Saudade de Macapá – Crônica saudosa de Ronaldo Rodrigues #Macapa265Anos

Crônica saudosa de Ronaldo Rodrigues

Eu não passei a infância e a adolescência em Macapá. Foi lá em Curuçá/PA (infância) e Belém do Pará (resto da infância, adolescência e parte da vida adulta). Talvez essas duas cidades tenham me preparado para reconhecer em Macapá também a minha cidade. A cidade que, com as duas citadas acima, dá forma triangular ao meu coração e completa minha geografia humana. A cidade que não vivi na infância e adolescência, mas da qual eu estaria, certamente, morrendo/vivendo de saudade hoje.

Saudade do maior rio do mundo rodeando a Fortaleza de Macapá. Saudade das festas populares que aconteciam no local onde hoje é o Teatro das Bacabeiras. Saudade do Igarapé das Mulheres, de viajar na nave que o poeta Osmar Júnior faz lembrar naquela música que é uma obra-prima.

Saudade de ir à Fazendinha curtir uma domingueira com familiares e amigos. Saudade de passear pelo velho trapiche. Saudade da praia do Araxá e dos bares do Aturiá. Saudade das tertúlias da sede do Trem e dos bailes de Carnaval do Amapá Clube. Saudade do Jet’s Bar, do Gato Azul, do Maguila, do Lennon, do Urca Bar e do Royal. Saudade do La Boheme, último empreendimento do Nena Leão, o Rei da Noite. Saudade do Liverpool Rock Bar.

Saudade da Banca do Dorimar, da Casa Leão do Norte, do Flip Guaraná, do Largo dos Inocentes, do Formigueiro. Saudade do Poço do Mato.

Saudade do Quiosque Norte e Nordeste, informalmente conhecido como Bar da Floriano, comandado pelo casal gente boa Neide e Alceu. Saudade do indefectível Antônio, garçom meio marrento, mas também gente boa, que se dividia entre as mesas servindo a uma galera que não estava nem aí pra sanidade.

Saudade de ir, na companhia do Euclides Campos de Moraes, descolar umas namoradinhas nas festas no Círculo Militar ou no Teleclube. Saudade de curtir uma noitada na companhia do Alcy Araújo e Isnard Lima. Saudade do Hélio Penafort, Correa Neto, Sacaca, Suerda, Macunaíma, Ivo Cannuty, Babá, Bi Trindade, Pai Véio e Pai d’Égua. Saudade do Fred Lavoura, do Foa, do Pururuca.

Saudade de ir às terças-feiras assistir ao Projeto Botequim, no antigo Sesc Centro. Compromisso selado de uma galera que, em certo momento, nem se interessava mais em saber qual o artista que iria se apresentar. O nosso encontro era o que nos atraía. Depois, sair pela noite e, esgotadas todas as opções de bar, tomar a saideira na sede da Úbma.

Saudade do tio Duca, do bar do Metralha, do Tigrão. Saudade do Xixi e do Xiri Molhado, do Bang Bar, do Cabaré Safári, do Bar Caboclo, do Hollywood, do Juçarão. Saudade do Pau Preto, hoje Black Dick, do Bar da Loura, da Casa das Máquinas, da Casa Amarela, do Fundo de Kintal.

Saudade de sair com a minha turma de rebeldes do Colégio Amapaense e tomar umas inocentes brejas no Xodó, pitoresco bar capitaneado pelo não menos pitoresco Albino.

Saudade de assistir a um bom filme de Tarzan no Cine João XXIII, no Cine Macapá, no Orange, no Veneza ou no Territorial. Saudade de ir com a minha galerinha (que devia se chamar patota naquela época) tomar sorvete no Novotel.

Saudade das conspirações contra a ditadura. Saudade do Chaguinha. Saudade do Moap (Movimento Artístico Amapaense), onde o mestre R. Peixe agitava arte, com Olivar Cunha e o indomável Estêvão da Silva.

Saudade do início do grupo Pilão, de ouvir o Canto do Fernando. Saudade dos primeiros acordes do Movimento Costa Norte. Saudade do Nonato Leal solando seu violão mágico e do Mestre Oscar regendo sua orquestra.

Saudade de me sentir chocado com as peças do Celso Dias, como A Santificação de Agarantu, que custou ao autor um processo de excomunhão.

Saudade de ouvir histórias sobre o engasga-engasga. Saudade de ficar aterrorizado com a seringa contaminada do Bambolê.

Saudade do tacacá da tia Bebé e da tia Luci. Saudade do salgado da tia Nenê, de degustar um quitute da Zinoca e da Dedeca. Saudade da arte de Niná Nakanishi. Saudade de Ladislau, tia Gertudes, tia Chiquinha, Julião Ramos, mãe Luzia.

Saudade dos craques Bira, Aldo, Jasson. Saudade do Zé Penha, goleiro que defendeu as cores do Ypiranga e São José.

Saudade de ouvir aquele amontoado de sons no Complexo Zagury, com cada quiosque levando uma música ao vivo. Lula Jerônimo e Lady Púrpura pontificavam por lá. E o Fineias (de vasta cabeleira e antes de incorporar o Nelluty ao seu nome) cantando e tocando seu teclado. Por falar em Fineias, saudade da Jéssica Kandomblé.

Saudade de sair deslizando no papelão como se fosse um carrinho de rolimã lá na praça Zagury. Saudade de andar de patins e skate no estacionamento do Banco do Brasil. Saudade de roubar manga da fazenda do seu Barbosa, que, quando descobria, recebia a molecada com tiros de sal disparados por uma velha espingarda de ar comprimido. Saudade de pedalar por uma rampa tosca, ao lado do trapiche, e saltar com bike e tudo dentro do rio Amazonas.

