Hoje é o Dia Nacional do Assessor de Imprensa – Viva nós, pois não é fácil!

Hoje é o Dia Nacional do Assessor de Imprensa. Não encontrei a origem da data, mas tá valendo. Planejar, pensar em pautas originais, ter bons contatos na imprensa e texto bom não é para qualquer um não. Sou jornalista. Amo essa profissão, apesar de atuar há 15 anos em uma vertente do jornalismo, a assessoria de comunicação ou de imprensa, como nomeiam alguns.

Já trabalhei ou sou amigo de ótimos profissionais desta área. Assessorei secretarias de Estado, dois governadores (por 3 anos), um prefeito (um ano), dois desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral (cinco anos), um senador (um ano),   Ministério Público do Amapá (5 anos) e estou há sete meses na equipe de comunicação do Tribunal de Justiça do Amapá . No post original sobre essa data, o autor listou outras coisas, mas o que concordo são essas:

Ter uma cara de pau elevada à enésima potência.

Festejar a notinha do colunista famosão como se fosse um furo de reportagem.

Viver explicando pro povo de redação que assessor também é jornalista.

Viver explicando pro povo de relações públicas que jornalista também é assessor.

Saber vender seu peixe. Quer levar, não, freguesia? Pauta fresquinha.

Ouvir do assessorado desinteressante o pedido de uma entrevista pro Jô, e pensar “tô fodido”.

Ralar como qualquer jornalista, mas levar fama de vida boa.

Buscar o difícil equilíbrio entre o interesse do assessorado e o do repórter.

Buscar o difícil equilíbrio entre o ego do assessorado e o do repórter.

Responder 20 perguntas por e-mail pra ontem, por favor, e não esquece uma foto em alta resolução, tipo 300 dpi, pode ser?

Lidar com assessorado que não tem a menor noção de como funciona a imprensa.

Organizar coletiva e rezar pra tudo que é santo pra não chover.

Ir a almoços chatérrimos de “fortalecimento de relações”.

É isso aí em cima mesmo. Acreditem, não é tão fácil quanto parece, mas adoro essa profissão. Além de empenho, é preciso sorte e carisma.

Pois não produzimos somente textos, mas conseguimos espaços nos veículos de comunicação (mesmo quando o assunto é desinteressante), apagamos incêndios midiáticos, usamos nossos contatos e amizades para emplacar pautas positivas, elucidar dúvidas, complementar o trabalho dos colegas jornalistas, combater fake news (as malditas potocas com denominação gringa) e defender o assessorado com argumentos e coerência.

Ah, alguns dizem que assessor de comunicação não faz jornalismo. Concordo, é mais um lance de publicidade, no formato jornalístico. Sabe como é, não ouvimos os dois lados (alguns da “imprensa aberta” também não).

Outro problema é a confusão que muitos fazem entre prestar assessoria e trabalhar a comunicação com ‘puxasaquismo’. Já sofri na pele tal crítica, mas a carapuça nunca me coube. Quem me conhece sabe que esse “talento” eu não tenho.

Em outubro de 2017, durante uma conversa com o veterano jornalista Evandro Luiz (Barão) na casa da também jornalista Alcinéa Cavalcante, conversamos sobre as várias vertentes do jornalismo, e em algum momento ele disse algo que para mim é uma honra: “Elton, cada um com o seu talento, para mim tu és um excelente assessor de comunicação”.

Fiquei muito feliz com o elogio do amigo, pois tive a honra de trabalhar com essa lenda da comunicação amapaense e sei da importância de sua opinião.

Enfim, parabéns pra nós, que matamos um leão por dia, seja por conta do assessorado ou alguns colegas da imprensa (ainda bem que me dou bem com a maioria deles).

Elton Tavares

Fonte: Desilusões Perdidas.

*Imagens da fanpage bem humorada “Assessor de imprensa da depressão“.

