Poema de agora: Talheres Transparentes! – Luiz Jorge Ferreira

Talheres Transparentes!

Encontrei meus olhos do outro lado da mesa.
Mesa onde guardo um álbum de fotos, e escondido um caderno de receitas, inclusive um bolo de Tucumán-açu.
Guardo receitas do Sacaca, de infusões, para dor n’alma , e mandingas para desviar a saudade, do caminho até o coração.
Guardo a impressão digital do Coelho da Páscoa em uma saborosa Ceia de Natal, entre convidados ilustres,
os 3 Reis Magos, Papai Noel e o recém operado Saci Pererê.

Guardo sua mão acenando, e o desenho de mim, em suas costas, se afastando, e dando adeus.
Guardo a dança do ventre da princesa Zuleika, irmã gêmea de Alladin
Guardo com Alecrim e Cravo a montaria dos Reis Magos e o perdão dos dois ladrões.
Guardo o deslizar do dia la no horizonte entre as favelas dependuradas nos Morros do Rio de Janeiro.


Guardo a tristeza dos Cemitérios e a fé dos Cruzeiros que abrem seus braços, chamando os que estão embaixo de cruzes e rezas.
Guardo a torre da igreja e seu relógio atrasado e as nuvens passando carregadas de água e indo criar chuva no lago, oposto a seca terra do Nordeste.
Guardo os pés das Bailarinas e seus rodopios e suas finas silhuetas , sob a mesa, saciados, os obesos, e as lamparinas de chocolate.
Guardo comigo o vôo dos Pardais, e as decolagens de Generais, na Campanha da FEB.


Para que encontrar meus olhos, eu não ver não descolore a Rosa dos Ventos, para caminhar,eu só preciso me aproximar da saída.
Alegra-me a Música cantada na fala dos surdos, nas Libras dissonando em cada semi tom,
e alegra-me o chacoalhar do rabo das Serpentes, que me morde e mente dizendo que não dói.


Alegra- me o Paraíso onde eu deslizo meu corpo no sofá para atravessar descalço a cancela dos sonhos…
Bebo água…Bebo água…tomo Losartana…engulo Hidroclorotiazida…acredito que assim serei eterno…e se não tomar, não viverei para acordar.
Doutro lado da mesa, dois olhos depositados no chão. Eles estão me vendo, eu não os vejo mais.
Por isso escrevo poemas do avesso, do lado de fora para o lado de dentro,do lado esquerdo,para o lado estreito,rasgarei as páginas todas,em que risquei…


– Começo?
E embaralharei os parágrafos que desenhei…Para quê.
Por quê…e como.
Vejo a diagramação de Paris,vejo as Ferraris deslizando,e vejo um homem com um relógio Russo de Ouro, ele olha para a Torre Eiffel, e a Torre nem olha
para ele.


Pode ser que o sono que espero, atravesse o Canal da Mancha, atravesse a mancha de café com leite, seca, sobre a toalha da mesa,
e risque o vidro do relógio Russo de Ouro, mas eu continuo com os olhos doutro lado da mesa.

Sera que fui eu que sempre deixei os olhos do lado de lá da mesa, ou não existia mesa quando se criaram os olhos.

Luiz Jorge Ferreira

 

* Do livro de Poemas “Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – São Paulo.

Mestre Nonato Leal tem songbook lançado nesta terça-feira, 30 de julho

O songbook com partituras instrumentais de autoria do músico Nonato Leal será lançado nesta terça-feira, 30, às 16h, na praça Floriano Peixoto. A obra é uma iniciativa da Prefeitura de Macapá, proposta na gestão do prefeito João Henrique, e que na atual gestão foi resgatado e atualizado. São dez partituras de músicas autorais, que eternizam o talento de Nonato Leal, que completou recentemente 92 anos. O songbook é traduzido para a língua inglesa e conta a história musical e de vida do mestre.

Raimundo Nonato Barros Leal nasceu no município paraense de Vigia, onde aos 8 anos iniciou com o pai sua trajetória musical. Ao completar 18 anos sabia tocar nada menos que violino, banjo, violão tenor, viola e bandolim, e antes dos 20 anos fez sua primeira composição, Tauaparanassu, quando seguiu para Belém onde fez parte do elenco da Rádio Clube do Pará e conquistou espaço em cadeia nacional no Rio de Janeiro, imitando o violonista Dilermano Reis. Passou pela Rádio Marajoara por onde percorreu o Pará com músicos e cantores da emissora.

Sua chegada em Macapá foi no ano de 1952, atendendo convite de seu irmão Oleno Leal, e logo entrou para a Rádio Difusora de Macapá. No ano seguinte se encantou com Paracy Leal, com quem casou e gerou seis filhos, sendo dois herdeiros do talento musical do pai, Venilton e Vanildon Leal. Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Waldick Soriano, João do Valle, Luiz Gonzaga, Agnaldo Rayol, foram alguns dos artistas que o mestre acompanhou. Participou de programas de Rádio no Ceará, e caiu no samba, compondo enredos para agremiações carnavalescas de Macapá.