Saudade do Museu da Imagem e do Som na gestão do Alexandre Brito, único período em que o MIS realmente aconteceu. Saudade das maquinações artísticas do Espaço Caos. Saudade do Festival Quebramar. Saudade das intervenções urbanas do grupo Urucum. Saudade do Arthur Leandro, do Antônio Messias e da Niudes Pereira.

Saudade das festas que aconteciam na casa do Ronaldo Rony, do Edson Índio, do Mariozinho Dias e do Ginoflex. Saudade das idas ao Lontra do Pedreira e à Ilha de Santana. Saudade da casa da Av. Maria Quitéria onde alguns amigos, como Celso Dias e Roni Moraes, se reuniam e de onde saíram muitas músicas.

Saudade dos desfiles cívicos e carnavalescos na Avenida Fab. Saudade das festas de marabaixo no Curiaú. Saudade de, não só ver a Banda passar, mas sair na Banda.

Saudade de uma vida inteira desta cidade que existe em mim somente há 25 anos, mas pulsa dentro do meu peito como se aqui eu tivesse vivido sempre, sem, é claro, desmerecer os lugares em que estive antes. Tudo vai se somando na memória afetiva, real e fictícia deste cronista, filho adotivo e emotivo desta terra.

Macapá celebra hoje seus 265 anos de eterna juventude. E haja fôôôôôôôlego! Vamos à festa!

*Colaboraram para esta crônica Andressa Pereira, Wender Gemaque, Maria Lídia, Patrícia Andrade, Honorato Jr., Celso Dias, Pequeno e Elton Tavares.

Corrida Maluca: um exemplo PARA A VIDA – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Clássicos nunca morrem, eu costumo dizer. Por muito tempo nos acostumamos a acreditar que o passado passou e não pode ser relembrado. Discordo!

Relembrando fatos da infância, divago por coisas que marcaram para sempre a minha existência. Uma delas, com certeza, são os quadrinhos, dos quais sou fã até hoje, e os desenhos animados (disco de rock, por serem especiais demais, nunca me atrevi a deixá-los de lado).

Tive muitos heróis cujo tempo, covardemente, fez questão de colocar em segundo plano em muitas fases de minha vida. Como pude esquecer, por exemplo, dos GALAXY RANGERS?, CENTURIONS, ZONO RAIDERS?

Mas antes vieram os básicos, minhas lembranças me levam aos primórdios aonde o que interessava mesmo era a diversão. Joseph Barbera e William Hanna eram especialistas nisso.

Os caras se conheceram em 1947 e tomaram um cano do Walt Disney, que prometeu contratá-los e nunca apareceu. Talvez por isso o Mickey seja tão chato.

Dessas duas mentes privilegiadas e brilhantes saíram “Tom & Jerry”, “Zé Colmeia e Catatau”, Fred Flintstone e Barney Ribble, dentre outros.

Em 1968, os caras resolveram se basear em um filme e lançar um desenho com 11 personagens principais, isso sim merece uma menção honrosa; imagina a dificuldade para que nenhum personagem ficasse em segundo plano. E assim nasceu a “Corrida Maluca”.

Inspirado no filme “A Corrida do Século” (1965), a “Corrida Maluca” era uma espécie de campeonato de carros que tinham os mais malucos participantes possíveis.

As corridas eram disputadas por esses caras no melhor estilo “vale-tudo”, e tinha de tudo… Imagine uma corrida com um carro que é um Avião pilotado pelo Barão Vermelho (carro nº 4) no mesmo Grid de largada de híbrido de tanque com carro (carro nº6), comandado por um cara chamado Meekley e com Sargento chamado Bombarda no Canhão? Ou com um cara com um carro de F1 que atente pela alcunha de Peter Perfeito (carro nº 9) (tem uma banda legal com esse nome) – era a formalização do herói perfeito, junto do Carro Mágico (nº 3) do Prof. Aéreo (um cara com feições de cientista maluco, mas que era do bem).

Ainda tinha o “Cupê Mal-assombrado” (nº 2) guiado por Medonho e Medinho, que ainda tinha uma torre (hummm) de onde saía um dragão, uma serpente, etc.; tinha o “Carrinho pra frente” (nº5) da Penélope Charmosa, o “Carro à prova de balas” (nº7), que muitos chamam de “Chicabum” e era comandado pela Quadrilha de Morte, “Serra Móvel” (nº 10) do Rufus o Lenhador, e do Dentes de Serra, a “Carroça a Vapor” (nº7) do Tio Tomás e do urso Chorão.

Todos os carros tinham as placas iniciadas com um “HN” em alusão aos criadores.

O meu preferido era o “Carro de Pedra” (nº 1) dos Irmãos Rocha (nome também de outra boa banda), que, mais tarde, deram origem ao “Capitão Caverna”. Sem contar, é claro, com a “Máquina do Mal” (nº 00) do Dick Vigarista e seu escudeiro Muttley, a Máquina do Mal, aparentemente, era o carro mais rápido e tecnológico dentre os competidores.

Apesar de tecnologicamente superior, o carro nº 00 nunca conseguiu vencer uma corrida. Muito mais pelo caráter duvidoso do seu piloto, que perdia muitas posições com planos mirabolantes e armadilhas para prejudicar os outros competidores.