Argumentos básicos para você driblar chatos – Millôr Fernandes

Argumentos básicos para você driblar chatos

1. Meu amigo, acho que suas conclusões são perfeitamente discutíveis.

2. Confesso que também já pensei dessa maneira.

3. O senhor está sendo deliberadamente parcial.

4. Bem, isso é uma maneira pessoal de ver as coisas.

5. Encarando as coisas desse modo chegaremos à conclusão que quisermos.

6. Mas está claro que esse não é um ponto de vista científico.

Millôr Fernandes

Amor, louco, amor – Microconto Elton Tavares e Fernando Canto

Ao se verem pela primeira vez, ela o olhou e devaneou: “gostei desse doido”.

Por sua vez, ele, sem juízo, ajuizou: “curti essa maluca”.

E foram felizes para sempre no manicômio do Hospital das Clínicas. Fim.

Elton Tavares e Fernando Canto

O poder do palavrão – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Quem já deu uma topada daquelas, de arrancar a cabeça do dedão do pé, sabe do que vou falar. Se você não soltar um palavrão, também daqueles bem cabeludos (pra usar uma expressão do milênio passado), duvido que a dor passe logo. O palavrão tem esse poder curativo. Como num passe de mágica, você solta um CARAAAAAAAAAAALHO! e a dor não desaparece imediatamente, claro, mas vai dando um torpor, um anestesiamento e – abracadabra! – a dor sumiu, como diz o slogan de um certo remédio.

O que acho mais estranho nesse negócio de palavrão é denominarem de palavrão uma palavra com uma sílaba e duas letras: cu. Mesmo com muita gente devassando o cu com o acento agudo (o que deixa o pobre do cu assim: cú) a palavra não cresce um milímetro sequer, o que não justifica ser chamada de palavrão.

Com o advento do politicamente correto, que vai deixando tudo sem graça, fico a imaginar o banimento do palavrão, para salvar a honra das digníssimas famílias da nossa sociedade. Quando o seu dedão do pé encontrar uma pedra no caminho e a necessidade de um palavrão se fizer, o cidadão vai respirar fundo e deixar de gritar: PUTA QUE PARIU, CARALHOOOOOOO!, substituindo por um outro palavrão que, nesse caso, será apenas uma palavra grande, mais afeita aos novos tempos. Algo como: PINDAMONHANGAAAAABA! Ou AERODINÂMICA! Ou ainda: DESMAFAGAFIZADOR! Se a dor for algo insuportável, o único remédio será falar a maior palavra da Língua Portuguesa, um verdadeiro palavrão: INCONSTITUCIONALISSIMAMENTE!

Hoje se tem muito cuidado para não se falar palavrão na frente das crianças. Se bem que aqui em Macapá fala-se FODA-SE! em qualquer faixa etária. No meu tempo de criança, meu pai não poupava ninguém. Quem não quisesse ouvir que saísse de perto. E meu pai era um emérito falador de palavrão. Em cada frase, eram dois CARAAAAAALHO! a cada três POOOOOOORRA!

Já li em alguma postagem no Facebook que quem fala palavrão é mais feliz. Se assim for, já renovei o meu estoque de palavrão para sair por aí esbanjando felicidade. E para fechar esta crônica, que eu queria que fosse FODA!, mas acabou ficando ESCROTA!, um desabafo através de um palavrão que deve ocorrer a todos os que usam a web hoje em dia: Ô INTERNET FILHA DUMA PUUUUUTA! MEEEEERDAAAAAA!

Rock doido de bom – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Estive mais uma vez reunido com a galera do rock. Roqueiros de várias gerações vieram falar comigo. Uns lembraram o som do rock que ouviram em discos de vinil e outros me falaram de novidades tecnológicas, as mil possibilidades de se fazer som em novas plataformas (é assim que se diz, né?).

Ao contrário do que muita gente preconceituosa acha, show de rock é um momento de paz e papo com os amigos. Um grande encontro que, muitas vezes, pelo menos pra mim, o que menos importa é o show que rola no palco. O meu show, o nosso show, fazemos nós.