Nonato Leal foi o primeiro professor de violão do antigo Conservatório de Música, e introduziu dezenas de alunos na arte musical. Deixou registrado suas composições em três CDs, dois produzidos pelo maestro Manoel Cordeiro, lamento Beduíno e Coração Popular, e um por Venilton Leal, com quem atuou na TV Tucuju o programa De Pai pra Filho. Sebastião Mont’Alverne, Amilar Brenha, Hernani Guedes, Aimirezinho, Manoel Cordeiro foram alguns músicos que dividiram palco com Nonato Leal.

Na gestão do prefeito Clécio Luiz o projeto Mestres da Música foi resgatado, e a intenção e executá-lo inteiro, com a produção dos songbooks de mais três músicos regionais, Amilar Brenha, Oscar Santos e Professor Tiago. Uma equipe de renome e experiente assumiu a condução do trabalho, formada pelos músicos Fernando Canto, Alan Gomes, Miguel Maus e Nelson Santos, e os colaboradores da PMM, Clícia Di Miceli e Sérgio Lemos. As fotos que ilustram a obra são de Henrique Silveira, Jelbes Lima, Max Renê e Nay Magalhães.

Mariléia Maciel
Assessoria de Comunicação
Foto:Max Renê

Rima de sábados felizes! – Por Elder de Abreu

Foto: Francisco Benine

Por Elder de Abreu

Sábado é um dia de saudosismo para mim, pois me remete aos anos 90, quando éramos bastante felizes – não que não sejamos hoje. Lembro que todo sétimo dia semanal, costumávamos passar a manhã jogando bola em um campinho que ficava entre a paróquia de São Pedro e a escola estadual Zolito de Jesus Nunes, no antigo bairro das Comunicações, atual bairro do Beirol.

A felicidade era maior ainda quando chovia. O jogo era ainda mais gostoso. Ao final de pelo menos quatro horas de partida, regiamente ao meio dia, quando a broca batia ‘dicunforça’, encerrávamos as atividades, certos de que em casa teríamos um feijão com maxixe e charque adubado para encher o bucho e tirar uma pipira (soneca) até as 17h.

Porém, não íamos embora sem antes trepar no muro da escola para encerrar a bola de todos os sábados com chave de ouro. Não havíamos porque pular o muro para ir embora, pois havia um imenso buraco nele. O propósito era outro: atentar o vigilante da escola.

Mesmo após quatro intensas horas de futebol ainda tínhamos folego para encher o peito e, em couro, soltar a rima, em tom muito alto, que até a vizinhança da avenida Tupiniquins ouvia. Até hoje não sei quem inventou aquela rima irritante para os vigilantes.

“O galo canta
O macaco assovia
Pica de burro
No cu do vigia”.

Sempre terminava com o vigia dando uma carreira na gente. Era divertido demais. Hoje o campinho deu lugar a um bloco escolar infantil e uma quadra poliesportiva. Vida que segue!!

*Elder de Abreu é amapaense, jornalista e assessor de comunicação.

No Dia de Luta contra Hepatites Virais, prefeitura distribui preservativos em blitz educativa

Para celebrar o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, a Prefeitura de Macapá fez a distribuição de preservativos e material educativo contendo informações sobre a prevenção da doença, no balneário da Fazendinha. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até o momento, 23 casos foram confirmados na capital.

Segundo o coordenador de ISTs, Cesar Melo, no mesmo período de 2018, foram registrados 36 casos confirmados da doença. Uma das causas da redução, segundo ele, é o aumento na oferta de testes rápidos, que são feitos em livre demanda em todas as Unidades Básicas de Saúde do município. “Para fazer o teste rápido, a pessoa não precisa de encaminhamento. Basta ir à unidade e solicitar o teste. Essa oferta em livre demanda, sem burocracia, acaba fazendo com que mais pessoas conheçam sua condição sorológica, rompendo precocemente a cadeia de transmissão”, explicou.

Todos os tipos de hepatite podem ser prevenidos. As hepatites B, C e D são evitadas por meio de preservativos, vacinação e o não compartilhamento de materiais perfurocortantes. As dos tipos A e E são evitadas com uso de água tratada, saneamento básico e higienização adequada dos alimentos. “É importante disseminar para a população as formas de evitar o contágio, bem como os tratamentos disponíveis na rede pública de saúde”, finalizou Melo.

Vacinação

É recomendada para jovens até 29 anos, em especial nas populações vulneráveis, e para profissionais de saúde. A vacina faz parte do calendário de vacinação da criança e do adolescente e está disponível em todas as salas de vacina da capital. Todo recém-nascido deve receber a primeira dose logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida.

Jamile Moreira
Assessora de comunicação/Semsa
Contato: 99135-6508
Fotos: Gabriel Flores

Poema de agora: Don Juan da Amazônia – Lara Utzig (@cantigadeninar)

Don Juan da Amazônia

Engravida as virgens
Conquista sem parcimônia
O Boto nas margens…

Ameaça Boiúna
Cresce mais e mais
Rasteja e inunda
Cobra grande voraz!

Criatura que corre na mata
Com os pés ao contrário
Entidade da floresta nata
Curupira, Caipora!