A Revista “Mundo Estranho”, de julho de 2012, atribui o seguinte ranking:

• 1º Carro de Pedra/Irmãos Rocha – 81 pontos
• 2º Carro-a-prova-de-balas/Quadrilha de Morte – 74 pontos
• 3º Cupê Mal-Assombrado/Irmãos Pavor – 69 pontos
• 4º Carroça á vapor/Tio Tomás e Chorão – 68 pontos
• 5º Carro Tronco/Rufus Lenhador e Dentes-de-serra – 67 pontos
• 6º Carro de Mil e Uma Utilidades/Professor Aérao – 65 pontos
• 7º Carrinho pra Frente/Penélope Charmosa – 64 pontos
• 8º Lata Voadora/Barão Vermelho – 63 pontos
• 9º Carrão Aerodinâmico/Peter Perfeito – 60 pontos
• 10º Carro-tanque/Sargento Bombarda e Soldado Meekley – 39 pontos
• 11º Máquina do Mal/Dick Vigarista e Muttley – 00 pontos.

Essa é a moral da história: por mais que se tenha todo um aparato, você jamais conseguirá vencer se tentar trapacear. Assim é a vida…

Que os infindáveis Dicks Vigaristas continuem se dando mal. Porque, assim como na Corrida Maluca, na vida o bem sempre vence o mal.

*Marcelo Guido é jornalista, pai do Bento e da Lanna, além de maridão da Bia

Hoje é a última sexta-feira de 2022. Portanto, divirta-se!

Hoje é a última sexta-feira de 2022. Assim como todas as outras, dia de tomar umas cervas, ver os amigos e escutar música bacana. Afinal, dezembro é só festas, portanto, vamos celebrar ao quadrado.

Que for de dança que dance, de goró que beba, de namorar que namore. Só não dá pra ficar chocando em casa sozinho. Caia dentro do último findi do ano de voadora. Divirta-se ao máximo, pois já já será 2023 e a recarga de energia positiva ajudará nas atividades, nem sempre bacanas, nos dias que virão no ano novo.

Evite desentendimentos, não cerque boca e não tome Kaiser ou glacial, aquelas cervejinhas sem vergonha. Bora celebrar a vida com muita alegria e seguir em frente. Se você tem saúde, não desperdice a última sua sexta-feira de 2022!

Elton Tavares

 

Frases, contos e histórias do Cleomar (Segunda Edição de 2022)

Tenho dito aqui – desde 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Assim como as anteriores, segue a Segunda Edição de 2022, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas em tempos pelo ilustre amigo. Boa leitura (e risos):

Dívidas

Cinco da manhã, olhando pra o teto e tentando descobrir, como é que eu vou resolver esse caraio!? Quem nunca?

Loucura ou Patriotismo

E o Natal dos patriotas, vai ser na frente do quartel ou no hospício mesmo?

Copa do Mundo e Sabedoria maluca

Segundo meu amigo Luiz André Andrade, pra balancear esse negócio de Copa, a próxima deveria ser na Holanda.

Black Friday

O dia que esse pessoal jogar a Black Friday pra o dia do pagamento, eles vão ver o que é desgraça, pra eles… e pra mim.

Época de manga

Tá pra acabar a época das mangas e eu não comi nenhum prikito! Calma aí, me atrapalhei!

Daniel Alves convocado pra Copa

Quando o Daniel Alves for dar um pique e der nele uma “dor de viado”, tu faz um L.

Protesto e chifre

Sabe o que eu acho mais paidégua!? É esse sol rachando e os abestados protestando no meio da estrada, quiçá levando até chifre numa hora dessas.

2º Turno

Ei, perdeu perdeu, bora parar com a porra do mimimi, isto não é um país de maricas, tá ok!?

1º Turno

Sábado, saí de casa e parei na Santos Dumont, olhei no retrovisor, tudo tranquilo e então abri a porta. Nisso um cidadão de bem, com seu carro devidamente adesivado/embandeirado passa, pára e começa a buzinar, eu achando que era algum conhecido me aproximei do veículo.
Eu: Oi, algum problema?
Ele: PORRA, TU ABRIU A PORTA!!
Eu (Já entendendo o que tava acontecendo): E TU QUERIAS QUE EU SAISSE PELA JANELA?
Ele (Mais puto ainda): EU DEVIA TER ARRANCADO TUA PORTA!!
Eu: Bicho, dava pra passar dois carros sem encostar na minha porta, tu andas muito nervosa bicha!
Ah pra quê! O cabra queria descer do carro, me chamou de tudo quanto foi caraio, putaço da vida. Por conta de outros motoristas que buzinavam atrás na agonia pra não perder o sinal aberto, ele foi se saindo. Antes que minha voz não pudesse mais ser ouvida por ele ainda bradei, “Bolsonaro é meuzovo!”. Nesse mesmo momento ele abruptamente parou no meio do cruzamento, o carro que vinha atrás quase o acerta. Eu tranquilamente e lembrando dos conselhos de minha mãe, pra evitar confusão com desconhecidos, entrei no carro e “capei o gato”. Eu hein, esse pessoal sabe nem brincar!

Deixa eu ver se entendi, se o Bozo ganhar, tudo bem, se perder, a eleição foi roubada. É só os votos de vcs que valem nesse crlh?

Roberto Jefferson

E aí? A história do bandido bom é bandido morto, também vale pra o Roberto Jefferson ou só pra o preto, pobre e favelado?

Kilão

Eu queria entender esse meu desespero no Kilão, essa falta de limites. Em casa eu não como desse jeito, fdc!

Urucubaca

Resumo da Semana
2°- Caí num buraco, arrebentou o escapamento do carro, tive que trocar
3° – Faltou energia, quando voltou, queimou o motor da geladeira, tive que trocar
4° – Minha central de ar começou a desligar do nada, placa queimada, tive que trocar
5° – Quebrou a porta do microondas, foi pra o conserto, tive que trocar

Ontem, sexta-feira, aconselhado pela minha mulher, resolvi tomar um banho de sal grosso lá no quintal. Na hora do ritual pra espantar essa urucubaca da porra, ainda caiu um grão de sal no meu zóio, quase fico cego, fdc!

