Poema de agora: RESISTÊNCIA – Pat Andrade

RESISTÊNCIA

as pedras no caminho
maltratam os pés
me fazem tropeçar e cair
mas nada me faz parar

nem o sol que queima
a minha pele
nem os espinhos
que fustigam meu corpo

lá de cima os abutres
voejam ávidos
esperando a hora o dia
de atacar minha carcaça vazia

mesmo assim insisto
persisto sinto respiro
e vivo poesia

Pat Andrade

“Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”: 2ª livro de Elton Tavares é lançado nesta segunda-feira (22)

Viradas do cotidiano intenso e surpreendente povoam as páginas do segundo livro do jornalista Elton Tavares, fundador e editor do site De Rocha, portal mais do que enraizado nas buscas de internet dos amapaenses e fonte de cultura desde 2009. O lançamento de “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo” acontece nesta segunda (22), em um dos ambientes mais visitado e revisitado pelo autor, Bar e Restaurante Station 57.

Livro “Crônicas De Rocha – Sobre bênçãos e canalhices diárias”, lançado em 2020, foi o primeiro do autor- Foto: Flávio Cavalcante.

Assim como na primeira coletânea, lançada em 2020, o jornalista volta a envolver o leitor em histórias que acontecem no dia a dia de Macapá e em sua vida pessoal. Com linguagem coloquial que aproxima e convida o leitor a mergulhar na narrativa dessa construção repleta de tanta verdade, que é possível se sentir dentro das “estórias”. Assuntos inusitados, porém vivenciados, como a reclamar por ter que usar uniforme, como também, sonhando com uma máquina do tempo cinematográfica ou sentindo o cheiro da educada, elegante e sábia, vó Peró. Relatos e mistérios surpreendentes que somente a boa literatura poderia revelar.

Como grande é o universo descrito nas páginas do “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, ainda maiores são os integrantes desse projeto liderado por Elton. As ilustrações são do artista plástico Ronaldo Roni, projeto gráfico e diagramação são assinados pelo publicitário Andrew Punk, projeto do produtor cultural e jornalista Daniel Alves e revisões da poeta Jaci Rocha e jornalista Marcelle Nunes.

Autor de diversas obras e lenda da cultura tucuju, o escritor Fernando Canto assina o prefácio do livro, deixando claro que se trata de uma experiência de imersão: “Ele fala de si mesmo como se colocasse palavras nas nossas bocas leitoras, latentes bocas do inferno, bocas devoradoras de letras e de pensamentos Tavarianos”.

As 43 crônicas que compõem o novo livro de Elton Tavares foram publicadas originalmente em seu site, o De Rocha. A obra foi realizada com recursos da Lei Aldir Blanc, executados pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult). “Há 12 anos o portal faz parte da vida cultural e política do amapaense, fico muito satisfeito em ver que o virtual é palpável e virou um segundo livro. Agradeço à Secult e ao secretário Evandro Milhomen pelo suporte e confiança, à equipe que me ajudou nesse trabalho e ao amigo Fernando Canto pelo apoio e incentivo”, ressaltou o autor.

Para Elton, a obra tem o intuito de materializar o imaginário e dar vida diária à memória e à identidade que todos os amapaenses carregam. “É isso que o De Rocha realiza há 12 anos: o olhar de muitos observadores, suas vivências, realidades e o modo de dizer meu, do Amapá e tudo que faz parte da construção histórica da nossa cultura, espero que gostem, é isso”, conclui.

Station 57, o local do lançamento.

Lançamento

O lançamento acontecerá no dia 22 de novembro, no restaurante Station 57. Bem frequentado, o aconchegante espaço reúne boa culinária, cervejas incontestavelmente geladas, vívida playlist e atendimento impecável. Localizado no coração de Macapá, a escolha do lugar para o momento é parte da garantia de uma noite agradável de confraternização entre amantes das palavras bem escritas.