Sereia que (en)canta no rio
Destruindo sem mágoa
Qualquer homem perde o brio
Iara, mãe d’água!

Assombração que pede tabaco
E apita na madrugada
Quer fumo no escuro opaco
Matinta Pereira, rasga-mortalha…

Mágico amuleto
Que concede pedidos
Presente predileto:
Muiraquitã, artefato querido.

Esse tronco que sobe o rio
Padeceu por amor
Madeira levada pelo vazio
Tarumã, índio sofredor…

Pássaro raro
De plumagem vermelha
Com um canto lendário…
Uirapuru incendeia!

Naiá se afogou
Apaixonada por Jaci
Estrela que virou flor
Vitória Régia boia feliz.

A floresta traz consigo
Riquezas de tradições
A Amazônia habita ainda

O imaginário dos corações…

Lara Utzig

Natanael na Janela – Conto cinematográfico de Fernando Canto

Conto de Fernando Canto

Cena 1

Ocorrera que os madeireiros haviam jogado uma espécie de veneno no rio da nossa comunidade e a gente se juntou para dar uma pisa neles porque todas as crianças adoeceram. Até mesmo nós, os mais velhos, acostumados a comer o que a floresta nos oferecia, já sentíamos fraqueza para labutar na roça.

Cena 2

Tinha gente de todo lado querendo nossas terras. Até parecia que valiam muito. Havia nove anos que a gente estava lá desbravando o lugar: cortando árvores gigantes, construindo pontes, criando pequenos animais, arando o cerrado e plantando mandioca para fazer farinha e vender na feira do produtor rural, na capital, para onde um caminhão nos levava todas as terças e quintas-feiras.

Os madeireiros invadiam a floresta para tirar as árvores mais valiosas e, não bastasse isso, chegaram os plantadores de soja, oferecendo uma insignificância pelos poucos hectares que tínhamos, mas que juntos faziam um latifúndio. A situação se agravava e a gente resistia como podia, porque as autoridades políticas que nos visitavam e diziam que iam nos proteger, sumiam. Nunca mais vinham na comunidade. Uma vez ou outra mandavam recados pelos seus cabos eleitorais com uns jornalecos onde contavam suas bravatas e lorotas.

Certo dia, na reunião do Centro Comunitário, alguém avisou que uns homens armados estavam nos cercando para nos amedrontar. E só deu tempo para a gente se abaixar e ver o Natanael, que se escorava na janela, levar um balaço no olho direito.

– Foi pá… Merda! Ele caiu estirado quando eu corri para pegar minha 12 e revidar. Acertei o motorista do jipe no braço, mas eles atiraram em minha direção e fugiram, anunciando que voltariam para completar o serviço. Eram pistoleiros contratados pelos madeireiros que queriam nos expulsar à força do lugar.

Cena 3

Uma rasga-mortalha sobrevoou nossas casas nessa noite. O Comissário Policial do Distrito soube da ocorrência e estava no velório para garantir a segurança. Mas ele me pareceu tremer de medo quando o pássaro agourento flechou o céu em busca de alimento na sua caçada noturna.

Seu Antônio da Luz rezava o terço de encomendação das almas e a gente respondia os pais-nossos e as ave-marias, olhando o desespero indisfarçável da viúva, agarrada a seus filhos e envolvida em um véu preto, na nossa capelinha de São Joaquim Lavrador.

Cena 4

Aqueles homens estavam à espreita, a gente sentia isso. O Comissário mandou seus dois ajudantes ficarem do lado de fora do velório e avisar se algo estranho estivesse acontecendo. Apesar de tudo a gente não se sentia seguro. Por causa disso eu já havia mandado minha família e outras mulheres e crianças para a minha casa do forno de farinha, bem longe da comunidade.

Ouvimos tiros lá fora. Todos os que tinham arma de fogo se prepararam para o confronto. O Comissário tremia porque não conseguia avistar seus auxiliares. A situação ficou tensa quando uma voz de mulher disse no megafone.

– Saiam daí. A gente só quer o Baixinho da Farinha.

Eles se referiam a mim. Sabiam da minha fama de valente, da minha luta como líder comunitário e da minha pontaria com a espingarda. E atiraram com rifles mais duas vezes em direção de onde estávamos abrigados. O comissário começava a lagrimar. A mulher pediu de novo que eu me entregasse. Pedi que parassem de atirar e deixassem os comunitários em paz. Qual nada! Continuaram atirando. Pensei em algo e disse que me entregava, mas o policial ficara desnorteado e de súbito tomou a decisão de fugir pela porta dos fundos. Uma bala veio como um raio da escuridão e atingiu a barriga dele. Estávamos mesmo cercados.

Cena 5

Os comunitários demonstravam medo, porém se seguravam nas suas armas de caça.

– Vai ser um massacre, falei. Ou a gente se entrega ou confronta os assassinos.

Uma língua de luz, seguido de um trovão rolando no teto do céu escuro, parecia preconizar uma tragédia. Deu malmente para ver que eram quatro ou cinco silhuetas perto do jipe estacionado ao lado do Centro Comunitário. Todas armadas, inclusive a da mulher do megafone, que deveria ser a chefe dos pistoleiros.