Confraternização é o nome certo desse encontro, com acordes gritantes das guitarras. É certo que, na roda punk, o caboco pode muito bem levar uma porrada valendo, mas ele desconta em outro, o outro desconta em outro e assim vai até o fim, sem que ninguém seja derrotado ou que a brincadeira acabe num porradal.

Celebração de memórias afetivas, contação de histórias do tempo de a gente largado, sem compromisso, sem ter que acordar cedo, enchendo a cara de vinho barato pelas madrugadas insones, entre conversas piradas.

No Dia Mundial do Rock, que, curiosamente, só acontece no Brasil, fui ao encontro desse universo, acompanhado de meus filhos, Pedro, Artur e o Capitão Açaí, que a todo momento era lembrado por alguém. E, claro, uma multidão de amigos que me fizeram parecer o grande astro, o superstar da minha noite.

Vida longa aos roqueiros que empunham a bandeira do rock, o escudo da amizade e são capazes de a tudo vencer, até pandemias e guerras e fome e governos criminosos e desastrosos.

E tome brejas, cigarros e outras cositas que fazem florescer a mente e alegrar o coração, já sambado de tantas revoluções.

Rock sim! Rock sempre! Rock na veia do mundo!

Viver e respirar – Crônica porreta de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Foi o que pensou Neurinha, adentrando os 19 anos e achando que, naquela idade, seria bom começar a pensar nessas coisas. Seria bom pensar em alguma coisa. Qualquer coisa.

Mas o pensamento mais louco mesmo ela teve depois:

– Será que consigo morrer SEM parar de respirar?

Seu cachorro respondeu que não, ao que o ursinho de pelúcia disse que sim:

– Viver e respirar são coisas completamente díspares, conflitantes. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tenho dito!

O cachorro de Neurinha ponderou que aquela maneira de falar do ursinho de pelúcia deixaria Neurinha ainda mais sem entender nada.

Neurinha, por sua vez, continuou sem nada entender. Paciência. Era sua natureza. Não entender qualquer coisa era a única coisa ao alcance de qualquer coisa que Neurinha pudesse entender. Entendeu? Nem eu!

Neurinha procurou os sábios conselhos de seu antílope de estimação, Clodoaldo, que entendia muito bem dessas questões, quando não estava ocupado em beber, fumar e levar mulheres para o apartamento.

Clodoaldo passou a contar a história de um tatu que fez greve de respiração em protesto contra a proliferação de armas nucleares e morreu em poucos minutos, ainda a tempo de ordenar a seus seguidores que invadissem a Casa Branca e incendiassem a provisão de amendoim.

Claro que Neurinha não entendeu e parou de se questionar. Resolveu passar à ação e cometer o ato de parar de respirar.

Segundo o método dos ninjas, Neurinha girou o nariz como se fosse uma torneira e parou de respirar.

Você, caríssimo leitor, já sacou que Neurinha era bem tontinha. Pois é. Até hoje ela não sabe se morreu.

Relato de um detetive – Crônica de Fernando Canto – @fernando__canto

Crônica de Fernando Canto para Paulo Jânio, boêmio sempre

Dia 1º “– Chegou e se sentou na cadeira do balcão. Ficou olhando em volta. Não bebeu. Fumou duas cigarrilhas.
Dia 2 – Chegou abruptamente e pediu uma cerveja em lata. Olhou para um lado e para o outro e pareceu não ver o que queria. Deixou fiado e partiu.
Dia 3 – O filho da puta não veio.
Dia 4 – Não veio de novo.
Dia 5 – Soube que mandou um recado para o dono do bar. Algo sigiloso que preciso descobrir.


Dia 6 – Abriu a porta do táxi, pôs o chapéu de palha panamá. Entrou de terno preto. Parecia um boto meio vampiro. Voltou para dentro do táxi placa VOW-6161.
Dia 7 – Sequer apareceu, o safado.
Dia 8 – Foi visto na praia com uma mulher.
Dia 9 – Sumiu de novo. Ninguém o viu.


