Música de agora: Bitter Sweet Symphony (Sinfonia Agridoce) – The Verve

Bitter Sweet Symphony (Sinfonia Agridoce) – The Verve

Porque é uma sinfonia agridoce, esta vida
Tente fazer finais encaixarem
Você é um escravo do dinheiro, então você morre
Eu te levarei pela única estrada em que já estive
Você conhece aquela que te leva aos lugares
Onde todas as veias se encontram, yeah

Sem mudanças, eu posso mudar
Eu posso mudar, eu posso mudar
Mas eu estou aqui no meu molde
Eu estou aqui no meu molde
Mas sou um milhão de pessoas diferentes
De um dia para outro
Eu não posso mudar meu molde
Não, não, não, não, não

Bem, eu nunca rezo
Mas esta noite estou ajoelhado, yeah
Eu preciso ouvir alguns sons que identifiquem a dor em mim, yeah
Eu deixo a melodia brilhar, deixo-a limpar minha mente, eu me sinto livre agora
Mas as rotas aéreas estão claras e não há ninguém cantando para mim agora

Sem mudanças, eu posso mudar
Eu posso mudar, eu posso mudar
Mas eu estou aqui no meu molde
Eu estou aqui no meu molde
E eu sou um milhão de pessoas diferentes
De um dia para outro
Eu não posso mudar meu molde
Não, não, não, não, não
Eu não posso mudar
Eu não posso mudar

Porque é uma sinfonia agridoce, esta vida
Tente fazer finais encaixarem
Você é um escravo do dinheiro, então você morre
Eu te levarei pela única estrada em que já estive
Você conhece aquela que te leva aos lugares
Onde todas as coisas se encontram, yeah

Você sabe que eu posso mudar, eu posso mudar
Eu posso mudar, Eu posso mudar,
Mas eu estou aqui no meu molde
Eu estou aqui no meu molde
E eu sou um milhão de pessoas diferentes
De um dia para outro
Eu não posso mudar meu molde
Não, não, não, não, não…

Eu não posso mudar meu molde
Não, não, não, não, não,
Eu não posso mudar
Não posso mudar meu corpo,
Não, não, não

É apenas sexo e melodia violenta e silêncio
É apenas sexo e melodia violenta e silêncio
(Eu te levarei pela única estrada em que já estive)
É apenas sexo e melodia violenta e silêncio
(Eu te levarei pela única estrada em que já estive)
Já estive
Em que já estive
Em que já estive
Em que já estive
Em que já estive
Alguma vez você já esteve?
Alguma vez você já esteve?
Alguma vez você já esteve?

Hoje é o Dia Mundial do Compositor

Hoje é o Dia Mundial do Compositor. Música é primordial, ela tem o poder de nos emocionar. Tenho uma inveja branca de quem toca, compõe ou canta.

Já disse o genial escritor Friedrich Nietzsche: “Sem a música, a vida seria um erro”.

O Dia Mundial do Compositor, 15 de janeiro, surgiu no México em comemoração à fundação da Sociedade de Autores e Compositores do México (SACM), em 1945. No entanto, a data somente foi oficialmente celebrada no mundo a partir de 1983.

O conceito diz que: “compositor é um profissional que escreve música. Normalmente o termo se refere a alguém que utiliza um sistema de notação musical que permita a sua execução por outros músicos. Em culturas ou gêneros musicais que não utilizem um sistema de notação, o termo compositor pode-se referir ao criador original da música. Nesse caso, a transmissão para outros intérpretes é feita por memorização e repetição. Em geral, o compositor é o autor da música e, como tal, é o detentor dos direitos autorais. Atualmente as composições musicais são defendidas pela legislação de direitos autorais. Existem editoras especializadas em música e o compositor ou detentor dos direitos da composição recebem royalties sempre que uma nova gravação comercial ou execução pública é realizada”.

Arte: Hellen Cortezolli

É. Pessoas que escrevem as trilhas sonoras de nossas vidas, principalmente os meus heróis da música nacional e gringa, além dos compositores meus amigos como: Fernando Canto, Ricardo Pereira, Val Milhomem, Zé Miguel, Lula Jerônimo, João Amorim, Heluana Quintas, Jj Noones, Lara Utzig, Ana Martel , Wendril Rodrigues, Rebecca Braga, Ruan Patrick, Raoni Holanda, Naldo Maranhão, Joãozinho Gomes, Enrico Di Miceli, Cléverson Baia, Roni Moraes, Geison Castro, Fineias Nelluty, Osmar Junior, Helder Brandão, Jean Carmo, Zezinho, entre tantos outros compositores talentosos do Amapá.

Vocês são foda! Meus parabéns pelo Dia do Compositor. Desejo ainda mais sucesso a todos!

Elton Tavares

Novo Mercado Central será reinaugurado e entregue à população de Macapá nesta quinta, 16

Ampliado e totalmente revitalizado. É assim que a Prefeitura de Macapá entregará o novo Mercado Central à população de Macapá, nesta quinta-feira, 16, às 9h. O espaço foi revitalizado com recursos oriundos de emenda parlamentar do senador Randolfe Rodrigues, no valor de R$ 2,5 milhões, e mais R$ 1,2 milhão de contrapartida do Município.

O novo mercado traz o conceito moderno e representa um grande resgate histórico e cultural da cidade, o que irá contribuir para o desenvolvimento econômico local com a geração de novos empregos, o aumento do comércio, do turismo e do lazer.

Nova estrutura

O mercado mantém a sua arquitetura colonial e conta hoje com 63 boxes, sendo 21 quiosques com divisórias em vidro e mais 3 ilhas na área térrea, 24 no espaço superior (mezanino) e 15 boxes no entorno. O ponto turístico terá ainda espaço para shows, elevador de acessibilidade, novas escadas, telhado termo acústico, piso em porcelanato e, na parte externa, calçadas por toda a área do entorno, além de um espaço de jardim na entrada.