Eu chamei meus amigos e expliquei:

– Eles estão na vantagem com suas armas modernas. Nós somos poucos e só temos espingardas. O Zeca, ali, só tem uma daquelas antigas punheteiras. Só dá pra dar um tiro, disse, subestimando a arma do amigo, mas ninguém riu.

– A gente faz o quê? Perguntou o Davi.

– Temos que proteger as nossas mulheres e filhos.

Chamei, então, o seu Antônio da Cruz e mandei ele puxar uma ladainha bem alto. O plano era fazer os caras armados se aproximarem com cautela, pois sabiam que estávamos armados, mas que em uma negociação a gente se entregaria sem que fosse necessário derramar mais sangue. Entretanto, havíamos acertado vingar o Natanael.

Cena 6

Seu Antônio começou:

– Regina Angelorum.

E a gente respondia alteando a voz:

– Ora pro nobis.

– Regina Patriarcarium

– Ora pro nobis

– Regina Sacratíssimo Rosarium

– Ora pro nobis

No Quarto Ora pro nobis abrimos a janela e jogamos o corpo de Natanael. Foi o tempo de ouvirmos o barulho dos disparos. Uns comunitários saíram por trás da capela e outros pela frente, comigo, atirando. O confronto foi muito rápido. O Zeca matou um dos bandidos com a punheteira velha e se estatelou no chão com um balaço no coração disparado pela mulher. Eu atirei na cabeça dela. O assassino que estava atrás da capela sangrou até morrer com o chumbo na veia jugular da velha parabellum do Marcelino. Os outros dois foram surpreendidos e mortos pelo Comissário de Polícia, que conseguira rastejar, ferido, até a pocilga e de lá ao Centro Comunitário. Com esforço e graças a um clarão de raio os acertou quando viu o ataque. Seus ajudantes jaziam de olhos abertos num curral de cabras.

O corpo do defunto Natanael levou dez tiros no desvio de atenção que provocamos. Seu semblante pálido e cheio de buracos parecia debochar dos assassinos.

Estava prestes a amanhecer quando o grito desesperado da rasga-mortalha cruzou o céu, voltando para o ninho com a presa nas garras. O Comissário ouviu seu canto ameaçador e tremeu de novo ao entrar no carro para avisar do acontecido às autoridades da capital.

Cena 7

Ninguém esperou mais nada. De ninguém. Enterramos nossos mortos sem nenhum ritual religioso, e deixamos os corpos dos assassinos no mato para serem devorados pelos bichos selvagens. Era abril e a cerração se dissipava lentamente nas veredas dos buritizeiros.

À noite, cansados, mas insones, ouvimos os gritos fúnebres das rasga-mortalhas se intensificarem. Eram muitas. Voavam raso sobre nossas casas, indo e voltando, indo e voltando, anunciando o caos debaixo do céu sem estrelas.

Projeto Roda de Bandaia acontece aos domingos no bar e restaurante Norte das Águas

No próximo domingo, 21, acontece mais uma apresentação do projeto Roda de Bandaia, a partir das 17h, no bar e restaurante Norte das Águas – no Santa Inês, a entrada é gratuita. A Roda, idealizada pelo grupo Bandaia, em novembro de 2015, tem como integrantes músicos e cantores com larga experiência musical. São eles: João Amorim, Beto Oscar, Nitai Santana, Ismael Biluca, Paulinho Queiroga e Lucas Santana.

Completando quatro anos de existência, o evento realizado aos domingos visa o fortalecimento de ritmos, da musicalidade e da cultura local. A festa tucuju, aberta ao público, encanta por apresentar vários elementos amapaenses. As pessoas têm total liberdade para cantar, interagir com o grupo e inclusive, as mulheres que quiserem, podem até usar saias que são levadas para o Norte das Águas, justamente com a finalidade de emprestar.

“A Roda de Bandaia é um dos movimentos mais democráticos que conheço. Fico muito à vontade para dançar, pedir músicas e cantar junto com todos. É um momento de descontração que emana felicidade e uma energia excelente. Vou e recomendo”, comentou a assessora de imprensa Ana Anspach.

O local escolhido para realizar essa festa, o Norte das Águas, considerado como um dos mais conceituados pontos turísticos de Macapá, pois além de sua localização privilegiada, às margens do rio Amazonas, o local é conhecido por agregar intelectuais, poetas e amantes de boa música.

Serviço:

Roda de Bandaia

Data: 21/07/2019
Hora: A partir das 17h
Local: bar e restaurante Norte das Águas
Endereço: Rua Beira Rio, nº 470 – Santa Inês

Ana Anspach

CVV e MP-AP atuam juntos pela causa contra suicídio

Vander Silva – Foto: Diário do Amapá

Por Lana Caroline

Na manhã da última segunda-feira (15) Vander Silva, que faz parte do Centro de Valorização da Vida (CVV), falou sobre o ciclo de palestras que acontece nos próximos dias 20 e 21 de julho, no auditório do SEBRAE com o jornalista André Trigueiro, trazendo o suicídio como tema e também de que forma o CVV atua para ajudar pessoas que sofrem com algum tipo de problema.