Serviço:

Lançamento do Livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo” de Elton Tavares
Dia: 22/11/2021 (segunda-feira)
Local: Station 57
Endereço: Rio Plaza Shopping – Central, Macapá.
Horário: das 19h às 21h
Entrada franca
Apoio: Secult – Secretário Evandro Milhomen

Marcelle Nunes – Jornalista

Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo – Resenha de Marcelo Guido

Resenha de Marcelo Guido

Sem filtros e conta gotas, meu amigo Elton Tavares lança outro livro.

Com olhar peculiar que lhe é presente Elton Tavares , o ” Godão”, continua a saga diária de mascarar a realidade e dar um toque sutil como um coice de cavalo na mesmice do dia dia.

Como bom cronista, falador , amante da noite e de uma boa gelada, o autor consegue transcender entre o usual coloquial dos contos,  colocando de sua mesma forma o sabor literário em pequenas histórias.

A importância de cada frase escrita na montagem das estruturas não deixa o leitor desgrudar os olhos com medo de perder algo que vai fazer falta no final de cada texto, poucos caras conseguem isso ao escrever.

A pena na mão direita,  ou a frieza das duas cutucando um teclado coloca cada ponto, vírgula,  exclamação, interrogação ou final uma pequena parte da alma do autor, ” Papos de Rocha” , está longe de ser um mero recorde do genial ” Crônicas de Rocha” lançado a um tempo atrás.

Seja falando da ” Saudosa Drop’s e Heroína “, ou de personagens corriqueiros ” Pobre Soberbo”, ou um relato fiel do ponto de vista de fã sobre a Litte Big e pior a narrativa constante sobre o maldito gol do Petkovic (foda-se) , o autor se mostra genial na arte do ” Eltontavarismo“, licença poética/termo inventado por mim.

O exemplar conta ainda com as belas ilustrações do Ronaldo Rony, um outro gênio maluco, o que dá um ar de sarcasmo e sagacidade ou seja muito sacana.

” Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, foge do usual, deixa o comum para trás e transforma a leitura em algo salutar, botando para escanteio o trivial.

Uma boa pedida com cerveja gelada, cigarros Free e outras coisitas mais.

Recomendo.

Vale a pena conhecer e conferir!

*Marcelo Guido é jornalista, pai do Bento e da Lanna, além de maridão da Bia.

Dois minutos apenas – conto de Ronaldo Rodrigues

Estou em meu quarto, o lugar em que passei a maior parte da minha vida. Na mesa à minha frente, numa caixinha de música, uma bailarina repete suaves movimentos mecânicos.

O quarto fica no segundo andar da casa. No térreo, desenrola-se uma grande festa. É o casamento de meu irmão mais velho.

** ** ***

Meu irmão é mais velho por um pequeno espaço de tempo. Dois minutos apenas. Sempre mais rápido que eu, essa foi sua primeira vitória das muitas que se seguiram. A vitória de maior impacto acontece neste exato momento, nos compartimentos do térreo e nos jardins, por onde os convidados se espalham.

A festa deve estar efervescendo. Meu irmão é considerado, com total justiça, o portador da alegria. Certamente, está sorrindo para todos e abraçando aquela que será sua para sempre. Ela deve ostentar o seu melhor sorriso, já pensando em atender aos pedidos que fazem os convidados.

** ** ***

Os dois minutos que me separam de meu irmão são um abismo intransponível. Sua vida sempre foi intensa, rodeada por muita gente, pela turma do colégio e da nossa rua, pelo círculo familiar, no qual, com seu temperamento jovial, ocupava o centro das atenções. Enquanto eu, sombrio e esquivo, passei a vida confinado neste quarto, mergulhado em mim mesmo, longe de todos e em total silêncio, assistindo na distância a simpatia de meu irmão, escondido para não ser ofuscado pelo brilho de seu carisma.

Quando meu irmão me revelou sua decisão de casar, chegou mais radiante do que nunca e logo percebi que vinha anunciar mais uma vitória. Falou de sua noiva, linda, serena, de inteligência invulgar, tão bem-humorada quanto ele e que tinha uma paixão extremada pela dança.