Serviço: 

Data: 16/01 (quinta-feira)
Hora: 9h
Local: Rua Cândido Mendes, Centro

Lilian Monteiro
Assessora de comunicação/PMM
Contato: 98409-3733

Post que ataca senador Randolfe traz informação falsa sobre Lei de Abuso de Autoridade

Por Alessandra Monnerat

Desde a aprovação da Lei de Abuso de Autoridade, várias postagens nas redes sociais atacam o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor de um dos projetos que deu origem à legislação. Um desses posts, com mais de 22 mil compartilhamentos desde o dia 5 de janeiro, traz a informação falsa de que a nova norma proíbe que a pessoa que tiver sua casa invadida divulgue imagens do invasor capturadas por câmeras de vigilância. Isso não é verdade, porque a Lei de Abuso de Autoridade se aplica apenas a agentes públicos. Se encaixam nessa definição servidores públicos e militares, integrantes do Poder Legislativo, do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos tribunais ou conselhos de contas. primeiro artigo da legislação define que crimes de abuso de autoridade são cometidos pelo agente público que, “no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído”.

“O abuso de autoridade é um crime próprio, cometido somente por determinadas pessoas”, explica o professor de Direito Penal da FAAP Francisco de Paulo Bernardes Jr. “Não se aplica ao particular, como no caso das imagens de vigilância de uma casa”.

Se as imagens divulgadas ofenderem os direitos da pessoa exposta, ela pode ser reparada em processos cíveis, segundo o advogado criminalista Rogério Taffarello, sócio da Mattos Filhos Advogados. “Espalhar imagens que ofendem a honra de alguém pode configurar eventualmente em injúria“, afirma ele. “Se a gravação for compartilhada com legendas ofensivas, pode ser difamação“.

De acordo com Taffarelo, geralmente a pena aplicada a ofensas mais leves é o direito de indenização. A responsabilização criminal só ocorre em casos mais graves.

O que diz a Lei de Abuso de Autoridade sobre divulgação de imagens

Ainda que a divulgação da imagem de um invasor fosse feita por um agente público, ele não seria automaticamente punido pela Lei de Abuso de Autoridade. O artigo 28 da legislação define pena de 1 a 4 de detenção e multa àqueles que divulgarem “gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado”.

O professor Bernardes Jr. explica: “A lei permite a divulgação de imagens dentro da estrita legalidade. O que não pode é a divulgação dessas imagens com outra finalidade, como a de prejudicar alguém ou por um capricho pessoal. Respeitada a dignidade humana, essa divulgação é lícita”.

Isso também está na lei, no primeiro parágrafo do Art. 1º. O abuso de autoridade é praticado pelo agente “com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal”.

Senadores discutem projeto que define os crimes de abuso de autoridade (PLS 85/2017). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O advogado Taffarelo oferece um exemplo que pode se encaixar nessa lei. “Se uma pessoa que for detida é ridicularizada em uma filmagem, e depois divulgarem o vídeo, é uma conduta abusiva”, disse ele. “É diferente do mero registro. O ato da autoridade pública deve ser registrado”.

Que tipos de imagem podem ser divulgados? “Cabe às autoridades somente dar publicidade, nos autos de investigação e processos respectivos, ao que tenha pertinência com o que se investigou, e não expor ou espetacularizar informações e conversas íntimas das pessoas investigadas somente para constrangê-las”, diz Taffarelo. “Esse tipo de ato a legislação brasileira nunca permitiu, e continua não permitindo”.

De qualquer forma, ao menos 10 polícias deixaram de divulgar nomes e imagens de presos em redes sociais, segundo reportagem publicada pelo portal G1. As corporações de São Paulo, Espírito Santo, Distrito Federal, Bahia, Mato Grosso do Sul, Acre, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul fizeram mudanças para atender à nova Lei de Abuso de Autoridade no início de janeiro.

Qual a relação do senador Randolfe Rodrigues com a Lei de Abuso de Autoridade

A Lei de Abuso de Autoridade foi considerada uma reação da classe política às recentes operações contra corrupção, como a Lava Jato e uma derrota para o governo e um revés para o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro.

Procurada, a assessoria de imprensa de Randolfe Rodrigues informou, por telefone, que durante o processo de tramitação, o projeto original do senador foi “desvirtuado”. Segundo a assessoria, Randolfe votou contra a aprovação da proposta por não concordar com as mudanças feitas ao texto inicial.

Em 2017, o senador apresentou o Projeto de Lei do Senado 85, que definia crimes de abuso de autoridades. O texto original já continha a proibição de “constranger o preso ou detento, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe ter reduzido, por qualquer meio, a capacidade de resistência” a “exibir-se, ou ter seu corpo ou parte dele exibido, à curiosidade pública”.

A proposta original também vetava constranger o detento a participar em “ato de divulgação de informações aos meios de comunicação social ou ser fotografado ou filmado com essa finalidade”. Essa parte, no entanto, não está na lei promulgada pelo presidente Jair Bolsonaro em setembro do ano passado.

A proposição do senador da Rede foi combinada com o Projeto de Lei do Senado 280, de 2016, de autoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL), em um substitutivo do ex-senador Roberto Requião (MDB-PR). A proposta de Calheiros vetava “ofender a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoa indiciada em inquérito policial”, “constrangendo-a a participar de ato de divulgação de informações aos meios de comunicação social ou serem fotografadas ou filmadas com essa finalidade”.

O texto final enviado pelo Congresso Nacional ao presidente Jair Bolsonaro definia 53 condutas como abuso de autoridade. Dessas, 23 foram vetadas pelo presidente, mas os legisladores restauraram 15 delas. Veja abaixo o que ficou de fora da lei, segundo a Agência Senado.

Este conteúdo foi selecionado para checagem por meio da parceria entre Estadão Verifica e Facebook. Veja o post que verificamos: Informação é falsa.

Fonte: Estadão

Veja a programação que marcará o aniversário de 70 anos do Estádio Glicério Marques

Nesta quarta-feira, 15, a Prefeitura de Macapá promoverá uma vasta programação alusiva aos 70 anos do Estádio Glicério de Souza Marques. Na ocasião, será feita a assinatura da ordem de serviço para o início das obras de revitalização do “Glicerão”. Serão destinados R$ 7.815.650,00, oriundos de créditos extraordinários, garantidos pelo presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre.