Segundo Vander, o CVV atua a 16 anos no estado e conta com vários voluntários que queiram ajudar, que se pauta no apoio emocional e consequentemente na prevenção do suicídio. “Através do número 188, que é um telefone nacional, estamos atuando em praticamente todos os estados. O serviço é 24h e você pode desabafar, contar o que está acontecendo e estamos aqui para ouvi-los”, pontuou.

E ainda, Vander explica a importância do trabalho do CVV e de iniciativas que ajudem a conscientização da população sobre o tema. “Essas iniciativas são excelentes para que a gente possa em conjunto, com varias ações, minimizar essa situação.”

Ciclo de Palestras

Em parceria com MP-AP, o jornalista premiado André Trigueiro estará em Macapá para palestrar nos dias 20 e 21 de julho, e terá como plano de fundo o suicídio.

As inscrições são gratuitas e ainda estão abertas, os interessados podem acessar o site http://www.mpap.mp.br/palestra/ para concluir a inscrição.

Fonte: Diário do Amapá

Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação do MP-AP comemora conquistas no primeiro semestre de 2019

O Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação (CAOP-IJE) do Ministério Público do Amapá (MP-AP), que presta assessoria auxiliar para membros do MP-AP na garantia de direitos de crianças e adolescentes, nos 16 municípios amapaenses, conseguiu avanços significativos no primeiro semestre de 2019. Entre fevereiro e junho deste ano, foram realizadas ações efetivas para diminuir desigualdades e criar oportunidades aos jovens da capital e demais cidades do Estado.

Entre as ações mais importantes estão:

A II Oficina Estadual para o Processo de Escolha Unificada de Conselheiros Tutelares foi realizada pelo CAOP-IJE, em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA/AP), no auditório do Complexo Cidadão Centro, em Macapá.

A oficina teve como objetivo apresentar informações e sugestões aos membros dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) para que possam promover o Processo de Escolha com total transparência, ampla participação da comunidade e que a lisura durante todo o processo assegure a escolha dos melhores conselheiros e confiança no trabalho dos CMDCA’s. O evento contou com a participação de representantes dos 16 municípios do Estado do Amapá.

No mês de março, a procuradora de justiça Judith Teles, representante do CAOP-IJE, esteve presente na I reunião ordinária do Grupo Nacional de Direitos Humanos (GNDH) do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), composto por 7 comissões, dentre as quais o centro participa da Comissão Permanente de Infância e Juventude (COPEIJ). No encontro, foram debatidas pautas pertinentes à área de Infância e juventude, como estratégias relativas ao Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares de 2019 e Atendimento de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência.

Em abril, foi realizada a aula inaugural do curso de montador de móveis, ofertado pela Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Santana (PJIJS) e o Lar Bethânia. A capacitação foi garantida por meio do Instituto Marcelo Cândia, em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Móveis e Eletrodomésticos do Estado do Amapá (Sindmóveis), Fecomércio, Instituto Inova-Estágio e Aprendiz, e os grupos empresariais Domestilar e Center Kennedy.

No mês de maio, houve a certificação dos jovens participantes do projeto “Mão na Massa”, realizado em conjunto com a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Santana (PJIJ-STN), Lar Betânia e em parceria com as empresas O Moinho e o Instituto Inova-Estágio e Aprendiz. O projeto contemplou 30 jovens escolhidos por meio do processo de seleção que contou com 130 inscritos.

O curso aconteceu no Lar Betânia, uma instituição religiosa que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco, tendo a culminância do evento com a certificação dos jovens participantes no último dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantil.

O objetivo dos Projetos é ofertar cursos profissionalizantes para jovens de baixa renda e em situação de risco no Município de Santana, oportunizando melhorias em suas vidas e proporcionando aos mesmos uma garantia de inserção no mercado de trabalho.

O Centro acompanhou todo o processo de construção do Referencial Curricular Amapaense (RCA) que culminou com o evento de lançamento realizado pela Comissão Estadual PróBNCC no final de maio, comissão da qual o CAOP-IJE participa, sendo representado pelo pedagogo do Centro.

O RCA é o resultado do processo de contextualização local da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a partir do regime de colaboração entre o Sistema Estadual e os Municipais e, a contar de 2020, passará a nortear os currículos das instituições de ensino de todo o território amapaense.

Durante o primeiro semestre de 2019, várias atividades de combate ao trabalho infantil foram realizadas pelo CAOP-IJE em parceria com o Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil do Amapá (FEPETI-AP). No último dia 12 de junho, crianças e adolescentes da Escola Estadual Modelo Guanabara participaram de um circuito de atividades sócio pedagógicas voltado para o combate ao trabalho infantil.

O evento aconteceu no auditório do Complexo Cidadão Centro, onde foram realizadas atividades lúdicas, a exibição de um filme que retratava o trabalho infantil, e palestra de dois membros do Ministério Público, o promotor de Justiça Alexandre Flávio, e a procuradora de justiça Judith Teles. Participaram do evento 70 crianças na faixa etária de 9 a 11 anos.