Dia 10 – Apareceu com uma ninfeta. Estava bêbado e armado. Tomou catorze doses de Natu, o mais barato. Fez discurso e declamou poemas até de madrugada. Mostrou a arma, uma pistola. Não disparou nenhum tiro.
Dia 11 – Não fui.
Dia 12 – Chegou cambaleante. Sozinho. Chorou e foi embora para a Beira-Rio. Disseram coisas escabrosas do cara. Falavam muito mal dele.
Dia 13 – Desapareceu mesmo.
Dias 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 – Sumiu faz uma semana. Não faltei ao serviço.


Dia 21 – Foi solto da cadeia. Chegou e bebeu doze copos de cachaça e tirou gosto com moela guisada.
Dia 22 – Continua bebendo pinga com moela.
Dia 23 – Ganhou todo mundo no jogo de porrinha. Bebeu uma garrafa de vodca e saiu rindo. Entrou num taxi Vow-6262. Quase o mesmo do dia 06.

Dia 24 – Não bebeu neste dia. Parecia ter algum medo. Foi o que me contaram. Mas pediu dinheiro emprestado e jogou cartas com amigos. Fumou quatro cigarrilhas.
Dia 25 – Chegou sorrindo no mesmo táxi do outro dia, com quatro mulheres louras oxigenadas, muito gostosas. Eu saquei que ele me viu de longe e pareceu me cumprimentar. Não dei bola, mas observei suas acompanhantes.
Dia 26 – Parece que ganhou no bicho e voltou. Agora só com duas mulheres morenas e muito sedutoras. Foi embora com elas. Na saída se despediu de mim.


Dia 27 – Lá estava ele de novo com aquelas mulheres lindas. Declamou um poema e se emocionou. Todos aplaudiram. Ele me viu de longe e me cumprimentou.
Dia 28 – Chegou acompanhado de dois policiais fardados. Beberam Campari e cerveja. Ele contou piadas e relatou casos policiais engraçados. Riram e logo depois se despediram.

Ele ficou, me viu e me chamou. Eu fui. Bebemos até às 24h00. As mulheres chegaram e nos saímos juntos. Foi a melhor noite da minha vida.
Dia 29 – Espero por ele e por elas. Ele me garantiu que o programa de hoje seria bem diferente do de ontem. Hoje mesmo rasgo essa porra de relatório”.

Horóscopo do dia – Por Aloísio Menescal

Com a Lua em lapso hiperbólico e Vênus pronada em sua elipse heliocêntrica, os astros tendem a manter-se em movimento de gradual desaceleração rumo colapso de sua órbita, ignorando a vida e as escolhas das pessoas que leem horóscopo.

Previsão do dia: Um desconhecido de quem você não gosta e mora em outra cidade lembrará de você. Um conhecido de quem você gosta contará uma história sua, mas não lembrará seu nome. Um burocrata, num lapso de bondade, vai tentar te ajudar, mas vai atrapalhar.

Evite misturas exóticas, como torresmo com gergelim. Número da sorte: n

*Esse foi o terceiro sarro que publiquei do amigo jornalista Aloísio tirou com o Zodíaco é porreta, pois tem gente que bota a culpa de seus erros em signo do horóscopo. Coisa que desacredito e desconcordo, rs (Elton Tavares).

O pobre soberbo – Crônica/reflexão de Elton Tavares – (do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Sabem, não que eu seja um estudioso da natureza humana, nada disso, escrevo sem propriedade alguma, somente baseado nos meus “achismos” e pontos de vista.

Bom, hoje falarei do “pobre soberbo”. Não, não sou elitista, na verdade, nunca liguei para quem tem grana ou sobrenome. Sempre andei com lisos bacanas e agradáveis desconhecidos, assim como eu. Acredito que gente legal atrai gente legal. Mas enfim, voltemos ao pobre soberbo.