Haverá também partidas amistosas de futebol com ex-craques e torneios com equipes amadoras (masculinas e femininas). O “Gigante da Favela”, como é conhecido, foi inaugurado no dia 15 de janeiro de 1950 e recebeu jogos das seleções nacionais, do Copão da Amazônia, da Copa do Brasil e do Brasileirão da Série D.

Confira abaixo a programação completa:

9h- Será cantado os parabéns para o estádio com acompanhamento da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Macapá e na sequência será feito o corte do bolo;
9h15- Fala das autoridades;
10h- Jogo entre ex-jogadores;
11h- Início dos jogos classificatórios do Torneio Aniversário do Glicério;
13h- Distribuição de feijoada para o público presente;
17h- Final do torneio masculino;
17h30- Final do torneio feminino;
18h- Premiação.

Serviço:

Data: 15/01 (quarta-feira)
Hora: 9h
Local: Estádio Glicério Marques
Endereço: Avenida Mendonça Junior, nº 1502, Centro

Jonhwene Silva
Assessor de comunicação/Comel
Contato: 99161-2801

Música de agora: Bridge Over Troubled Water (Ponte sobre águas revoltas) – Simon & Garfunkel (versão de Elvis Presley)

Bridge Over Troubled Water (Ponte sobre águas revoltas) – Simon & Garfunkel (versão de Elvis Presley)

Quando você estiver exausta
Sentindo-se insignificante
Quando as lágrimas estiverem em seus olhos
Eu enxugarei todas elas

Eu estou ao seu lado
Oh, quando os tempos ficarem difíceis
E os amigos não mais puderem ser encontrados
Como uma ponte sobre águas revoltas
Eu me estenderei
Como uma ponte sobre águas revoltas
Eu me estenderei

Quando você estiver chateada
Quando você estiver na rua
Quando a noite descer pesadamente
Eu a confortarei

Eu a ajudarei
Oh, quando a escuridão vier
E a dor estiver por perto
Como uma ponte sobre águas revoltas
Eu acalmarei sua mente
Como uma ponte sobre águas revoltas
Eu acalmarei sua mente

Continue a viver em brilho
Continue vivendo
Sua hora chegou para brilhar
Todos os seus sonhos estão a caminho

Veja como eles brilham
E se você precisar de um amigo
Eu estarei logo atrás
Como uma ponte sobre águas revoltas
Eu acalmarei sua mente
Como uma ponte sobre águas revoltas
Eu acalmarei sua mente
Ah, ah, ah

CORNUCÓPIA DE DESEJOS – Conto muito porreta de Fernando Canto

Conto de Fernando Canto

Por querer expressar meu pensamento sobre as coisas em meu idioma, às vezes arrebato o próprio coração em sofridas angustiosidades e dissentimentos infaláveis. Por isso monologo no granito e lavo em água este contraste, esta antagonia de imprescindível falação que ponho em tua trompa de eustáquio para te martelar suavemente a dentro.

É o caso do amor ensolarado que sinto agora, neste mirífico momento. Um assunto ressoante, uma prosa-cornucópia (onde a abundância reina) a refratar-se sem a culpa do inexpressável parlar.

Não vejo como não ensopar-me de enluação neste conto de candura quase irrevelável, posto que o meu amor possa entender-me ou espumar-se para sempre para o inevitável espanto que a declaração enseja. Paresque um salto com vara numa olimpíada de abismos.

Assim eu declaro: a cobra norato, o boitatá e as luzes do fogo-fátuo se expiram na noite cadente. Oh, teus olhos não! Teus olhos ternuram a medida do dia, solfejam histórias e cantam paisagens inescrutáveis para os sonostortos dos mortais. Eu sou o arauto deste cenário-testamento a castigar retumbantemente o couro dos tambores; eu anuncio a sublime compreensão do “amooor” que ecoa em gargalhadas sobre as ondas do Amazonas, aqui na Beira-rio, sob um céu azul intensificado de lilás quando anoitece. Eu declaro ainda: a pedra em sua bruta forma tem dentro de si os elementos primordiais que suprem tua sede de amar. Ora, Balance a pedra e sinta o gutigúti da sua oferenda. Lapide-a, pois ela provém da terra, e então perceberá o calor do fogo da paixão libertadora e o ar morno que movimentará o sangue pelas entranhas.

Num átimo, um áugure qualquer (que são muitos e banais) lerá tua sorte: dirá augúrios, claro. Um áuspice (que estão cada vez mais raros) dirá tua sina no raro voo dos louva-deuses. E te auspiciará de boas-novas e de valores inequívocos.

Ora, dizendo isso afirmo que sou aquele que nem sabe discursar suas dores, inda que saiba do futuro, pois habito o limiar do tempo. Eu sou a timidez em prosa e verso, aluno de poesia, mas prenhe de pecados, porque ingiro virtudes nos bares da noite e não sei segredar projetos inexequíveis. Não sei, juro pueril e ludicamente (mas com toda a sinceridade de uma parlenda) pela fé da mucura, torno a jurar pela fé do guará, torno a repetir pela fé do jabuti, que não sei mentir ao sabor do vento dos ventiladores que me sopram fumaça de charutos cubanos.

Descobri que sei de ti mais do sabes da pedra em teu caminho. Sou teu (adi)vinho incontestável, ad-mirador de tua trajetória. Por isso do alto da minha velada arrogância sei que tu também me amas.

Mas é de ti que quero o conteúdo dessa bilha onde Ianejar – aquele heroi dos índios waiãpi – e seus pareceiros se abrigaram do fogo ardente e do dilúvio. É por ti que generalizo a farsa da criação sem pesadelos cosmogônicos. Eu me agonizo em mistérios. Eu eternizo o meu olhar nessa paixão. E me enleio como as borboletas que viajam ao paraíso pelo buraco sem-fundo do fim da terra.

Por isso eu sei que te amo.