Outra temática importante abordada pelo CAOP-IJE, foi a implementação da Lei 13.431/2017, que estabelece o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente vítima ou testemunha de violência.

A referida lei altera o Estatuto da Criança e do Adolescente e prevê a obrigatoriedade da oitiva através da escuta especializada, que é o procedimento de entrevista sobre a situação de violência perante o órgão da rede de proteção; e o depoimento especial, que é o procedimento de escuta da criança vítima ou testemunha de violência perante a autoridade policial ou judiciária. O objetivo é evitar a revitimização e a violência institucional.

Durante o primeiro semestre foram realizadas quatro reuniões envolvendo membros e servidores da Promotoria da Infância e Juventude de Macapá e Santana, do CAOP Criminal e do NATA, com o objetivo de refletir e discutir os aspectos práticos da implementação da Lei e suas implicações na atuação do Ministério Público, tanto nos aspectos protetivos quanto criminais e elaborar um plano interno de trabalho.

Ao final, a equipe elaborou a minuta de um protocolo interno de atendimento com objetivo de padronizar o atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência no âmbito do Ministério Público do Estado do Amapá. O documento se encontra disponível para apreciação, revisão e validação de instâncias superiores.

O grupo voltará a se reunir no segundo semestre para dar continuidade aos trabalhos objetivando a integração e articulação de ações com as redes de atendimento dos municípios.

No mês de junho os coordenadores do CAOP-IJE efetuaram a entrega de donativos recolhidos em campanha realizada pelo Centro, após uma visita no mês de janeiro, ocasião em que membros levaram seus estagiários para conhecer as instalações de Casa de Acolhimento, no município de Santana. Após a visita, a equipe sensibilizou-se com a situação de funcionamento da Casa da Hospitalidade – Abrigo dos Idosos e decidiu realizar campanha para arrecadar materiais de higiene pessoal e de limpeza.

SERVIÇO:

Nelson Carlos
Assessoria de Comunicação do MP-AP
Contato: (96) 3198-1616
E-mail: [email protected]

Com salários de até R$ 2,2 mil, STTrans publica edital de concurso para quatro funções, no AP

Foto: G1

Por Victor Vidigal

Nesta sexta-feira (14) a prefeitura de Santana publicou o edital do concurso que irá contratar servente, auxiliar administrativo, agente de trânsito e auditor fiscal para trabalhar na Superintendência de Transportes e Trânsito (STTrans) do município. As inscrições começam na segunda-feira (17) e vão até 15 de julho.

São 18 vagas (sendo uma destinada para pessoa com deficiência) divididas entre as quatro funções, com salários que vão de R$ 1,3 mil (servente) a R$ 2,2 mil (agente de trânsito). Para efetuar inscrição, o interessado deverá acessar, via internet, o endereço eletrônico www.institutolegatus.com.br.

Para os cargos de servente e auxiliar administrativo, a seleção ocorrerá em fase única, por meio de prova objetiva. Para auditor fiscal a avaliação ocorre em duas etapas, prova objetiva e avaliação de títulos. Já para agente de trânsito, além da prova objetiva, terá avaliação física e curso de formação da STtrans.

Para os cargos de agente de trânsito, agente administrativo e servente o valor é de R$ 80. Quem for concorrer ao certame de auditor fiscal deve desembolsar R$ 100.

Antes de realizar o pagamento, o concorrente deve preencher formulário disponível na internet, seguindo os passos previstos no edital.

A prova objetiva será aplicada no dia 8 de setembro e o resultado final está previsto para ser divulgado em 6 de dezembro.

Concurso público é para a Superintendência de Transportes e Trânsito (STtrans) da prefeitura de Santana — Foto: Jorge Abreu/G1

Veja as vagas: 

Função: servente
Vaga: 1
Salário: R$ 1.344,98
Pré-requisito: ensino fundamental completo
Carga Horária: 40h

Função: agente de fiscalização de trânsito
Vaga: 13 (1 para pessoa com deficiência)
Salário: R$ 2.286,51
Pré-requisito: ensino médio completo
Carga Horária: 40h

Função: agente administrativo
Vaga: 3
Salário: R$ 1.412,24
Pré-requisito: ensino médio completo
Carga Horária: 40h

Função: auditor fiscal
Vaga: 1
Salário: R$ 1.932,06
Pré-requisito: curso superior em direito, ou economia, ou administração ou ciências Contábeis
Carga Horária: 40h

Fonte: G1 Amapá

Pacto pelo fortalecimento de startups e inovação são tema de encontro em Macapá

Desenvolvimento tecnológico e soluções inovadoras pautaram o encontro ocorrido neste sábado, 13, no Sebrae Amapá, onde estiveram presentes o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o senador Randolfe Rodrigues, o prefeito de Macapá, Clécio Luís e representantes de empresas de tecnologias e instituições de ensino.