** ** ***

Neste momento, imagino, a festa atinge seu ápice. A feliz bailarina se apronta para atender aos insistentes pedidos de seus convidados. Irá dançar como só ela é capaz. Com a mesma graça que me prendeu a atenção quando a vi pela primeira vez, exatamente dois minutos depois que meu irmão a viu.

** ** ***

Dou corda na caixinha de música, coloco algumas balas no revólver e o aponto para o ouvido direito. Fico olhando a caixinha de música soprando vida na bailarina até que a corda acabe.

Ronaldo Rodrigues

Poesia de agora: O fim do mundo – @alcinea

O fim do mundo

Quando disseram
que o mundo ia acabar
Tia Lila pegou seu terço
e pôs-se a rezar.

O dono da venda
dividiu toda a mercadoria com seus funcionários
e distribuiu o dinheiro do caixa para os mendigos.

A recatada dona Clotilde
jogou-se aos pés do marido
e implorando perdão
confessou que o tinha traído com o compadre.

Seu Joaquim, um santo homem, ajoelhou-se no meio da rua
ergueu as mãos para o céu
e pediu perdão a Deus pelos assassinatos que cometeu
como matador de aluguel.

No dia seguinte
o dono da venda pedia esmolas,
a recatada Clotilde, expulsa de casa,
foi morar num velho puteiro,
Seu Joaquim foi preso.

Só Tia Lila continuou do mesmo jeito.
De terço na mão continuou rezando
e entre uma oração e outra murmurava:

– É mesmo o fim do mundo
– Dona Clotilde, hein, quem diria?
– Seu Joaquim com aquela cara de santo, hein!
É o fim do mundo!
É o fim do mundo!

Alcinéa Cavalcante

A arte chega antes – Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Poema de Marven Junius Franklin para Lorena Queiroz.

Por Lorena Queiroz

É engraçado como as artes em geral alcançam as pessoas, seja através da música, pintura ou, como no meu caso, a escrita. Amizades nascem pela simples troca que temos ao ler ou ser lido. E isso é gratificante e inenarravelmente genuíno, pois doamos parte de nós a cada frase, em cada letra que colocamos com sangue, suor e muitas, mas muitas lágrimas que são impressas em cada linha escrita. Tudo isso somos nós, é parte do que levamos dentro do peito e que distribuímos como doces na festa de Cosme e Damião.

Eu sou admiradora do trabalho do nosso querido poeta Marven Junius Franklin, um amigo que, por mais incrível que pareça, não conheço pessoalmente. Como já disse anteriormente, amizades nascem pela simples troca do que doamos, a arte chega antes. Simplesmente por ter muito mais de nós em tudo que colocamos no papel. Eu disse tudo isso para agradecer o imenso carinho que recebi hoje de meu amigo poeta. O melhor dos afagos, o poema.

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além de prima/irmã amada deste editor.

Poesia de agora: Condição Atmosférica – (@cantigadeninar)

Condição Atmosférica

Amapá:
leves pancadas de chuva
sexta-feira, 36°C
não esqueça o guarda-chuva

o mormaço se levanta
nuvem espessa, muita lama
nos jornais a apresentadora avisa:
dia quente, meio-dia

fim de tarde:
vento forte, umidade…

o homem meteorológico
não consegue prever o tempo.

Lara Utzig

Poesia de agora: Uma cidade no meio do mundo – Pat Andrade

Fotos: Raimundo Manoel Fonseca

Uma cidade no meio do mundo

a cidade que mora em mim
reside entre a igreja e o teatro
se reflete nas águas do lago
caminha pela serrano
e corre pela independência
até o meio do mundo

essa cidade
embriaga-se de rio
e renasce na floresta
toma açaí do grosso
come camarão no bafo
mata a sede com água de poço

é essa cidade
que ama as mulheres do igarapé
dança marabaixo e batuque
no largo dos inocentes
e dorme tranquila
nos braços de São José

Pat Andrade

A cantora e o violonista – Conto meio crônica de Elton Tavares

Conto meio crônica de Elton Tavares

Ele tocava. Ele era bom com seu violão, dedicado e tals, mas ela… Ela era fantástica! A moça cantava as músicas que escrevia e ainda revisava as composições dele. E sempre as melhorava. A cantora e o violonista faziam uma ótima dupla. Até saíram em turnê. Fizeram a alegria de quem os assistia e acompanhava. E foram eternos enquanto durou aquela parceria.