Por isso vago ainda em fluidos imemoriais sempre presentes, antes do esquecimento das vitórias que juntos comemoramos.

Por isso a ternura há de ser o mais farto elemento da imensa cornucópia de desejos que realizamos juntos.

Com atendimentos voltados à saúde da família, prefeitura reinaugurará UBS Pacoval nesta terça, 7

A Prefeitura de Macapá reinaugurará nesta terça-feira, 7, a UBS Pacoval. A reforma, que teve início em 2018, foi feita com recurso de emenda parlamentar do senador Davi Alcolumbre e contrapartida do Município, permitindo adaptar toda a unidade, modernizar a estrutura e garantir acessibilidade, passando a contar com recepção, farmácia, três consultórios, salas de vacinação e de coleta de PCCU, gabinete odontológico, administração, copa e banheiros.

Além da reestruturação física, os atendimentos feitos na unidade também passam por modificações, tendo como foco os desempenhados pelas Equipes de Saúde da Família (ESF’s), atribuindo maior capacidade de resposta às necessidades básicas de saúde da população da área de abrangência. Com modelo mais resolutivo, a unidade irá executar uma série de atividades individuais e coletivas que precisam ser promovidas e fomentadas pelas ESF’s em conjunto com a comunidade.

Na UBS, três equipes multiprofissionais serão responsáveis por uma assistência integral, contínua e de qualidade, capaz de assistir aos problemas de saúde mais comuns, por meio de processos educativos, que promovam a saúde e previnam doenças em geral na própria unidade e também nos domicílios e em locais comunitários, como escolas. Desta forma, apenas uma pequena parte dos casos precise ser encaminhada para serviços mais especializados em outras unidades de referência, como a UBS Perpétuo Socorro. E, mesmo nesses casos, não perdendo de vista o usuário, responsabilizando-se pelas “referências” necessárias, discutindo os casos e recebendo-os de volta, na “contra referência”, para continuar atuando no nível dos cuidados básicos.

Serviço:

Data: 07/01 (terça-feira)
Hora: 9h
Local: UBS Pacoval
Endereço: Rua General Rondon, nº 225, Laguinho

Jamile Moreira
Assessora de comunicação/Semsa

Viagem para mudar – Crônica paid’égua de Fernando Canto sobre o ano novo

Crônica de Fernando Canto

Na cachaça do ano novo é muito comum fazermos resoluções e promessas de mudança no comportamento, no trabalho e nas relações sociais. Planejamos novas ações e juramos mudar, custe o que custar. E temos poder para isso. Se quisermos mudar para melhor porque não tentar? O problema é sair da nossa zona de conforto e experimentar algo que pode ser ruim ou bom. No entanto resistimos às mudanças.

Um famoso psiquiatra austríaco, Viktor Franki, disse que a coisa mais importante que a psicologia pode e deve fazer é nos impressionar com nossos próprios poderes, principalmente nosso poder de mudar e crescer. Porém não é sempre que nos esforçamos se estamos no nosso conforto e nem sempre desejamos mergulhar em águas desconhecidas, correr esses riscos…

Assistindo ao mundo em movimento é que podemos perceber que estamos indo junto com ele, em uma viagem sem volta, num trem galáctico, rumo às estrelas do infinito. Daí é possível entender que consciente ou inconscientemente somos empurrados a estados e condições diversos, pois os processos de mudança são inexoráveis e inerentes à dinâmica da vida. E assim também as organizações sociais.

Desta forma, ao pensarmos as mudanças que querermos por necessidade, certamente tomamos consciência dos eventos a nossa volta e seus efeitos em relação às nossas escolhas. E é então que alimentamos nossas expectativas sobre a nossa atuação no passado recente. Nessa expectativa é melhor fazer um sobrevoo sobre nós mesmos e olhar os sinais e sintomas de mudança que precisamos, para que possamos mudar.

Lá fora nossas esperanças ainda não morreram. Há sinais de troca e de mudanças estruturais. Novos sonhos são acalentados diariamente pelas pessoas e muitas delas que exercem ou que exercerão cargos de decisão indubitavelmente terão de fazer surgir, pelo trabalho, mudanças em todos os níveis, que serão acompanhadas pelas pessoas que os escolheram numa dialética constante, praticada cotidianamente, principalmente pela imprensa

Transformar, modificar, revolucionar não é apenas mais uma necessidade dos seres humanos. As organizações aprendem muito rapidamente que suas fronteiras mudam a cada minuto, e por isso se voltam para o enfrentamento de novos desafios e buscam nos seus servidores graus maiores de eficiência que podem evoluir e acompanhar suas novas necessidades com pragmatismo e equilíbrio. No entanto nem sempre os debates, cursos, palestras e ensinamentos sensibilizam os atores sociais, notadamente no serviço público, onde se percebe claramente que a empolgação das pessoas é efêmera, e que elas oferecem mais suas próprias críticas e medos que suas habilidades, conhecimentos e capacidades analíticas. Quase em nada contribuem para a totalidade e missão das instituições pelo conformismo e conforto que estão aninhadas com suas limitações em se adaptarem às novas tecnologias, na tensão infindável da luta diária.

Nem tudo, porém, está perdido. Apesar de sempre haver resistência ao novo, a História está aí para dar seu testemunho de sucesso àqueles que ousaram acreditar em si mesmos e conseguiram mudar o mundo. Para transformar, e para transformar-se é necessário ter suporte emocional e equilíbrio, algo que estabeleça a harmonia e desperte o potencial interior que todos os seres humanos possuem para mudar.

Nesse sentido podemos aprender que falar em mudança não requer se basear em livros de auto-ajuda, nem sequer na espiritualidade. Na viagem do trem rumo às estrelas começamos a nos conscientizar dos impactos que causamos quando decidimos fazer mudanças e o que elas provocam nas dimensões físicas de um órgão ou nos conteúdos culturais das pessoas e nas suas emoções.

(*) Publicado no Jornal do Dia em dezembro de 2008.

