Governo do Amapá e BNDES firmam parcerias para investimentos em resíduos sólidos e restauração da Fortaleza de São José

O Governo do Amapá vai receber, nos dias 3 e 4 de fevereiro, diretores e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, em Macapá.

O objetivo da agenda é firmar novas parcerias, como protocolo de intenções para execução do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) de Resíduos Sólidos e o Contrato para Revitalização da Fortaleza de São José de Macapá, que está em preparação para receber o Título de Patrimônio Mundial da Humanidade, a ser concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Na quinta-feira, 3, no Palácio do Setentrião, sede central do Poder Executivo do Amapá, os prefeitos dos 16 municípios amapaenses e o governador do estado, Waldez Góes, assinarão com o banco um protocolo de intenções para execução do PPI de Resíduos Sólidos.

O contrato prevê a universalização do tratamento de resíduos sólidos no Amapá, com alternativas para reduzir os impactos provocados por esses materiais ao serem descartados no meio ambiente. A parceria foi construída nos mesmos moldes do projeto feito para solucionar a água e esgoto sanitário, que contemplou os 16 municípios, melhorando a saúde pública, gerando emprego e desenvolvimento social, tanto do campo, quanto da cidade.

Na sexta-feira, 4, data que marca o aniversário de 264 anos da capital, Macapá, GEA, BNDES e a Associação Pró-Cultura e Promoção das Artes (APPA), firmarão Contrato para Revitalização da Fortaleza de São José de Macapá, etapa que compõe a preparação do monumento histórico para a outorga do Título de Patrimônio Mundial da Humanidade.

Este é o maior projeto de financiamento cultural da região Norte feito pelo banco, oficializado ainda em dezembro de 2020 para acesso aos recursos não reembolsáveis do BNDES Fundo Cultural – Apoio à Cultura, que serão disponibilizados ao Estado por meio de articulação feita pela bancada federal, com liderança do senador Davi Alcolumbre e do governador Waldez Góes.

Serviço:

Texto: Anne Santos
Foto: Neto Lacerda
Assessoria de comunicação do GEA

Exposição fotográfica virtual marca os 31 anos da posse dos primeiros desembargadores do TJAP

Como dizia o fotógrafo francês e considerado o pai do fotojornalismo, Henri Cartier-Bresson: “a fotografia é capaz de captar uma eternidade instantânea”, e é por meios das fotos que eternizamos momentos e criamos histórias. Com este objetivo de relembrar memórias e de conhecermos um pouco mais a história do Judiciário Amapaense, inaugura hoje (25) a exposição fotográfica virtual “Primeiros passos da Justiça do Amapá” em comemoração aos 31 anos da posse dos seis primeiros desembargadores do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), marco inicial para a instalação da Justiça Estadual. Acesse aqui o link da Exposição.

Em formato de um site produzido pelos fotógrafos da Assessoria de Comunicação do TJAP, Flávio Lacerda e João Magnus, com fotos devidamente catalogadas e selecionadas por meio da curadoria dos servidores Marcelo Jaques de Oliveira (Historiador) e Michel Duarte Ferraz (Museólogo), a exposição apresenta ao grande público fatos históricos, como por exemplo, registros da sessão solene que instalou a Justiça do Amapá, realizada na sala do Tribunal do Júri do antigo Fórum de Macapá, localizado na Rua Independência, atual sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção do Amapá (OAB/AP), ocorrido em 25 de janeiro de 1991.

Na ocasião tomaram posse seis desembargadores: Dôglas Evangelista Ramos, Honildo Amaral de Melo Castro, Mário Gurtyev de Queiroz, Gilberto de Paula Pinheiro, Luiz Carlos Gomes dos Santos e Benedito Leal de Mira (falecido). A Corte foi complementada em março do mesmo ano, com a nomeação do sétimo desembargador, Marco Antônio da Silva Lemos, também oriundo da magistratura.