Parcelamento

Nessa história de me permitir as coisas pq eu mereço, é que nunca mais pude comprar nada parcelado.

Alergia de pobre

Acho muita putaria o cabra ser pobre e alérgico a ovo. É praga em cima de praga.

É, eu gosto! – Crônica de Elton Tavares – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bençãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Eu gosto de fotografar, de beber com os amigos e de ser jornalista (talvez, um dia, um bom). Gosto de estar com minha família, do meu trabalho e de Rock And Roll. Eu gosto de café, mas só durante o trabalho, enquanto escrevo. Gosto de sorvete de tapioca, de cerveja gelada e da comida que minha mãe faz. Também gosto de comer besteira (o que me engorda e depois dá um arrependimentozinho).

Gosto de sorrisos e de gente educada. Eu gosto de gente engraçada. Gosto de bater papo com os amigos sobre música, política e rir das loucuras que a religião (todas elas) promove. Eu gosto de chuva e de frio. Gosto de futebol. Gosto dos golaços e da vibração da torcida.

Gosto de ir ao cinema, de ler livros e de jogar videogame. Gosto de rever amigos, mas somente os de verdade e de gente maluca. E gosto de Macapá, minha cidade.

Eu gosto de ser estranho, desconfiado, briguento e muitas vezes intransigente.

Sim, confesso que gosto.

Gosto de viajar, de pirar e alegrar. Gosto de dizer o que sinto. Às vezes, também gosto de provocar. Mesmo que tudo isso seja um estranho gostar.

Gosto de encontros casuais, de trilhas sonoras e de dar parabéns. Gosto de ver o Flamengo ganhar, meu irmão chegar e ver quem amo sorrir. Também gosto de Samba e do Carnaval. Gosto de ouvir o velho Chico Buarque cantar – ah, como eu gosto!

Ilustração de Ronaldo Rony

Eu gosto de explicar, empolgar, apostar, sonhar, amar, de fazer valer e de botar pra quebrar. Ah, eu gosto de tanta coisa legal e outras nem tão legais. Difícil de enumerar.

Eu gosto de ler textos bem escritos, de gols de fora da área, de riffs de guitarra bem tocados, de humor negro e do respeito dos que me cercam.

Gosto de me trancar no quarto e pensar sobre a vida. Gosto quando escrevo algo que alguém gosta. Gosto mais ainda quando dizem que gostaram.

Eu gosto também de escrever algo meio sem sentido para a maioria como este texto. Eu gosto mesmo é de ser feliz de verdade, não somente pensar em ser assim. Gosto de acreditar. Como aqui exemplifico, gosto de devanear, de exprimir, de demonstrar e extravasar.

Pois é, são coisas que gosto de gostar. É isso.

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Na Baleia – Crônica do meu amigo Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Acordei naquele dia ainda bêbado. Demorei a perceber que estava dentro da baleia. Estômago de baleia, vocês sabem, é muito pequeno, parece um apartamento japonês. Então eu estava meio espremido no meio do monte de plâncton que tinha sido a última refeição da baleia. Pensei por alguns momentos sobre como sair dali. Mas depois, como a preguiça pós-bebedeira era quase maior que a baleia, me deixei ficar naquele remanso.

Aí pensei nas figuras que já estiveram dentro de uma baleia. Pinóquio e Gepetto estiveram dentro da baleia Monstro. Jonas esteve por três dias dentro de um peixe imenso que a Bíblia não diz que é baleia, mas eu digo. Se bem que baleia não é peixe, é mamífero.

Sou teimoso nessas coisas: se baleia vive no mar então é peixe. Aí vocês podem dizer: esponja vive no mar e não é peixe. Eu respondo que esponja vive é no supermercado antes de parar na pia de alguma dona de casa. Mas isso é bobagem de minha parte.

Devo estar perturbado pelo fato de me encontrar dentro de uma baleia. Tento lembrar de como, bêbado, vim parar aqui. Aos poucos vou montando o cenário. Agora já consigo colocar alguns personagens neste cenário.

São meus amigos, que bebiam comigo na noite anterior. Onde será que eles estão agora? No estômago de outra baleia? Devem estar se divertindo, os safados! Agora me lembro. Estávamos num navio celebrando a primeira viagem desse navio. Lembro perfeitamente agora de alguém discursando sobre a impossibilidade de aquele navio naufragar. O que acabou de entrar pela boca da baleia? Uma folha de jornal. Vejamos o que diz esse jornal.

Ah! Agora tudo faz sentido. É isso mesmo! Vejam, senhores, a manchete do jornal: “Hic! Hic! Hic! Titanic vai a pique”. Bingo! Lembrei de tudo! Estávamos na viagem inaugural do Titanic. Sentimos o impacto de uma colisão, pessoas correndo desesperadas e nós só bebendo.

Vejo que sobrevivi, talvez graças ao meu estado de embriaguez, que atraiu esta baleia alcoólatra, que me engoliu como uma dose de uísque e me livrou de morrer afogado. Dos males, o melhor. Vou ficar por aqui mesmo dentro desta baleia. Quem sabe daqui a pouco ela engole a Kate Winslet. Saúde! Ui minha cabeça!