Na ocasião, o senador Randolfe Rodrigues apresentou o Projeto de Lei 3466/2019, que cria o fundo de financiamento às empresas startups, e anunciou o valor de R$ 300 mil, via emenda, à Prefeitura de Macapá, para a implantação do Centro de Aceleração de Startups. “Esse é um momento onde juntos poderemos tornar o Amapá referência na inovação”, ressaltou.

Segundo Clécio Luís, a capital já aderiu em seus serviços programas desenvolvidos por startups como o OrçaFacil e Proesc. “São iniciativas que facilitam todo o trâmite necessário em processos que, às vezes, durariam meses, e hoje, por intermédio desses produtos, não passam de dois a três dias. Pretendemos avançar ainda mais com a criação do Centro de Aceleração das Startups”, explicou.

A capital também desenvolve, em parceria com a Universidade Federal do Amapá (Unifap), Instituto Federal do Amapá (Ifap) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/AP), o projeto Macapá Rumo aos 300 Anos, que inclui entre as ideias aulas de robótica e xadrez para crianças da rede municipal.

O presidente do Senado avaliou como positiva a iniciativa de aproximação entre poder público e empresa, onde a palavra-chave é a tecnologia. “São os empreendedores do século XXI. O fortalecimento dessas iniciativas é importante, pois a modernização por meio dessas ferramentas é um passo necessário para aproximar o setor público do setor produtivo, privado, e tornar os serviços mais eficientes e com mais qualidade para a população”, enfatizou o senador Davi Alcolumbre.

O representante das startups, e CEO da Proesc, Felipe Ferreira, apontou o momento como um marco histórico para o avanço no desenvolvimento tecnológico no Amapá.

Participaram também do encontro o vice governador Jaime Nunes; os deputados estaduais Paulo Lemos, Edna Auzier, Paulinho Ramos, Jesus Pontes; a diretora técnica do Sebrae/AP, Marciane Costa; o superintendente do Sesi/Senai, Moisés Aguiar; o coordenador de Mestrado de Inovações do Profinit, Daniel Alves; a vice-reitora da Unifap, Simone Leal; a reitora da Ueap, Kátia Paulino; a representante do LevaCiência, Danielle Pereira; coordenador do Serviço de Tecnologia e Inovação do Senai, Everaldo Vasconcelos; a representante do Aprova EAD, Evely Auzier; o secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Rafael Pontes; o representante da Embrapa/AP, Adilson Lopes e os secretários municipais de Saúde, Silvana Vendovelli, Obras, David Covre, Comunicação, Ilziane Launé e de Governadoria, Edivan Barros.

Amelline Borges
Assessora de comunicação/PMM
Fotos: Gabriel Flores

Amapaense escreve, ilustra e edita uma Coletânea de Histórias do Amapá

Conhecido no mundo da arte como Joca Monteiro, talento amapaense que além de artista e professor, também produz artesanalmente, divulga e comercializa informalmente seus livros.

Joca percorreu por todo o Estado coletando histórias, 8 delas compõem a Coletânea Histórias do Amapá e são um sucesso entre os alunos das séries iniciais do ensino fundamental.

Ele era um menino malvado que adorava matar os animais por pura diversão. Praticando uma de suas maldades ele foi encantado, mora no fundo do rio e assombra até hoje a Comunidade Quilombola do Cunani.” – O CALÇA MOLHADA – CALÇOENE.

Joca, de 37 anos, produz livros artesanalmente fabricados com material de alta qualidade. Os livros são de grande durabilidade e vem numa embalagem charmosa e colorida, ideal para os apaixonados por leitura, e são vendidos a R$20.

É comum na Amazônia homens e mulheres que possuem o poder da metamorfose, em Pedra Branca do Amapari tem um homem que vira porco” – O HOMEM QUE VIRA PORCO – PEDRA BRANCA.

A editora do Joca Funciona na Baixada Pará onde conta com apoio da família e outros moradores do lugar na produção dos livros.

A COLETÂNEA VOL.1 está em uma super promoção de férias, no mês de julho ela pode ser adquirida por R$120,00 basta ligar (96) 32174325 ou mandar mensagem no zap que o Joca entrega 991585083.

Fonte: JOCA

Confira as vagas de emprego do Sine Amapá para o dia 4 de julho

O Sistema Nacional de Emprego no Amapá (Sine-AP) oferece vagas de empregos para Macapá. O número de vagas está disponível de acordo com as empresas cadastradas no Sine e são para todos os níveis de escolaridade e experiência.

Os interessados podem procurar o Sine, localizado na Rua General Rondon, nº 2350, em frente à praça Floriano Peixoto. Em toda a rede Super Fácil tem guichês do Sine e neles é possível obter informações sobre vagas em Macapá e Santana. Outras informações e oferta de vagas são pelo número (96) 4009-9702.

Para se cadastrar e atualizar os dados, o trabalhador deverá apresentar Carteira de Trabalho, RG, CPF e comprovante de residência (atualizado).