Estes instantes mágicos da Mostra convidam todos os internautas para uma viagem no tempo, na qual poderão prestigiar como foi o início do processo da Justiça de interiorização por meio da criação das comarcas, postos avançados e juizados itinerantes e como ampliou-se a prestação jurisdicional e hodiernamente com a aplicação de recursos modernos de gerenciamento e tecnologia.

“Nestes trinta e um anos, o Judiciário do Amapá passou por grandes mudanças e seguimos mirando em nossa missão dada em 1991 – de aplicar a lei, garantir direitos e promover a paz social. É um desafio grande e constante”, afirma o desembargador Gilberto Pinheiro, decano da Corte Amapaense.

Serviço:

Assessoria de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Amapá
Central de Atendimento ao Público do TJAP: (96) 3312.3800

Hélio meu amigo Pennafort – Por Fernando Canto – @fernando__canto – (republicado por conta de hoje, 21 de janeiro, seria o aniversário de 84 anos de vida do escritor e jornalista Hélio Pennafort) .

Hélio Penafort – Foto encontrada no blog Porta Retrato

Por Fernando Canto

Ao dar o nome de Hélio Pennafort a sua biblioteca a instituição SESC realizou um ato de carinho às nossas letras e uma justa homenagem ao escritor e jornalista que muito contribuiu para que o Amapá tivesse as suas mais legítimas manifestações culturais conhecidas. Foi através do Hélio que a maioria dos que fazem a formação da opinião local hoje, se basearam para sistematizar a questão da identidade do homem amapaense. Fora ou dentro das academias seu trabalho ganhou a dimensão esperada e a valorização merecida, posto que só ele conseguia expressar com elegância nos seus textos as formas rudes (para nós) do falar cotidiano da vida do interior. Muitas vezes publiquei sobre a obra do Hélio por considera-lo um narrador excepcional das coisas da nossa gente. “Triste como um tamaquaré no choco”, “foi cocô de visagem” eram expressões do homem interiorano que ele usava no dia-a-dia. Para qualquer objeto ou situação complicada chamava “catrapiçal”. Vivia contando anedotas de caboclo se divertindo a valer com elas. Era extremamente sincero com seus amigos e não guardava o que tinha de dizer. Apesar de ter exercido inúmeros cargos importantes no Governo, tinha lá suas fraquezas e de vez em quando fugia do expediente para ir ao Abreu ingerir uma gelada, mas era também grave e sério nas suas responsabilidades.

Arquivo pessoal de F.C.

Ainda adolescente andei em sua companhia, juntamente com o Odilardo Lima, repórter e poeta que virou delegado de polícia, e o Manoel João, um telegrafista e caçador de primeira linha, bom contador de histórias. Minha função no grupo era tocador de violão e guardião da memória deles, afinal iriam precisar de detalhes que fatalmente esqueceriam, quando da redação das reportagens que faziam para a rádio Educadora e o jornal A Voz Católica. Hélio proporcionava muitas histórias engraçadas, como certa vez em Mazagão, no início dos anos 70. Fomos de barco até a sede do município, e de carro até Mazagão Velho registrar a festa da Piedade. Ele ia dirigindo (Pasmem!) um jeep, e nós vínhamos tensos, no maior medo, porque até então ninguém jamais o vira dirigir, a não ser uma bicicleta. Com alguns atropelos e barbeiragens chegamos ao destino. Anoitecia e ele foi à casa do seu Osmundo, que liderava o conjunto “Mucajá”. Era um grupo rústico, de pau e corda e clarinete que tocava samba, baião, polca e outros ritmos. Lá pelas tantas, devido sua generosidade etílica, acabou o suprimento de uísque e cachaça. Em toda a vila também não tinha nada de álcool. Ele chamou uma rapaziada e disse: – Vão ver se encontram cachaça que eu dou uma grana pra vocês. Eles voltaram com uma “meiota” de “canta-galo”. O Hélio deu uma golada e cuspiu: “Querendo me enganar… É, seus porras? Cachaça com água eu não bebo, inda mais se é de mulher que acabou de parir”. Fiquei sabendo depois que as mulheres do lugar usavam aguardente na assepsia do pós-parto e que os moleques haviam roubado a garrafa de uma senhora que parira uns dias antes. Esse episódio só fez solidificar a minha admiração pela figura simples e humana do jornalista.