(Alguns dos) Melhores memes que nossos bravos bolsonaristas golpistas produziram – Égua-moleque-tu-é-doido

O melhor do Brasil não é o brasileiro. São os memes que os brasileiros produzem.
Vermos bolsonaristas golpistas e fascistas bloqueando estradas e pedindo intervenção militar não é, convenhamos, nada engraçado.
Mas, no Brasil, acaba sendo, porque os bolsonaristas fascistas excedem-se no ridículo e acabam produzindo cenas do tipo pastelão, verdadeiramente impagáveis.
O Espaço Aberto selecionou alguns memes que revelam o nível de consciência política, digamos assim, dos nossos bravos, valorosos e heroicos compatriotas golpistas.
Vejam no vídeo.
Temos o cara abraçado a um caminhão e sendo levado rumo ao desconhecido, que pode ser a Terra Plana, por exemplo.
Temos os patriotas marchando, empertigados e harmônicos, em frente a uma instalação militar.
Vocês também poderão conhecer o Ricardo, um dos filósofos do golpismo.
E um Hino Nacional cantado para um pneu – isso mesmo, para um pneu -, vocês já viram? Também temos.
Golpistas paraenses esclarecidos? Também estão aí no vídeo.
E por último, mas não menos importante, não percam um cearense dando conselhos para o estadista Jair Bolsonaro.
O vídeo só tem uns seis minutos.
Mas é o suficiente para vocês comprovarem que o melhor do Brasil são os memes que os brasileiros produzem.
Sem brincadeira!

Fonte: Espaço Aberto.

Programa de Recuperação de Imagem (P.R.I) – Por Cleomar Almeida

Tenho dito aqui – desde fevereiro de 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade. Quem conhece, sabe. Hoje ele deixa um serviço de utilidade pública, o Programa de Recuperação de Imagem (P.R.I). desenvolvido por ele mesmo. Leiam, aprendam e divirtam-se:

Programa de Recuperação de Imagem (P.R.I)

Por Cleomar Almeida

Depois de alguns eventos recorrentes de mau comportamento por mim cometidos acabei sendo impelido a participar do P.R.I – Programa de Recuperação de Imagem. Este Programa essencialmente é voltado aos maridos que, por vez ou outra acabam, sem querer é claro, cometendo faltas consideradas quase imperdoáveis por suas “Conjes”, faltas essas que de forma nenhuma serão aqui listadas. Na verdade, o motivo dessa postagem é dar conhecimento aos caros colegas do Programa e de suas implicações.

O programa basicamente é um misto de punições e restrições, dentre elas a obrigatoriedade de acompanhamento de novelas, no mínimo as três que passam a noite, de preferência sem muitas perguntas no sentido de entender o enredo. Ainda no item entretenimento, futebol e modalidades esportivas nem pensar, aliás, esqueça o controle remoto durante esse período.

Quanto à alimentação, no P.R.I. você come o que lhe for oferecido, se for oferecido, o que quase nunca ocorre, então prepare-se para cozinhar. Shakes e comida japonesa são praticamente obrigatórios em uma saída pra comer fora. O Shopping será seu habitat nessa fase difícil. Igrejas também serão usadas pra exorcizar este capeta que se apossa de você de vez em quando. Perceba aí um ponto essencial no P.R.I. , se você estiver liso nem pense em participar do Programa, o gasto com comida, passeios, com coisas que inevitavelmente irão quebrar, esbandalhar ou misteriosamente sumir da sua casa lhe darão uma despesa extra.

Comportar-se bem na frente dos parentes da madame também faz parte do pacote, mas pode ter certeza que quando você for elogiado por alguém pela boa educação e prestatividade ela revelará os verdadeiros motivos de sua boa vontade com um belo “Tá assim porque fez merda, ta tentando se limpar comigo!”, nem pense em discordar dela nessa hora ou ela conta até o que não aconteceu, vai por mim.

Os filhos são sua responsabilidade absoluta, nem parece que saíram dela, você fez, você que se vire, reze pra eles já não usarem mais fraudas.

Sexo, esqueça, ninguém participa de um P.R.I e transa, é o alicerce fundamental do Programa e pode acreditar, esposas são excelentes em seguir protocolos. Concentre-se e siga na fé, talvez ao fim de tudo você seja compensado de alguma forma, não conte com isso mas milagres às vezes acontecem.

Enfim, como dito no começo, P.R.I é punição, restrição e um pouco de constrangimento pra te fazer ver o tamanho das burradas que andas fazendo. Sem tempo definido, pode ser rápido, demorado mas nunca indolor. Eu mesmo já passei por umas três experiências e lhes digo, evitem amigos, O P.R.I é terrível!!!!

LANÇAMENTO ITINERANTE DO CAPITÃO AÇAÍ – Texto de Ronaldo Rodrigues (alter ego de Ronaldo Rony)

Texto de Ronaldo Rodrigues (alter ego de Ronaldo Rony)

Olha só! O Capitão Açaí chegando à edição nº 10. Ainda na base da xerox, pois o pai da criança, o cartunista Ronaldo Rony, foi acometido de uma grande tiriça e não correu atrás de apoio para imprimir em gráfica, que era o plano inicial. Mas não faltará oportunidade mais adiante para que este personagem ganhe ares de revista impressa de forma industrial e tal. O autor já está se articulando nesse sentido (isso se não bater mais uma dose cavalar de preguiça). Então sigamos com o Capitão Açaí, um super-herói tipicamente amazônico em sua sagrada missão de resgatar o nosso bom humor e, de quebra, salvar a humanidade.

Esta obra conta com a parceria do designer gráfico João Marques, que fez a finalização digital, e a competência do brother Naldo, da Central Cópias, que tem um carinho especial pelo nosso herói.

O cartunista em ação, correndo o risco. – Foto: equipe Sesc

Depois de dois bem-sucedidos lançamentos (na 1ª Exposição AP Quadrinhos no Sesc Centro e na Cava Viva), chegou a vez do lançamento itinerante, como Ronaldo Rony costuma chamar e consiste no seguinte: o autor em sua bicicleta e de mochila às costas percorre as ruas da cidade vendendo a revista de mão em mão. Isso após o horário comercial, que é quando o cartunista deixa de atuar em sua identidade secreta trabalhando como redator publicitário na Nagib Comunicação. Os eventos culturais da cidade também são palcos do lançamento e qualquer lugar onde o autor pode chegar, armar sua barraca imaginária e vender, bem ao estilo feirão. E ele ainda atende a encomendas pelo 96 99139-1360, que é o zap e também a chave pix (muito importante esta informação $$$$).