Veja as vagas disponíveis de acordo com as solicitações das empresas:

Auxiliar de confeiteiro – 1 vaga
Analista de recursos humanos sênior – 1 vaga
Babá – 1 vaga
Cozinheira – 2 vaga
Desenhista industrial (marketing digital) – 1 vaga
Funileiro montador – 1 vaga
Lavadeira – 1 vaga
Médico do trabalho – 1 vaga
Vendedor pracista – 1 vaga
Trabalhador rural – 1 vaga
Mesista para acabadora de asfalto – 1 vaga
Operador de motoniveladora pavimentação – 2 vagas
Motorista caminhão munck – 1 vaga
Motorista caminhão comboio – 1 vaga
Operador de trator de esteira – 1 vaga
Operador de retroescavadeira – 1 vaga
Operador de rolo compactador (pé de carneiro) – 3 vagas
Operador de rolo chapa asfalto – 1 vaga
Operador de rolo pneu para asfalto/base – 1 vaga
Operador de gerico grande – 1 vaga
Operador acabadora de asfalto – 1 vaga
Operador de espargidor/imprimação – 1 vaga
Operador de compactador manual – 4 vagas
Operador de carregadeira – 1 vaga
Operador de minicarregadeira – 1 vaga
Operador de minicarregadeira (bob cat) – 2 vagas
Pintor de obras – 5 vagas
Pedreiro – 5 vagas
Soldador – 2 vagas
Vendedor pracista – 1 vaga
Leiturista (conhecimento em informática) – 1 vaga para pessoa com deficiência, para Macapá
Leiturista (conhecimento em informática) – 1 vaga para pessoa com deficiência, para Santana

Fonte: G1 Amapá

Travesseiro de Penas de Ganso – Conto místico de Fernando Canto

 Conto místico de Fernando Canto

Meu travesseiro de penas de ganso sempre voava comigo nos meus sonhos. Como sempre tive medo de altura, eu o levava porque temia uma eventual e desesperadora queda. ¬- Doce ilusão, eu mesmo me dizia. Como poderia cair daqui, se já conheço meu próprio jeito de voar?

Uma noite, tal como Davi, o rei, vi uma mulher tomando banho na piscina do seu jardim suspenso. Era bela sob a luz da lua. Sobrevoei sua cobertura e fiquei a admirar a cena ilusória.

Fazia isso quase todas as noites quando o trabalho árduo me permitia. Eu ligava minha máquina de sonhar, apanhava o travesseiro de penas e saía para conhecer o mundo e, sobretudo, para apreciar cada vez mais aquela mulher linda banhada em águas perfumosas.

Ocorre que eu estava preso a um fio de prata e não podia me desprender dele, sob pena de morrer bruscamente em meu leito, onde meu corpo-casulo ficava à espera do espírito.

Afoito que eu era na minha juventude, certa vez tentei pousar perto da jovem para conversarmos, entretanto, a máquina não me obedeceu mais e queria sempre seguir em frente como se tivesse em uma missão inadiável, me dispensando do comando. Agarrei o travesseiro com força e segui em frente na minha viagem mística.

Na volta eu a vi. Trajava um vestido longo que reluzia à luz da quarto-crescente tal como o fio de prata que me guiava. Eu a chamei. Ela me ouviu e sentiu medo. Parei a uns dois metros sobre sua cabeça erguida e perguntei se ela queria passear comigo na próxima vez. Um sorriso foi se delineando aos poucos no rosto mais belo que eu já vira em toda a minha vida. Senti, então, suas mãos acariciarem minhas longas barbas pretas. Sem hesitar dei a ela o meu precioso travesseiro de penas de ganso para que sonhasse comigo. Ela aceitou e entrou sorrindo.

Naquela noite eu voltei para o meu corpo com a sensação de que a encontraria no elevador ou na padaria no dia seguinte. Levantei declamando os versos do poeta chinês Lu-Kei-meng, da dinastia dos Tang, quando ele se comove com as armadilhas que os inimigos armam pelo caminho dos gansos:

Ganso selvagem
Longa é a rota do Norte ao Sul
Milhares de arcos estão armados no seu trajeto
No meio da fumaça e da bruma
Quantos de nós chegaremos a Hen-Yang?

Ao caminhar em direção da estação do metrô, olhei instintivamente para o alto do meu prédio e vi descer voando da cobertura aquele anjo de asas longas com o sorriso da mulher amada nos sonhos. Vinha provida de asas das penas de ganso, um misto de animal solar na figura de um ser que fora humano e naquele momento pressentia e me alertava dos perigos da cidade. As pessoas fugiram espantadas com os gritos vindos da direção do voo da mulher-anjo. Corriam para dentro e para fora da estação.

Eu não compreendia que ela era um presente simbólico dado a mim. E ainda atônito, fui envolvido em suas asas ao meio da fumaça de uma grande explosão ocorrida naquele momento no trem subterrâneo. Vi línguas de fogo e corpos em desespero queimando até que veio um grande silêncio.

Os versos de Lu-Kei-meng ressoavam em minha cabeça:

Ganso selvagem
Longa é a rota de Norte ao Sul
Milhares de arcos estão armados no seu trajeto
No meio da fumaça e da bruma,
Quantos de nós chegaremos a Hen-Yang?

Fui arrebatado da estação para nunca mais voltar.