Dia da posse da de Fernando Canto na Academia Amapaense de Letras, 1988. Com os jornalistas Jorge Basile e Hélio Pennafort. Arquivo pessoal de F.C.

Fecundo no seu trabalho, Hélio sempre procurou dar a ele novas formas em linguagens diferentes. Em 1984/85 associou-se ao talento do piloto e vídeo-maker Roberval Lavor e produziu inúmeros vídeos sobre aspectos turísticos do então Território do Amapá. Embora não se adaptasse ao computador, o apregoava como instrumento do futuro, pois era atualizado nas informações tecnológicas.

*Hoje, 21 de janeiro, o escritor e jornalista Hélio Pennafort faria 84 anos (nascido no Oiapoque (AP), em 1938).

Se vivo, o lendário jornalista Hélio Pennafort faria 84 anos hoje – Por Renivaldo Costa – @renivaldo_costa

O Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Como sou fã de escritores, compositores, músicos, poetas e artistas, republico aqui o pequeno texto do jornalista Renival Costa sobre Hélio Pennafort, uma lenda do jornalismo amapaense que eu gostaria de ter conhecido (Elton Tavares): 

Acredito que o jornalismo amapaense deve muito ao Hélio Pennafort. O Hélio nasceu no Oiapoque em 21 de janeiro de 1938, onde também começou sua produção jornalística e literária, através do Jornal Vaga-lume. Foi repórter de A Voz Católica, Rádio Educadora São José e TV Amapá além de ter publicado diversos livros e escrito e dirigido curtas metragens e documentários para televisão com temas regionais.

Hélio atuou como correspondente do Jornal do Brasil e foi colaborador do Jornal da Tarde e de O Estado de São Paulo, sem falar que foi um dos nossos maiores cronistas. Se estivesse entre nós, hoje completaria 84 anos. Você faz falta, meu amigo.

Renivaldo Costa – Jornalista.

D. Aristides e a terapia de Deus – Crônica de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Quando o Santo Padre visitou o Brasil, em julho de 1980, esteve também no Pará. João Paulo II foi a Belém para ver os hansenianos da Colônia de Marituba, onde seu amigo, D. Aristides Piróvano, há pouco mais de dois anos, desenvolveu um extraordinário trabalho de amor e dedicação ao próximo.

Aristides Piróvano era ligado ao PIME – Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras – órgão que tem missões espalhadas em vários países do mundo. Depois de deixar o cargo de Superior Geral daquele instituto, optou servir no Brasil: “Quando consegui passar o encargo para outro, eleito e aprovado pela Santa Sé, como bispo, tive o direito de escolher – aposentar-me ou optar por serviço à minha escolha. Decidi voltar ao Brasil e vir para Marituba.”

O trabalho que D. Aristides desenvolveu na Colônia de Marituba (23 km. de Belém) foi praticamente a continuação de uma série de esforços empreendidos no decorrer de uma vida eclesiástica. Alto, magro, barbas longas e brancas, de um falar agradável e quase sem sotaque, bastante dinâmico no seu trabalho, o bispo dizia que uma de suas principais metas na Colônia era “ser amigo de todos”, em virtude de ali existirem pessoas de várias religiões.

D. Aristides Piróvano trabalhou no sentido de proporcionar aos internos a oportunidade de sair da Colônia e juntarem-se às suas famílias, através do aprendizado de uma profissão. “Minha tarefa é terrível. Começo às cinco e meia da manhã e termino geralmente às onze da noite. Não tenho mais um minuto de tempo.”