Ronaldo Rony posando com sua bike. Ele tirou o capacete apenas para fazer o registro. – Foto: Monalice Nogueira

O lançamento da revista número 10 do Capitão Açaí faz parte também de uma comemoração pra lá de especial: a chegada do criador e sua criatura a Macapá (vindos de Belém), que ocorreu no dia 1º de setembro de 1997, há 25 anos.

Então, se você vir um cara de bicicleta, de mochila nas costas, é o cartunista Ronaldo Rony vendendo o seu produto de qualidade garantida e querido por crianças e adultos. Não deixe passar a oportunidade de adquirir a revista por R$ 5,00 e, se preferir, ainda levar um autógrafo do autor. Aproveite!

Meu inferno – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Ilustração de Ronaldo Rony

Acho que se existir inferno, coisa que duvido muito, cada alma pecadora tem um desses locais de pagamento de dívidas de acordo com suas ojerizas. Nada como no clássico da literatura “A Divina Comédia”, o inferno do escritor italiano Dante Alighieri, que escreveu sobre os nove andares até a casa do “Coisa Ruim”.

Quem nunca imaginou como seria o Inferno? Como seríamos castigados por nossos pecados? Volto a dizer, pra mim o inferno é aqui mesmo. Mas vou pontuar algumas coisas que teriam no meu, se ele está mesmo a minha espera.

Bom, meu inferno deve ser quente. Não tô falando das labaredas eternas com o Coisa Ruim me açoitando pela eternidade. Não. Esse é o inferno mitológico e ampliado da imaginação religiosa. Falo de calor mesmo, tipo Macapá de agosto a dezembro, com quase 40° de temperatura (a sensação térmica sempre ultrapassa isso no couro da gente) e sem ar-condicionado.

Neste inferno, todo mundo é fitness, come coisas saudáveis e é politicamente correto. Meu inferno tem gente falsa, invejosa, amarga, que destila veneno por trás de sorrisos. Ah, meu inferno tem incompetentes, puxa-sacos, gente de costa quente que conta do padrinho que o indicou. E pior, neste inferno sou obrigado a conviver com elas diariamente.

No meu inferno tem gente que atrasa, que me deixa esperando por horas. Ah, lá tem caloteiros e enrolões, daqueles que demoram a pagar serviço prestado por várias razões inventadas.

Neste inferno moldado a mim tem parente pedinchão, “amigo” aproveitador, filas e mais filas para tudo. Tem também muita etiqueta e formalidades hipócritas. E também todo tipo de “ajuda” com segundas intenções. De “boas intenções” o inferno tá cheio.

Neste lugar horrendo só vivo para trabalhar, estou sempre sem dinheiro, sem sexo, sem internet e sem cerveja. Nó máximo Kaiser, aquela cerva infernal de ruim. No meu inferno toca brega, pagode e sertanejo sem parar.

Eu sei, leitor, que devo agora estar lhe aborrecendo. Mas perdoe-me, esta alma é chata e sentimental. Às vezes vivemos infernos mesmo no cotidiano, pois vira e mexe essas coisas aí rolam. Por isso dizem que o inferno é aqui. Ou como explicou o filósofo francês Jean-Paul Sartre, na obra “O Ser e o nada”: o inferno são os outros. É por aí mesmo.

Ainda bem que tenho uma sorte dos diabos e Deus é meu brother, pois consegue me livrar dos perigos destes possíveis infernos cotidianos e nunca fará com que tudo isso descrito acima ocorra por toda a eternidade. No máximo, de vez em quando, para que eu pague meus pecadinhos neste plano (risos).

Este seria mais ou menos o MEU inferno. Como seria o seu?

Foto: Flávio Cavalcante

Elton Tavares

*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”.

Frases, contos e histórias do Cleomar (Primeira Edição de 2022)

Tenho dito aqui – desde 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Assim como as anteriores, segue a Primeira Edição de 2022, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas em tempos pelo ilustre amigo. Boa leitura (e risos):

Inimigos

Inimigos de verdade não os tenho, tem uns ou outros que não gostam de mim, de besta que são.

Pobre inventa

Aí o pobre, quando não tem mais o que inventar, engorda.

Positivou

Não queria assustar os caros amigos mas é sempre bom deixar todos cientes, testei positivo pra abestado. Fiz o teste em 93.

Empenado

Fui fazer uns caquiados ontem, hoje passei o dia no Bengué, todo empenado. Eu, que era tão sajico.

Beleza e resposta

Um dia desses, mais exatamente numa segunda-feira, após postar foto de minha filha e minha mulher, chego na repartição e do nada uma “amiga”me aborda e diz: Nossa, sua filha é muito linda, ainda bem que puxou pra mãe que também é muito bonita. Parei por um segundo e calmamente respondi àquele dedo no cu disfarçado de elogio. Amiga, a gente que não nasceu com a cara do Brad Pitt tem que batalhar pra arrumar alguém bonito e dar uma esperança pra nossos bacuris, eu por sorte ou azar da minha esposa consegui, agora acho bom você também fazer um esforço e arrumar um cabra mais ou menos e evitar a proliferação dos feios nessa cidade. Dei de costas e ela ficou meio sem entender, ou quiçá arrependida de mexer com alguém de ressaca numa segunda-feira.