10 dias na estrada pelo Norte da América do Sul – Uma expedição musical pela Guiana Francesa e Suriname – Por Clicia Vieira Di Miceli

Pé na estrada! Joãozinho Gomes, Dante Ozzetti, Patricia Bastos, Nilson Chaves e Enrico Di Miceli a caminho do município de Oiapoque

Por Clicia Vieira Di Miceli

Aquilo que seria uma viagem a trabalho para um show na Guiana Francesa se tornou uma incursão cultural com destaque para a original música tocada, cantada e dançada ali no topo da América do Sul – Guiana Francesa e Suriname. Saímos de Macapá dia 2 de agosto, para uma viagem de 10 dias.

Mais que um meio de transporte, a van carregou a nossa disposição e a felicidade de estarmos juntos na estrada.

Percorremos o trecho até o Oiapoque em 8h e foram necessários mais 3h para chegarmos em Caiena, totalizando 11h de viagem por via terrestre da capital do Amapá até a capital da Guiana Francesa.

Uma foto clássica, registro de quem já está perto de chegar na fronteira Brasil – Guiana Francesa

O trajeto entre Caiena e Paramaribo também foram percorridos de maneira intercalada. Fizemos a rota entre as duas capitais em aproximadamente 6 horas, sendo 1h até Kourou, mais 3h até St Laurent du Maroni e quase 2h até a capital do Suriname.

Passamos um pouco mais de uma semana viajando entre um lugar e outro, que pela intensidade e riqueza do que vivemos, nos causou a sensação de estarmos bem mais dias juntos.

A placa marca a entrada no território francês; ao fundo, o ponto de controle de entrada e saída de pessoas e veículos.

Pegamos a estrada em uma van que nos acompanhou até o final do percurso, um carro que não servia somente para nos transportar entre os destinos, mas um importante ponto de apoio e onde longas conversas foram travadas, muitas horas de músicas foram ouvidas e projetos futuros foram desenhados.

Os artistas Dante Ozzetti, Patricia Bastos, Michaëlle Ngo Yamb Negan, Enrico Di Miceli e Nilson Chaves no palco do Complexo Eldorado.

O repertório da playlist foi variado, mas algumas músicas marcaram o roteiro que fizemos e se tornaram trilhas da viagem – uma em especial e que, mesmo discordando do letrista, que diz que “Caiena é tão perto daqui quando penso na estrada…”, sem titubear, a música “De Macapá a Cayenne”, dos compositores Joãozinho Gomes e Zé Miguel foi a escolhida por aclamação popular, sentimental e física a Número 1 da viagem.

Visita da cantora Clara Nugente, que também esteve no show dos artistas brasileiros na noite de 03 de agosto no complexo Eldorado.

No total, éramos sete pessoas: a cantora Patricia Bastos, os compositores Nilson Chaves, Enrico Di Miceli, Joãozinho Gomes, Dante Ozzetti, Clicia Vieira Di Miceli e o motorista, comandante da Nave da constelação de parentes, Jerre Lews, carinhosamente chamado de Velho Lobo.

Na esquerda, Marie-Françoise Pindard, pesquisadora dos ritmos tradicionais crioulos da Guiana Francesa, recebendo o Amazônia Orbita, trabalho instrumental de Dante Ozzetti, resultado de uma pesquisa sobre os ritmos da Amazônia brasileira. Ambos estudiosos dessa musicalidade regional. Na foto do centro, a produtora Andressa Duvigneau, que esteve em vários momentos da viagem e nos acompanhou na visita ao grupo Os Anciãos de Kourou. Na direita, o produtor Lívio de Sá, no dia seguinte ao show, mostrando a cidade de Caiena aos artistas.

Nossa primeira parada programada foi em Oiapoque, onde o Nilson Chaves tinha um show agendado e com muito prazer curtimos a noite da cidade, que, para a maioria, era a primeira visita ao município.

Na catraia do rio Oiapoque

No dia seguinte, antes de seguirmos para Caiena, navegamos de catraia pelo rio Oiapoque, fomos na Grand Roche nas proximidades de Clevelândia do Norte até a cidade de Saint-Georges de L’Oyapock para apresentar a nossa fronteira brasileira com o território francês.

Apresentação da etnia Kali’na. O que marca sua identidade musical é o tambor Sampula, instrumento nos rituais de canto e dança desse grupo.
Enrico Di Miceli, Patricia Bastos e Joãozinho Gomes no Centro Espacial de Kourou, uma das bases de lançamento da Agencia Espacial Européia.
Com as “parentas” na Jornada internacional dos povos autóctones- Caiena/2019.

Atravessamos a ponte sobre o rio Oiapoque às 15h do sábado, dia 03, e aqui vale o registro de que nos beneficiamos do primeiro final de semana da abertura da ponte Binacional, que até a presente data abria na segunda-feira em horário comercial e fechava definitivamente ao meio dia do sábado, reabrindo novamente somente no início da semana seguinte.

Passado o ponto de controle para apresentação dos passaportes e o obrigatório visto de entrada na Guiana Francesa, pegamos a sinuosa estrada que nos leva até Caiena, nosso próximo destino.

Compositor e arranjador Dante Ozzetti participando de um ritual de purificação espiritual, recebendo o cigarro da mão do cacique para a autodefumação.

Quem nos levou à Guiana Francesa foi a música, através de um show que fechamos com o produtor Lívio de Sá para uma apresentação coletiva de Nilson Chaves, Enrico Di Miceli, Patricia Bastos e Dante Ozzetti, através do projeto Ponte Cultural Amapá-Guiana, que aconteceu no Complexo Eldorado, nas imediações da Place des Palmistes, coração da cidade e ponto de muitas manifestações culturais.

O cantor e compositor Nilson Chaves e a cantora Patricia Bastos apreciando a arte urbana de valorização da música tradicional crioula.

O show teve a participação da flautista Michaëlle Ngo Yamb Negan e recebeu uma plateia composta por guianenses, franceses metropolitanos e brasileiros nortistas imensamente saudosos por seus estados, mas ali afagados pelo repertório de canções que retratam nossa vida na Amazônia brasileira, e marcados pelos ritmos do marabaixo, do batuque e do carimbó.