Como primeiro Prelado em Macapá, D. Aristides e seu grupo conseguiram construir escolas e prédios e ainda prestar assistência até o interior para os mais necessitados. Para o clérigo, Macapá representava uma grande família, com algumas divergências, mas depois tudo voltava a seu devido lugar. D. Aristides chegou a comentar o Marabaixo, confessando-se muito amigo de Julião Ramos, porém arrematou: “Folclore é folclore, religião é coisa séria e não podemos misturar as coisas. A Igreja não é contrária à diversão do povo, mas não se pode misturar a água benta com o diabo”.

Dessa forma, lembrou ele da proibição feita aos negros, que antes dançavam o Marabaixo dentro da Igreja-Matriz, por ocasião da Festa do Divino Espírito Santo: “Reclamávamos desse folclore que depois acabava sempre com festa, sempre com orgias, principalmente no interior. Quando você voltava lá, no ano seguinte, tinha filhos para batizar daquela festa”(risos).


*Texto dos anos 80.
* Dom Aristide Pirovano morreu em 3 de fevereiro de 1997. Ele foi o segundo bispo prelado da Diocese de Macapá.
Fotos encontradas no Blog Porta Retrato, PIME Amapá e Tribuna Amapaense.

Um gigante do jornalismo deixa um legado inestimável. Que deveria ser uma bússola para todos os jornalistas #AndrewJennings

Andrew Jennings: em mais de 50 anos de profissão, lições edificantes de jornalismo

Jogo Sujo, o mundo secreto da Fifa deveria constar dentre os livros de cabeceira de qualquer jornalista, inclusive os que não suportam futebol e, por não suportarem, não fazem a menor questão de distinguir uma bola de um pé de alface.

É que Jogo Sujo não trata de futebol. Trata de bandidos, de gângsteres, de corrupção, ganância, fraudes, manipulação de resultados, de enriquecimentos ilícitos, de bilhões e bilhões de dólares trafegando no submundo das tramoias, das maquinações e traquinagens mais nauseantes.

E por que Jogo Sujo deveria estar sempre ao alcance da mão de qualquer estudante de jornalismo ou de qualquer jornalista? Porque é jornalismo puro – nas técnicas de investigação, na capacidade de superar obstáculos opostos por quadrilhas dispostas a não ter seus podres revelados, no destemor, na precisão dos dados colhidos e, por último mas não menos importante, no desvendamento de questões que interessam a toda a sociedade.

Mantenho Jogo Sujo bem abrigado nas minhas estantes (veja ao lado) desde que o li, há trocentos anos. E acabo de folheá-lo agora (deplorando a poeira que denuncia o curso dos tempos), logo depois de tomar conhecimento da morte de seu autor, o jornalista escocês Andrew Jennings, aos 78 anos, vítima de uma “doença repentina”.

Jennings foi o repórter por excelência. Sua atuação na BBC confirmou isso. Ganhou notoriedade mundial em décadas de trabalho quando passou a denunciar casos de corrupção em alguns dos principais órgãos do esporte mundial, como a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional (COI).

Sua maior premiação, como também o maior atestado de que sempre subordinou seu ofício de jornalista ao interesse público, foi o fato de que suas matérias investigativas, como também seus livros, continham conteúdo de tal forma contundente, como também verdadeiro e incontestável, que ele passou a ser barrado nas entrevistas coletivas que a Fifa concedia.

Por várias vezes, em matérias jornalísticas que assinou, em entrevistas que concedeu e nos seus livros que escreveu, Jennings costumava dizer que os negócios da Fifa fariam corar a Máfia italiana.

Leiam Andrew Jennings – sobretudo jornalistas e estudantes de jornalismo – para comprovarem a veracidade do que ele diz.

Menos mal que a inexorabilidade da morte de personagens como Andrew Jennings não impede que fiquem, como legado, trabalhos de notória excelência, que haverão de servir como bússolas, como holofotes e referências para gerações vindouras.

Fonte: Espaço Aberto.