Este tipo de cidadão possui uma renda mensal que está sempre abaixo do orçamento que gostaria de ter, até aí, tudo normal. O pobre soberbo costuma ter bom gosto com roupas, culinária e etecétera e tal. Mas é do tipo que gosta de manter a aparência de bacana, usar vestimentas de marcas famosas, mesmo que isso comprometa suas prioridades (como supermercado, prestações ou algo assim).

O importante para este tipo peculiar de pessoa é manter a capa. Elas costumam frequentar locais “chiques”, sempre conversando sobre futilidades e afins. Ah, os assuntos preferidos do pobre soberbo são carros e pessoas que ocupam cargos públicos. Sim, eles são afiados nessa ladainha sobre coisas e pessoas que nomeiam “importantes”.

O pobre soberbo conhece todo figurão ou seus filhos, por estudar anos a fio suas fisionomias, nas inúteis colunas sociais. Aí ele espera só uma oportunidade para “puxasaquear” o tal fulano e aplicar o seu marketing pessoal, pleiteando algum tipo de status.

Ah, quando um pobre soberbo consegue alcançar algum lugar dentro da sociedade, de acordo com sua percepção, fica pior do que os verdadeiros ricos, nojentão total. Conheci várias pessoas assim. Lembro de um figura, nos anos 90, que disse para mãe que iria se matar, se ela não comprasse um carro para ele. Lembro das meninas da faculdade dizendo: “É um Fulano do carro tal” ou “é o Cicrano, filho do Beltrano”.

Outra característica dos pobres soberbos é dizer o preço das coisas que usa: “Saca este sapato, dei R$ 500 nele”. Essas pessoas são de uma superficialidade incrível.

Estes figuras são cheios de falsas certezas. Basta o mínimo de percepção para arrancar suas máscaras. A maioria só faz figuração na vida. Parafraseando Arnaldo Jabor: “eles assumem a verdade das suas mentiras”.

Dos pobres soberbos, que não são pobres só de posses, mas de espírito, eu só sinto pena e desprezo. Deles, só quero distância.

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Previsão Astrológica Genérica – Por Aloísio Menescal

Por Aloísio Menescal

O tempo do dia pode variar, mas seu temperamento não necessariamente o acompanhará.
Pequenas injustiças podem ser testemunhadas, mas o embalo da vida e alegrias momentâneas te farão esquecer logo em seguida.
Uma pessoa querida falará mal de você para um desconhecido, mas você não vai descobrir.
Uma pessoa de quem você não gosta te verá na rua, mas fingirá não te ver e você nem perceberá.
A primeira alma gêmea programada para você, mas que você nunca conheceu devido a um caminho errado que tomou, te cumprimentará neste dia e nunca mais se verão – outras já vieram depois dessa e outras ainda virão.
Uma sensação estranha pode ou não lhe acometer ao longo do dia, mas embora pareça ser algo intrigante será apenas uma pequena indigestão.
Coma folhas mais coloridas para equilibrar sua aura, que está desbotadanesse tempo chuvoso. Evite adoçantes sintéticos e pimentas exóticas.
Cor do dia: verde arroxeado. Número do dia: 171.

*Esse sarro que o amigo jornalista Aloísio tira com Zodíaco é porreta, pois tem gente que bota a culpa de seus erros em signo do horóscopo. Coisa que desacredito e desconcordo, rs (Elton Tavares).

Frases, contos e histórias do Cleomar (Primeira Edição de 2023)

Tenho dito aqui – desde 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Assim como as anteriores, segue a Primeira Edição de 2023, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas (e inventadas) pela cara

Falta água

Tem um pessoal lá na repartição que normalmente já anda de kool sujo, imagina agora, com essa falta de água.

Vida real e teledramaturgia

E se a vida real fosse que nem as novelas da Globo? Um monte de gente ruim, sacaneando um monte de abestados, tu ias ser da turma dos ruins ou dos abestados?

Dia do Trabalhador

Sobre o Dia do Trabalhador:

Não adianta dizer que vai embora pra Santa Catarina pq aqui não tem oportunidade e continuar acordando meio dia, com aquela preguiça monstra que te acompanha a vida toda.