Na esquerda, Joãozinho Gomes, Dante Ozzetti e Enrico Di Miceli, aguardando uma iguaria em um restaurante tipicamente crioulo. Na direita, compositor Enrico Di Miceli na cidade de Caiena, com destaque para a arquitetura crioula, que é marcante nessa coletividade territorial francesa.

Fechamos aquela noite felizes da vida e já querendo concordar com o poeta que diz que “Caiena é tão perto daqui”. Sim, somos separados por quase 800 Km de estrada e ligados por uma ponte Binacional e pelo belo rio Oiapoque.

Dante Ozzetti, Joãozinho Gomes, Patricia Bastos e Enrico Di Miceli acompanhados do tamboreiro Antoine Villageos, que nos apresentou a matriarca de um dos grupos mais tradicionais do Grajé de Kourou, a senhora Rosiette Fauvette. Destaque para os tambores circulares do Grajé, e para o tecido Madras no quadriculado da camisa, no vestido e acessório de cabeça chamado La Chat, isso tudo compõe a identidade visual da tradição crioula da Guiana Francesa.

São 590km até o município de Oiapoque, sendo 111km sem asfalto e mais 190 km até a capital da Guiana Francesa, somados a algumas dificuldades burocráticas que nos distanciam de nossos vizinhos franceses. Mas, ao fazermos esse encontro musical com artistas, pesquisadores e produtores locais, as nossas afinidades regionais foram afloradas e passamos a nos sentir “em casa”, sobretudo quando sonhamos conjuntamente a construção e afirmação de uma identidade amazônida que tem como base os nossos tambores, o nosso DNA indígena, a mistura crioula e um sotaque de línguas latinas que entrecruzam o português e o francês nessa fronteira cortada por rios e por uma costa atlântica que nos interliga ao mar do Caribe e às pequenas e grandes Antilhas, ilhas que permeiam nosso imaginário musical como Martinica, Guadalupe, Cuba, Jamaica e Haiti.

Apresentação de um grupo de Kasékò, formado por 4 tocadores, sendo três tambores Kasékò (barril de vinho) que possuem funções diferentes na execução do ritmo e um tibwa. Da direita para a esquerda: Plonbé – tambor de acompanhamento, emite o som grave,Koupé – tambor para os solos e improvisações, Foulé – tambor de acompanhamento, emite o som médio e o Tibwa – instrumento fundamental para a execução do ritmo Kasékò, funciona como metrônomo e os tambores seguem a sua pulsação

A Guiana Francesa é muito especial: possui uma diversificada cultura pela história de migração que viveu a partir da década de 1960 com a construção do Centro Espacial Guianense – CSG, na cidade de Kourou. A busca por salários pagos em Franco, hoje Euro, o sonho do ouro e a qualidade de vida com padrões europeus estimulou a ida de muita gente para lá e transformou aquele lugar em um caldeirão cultural composto por brasileiros, chineses, haitianos, hmongs, surinameses, dominicanos e outros tantos grupos que transformaram a Guiana Francesa em um território multicultural. Mas com tudo isso, nada é tão forte, belo e instigante quanto a original cultura franco-guianense dividida entre ameríndia, crioula e bushnengé.

Cantora Patricia Bastos e Clicia Vieira Di Miceli com o adereço Kanmiza, aprendendo os passos do Kasékò com a Dra. em Etnomusicologia, Marie-Françpoise Pindard

Um portal que nos desloca de uma parte da União Europeia e da tecnologia espacial para um universo sonoro dos tambores e das maracas, dos dialetos, da culinária, da vestimenta e da arquitetura peculiar, uma Amazônia profunda que vai além dos manjados e estereotipados cartões postais.

A música tribal dos Bushinengé.

Os Ameríndios:

As comunidades indígenas e suas tradições estão na pauta do dia com suas manifestações salvaguardada na Guiana Francesa, através de políticas de valorização dedicadas a celebrar a cultura de seus primeiros povos, a exemplo do evento de que participamos em praça pública – 9° Jornada internacional dos povos autóctones – com a participação dos 6 povos nativos: Kalina, Lokono, Palikur, Teko, Wayãpi e Wayana, alguns desses também presentes em território brasileiro, no estado do Amapá, a exemplo dos Palikur e Wayãpi.

Dante Ozzetti em uma vila Saramká, a caminho de St Laurent du Maroni, com destaque para a arquitetura e a pequena Bushinengé.

Os Crioulos ou mestiços:

A cultura crioula da Guiana Francesa é fruto da mestiçagem e da herança do período da colonização que iniciou no século XVII e tem como base o francês, mas que se misturou com indígenas e africanos. O termo “crioulo” é utilizado para identificar uma língua e um povo, e a partir desse conjunto de identidades se percebe de maneira marcante a arquitetura, juntamente com a culinária, a vestimenta e a música que facilmente é ouvida na capital e nas demais cidades. A música crioula possui 7 ritmos de base (Grajé, Kanmougwé Léròl, Débòt, Béliya, Grajévals e Kasékò) tocados em tambores específicos dessa tradição. O Grajé é tocado no tambor Grajé, o Kanmougwé nos tambores Yongwé, e os demais ritmos nos tambores feitos de barril de vinho, chamados de tambor Kasékò. Já o ritmo Léròl, além dos tambores, utiliza o Chachá, um tipo de maraca da tradição indígena.

Patricia Bastos e os Saramaká.

Os Bushnengé:

Outro marcante traço da tradição franco-guianense é o povo bushnengé (businenge) também chamados de noir-marron. São descendentes de africanos que foram escravizados pelos holandeses colonizadores do Suriname entre os séculos XVII e XVIII. Fugindo da escravidão em direção das matas às margens do Maroni, rio da fronteira do Suriname com a Guiana Francesa, reproduziram seu estilo de vida tribal e foram se adaptando à vida amazônica. Os Bushinengé possuem características específicas e são organizados socialmente com culinária, língua, arquitetura, embarcação, traço iconográfico, vestimenta, dança, ritmos e instrumentos próprios. Embora pareçam uma única etnia, são divididos em 6 grupos: Saramakà, Paramakà, Matawaï, Kwinti, Aluku (Boni) e Djuka.