Hoje é o Dia do Fotógrafo #diadofotógrafo #Macapá #amapá

Hoje (8) é comemorado o Dia do Fotógrafo e da Fotografia. Acredita-se que a data é relembrada no Brasil por conta da chegada do daguerreótipo, vindo de Paris (FRA). Segundo um artigo publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, o aparelho de Louis Jacques Daguerre embarcou na madrugada de 25 de setembro de 1839, chegando à América do Sul em 8 de janeiro de 1840.

O fotógrafo, de acordo com o conceito da palavra, “é um profissional que elabora fotografias estáticas ou dinâmicas. Eles atuam em áreas diversas, como fotografia de filmes, fotojornalismo, fotografia de publicidade, fotografia de natureza, fotografia de moda, aerofotografia, fotografia subaquática, fotografia documental, fotografia de guerra e fotografia panorâmica”.

Viajo pelo interior do Amapá registrando a beleza da nossa floresta – Foto: José Seixas.

Até aí, nenhuma novidade; mas o lance que diferencia um fotógrafo de um reles apertador de botão é a sensibilidade, o olhar, o talento de capturar imagens. Os verdadeiros fotógrafos sacam os elementos necessários para obter uma boa foto. Por exemplo, eles percebem que tipo de luz, qual ângulo e tantos outros elementos para seus registros. É preciso muito estudo e conhecimento para se tornar grande nesta área.

Existem meros apertadores botão, como eu, que registram imagens pelo simples prazer de congelar momentos ou meramente por gostar de fotografia. Mas este post é uma homenagem aos fotógrafos de verdade, os profissionais.

Sabem aquela famosa frase: “uma imagem vale mais do que mil palavras”? Pois é, tem muita gente que faz fotos que não precisam de um grande texto ou legenda. Admiro quem é capaz de fazer fotografias deste tipo.

Já trabalhei com muitos fotógrafos, a maioria deles muito bons e uma minoria nem tanto. Admiro muitos deles. Alguns pelo talento, outros pelo profissionalismo e aqueles que são grandes amigos.

Portanto, hoje homenageio estes profissionais, que às vezes não são reconhecidos, mas que são fundamentais para o jornalismo. Minhas homenagens aos repórteres fotográficos e aos fotojornalistas que fazem fotos com maestria, muitas das vezes colocando poesia em pixels.

É por meio das lentes desses profissionais que conseguimos ver o que acontece em nossa cidade, país e mundo. Eu particularmente, me encanto com uma bela foto, seja artística ou jornalística.

Meus parabéns vão principalmente aos amigos: Maksuel Martins, Márcio Pinheiro, Aog Rocha, Adson Rodrigues, Bernadeth Farias, Gabriel Penha, Daniel Alves, Vandy Ribeiro, Regi Cavaleiro, Alexandre Brito, Jorge Junior, Sal Lima (o mais doido e brother que conheço), Alex Silveira, Kise Machado, Kurazo Okada, Geová Campos, Toninho Junior (Javali), Kitt Nascimento, Hellen Cortezolli, Sérgio, Silva, Jaciguara Cruz, Gê Paula, Chico Terra, Marcos Xis, Max Renê, Alcinéa Cavalcante, Marcelo Corrêa, Cleito Souza, Erich Matias, Rui Brandão, Flávio Cavalcante, Floriano Lima, Raimundo Fonseca, Gilberto Almeida, Juvenal Canto, Marcelo Loureiro, Nicole Cavalcante, Luciana Macedo, Ewerton França, Paulo Rocha, Kallebe Amil, Lee Amil, Halanna Sanches, Camila Karina, Rosivaldo Nascimento, Fabiano Menezes e Márcia do Carmo (a fotógrafa mais boçal do Amapá).

Desejo a todos estes amigos o melhor ângulo, a câmera mais porrada, a melhor imagem e, é claro, ainda mais sucesso.