Capivara

Se soltarem essa capivara aqui perto de casa, do jeito que ela tá gordinha, ela não dura três minutos.

Remédio & Novela

Glória Perez tomou o mesmo remédio que o Bozo tomou quando ela escreveu essa novela, tava doidona!

Histórias da Vida

Das histórias da vida:
Lembro de um dia que na correria demorei pra ir buscar o Leonardo na escola, chegando lá, atrasado, estressado e cansado resolvi descontar no moreno.
– Ei Leonardo, quando tu crescer, tu vais começar a pagar todo esse dinheiro que eu tô gastando contigo!
Leonardo, com uns seis anos de idade concordou sem pestanejar mas fez um breve questionamento:
– Ei papai, quanto é que o senhor tá pagando pra vovó? Só pra eu saber!
Até hoje não respondi.

Emprego

Queria ter um emprego igual ao do Vitor Pereira, ex-técnico do Flamengo, onde eu ganhasse milhões pra fazer merda, de fazer merda eu entendo, ia dar certinho

Kilão

Dia desses, na fila do churrasco do “Kilão”, o cidadão logo a minha frente chega no churrasqueiro e diz: “Chefia, aquela carne beeeem assadinha que quem gosta de sangue é o vampiro”. O distinto assador revira os espetos oferecendo os mais diversos e suculentos cortes e nada agrada ao filho do Cramulhão, até que este avista um pedaço semidesidratado, já tipo galho de árvore esturricado, que faz brilhar os olhos do dito cujo. Escolhida a carne os pedidos continuam: “Chefia, agora aquela toscana de frango especial que eu não sou judeu, mas também não como nada de porco”, isso tudo dito em alto som, como se alguém quisesse saber dos gostos daquela raridade. Solicitação logo atendida pelo funcionário que educadamente aproveitou e ofereceu um vinagrete de cebola e alho ao hematófobo que de pronto responde com um ar bonachão: “Se eu comer um troço desse não vou poder beijar ninguém hoje por conta do bafo”.

Adiantei-me um passo e resolvi olhar na cara do Brad Pitt e foi fácil perceber que ele podia sim, comer aquele vinagrete de alho todo, inclusive a semana toda se quisesse. Cara feiaço, chato pra car4lho, não seria de forma nenhuma o bafo de cebola a sua dificuldade pra conseguir beijar alguém, fdc!

Águas de Março

Que as águas de março levem os filhos de puta que com elas vieram. Acreditem, não foram poucos.

Colheita

Queria me lembrar quando foi que eu plantei tanta filhadaputisse pra essa colheita toda, fdc!

Convivência

Eu faço uma falta enorme, mas minha ausência também é motivo de muito alívio, quem já conviveu comigo sabe, eu sou o cão!

Gênese

Suponho que quando da Gênese , Deus deu uma cota de bichos pra o capeta criar, destes surgiram o cupim de asa, as moscas, os carapanãs, as baratas, as formigas e os motoqueiros que cortam a descarga da moto.

ETs

Outro dia conversando com um amigo sobre os mistérios do universo, ETs e outras besteiras ele me disse:
– Negão, não vão ser os ETs que vão exterminar a gente, vão ser os carapanãs, eles vão comer a gente vivo.
Acho que já é chegado o juízo final, aqui em casa, tem uma base de 5 mil pra cada morador.

Homofobico

Hoje fui apresentar uma nova instalação, um novo espaço pra acomodar o pessoal da repartição e do nada alguém diz: Essa sala não vai dar certo, não tem janelas, fulano é homofóbico, ele não consegue ficar em locais fechados. Aí realmente complica!

Ressaca

E eu, que acordei numa ressaca violentíssima, com uma sede infernal, fui na geladeira e vi uma jarra cheia, achei que era suco, dei uma golada, quase morro, era caipirinha, fdc!