Tantas canções, tanta prosa e poesia! Muita música e muito amor. Aí, um dia, começaram a brigar por tudo. Cancelaram shows, tentaram carreiras, fracassaram. Depois voltaram a se apresentar juntos e se separaram novamente.

Apesar de bons espíritos e grandes corações, eles eram incoerentes, estúpidos, insensatos, orgulhosos e morais (demais). Um pouco cômico, um tantinho comovente e muito irritante!

Ele com sua personalidade marginal, história tumultuada e talento pra arrumar confusão. Ela era um furacão formado de talento, inteligência, ironia, amor e teimosia. Uma fórmula perfeita de destruição.

Ah, mas como foram impecáveis! Eles escreviam fragmentos de tudo, juntavam, gravavam e, voilá, mais um sucesso! É, era assim. Inegável.

O casal era uma mistura de MPB e Rock and Roll, com muita influência literária. Aqueles doidos criaram seu próprio estilo musical. Entre tantos casamentos, namoros e rolos entre músicos, deles é que sempre lembro. Mesmo quando deveria ter esquecido, de tão improvável.

Alguns até pensaram que se tratava de mais um dos zilhões de casais apaixonados pelo mundo afora. A maioria deles fabricados, contudo, sem a mesma inspiração e piração da linda cantora e do músico doidão.

Acredito que nem tocam mais tão bem. Muito menos aquela velha canção dos doidos. E como cantou um poeta: eles partiram por outros assuntos, mas no meu canto estarão sempre juntos.

Hoje em dia cada um vive com relativo sucesso. Enfim, as carreiras solo “deram certo”. E, de longe, eles se observam. E, às vezes, até sentem saudades dos tempos que misturavam blues e jazz. Agora ela enlouquece calmamente e ele pira sedado.

“Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”: segundo livro de Elton Tavares visita paisagens da memória, boemia, poesia e cotidiano Amapaense.

Arte: Nina Ellen
A nova obra assinada pelo jornalista e editor do site De Rocha chega aos amapaenses no dia 22 de novembro. O livro conta com recursos da Lei Aldir Blac, executados pela Secult/AP – Arte: Nina Ellen

Viradas do cotidiano intenso e surpreendente povoam as páginas do segundo livro do jornalista Elton Tavares, fundador e editor do site De Rocha, portal mais do que enraizado nas buscas de internet dos amapaenses e fonte de cultura desde 2009. O lançamento de “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo” acontece no dia 22 de novembro, em um dos ambientes mais visitado e revisitado pelo autor, Bar e Restaurante Station 57.

Assim como na primeira coletânea, lançada em 2020, o jornalista volta a envolver o leitor em histórias que acontecem no dia a dia de Macapá e em sua vida pessoal. Com linguagem coloquial que aproxima e convida o leitor a mergulhar na narrativa dessa construção repleta de tanta verdade, que é possível se sentir dentro das “estórias”. Assuntos inusitados, porém vivenciados, como a reclamar por ter que usar uniforme, como também, sonhando com uma máquina do tempo cinematográfica ou sentindo o cheiro da educada, elegante e sábia, vó Peró. Relatos e mistérios surpreendentes que somente a boa literatura poderia revelar.

Como grande é o universo descrito nas páginas do “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, ainda maiores são os integrantes desse projeto liderado por Elton. As ilustrações são do artista plástico Ronaldo Roni, projeto gráfico e diagramação são assinados pelo publicitário Andrew Punk, projeto do produtor cultural e jornalista Daniel Alves e revisões da poeta Jaci Rocha e jornalista Marcelle Nunes.