Ah, é preciso citar o velho fotógrafo Antônio Sena, o nosso querido “Paparazzi”, que foi fotografar no céu, há quatro anos. Papa, “in memoriam”, que fique registrado, onde estiver, você é brother!

A fotografia, cujos progressos são imensos e que está, a nosso ver, mui bem classificada entre os materiais das artes liberais, fala aos olhos e detém cativos os curiosos fatigados” – Eça de Queirós.

Elton Tavares

Se vivo, David Bowie faria 75 anos hoje – Happy birthday, Starman!

Se vivo, David Bowie, um dos caras mais fodas que andaram sobre a terra, completaria 75 anos hoje. Reverenciado pelos amantes do Rock, o velho “Camaleão” possuía status de estrela de primeira grandeza no universo musical. Pois o cara foi um genial louco varrido. David morreu em 11 de janeiro de 2016.

Puta compositor, cantor e músico, David também possuía uma performance peculiar, muita atitude e um visual que encheu os olhos do mundo dos anos 60 pra cá. Com um estilo ímpar, foi o astro de Rock que mais mudou de cara e cabelos na história. Também revolucionou a história dos videoclipes algumas vezes.

Um cara que começou a tocar saxofone aos 12 anos e recusou quando a Rainha da Inglaterra o quis transformar em “Sir”. Para qualquer pessoa, dispensar tal honraria já seria algo inusitado. No caso dele, que é inglês, achei firmeza!

Além de ter feito tantas músicas incríveis e nos presentear com uma das melhores discografias da história, Bowie também foi um sujeito firmeza, pois ajudou vários Brothers em suas respectivas carreiras. Ah, ele também desenhava, pintava, esculpia e escrevia.

Quatro dias antes de morrer, no dia 7 de janeiro de 2016, ele lançou o clipe de ‘Lazarus’, faixa de seu último álbum, “Blackstar”.

Bowie possui uma das melhores discografias de todos os tempos. Aliás, o Camaleão do Rock vendeu mais de 140 milhões de discos em toda sua carreira.

Por tudo que David fez nestas cinco décadas de rock’n’roll e o que ele representa para a história da música, digo: não à toa, ele é um dos meus “heroes”. Ao papa da música pop, rock, arte e cultura, minhas homenagens. E palmas para o cara, que ele foi PHoda!

Elton Tavares

Reverência ao poeta Alcy Araújo (que faria 98 anos hoje) – Por Fernando Canto – @fernando__canto

O Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Sou fã de escritores, compositores, músicos, poetas e artistas. Por conta disso, republico aqui o texto do escritor Fernando Canto, em homenagem ao poeta Alcy Araújo, que faria 98 anos hoje, 7 de janeiro (Elton Tavares).

Reverência ao poeta Alcy Araújo

Por Fernando Canto

Alcy Araújo foi um dos nossos mais importantes poetas, e intelectual militante da cultura. Ele foi pioneiro do Território Federal do Amapá e aqui trabalhou como jornalista e servidor público, exercendo altos cargos no decorrer de sua vida profissional. Como escritor incursionou pelo campo da poesia, do conto e da crônica, entre outros.

Era compositor e chegou a ganhar os primeiros festivais de música realizados em Macapá. Mas foi a poesia que marcou definitivamente e de forma gloriosa a sua carreira. Boêmio e amigo de todos, Alcy influenciou dezenas de poetas em suas criações, desafiando-os a produzirem e se aprimorarem. Era conhecido nas rodas boêmias como “Tio” Alcy. Deixou uma quantidade incontável de textos literários que precisam ser publicados e divulgados, pois eles não perdem a atualidade.

Seus livros “Autogeografia” e “Ave-Ternura” foram publicados em 2020, pelo projeto literário “Letras de Ápacam”, da Prefeitura Municipal de Macapá. Contam com apresentação e prefácio meus e do poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro.

Entretanto, suas produções literárias precisam ser reunidas e estudadas em várias estâncias do conhecimento, já que nem a Academia (Universidades) local, que tem o dever de preservar a arte e a memória dos escritores não o faz.