Momento de estase musical com amigos que conhecemos na noite de St Laurent du Maroni. Todos Bushinengé, a maioria músicos e exímios dançarinos.

Após nossa estada em Caiena e Kourou, seguimos para a terra dos Bushinengué, Saint Laurente du Maroni, última cidade franco-guianense antes de entrarmos no Suriname. Atravessamos o rio Maroni até a cidade de Albina e de lá seguimos de carro para Paramaribo, capital do Suriname, a ex-colônia holandesa que se tornou um país independente em 1975, o último da América do Sul a se descolonizar de um país europeu. É um país muito novo comparado às demais nações do continente e possui uma população composta por índios, descendentes de africanos, indianos, javaneses e brasileiros, que o torna uma nação culturalmente bem diferente quando comparada às particularidades históricas dos demais países da América do Sul que foram colonizados por portugueses ou espanhóis. Essa multiculturalidade se reflete na língua que oficialmente é o holandês, mas possui um dialeto local – o crioulo surinamense ou Sranantongo – popularmente chamado de taki taki.

Enrico Di Miceli, Patricia Bastos e Joãozinho Gomes no Centro Espacial de Kourou, uma das bases de lançamento da Agencia Espacial Européia.

Uma diversidade de traços físicos do povo, na marcante arquitetura dos casarões de herança da colonização holandesa, nos templos hindus, nas mesquitas, nas sinagogas, na diversidade encontrada na música e nas inúmeras possibilidades gastronômicas do país nos revelam uma abundante riqueza cultural, o traço mais forte desse país.

Enrico Di Miceli e um Bushinengé, acertando a nossa travessia para o Suriname que aparece ao fundo, cidade de Albina. Essas embarcações são as pirogues bushinengé, através das quais o vai-e-vem dessa fronteira se desenha; elas transportam a população e os produtos que circulam entre a Guiana Francesa e o Suriname

A partir de Paramaribo, iniciamos o nosso percurso de volta a Macapá. No retorno, paramos em Kourou (Guiana Francesa) para conhecermos a Íle du Salut (Ilhas da Salvação), um arquipélago composto pelas Íle du Diable, Íle Royale e a Íle Saint-Joseph, que abrigou o mais rigoroso complexo penal francês, criado no século XIX e desativado na década de 1940.

Na imagem acima, a ruas de Paramaribo com o colorido dos transportes públicos, nos fazendo lembrar que o caribe tá bem perto da gente. Embaixo, na esquerda, Patricia Bastos, Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes em visita ao Forte Zeelandia, erguido no século XVII em Paramaribo. Hoje funciona como museu e guarda parte da história do pais. E, abaixo, na direita, um registro dos pequenos estudantes que demostram a sociedade multiétinica que é o Suriname: Indianos, javanes e o crioulo surinamense.

Nossa viagem até as ilhas foi em um pequeno barco a motor e durou 30 minutos, o que nos levou ao encontro da memória e das ruínas de um dos episódios mais conhecidos da antiga colônia francesa, que inspirou o livro Pappillon de Henri Charrière, posteriormente adaptado para o cinema e que ainda povoa de forma mítica a nossa imaginação.

Na esquerda, a diversidade religiosa é uma das marcas culturais do Suriname como demostra esse conjunto de imagens de um templo hindu na capital Paramaribo. Na direita, Dante Ozzetti, Enrico Di Miceli, Patricia Bastos e Joãozinho Gomes entrando na Ilha Real.

A única ilha aberta à visitação é a ilha Real, que hoje abriga uma estrutura de hotelaria e restaurantes. O lugar paradisíaco recebe muitos turistas que buscam o contato com a história e as belezas naturais do lugar. A ilha do Diabo e a São José, fechadas à visitação, podem ser observadas do próprio barco ou de vários pontos da ilha Real.

Na esquerda, Clicia Vieira Di Miceli e Patricia Bastos em uma das edificações administrativa da antiga prisão. Na direita, Dante Ozzetti e Enrico Di Miceli visitando as ruinas das celas de detenção

Com um banho de mar nas ilhas de Salut, começamos a nos despedir daqueles dias especiais divididos entre a amizade, a música, a estrada, a comida crioula, a culinária asiática, o vinho francês, a cerveja surinamesa Parbo, as novas aquisições de Cds, os encontros no café da manhã, os planos traçados para o dia, o cansaço superado pela curiosidade de conhecer mais coisas, as mímicas pra ajudar na comunicação quando a língua falhava, a pimenta que nos pegava de surpresa, o bami, o poulet fumé, as pirogues, os sons dos variados tambores, a primeira audições do Todo Música, a audição das faixas mixadas do Timbres e Temperos e aquela emoção coletiva ao ouvirmos a Chiquinha é Chique, as incontáveis piadas e o nosso rico vocabulário de expressões renovadíssimos.

Joãozinho Gomes, da Ilha Real, avistando a Ilha do Diabo.

Viajar pela Guiana Francesa e o Suriname foi especial. Lugares que nos permitem estabelecer a interface da Amazônia com o Caribe e a União Européia.

Sempre motivados pela música, essa foto representa as muitas coisas bacanas que vivemos na Van. Esse sorriso geral é após a primeira audição do CD Todo Música do Enrico Di Miceli, que chegou da fábrica às vésperas da viagem e que rolou muito durante as horas de estrada.

Viajamos quase 3 mil km de estrada no trajeto Macapá/Oiapoque/St Georges/Caiena/ Kourou/Saint Laurent/ Paramaribo, e retornamos “no mesmo pé” até chegarmos ao nosso ponto de partida com a bagagem cheia de coisinhas legais, incluindo ritmos, projetos musicais e a amizade alimentada por um emaranhado de lindos momentos que vivemos.