Autor de diversas obras e lenda da cultura tucuju, o escritor Fernando Canto assina o prefácio do livro, deixando claro que se trata de uma experiência de imersão: “Ele fala de si mesmo como se colocasse palavras nas nossas bocas leitoras, latentes bocas do inferno, bocas devoradoras de letras e de pensamentos Tavarianos”.

As 43 crônicas que compõem o novo livro de Elton Tavares foram publicadas originalmente em seu site, o De Rocha. A obra foi realizada com recursos da Lei Aldir Blanc, executados pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult). “Há 12 anos o portal faz parte da vida cultural e política do amapaense, fico muito satisfeito em ver que o virtual é palpável e virou um segundo livro. Agradeço à Secult e ao secretário Evandro Milhomen pelo suporte e confiança, à equipe que me ajudou nesse trabalho e ao amigo Fernando Canto pelo apoio e incentivo”, ressaltou o autor.

Para Elton, a obra tem o intuito de materializar o imaginário e dar vida diária à memória e à identidade que todos os amapaenses carregam. “É isso que o De Rocha realiza há 12 anos: o olhar de muitos observadores, suas vivências, realidades e o modo de dizer meu, do Amapá e tudo que faz parte da construção histórica da nossa cultura, espero que gostem, é isso”, conclui.

Lançamento

O lançamento acontecerá no dia 22 de novembro, no restaurante Station 57. Bem frequentado, o aconchegante espaço reúne boa culinária, cervejas incontestavelmente geladas, vívida playlist e atendimento impecável. Localizado no coração de Macapá, a escolha do lugar para o momento é parte da garantia de uma noite agradável de confraternização entre amantes das palavras bem escritas.

Serviço:

Lançamento do Livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo” de Elton Tavares
Dia: 22/11/2021 (segunda-feira)
Local: Station 57
Endereço: Rio Plaza Shopping – Central, Macapá.
Horário: das 19h às 21h
Entrada franca
Apoio: Secult – Secretário Evandro Milhomen

Marcelle Nunes – Jornalista

Poesia de agora: EMBUSTE DE LIBERDADE – Arilson de Souza

Arte: Ascom MP-AP

EMBUSTE DE LIBERDADE

Oh, ansiada liberdade!
com asas de Ícaro [rumo ao sol] voaste!
Perpetuada pelos pigmentos da Carta Áurea,
te fizeste pseudo, e à própria sorte nos jogaste.

Oh, cobiçada liberdade!
Por quanto nosso povo te clamou,
Mas vieste em des[vida]
e às mínguas nos largou!

Porém, quem nos deu des[esperança]
em seu pre[conceito] se afogou
Pois, NEGRO é vida em abundância!

Viva, NEGRO!
NEGRO,viva!
Viva a liberdade, na sua essência viva!

Arilson de Souza

Poema de agora: Quimera – Naldo Maranhão

Quimera

Quem mais me amou e mimou, mais me estragou.
Quem mais me odiou e me fez mal, mais me elevou.
E não venha dizer:
PORQUÊ.
Porque ainda não terminou.
Às razões; as emoções:
Os sentimentos, que daí vem, vem com tudo meu bem e vem sem medo, pois, em terreno inclinado sou eu que escolho; descer, subir ou ficar parado.
Amor e ódio, duas caras na mesma moeda.
Se recebo em soberba, pago então com a outra face.
Tomo por ser muito séria esta brincadeira de roer os ossos e olhar nos olhos daqueles que devoro ou dos que por quem sou devorado.