Sexo, mentiras e videotapes – Crônica porreta e cinematográfica de Ronaldo Rodrigues

Crônica cinematográfica de Ronaldo Rodrigues

Diretamente de Paris, Texas, o repórter Borat relata uma trama macabra: O mágico de Oz matou a excêntrica família de Antonia e foi ao cinema. Tudo por um punhado de dólares, que teve o sol por testemunha.

Pegou o taxi driver que conduzia Miss Daisy, atravessou as vinhas da ira, além da linha vermelha. Entrou no cinema Paradiso e viu os Piratas do Caribe invadindo a Fortaleza. Convidou o exterminador do futuro pra tomar um drink no inferno. Sentindo-se um náufrago, saiu em direção ao aeroporto, de volta para o futuro, sonhando com a ilha do tesouro.

Entrou no Bagdá Café e comeu tomates verdes fritos, que estavam como água para chocolate. Do nada, surgiu King Kong deixando todo mundo em pânico. Ouviu alguém gritar: Corra, Lola, corra para os embalos de sábado à noite. Nisso, passou correndo uma multidão. Seriam as invasões bárbaras? Ou o grande motim?

Eram todos os homens do presidente e o povo contra Larry Flint. Cansado de tantos filmes, voltou à casa do lago, onde Harry Potter tinha instalado sua fantástica fábrica de chocolate. À beira do abismo e à queima-roupa, fez ao poderoso chefão a pergunta que não quer calar: Quem vai ficar com Mary?

E se? (como seria se eu tivesse feito escolhas diferentes?) – Crônica de Elton Tavares – *(Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bençãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Escrever/dizer que “todos somos produtos de nossas escolhas” é chover no molhado, ok? Ok. Entre tantos caminhos, certos ou errados por conta das decisões que tomamos, chegamos aqui. É como disse o filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre: “ser é escolher-se”. Pois é, mesmo com muitos erros, poucos fracassos e muitas reviravoltas, quem me escolheu foi eu mesmo (ou inventou), consequentemente, meus rumos.

Assim como em uma crônica do escritor Luís Fernando Veríssimo, intitulada “Alternativas”, resolvi escrever novamente (de forma sintetizada) sobre escolhas (aventuras e desventuras). Aí saiu esse devaneio aí debaixo:

Tenho 46 anos, sou jornalista, assessor de comunicação, escritor e editor deste site, mas como seria se tivesse feito escolhas diferentes?

Se tivesse escutado mais os meus pais e passado direto em todas as séries e me formado em Belém (PA)? Talvez não tivesse me envolvido em tantas brigas e furadas, mas saberia do que os maus são capazes? Certamente não. Ah, se tivesse continuado com a natação ou o basquete, ao invés de ter começado a beber aos 14 anos? A única certeza é que seria mais saudável e não estaria tão porrudo.

Se não tivesse ido morar com aquela menina em 1996? E se tivesse me empolgado ao ponto de ir para a Bolívia (BOL) em 2000? Se não tivesse ido para a Fortaleza (CE) em 2006? Se não tivesse me enrolado com quem não conhecia de verdade? Se não tivesse me envolvido com tanta gente de lá pra cá…Feito e desfeito laços afetivos? E refeito? Nunca será possível saber.

E se tivesse lido mais livros do que ouvido discos de rock e assistido filmes? Não, prefiro do jeito que foi mesmo. Deu para sorver conhecimento divertindo-me e ainda li bastante, para um cara meio marginal na juventude.

Se tivesse topado aquele convite da chefe de redação do Portal Amazônia e ido morar em Manaus (AM) estaria lá ainda? Não tenho certeza, mas se estivesse, seria doloroso, pois sou muito apegado aos meus.

Se não tivesse dito a dura verdade tantas vezes e magoado amigos? Não, prefiro a verdade, doa a quem doer. Arrependimentos ou desculpas não desatam nós ou colam o que se quebrou. Seja lá qual foi a sua escolha no passado, seja nostálgico, triste, feliz ou engraçado. O importante é o hoje e o amanhã, mas isso não impede de pensar como seria?