Patricia Bastos na viagem de volta, cheia de história pra contar e toda trabalhada no Madras

Texto e Fotografia: Clicia Vieira Di Miceli
Clicia é produtora cultural, geógrafa e mestra em Estudos de Fronteira.

*Escrito em agosto e publicado somente em dezembro de 2019 por falta de tempo para revisar o texto e selecionar as fotos.

Poema de agora: PRECE – Ori Fonseca

PRECE

Ó Deus, tira-me a mente
Para que eu te creia
Cega-me os olhos
Para que eu não veja
Corta-me as pernas
Pra que eu não me mova.
Sem isso, Pai,
Continuarei a pensar e duvidar
Continuarei a ver teus filhos abandonados
À miséria, à escravidão, ao terror de tiranos
Continuarei a caminhar em busca da verdade
Longe de tuas linhas tortas.

Senhor, desfaze-me, te peço
Não sou digno de mentir contigo
Não sei contar tuas histórias falsas
Não quero iludir com tua Palavra.

Tua Luz é fria para mim
Tua Luz é cega
Tua Luz não guia
Tua Luz não brilha
Tira-me o ar, Criador
Senhor da minha dúvida
Pai absoluto da minha certeza.

E perdoa-me, te peço
Por muitos que humilham te louvando
Por tantos que ferem em teu nome
Por todos os que matam te clamando
Não sabem eles, teus filhos órfãos, que não sabes nada.

Por fim, deixa-me em paz, ó Pai
Por ti houve fogueiras de gente
Houve guerras sangrentas
Houve gritos de horrores
Houve descaminho, mentira e morte
Houve outros deuses amparados em ti.

Dá-me o sono tranquilo da tua inexistência.

Amém!

Ori Fonseca

Carta ao Editor – por Angela de Carvalho

Querido editor José Xavier Cortez, escrevo esta carta para lhe contar a minha história de dois anos de Pescador de Sonhos.

Saí da gráfica em 17 de novembro de 2017 e hoje, 19 de dezembro de 2019, me dou conta que já tenho dois anos de “vida própria”, circulando pelas mãos de gente de vários cantos, principalmente mãos de crianças.

Minha primeira edição foi de 3.000 exemplares e por ser uma edição especial de “Venda Proibida”, tive o privilégio de esgotar rapidinho, pois todos me queriam e me recebiam com alegria.

Nas margens do Amazonas, foi onde tive meu primeiro contato com “O público”, na Guarderias da Amazônia, lugar de encontro de velejadores. Sentir aquele vento do rio em minhas páginas, foi um verdadeiro “batismo”. Assim foi que segui, sendo distribuído em praças, rodas de contação de histórias e diversos eventos literários. Estive no encontro do Selo Unicef-AP, e por isso ainda em dezembro/2017 embarquei em viagens por todos os municípios do Estado do Amapá. Foi também em 2017, meu primeiro Natal Encantado pelo Projeto Cangapé, para crianças do bairro Aturiá no Araxá.

Cheguei em muitos lares através das mãos de trabalhadores de várias profissões: embaladores de supermercados, garis, domésticas, bibliotecários, e principalmente professores. Em uma Jornada Pedagógica, do município de Macapá, eu era exemplar presente em cada uma das pastas distribuídas aos mil participantes. A roda de leitura em janeiro de 2018, no Raízes do Bolão – Curiaú com os meninos e meninas que festejaram o aniversário da dona Esmeraldina, também foi um dia inesquecível para mim

Emocionante foi o dia em que embarquei nos barcos ancoradas no Canal do Jandiá, ali no antigo Igarapé das Mulheres. E o coração bateu forte, nas ilhas do Arquipélago do Bailique. Delícia maior desse mundo, me sentir abraçado pelas crianças sentadinhas nas montarias – igual a canoa dos meus pequenos pescadores. Eram todo cuidados, para eu não me molhar.. Sim! É de barco que vou para Santarém, em deliciosa viagem, na sacola de presentes @debubuianaleitura, nas festas de final de ano.

Acredite! Em outros municípios do Pará estou no acervo das bibliotecas e de alguns outros estados do Brasil, também. No FNPETI fui distribuído para vários representantes de outros Fóruns , levado pelas mãos de uma representante do Fórum do Estado do Amapá. E na Pan Amazônica de 2018, estive dialogando com outros livros em uma Oficina: “Diálogos de Pescadores de Sonhos com obras literárias para infância”. Minha vaidade lembra que até pelas terras de Andersen – na Dinamarca, circulo nas mão de crianças que lêem minhas ilustrações. Gosto muito disso, pois a ilustração é uma linguagem que dá asas à imaginação das crianças.

No meu primeiro ano de vida – 2018, fui o livro escolhido como tema da Sala de leitura da EEEF Modelo Guanabara, e acabei virando com muito orgulho, nome de Biblioteca!

Neste final de 2019, fui inspiração para os alunos da escola Sesc que, orientados pelas professoras, realizaram uma exposição maravilhosa: vi muitos “Assis” e Jonielsons”, com chapéu de palha e calça de pescador. PorDemaisLindo! De chorar de emoção.

E é com alegria que encerro esta carta relato de meus dois anos de existência, com a notícia de que um grupo de Acadêmicas do Curso de Pedagogia do IESAP, Intituto de Ensino Superior do Amapá, realizaram um trabalho com o título: “A Mulher Amazônica: Do Lugar de Fala a Fala da Obra “Pescadores de sonhos” de Angela de Carvalho(2017): Representações e Contribuições à Educação.

Sinto-me cada dia mais pertencente aos meus leitores e quero cumprir a minha vocação de formar muitos outros mais. Esta é a missão desta que me me escreveu e me deu asas, Ops! Me deu páginas para circular nesse país de crianças que trabalham, quando poderiam estar lendo, brincando, pintando e Fazendo ARTE!

Minha gratidão maior é fazer parte do selo Cortez Editora, por isso escrevi esta carta, que agora envio com um forte abraço ao senhor, querido José Cortez. Agradecido sou também, a todos os que me fazem chegar as mãos de meus queridos leitores.

Assinado: Livro Pescadores de Sonhos, dezembro de 2019