padrões de beleza estereotipados e combater a gordofobia, que recai principalmente sobre as mulheres.

Sobre o adiposo estado, era porrudo desde 1998, quando deixei de ser uma garrafa e virei um freezer de cerveja. Costumo dizer que engordei muito, mas fiquei mais esperto. Ainda bem que, para muitos, o feio bonito lhe parece.

Sem qualquer tipo de apologia à obesidade, admiro gordos bem resolvidos. Eu não sou assim, mas também não me esforço como deveria para melhorar minha forma física. Sigo feliz ignorando preconceitos e cobranças. Mas confesso, é duro não poder usar algumas roupas ou bater bola com os amigos (só lembro do Bussunda, humorista gordo que morreu ao jogar uma pelada com amigos, em 2006).

A maioria dos gordos são alvo de piadas ofensivas, o que enche o saco de qualquer um que não é um babaca. Minha autoestima só não é mais abalada pela forma de geladeira por conta da sorte que sempre tive, depois de arredondar, com as mulheres. Disso posso me gabar. Afinal, gordo tem que se garantir!

Ah, uma coisa é fato, gordo só faz gordice. Somos desajeitados, gulosos, calorentos, engraçados, entre outras coisas. Sei que é preciso maneirar, pois a saúde cobra caro. Quem dera diminuir de ultramegagordo para somente gordo, mas isso é um processo dolorido e exige sacrifícios.

E os apelidos? Já fui chamado de rolha-de-poço, barriga de lama, corpo de pipo, corpo de coxinha, sargento Garcia, entre tantos outros. O que pegou mesmo foi “Godão”. E eu até gosto desse apelido.

Já tive um corpinho bonito, que enterrei embaixo de toneladas de comidas deliciosas, aliadas a zero prática esportiva. Eu adoro quando um gordão ganha de um figura metido a maromba e quando a gordinha gente fina é mais interessante que a rata de academia sem cérebro.

Enfim, feliz Dia do Gordo a todos os que sofrem com a tiração de barato, encaram com bom humor e muitas vezes conseguem ser mais fodas que muitos idiotas magros ou bombados. Viva nós!

Elton Tavares

*OBS: em fevereiro de 2022, fiz uma cirurgia bariátrica. Não por estética, mas sim saúde, pois eu tava grande demais e com o pé na cova. Mesmo sofrimento no pós operatório, faria novamente, pois perdi mais de 55 kg e a vida melhorou. Se não fosse para voltar a ser saudável, seguiria gordo de boas. Não que eu seja magro. Longe disso, mas estou muito menos porrudo. Força pra gente, pois o mundo só gosta de gente magra ou sarada.