Naldo Maranhão

O Tratado Noturno em uma mesa de bar  – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

Como todo ser noturno que ama habitar à meia luz da boêmia, andando pelos caminhos incertos das garrafas verdes e marrons, já me deparei analisando várias vezes este mundo que, a princípio, parece a alguns, fútil e vazio de perspectivas. Ora, se você pensa assim deve ser um daqueles sujeitos estranhamente sóbrios que nunca contou um segredo a um garçom considerado, aquele que te apresenta a conta quando o dia nasce e que sabe mais da tua vida que a tua própria mãe. Agora vou mentir um pouco dizendo que não te julgo, pois todos sempre o fazem, dizer que cada ser sabe da própria felicidade e que os caminhos são próprios de cada um, mas na verdade, que vida incompleta penso eu ser a sua. Concordo com o pensamento Bukowski quando diz que ser são é fácil, mas pra ser bêbado tem que ter talento.

O fato é que a mesa de bar é um divã, um confessionário onde embalado pelo álcool e os petiscos que entupirão nossas artérias e nos trarão um péssimo dia seguinte, despejamos uma parte significativa de nós. Uma porção que nunca daríamos em outro lugar. Talvez a boemia tenha que ser promovida a religião, pois eu nunca contei para um padre o que já disse desavergonhadamente em uma mesa de bar. E se Jesus multiplicou o vinho, eis aí o aval de que eu precisava.

Não, caro leitor, não quero que você se torne um alcoólatra que acabará em alguma sarjeta com a cara lambida por algum vira-lata marrom e amistoso. Mas é como nosso velho safado disse, você precisa ter talento para se meter com os seres noturnos e se você não possui tal traquejo, beba sua água com gás e faça caminhadas quando o sol te agredir menos a pele. Eu gosto da filosofia da mesa de bar, esse tratado em que todos se entendem mesmo quando o peso do álcool torna as coisas desconexas, onde um sujeito só julgará o outro se este tiver bebido menos, assim, certamente estará ele no lugar errado. São momentos de liberdade e de amores que duram a eternidade que os minutos te proporcionam, e isso é bom, pois também é bom esquecer ou simplesmente não lembrar de tudo.

Portanto, seja paciente com os bêbados, seja gentil com a noite, mesmo se você for um ser diurno. Somos feitos de filosofia, histórias e saudade. Nossos devaneios nunca incomodarão ninguém, pois eles se esvaem quando fechamos a conta e o dia. Por fim, siga o conselho do poeta francês Charles Baudelaire: “Para não ser escravos martirizados pelo tempo, embriagai-vos, embriagai-vos, sem cessar! Com vinho, poesia ou virtude, a vossa escolha.”

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além de prima/irmã amada deste editor.

A entressafra criativa – Crônica de Elton Tavares (Ilustrada por Ronaldo Rony)

Crônica de Elton Tavares

De tempos em tempos, não consigo filosofar, mesmo que de forma barata, sobre a vida. Antes redigia um texto por dia com tanta facilidade. É, nem escrevo mais tanto sobre boemia, um de meus assuntos prediletos. Quem dera ter o dom de poetizar ou redigir uma crônica sobre uma invenção qualquer.

Essas insônias solitárias, na companhia de livros, fotos, papos virtuais e a madrugada com a trilha sonora recheada de The Cure promovem uma mistura de sensações e doideiras. Sobre isso, não basta neste momento para um bom texto.

Aí volto a tentar escrever algo legal, seja sobre o trabalho, este novo blog e todas as possibilidades…

Quem sabe sobre amigos.

Nada.

Me faltam ideias.

Normal, é a “entressafra criativa”. Talvez sobre o dia a dia de um assessor de comunicação-jornalista-editor? Nada…quanta tolice!

Quando ocorre, substituo o conteúdo feito de invenção por posts informativos. Claro que com referências e assuntos que acho que são relevantes.

O jeito é canalizar a energia para leitura, afinal os livros sempre fertilizam as ideias e aquecem a paixão pela escrita sobre tudo, até os sonhos. É, vou ler um pouco e tentar dormir. Tomara que amanhã eu vá à forra, viva mais, experimente mais dessa experiência que é existir, e assim, a entressafra criativa vá embora.

Por enquanto, vamos aos sonhos – outra maneira de encontrar com o lúdico de viver. É isso!