Coisas que o tempo traz

Coisas que o tempo traz: discernimento, saudades, barriga e chifre. Se não tens nenhum desses, tua vida foi um desperdício.

Bom gosto & Dinheiro

Das verdades dessa vida, bom gosto sem dinheiro é porra nenhuma, melhor nem ter.

Pissica

Grande parte dos problemas que eu tenho, 50% é culpa minha. Os outros 50%, diria que é pissica de vcs.

Peido de velha

Fala que gosta de festa junina, mas nunca acendeu um “peido de velha”. Sabe de nada!

Encebada

Aí tô de boa tomando uma Cerpa na Maria e me chega um FDP e diz: Porra Negão, só te encontro aqui no bar!

Eu: Deve ser pq tu nunca vai no meu trabalho, num supermercado, numa feira, em um mercado, pra me encontrar lá também! Como diria minha mãe, podia bem ficar sem essa encebada.

Grupos de Whats

Definitivamente não gosto de participar de grupos de Whatsapp, independente do motivo, seja ele família, amigos, trabalho, farra… Dia desses fui colocado em um desses grupos. Logo em seguida saí do bendito grupo. Dois dias depois lá estava eu novamente na porra do grupo. Dei bom dia e avisei do meu desagrado em participar de qualquer grupo que fosse e novamente saí do grupo. Não satisfeitos, me puseram novamente no grupo, agora como administrador, creio eu, na intenção de me dar uma certa moral ou até criar um compromisso com o grupo. Dei bom dia novamente e com o poder a mim concedido, desfiz o grupo. Tenho a impressão que não vão mais me colocar.

Farras

Eu queria entender essa vontade de não voltar nunca mais pra casa quando eu tô numa farra, eu hein!!

Sexta-feira e juventude

Eu queria saber se é só em mim que dá uma cuíra na sexta-feira, amodo que eu tenho uns 20 anos.

Fernando Canto, Cleomar Almeida e Bibas no Empório do Índio – Foto: Facebook do Cleomar

Invisibilidade

Hoje descobri mais poder que desconhecia, tornei-me invisível, ao lado dessas celebridades Fernando Canto e Bibas. Passaram por nossa mesa 245 pessoas, 115 falaram com o Bibas, 126 com o Fernando e 4 falaram comigo. Dessas 4, uma era o Índio, cobrando a porra da conta.

Comentários nas mesas de Bar nestes tempos que antecedem as Eleições 2022

No bar a gente resolve os problemas do mundo todo em algumas horas, regados a muita cerveja e teorias mirabolantes. A filosofia de boteco é ampla, mas nestes tempos de campanha política, o pessoal questiona, critica, engrandece, crê, descrê etc. Sim, não só no boteco, mas nas tocas, nas ruas, nos becos, escritórios, gabinetes etc. Mas bom mesmo é no botequim.

Entre uma conversa e outra sobre todo tipo de candidato, várias opiniões são emitidas nas mesas. Entre os muitos comentários impublicáveis sobre o dia-a-dia destes tempos estão:

“Aquele limpeza!”; “Mais puxa-saco logo”; “Me rouba logo!”; “Tudo mentira, que eu sei!”; “Tá escrevendo e falando merda”; “Depois de velho, se expõe ao ridículo”; “Tá, pra caralho!”; “Logo tu, surucucu”; “Me admira de ti”; “Até tu, rapá?”. “Fulano é traíra” e por aí vai (risos).

Ou como disse a poeta Patrícia Andrade: “isso sem falar nos caras que viram candidatos, mesmo… às vezes amigos da gente, achando que vão mudar o mundo… Chega lá, o mundo acaba mudando os caras. Ô, tristeza!“. Verdade, Pat.

Como sou do grupo sem grupo algum, dou risada e mais escuto do que falo. Realmente, me divirto. Pois convenhamos, esse período é hilário e acho muito porreta ouvir as estratégias, “engenharia política”, planos malucos, alianças inusitadas, probabilidades impensáveis dos cientistas políticos bêbados e profetas embriagados.

Elton Tavares

Algo a dizer (pedaço de uma possível autobiografia) – Texto de Ronaldo Rodrigues – Ilustração de Ronaldo Rony

Nasci em janeiro de 1966 e lá se vão 56 anos e alguns quebrados (quebrados por conta da vida instável em alguns pontos do caminho). A cidade de Curuçá, no Pará, foi o lugar que me recebeu no mundo (não sei se a contragosto, espero que não).

Minha família rumou para a capital Belém quando eu, o último dos seis filhos da dona Darlinda e do seu Rodrigo, tinha seis anos de idade e muita memória já, pois lembro perfeitamente da infância vivida até então, entre as árvores de um imenso quintal e uma casa sempre alegre.

Em Belém, a vida seguiu amena, entre jogos de futebol (esporte no qual jamais me destaquei, assim como em todos os outros), as brigas de moleque (em que eu sempre era o que apanhava) e o encanto pela literatura, que na minha casa era farta e variada.

Lembro de alguns livros que se perderam no tempo e nas mudanças de casa e não vi mais depois de adulto. Li alguns livros fortes para uma criança, como O Exorcista (William Peter Blatty) e Os Miseráveis (Victor Hugo), sem escapar, ainda bem, de O Menino do Dedo Verde (Maurice Druon), O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry) e O Meu Pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos). Malba Tahan me encantou com suas Lendas do Deserto. Sim, e muito Monteiro Lobato, que atualmente leva fama de racista. Li as histórias bíblicas. Até hoje as aventuras daquela galera do Antigo Testamento me fascinam, assim como os deuses e heróis da Mitologia Grega.