Se aqueles tiros, em 2001, tivessem me acertado? Se aquele carro na estrada, em 2011, tivesse capotado, aos invés de somente girar várias vezes e sair da rodovia? Estaria vivo ou sequelado? Se não tivesse me metido em tantas brigas de rua, teria aprendido a me defender?

E se em universos paralelos, ou outras dimensões, cada um de nós possui vidas vivendo as outras escolhas? Quem sabe? Não, já é doidice minha.

Se não vivêssemos tantos momentos eufóricos e decepcionantes? De volta aos escritos de Sartre, que falou sobre as consequências de “ter escolhido algo/alguém ou deixado de escolher algo/alguém”. O único arrependimento? Não ter cuidado da saúde e ter virado este gordão. O resto está melhor do que eu pensava.

Com todas as escolhas ao longo da jornada, aprendi que, se você trabalha, faz o bem e não interfere na felicidade alheia, tudo se ajeita com o tempo. E ainda há tempo para muita vida. Sejam quem vocês querem ou pelo menos lutem por isso.

“Sua vida não é feita de decisões que você não toma, ou das atitudes que você não teve, mas sim, daquilo que foi feito! Se bom ou não, penso, é melhor viver do futuro que do passado” – Luís Fernando Veríssimo.

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020″.

Cinema, música, poesia e amor: as boas conversas de mesa de bar – Crônica de Elton Tavares

Como brincou o saudoso compositor Cazuza, na canção Ponto Fraco: “benzinho, eu ando pirado, rodando de bar em bar, jogando conversa fora…”. Sim, ontem (25), eu e dois velhos amigos tivemos um sábado boêmio itinerante, pois bebemos em três locais diferentes, por horas a fio que parecem ter passado muito rápido, de tão bom que foi.

Entre os assuntos de mesa de bar, literatura, dicas de livro, poesia, música, cinema, cagadas de cada um e, como sempre, amor (tema manjada em diálogos etílicos). Tudo regado a cerveja, boa música e aperitivos.

Começamos de tarde e entramos pela noite. Haja estórias, histórias e “causos”. Bobagens legais e temas sérios com uma perspectiva muito peculiar de cada narrador. Tudo com doses certas de humor e ironia.

O bar sempre é o “covil de piratas pirados”, como disse outro compositor, o falecido roqueiro Júlio Barroso. Sim, a filosofia de boteco é ampla, nem sempre clara ou coerente. Porém, ontem foi. Não teve teorias mirabolantes, embates religiosos ou políticos. O máximo de assunto pesado foi sobre família e preconceitos sociais, mas até nisso o papo foi leve.

O diálogo rodou ousadamente por nossas concepções e perceptivas, em esforço algum de convencer o outro sobre o tema discorrido. Teve momentos hilários, em sua maioria. Até chegarmos ao tal “amor”. Aquele lance que todos romantizamos, mas que é mó complicado em todas as suas vertentes, seja ela entre pessoas que se relacionam como um casal ou familiar.

Foram muitas garrafas verdes e entre um gole e outro, rimos sobre o amor e desamor, nossos e dois outros. Assim como suas neuroses e consequências dentro desse universo louco de afeto, doideiras e experiências marcantes relatadas.

O tal do amor. É sempre complexo descrevê-lo. “Que pode uma criatura senão amar e esquecer, amar e malamar...” (Drummond). Ou tipo o que dito pelo maluco beleza, sobre a falta de paz e leveza entre afetos: “você me tem todo dia, mas não sabe se é bom ou ruim“, frase da música “Gita”, do eterno Raul Seixas.

O encontro acabou depois da meia-noite, debaixo de uma tempestade cinematográfica. Isso ao som de Belchior e Raulzito, com direito a cantarmos juntos, pois já estávamos um tanto altos.

Em resumo, meus amigos são como eu: nada é pouco, é sempre muito, sejam cervejas, argumentos sólidos, comentários legais contextualizados com literatura ou música, sempre com risos. O sábado definitivamente entrou para meu banco de memória afetiva. Valeu, Anderson e Adriana!

Elton Tavares