Tinha também a literatura, digamos, mais popular do começo dos anos 1970. Livros de bolso com histórias de faroeste e espionagem. Li também fotonovelas, Almanaque do Biotônico Fontoura e, claro, histórias em quadrinhos de todos os gêneros: Zorro, Luluzinha, Mônica, Brotoeja, Gasparzinho, Bolota, Recruta Zero, Tio Patinhas, Conde Drácula, Tex, Fantasma, Mandrake, Gato Félix, Homem-Aranha, Tarzan, Batman… Devorava as páginas dominicais dos jornais que traziam tiras do Brucutu, Capitão César, Pinduca, Dick Tracy, Snoopy… Mais pra cá no tempo, Conan e Ken Parker ocuparam papéis importantes. Os quadrinhos foram definitivos para mim, como escritor e como o cartunista que vim a ser, mas essa é outra história*. Por falar nisso, foi num gibi do Mickey que a descoberta das letras se fez. Quando consegui ler frases inteiras, o universo da leitura se abriu e me arrebatou, causando um alumbramento que vivo até hoje.

Depois de começar a ler, bateu a vontade de também experimentar essa forma de expressão. Passei a observar a estrutura dos textos, o conteúdo, os voos da imaginação dos escritores e logo estava arriscando meus primeiros poemas, tentando textos mais longos em prosa e caprichando nas redações escolares, que foram bons laboratórios.

Em 1995, participei de um concurso promovido pela Universidade Federal do Pará e tive um conto publicado pela primeira vez (As que se chamam Flávia…) na coletânea que reunia alguns escritores já experientes e outros iniciantes.

Hoje, morando em Macapá/AP desde 1997, mantenho uma produção de contos e crônicas com alguma frequência, outras vezes nem tanto quanto gostaria. Publico com mais fôlego no Blog De Rocha!, cujo editor, Elton Tavares, é um dos responsáveis por eu me manter ativo na arte de escrevinhar. Sempre que vem o bloqueio criativo, a entressafra, ele me instiga, me cutuca com uma mensagem tipo: “E aí, mano? Nada?”. Eu sempre aceito a provocação e acabo entregando um texto.

Num país que pouco lê, ser escritor é como a voz que clama no deserto, mas creio que é uma missão que nos escolhe, antes que possamos escolhê-la. Como observadores do mundo, vamos desbravando os mundos e os vários personagens que entre nós transitam e só a alguns é dado reconhecê-los e reinventá-los.

Mas, como escreveu o poeta da minha vida, Carlos Drummond de Andrade, “lutar com palavras é a luta mais vã, entanto lutamos mal rompe a manhã”, eu sigo lutando e creio que, em certos (ou incertos) momentos, consigo sentir o sabor de uma efêmera vitória.

*A outra história – Escrevi acima que sou também cartunista e, como tal, assino Ronaldo Rony, usando o nome Ronaldo Rodrigues apenas para a atividade de escritor (coisa de artista ou mero capricho, não sei. Alguns acham que é só frescura). Como cartunista, já tenho três livros publicados: Ícaro, Liberdade Ainda que Nunca! (história em quadrinhos – Belém, 1990); A Chave da Porta da Poesia (literatura infantil para crianças de todas as idades, em parceria com a poeta paraense Roseli Sousa – Belém/Macapá, 2005); e Papo Casal (cartuns sobre relações amorosas que chamo de fugas emocionais – Macapá, 2008). Também já ilustrei vários livros, como Lugar da Chuva (Lulih Rojanski); Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias e Papos de Rocha e Outras Crônicas no Meio do Mundo, ambos de Elton Tavares; o CD Pelos Cantos de Belém, de Sergio Salles, entre vários outros trabalhos gráficos.

De forma artesanal, via impressão xerográfica, já lancei vários fanzines e mantenho, com certa regularidade, a produção da revista Capitão Açaí, um super-herói amazônico que é meu mais famoso personagem. Para concluir, ressalto o trabalho em conjunto das duas personas que me habitam. Ronaldo Rodrigues e Ronaldo Rony já assinaram participações no jornal Folha do Amapá e na revista Vanguarda Cultural, além do jornal satírico vert!gem.

Texto de Ronaldo Rodrigues – Ilustração de Ronaldo Rony
Junho/2022

Histórias de Camapu: stand-up para maiores de 18 anos acontece dia 5 de maio no Cúpido bar

Por Pérola Pedrosa

Sexo, humor e amizade fazem parte do Iº Stand-up adulto em Macapá, àqueles para maiores de 18 anos, denominado “Histórias de Camapu: Como eu faço para espocar teu camapú”, que acontecerá neste dia 5 de maio, no Cupido Bar, a partir das 20h.

Apresentado por Ingrid Iolli, editora da Revista Camapu Sexy e produzido pela empreendedora cultural Priscila Mori do Grupo On Produções, o Stand-up é sobre sexo e contará também com apresentações de cantores locais, como Ingrid Sato e Raffaela Steffans.

“A ideia surgiu na mesa de bar, entre amigas e seguidoras de redes sociais, em conversas sobre sexualidade. Enquanto todas estavam com suas histórias intensas, românticas e extasiantes, a Camapu sexy (Ingrid Ióli), sempre contando sobre suas frustrações na hora H e as pessoas ao redor se espocavam de rir”, explica Priscila Mori.

Após pesquisas do segmento, do mercado e planejamento, Priscila concluiu por desenvolver o projeto pioneiro no Estado, que representa o anseio da população por novos tipos de entretenimento.

Haverá também sorteio de brindes de apoiadores, feitos na hora do evento.

Serviço:

Data: 05/05
Horário: 20:00
Local: Cupido Bar
End: AV. Mendonça furtado n° 576 – Centro
Informações e vendas ingressos antecipados:
Priscila Mori (96) 98133-1677

Fonte: Café com Notícias.