Alcy Araújo foi nossa maior referência poética. Precisa ser reconhecido cada vez mais pelo que fez e pelo legado intelectual e artístico que deixou. Por isso o Amapá tem o dever de preservar a memória criativa e cultural dos seus escritores, a fim de que eles possam ser conhecidos pelas novas gerações e pelas vindouras.

Alcy Araújo – Foto: Blog da Alcinéa

É preciso reverenciar seu legado, pois o “Tio Alcy” influenciou várias gerações de artistas e colaborou decisivamente para a formação cultural e intelectual de vários deles.

A você, poeta Alcy Araújo, a nossa gratidão!

* Alcy Araújo faleceu em 22 de abril de 1989.

Tragédia do Novo Amapá completa 41 anos

Era noite de 6 de Janeiro de 1981, quando o barco ribeirinho Novo Amapá naufragou na foz do rio Cajari, próximo ao município de Monte Dourado (PA), levando as águas mais de seiscentas pessoas. Trezentas destas perderam a vida e dezenas passaram horas de pânico e desespero, imersas na água e na escuridão.

A embarcação, com suporte para transportar no Máximo 400 pessoas e meia tonelada de mercadoria, partiu do Porto de Santana com mais de 600 passageiros e quase um tonelada de carga comercial. Seu destino era o município interiorano de Monte Dourado, com escala em Laranjal do Jari.

A lista de passageiros, segundo a Capitania dos Portos na época, tinha registrado cerca de 150 pessoas licenciadas pelo despachante Osvaldo Nazaré Colares. Mas na embarcação havia mais de 650 vidas. O despachante (falecido em abril de 2001, vitima de Dengue Hemorrágica) afirmou que só foi informado da tal lista após já ter partido há certas horas e que a lista foi deixada sob sua mesa, quando ele estava ausente.

Segundo a lista da Capitania dos Portos do extinto Território Federal do Amapá, menos de 180 puderam sobreviver.

Um dos donos do barco morreu no acidente, e o outro, Manoel Jesus Góis da Silva, recuperou a embarcação, que voltou a navegar. O barco foi içado do fundo do rio no mesmo ano do acidente. O nome foi mudado para “Santo Agostinho” e até 1996, a embarcação fez a rota Belém-Santarém-Belém, no Estado do Pará.

O fato entrou em processo jurídico um ano depois da tragédia o advogado Pedro Petcov assumiu o caso, rolando pela Justiça Federal por quase 15 anos. Após a morte do advogado, em 1996, o caso foi arquivado sem ter alcançado o principal objetivo: indenizar os familiares das vitimas mortas e os sobreviventes. E lá se vão 41 anos da tragédia.

* Texto encontrado no extinto Portal Extra
**Imagem cedida pelo jornalista Edgar Rodrigues.

Hoje é o Dia de Reis #diadereis

Hoje, 6 de janeiro, é comemorado em todo o mundo o Dia de Reis.Esta celebração católica está associada à tradição natalícia, que diz que três Reis Magos do Oriente visitaram o Menino Jesus, na noite de 5 para 6 de janeiro, depois de serem guiados por uma estrela. Eles chamavam-se Belchior, Baltazar e Gaspar e levaram de presente ao Menino Jesus, ouro, incenso e mirra.

A tradição manda que neste dia a família se volte a reunir para celebrar o fim dos festejos de Natal. Os alimentos da Noite de Reis são o bacalhau com batatas cozidas, o bolo-rei, o pão-de-ló, as rabanadas, os sonhos, entre outras iguarias de Natal.

No Brasil, mantém-se em algumas cidades do interior a Festa de Reis, ou Folia de Reis, herdada dos portugueses. Os festejos são cheios de canções e incluem visitação às casas dos moradores, recordando a visita dos reis magos. Os foliões são recebidos com comidas e bebidas e saem das casas com doações para os necessitados.

No Dia de Reis, as famílias começam a retirar os enfeites de Natal que decoram as casas durante a época de Natal.

Lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência da República

O capitão Bruce Bairnsfather, que depois de participar da I Guerra Mundial virou cartunista:no Natal de 1914, pausa para celebrar a paz com inimigos, todos imersos na lama das trincheiras

Desde 1º de janeiro de 2019, entra ano, sai ano, e o Brasil – como nos versos cantados por Elis – não conhece o Brasil.

Desde 1º de janeiro de 2019, entra ano, sai ano, avançam a crueldade, a insensatez, a insensibilidade, o fanatismo e a compulsão em destruir o Brasil – ou acabar de destruí-lo.

Desde 1º de janeiro de 2019, entra ano, sai ano, e o Brasil – aquele que não conhece o próprio Brasil – chega a duvidar que este país, cantado em prosa e verso como um oásis de concórdia e de bonomia, como um país apenas do samba e do futebol, seria transformado num laboratório de sandices, em que o mais imbecil dos imbecis foi elevado, vejam só, ao status de mito.

Nos últimos dias de 2021, o emblema de tudo isso – a personificação em carne e osso, a mais perfeita tradução da crueldade, da insensatez, insensibilidade, do fanatismo e da compulsão em destruir o Brasil – protagonizou um show de horrores sob aplausos gerais de fanáticos.

Bolsonaro tirou férias, foi a Santa Catarina, andou de jet ski, dançou funk machista, deu cavalo de pau e externou uma declaração despudorada por dia.

Em meio a essa diversão dantesca, a Bahia contava seus desabrigados em decorrência de uma das maiores tragédias de sua história: até agora, 24 pessoas morreram, 53,9 mil ficaram desalojadas e 629 mil foram afetadas de alguma forma em consequência das enchentes causadas pelas chuvas.

Em meio ao seu exibicionismo de horrores, Bolsonaro recusou ajuda da Argentina e sequer dignou-se suspender um dia de suas traquinagens amalucadas para ir à Bahia para, pelo menos, apertar a mão de um dos sobreviventes.

Bolsonaro, nos últimos dias de 2021, anda de jet ski e se exibe para fanáticos, enquanto a Bahia conta seus mortos e milhares de desabrigados por enchentes: humano só na forma, não no conteúdo

É um elemento como esse que desgoverna o Brasil. É um sujeito como esse que infelicita o País. É um personagem dessa espécie que se abriga nos esconderijos indecorosos que a História reserva àqueles que, com todo o respeito, são humanos apenas na forma, mas não no conteúdo.

E tanto é assim que esse cidadão mostra-se cada vez mais infértil a mínimos sentimentos de humanidade, como os que ainda perduraram, intactos, até mesmo entre inimigos que travaram batalhas cruentas nas piores guerras a que a humanidade já assistiu.

Inimigos confraternizam nas trincheiras – Em sua maravilhosa coluna publicada em O Globo deste domingo (2), Dorrit Harazim lembra uma história comovente pinçada do livro de memórias de Bruce Bairnsfather, o capitão britânico na Grande Guerra de 1914-1918 que mais tarde se tornaria um celebrado cartunista europeu.

O Natal de 1914 era o primeiro daquele conflito que ceifou mais de 21 milhões de vidas. Bairnsfather e e seus companheiros do Primeiro Regimento Real tiritavam de frio numa trincheira enlameada da Bélgica. Por volta das 22h do dia 24 de dezembro, Bairnsfather percebeu um ruído novo no campo de batalha de Ploegsteert, vindo dos boches (como os Aliados chamavam os inimigos alemães).

Escreve Harazim:

“[Bairnsfather] Afinou o ouvido e percebeu, em meio a sombras noturnas, um murmurar de vozes. Seus companheiros também estranharam. Perceberam então tratar-se de cantorias – os temidos soldados do Exército alemão, também entrincheirados e invisíveis, entoavam canções de Natal! Os britânicos decidiram cantar de volta. E subitamente ouviram alguém do lado inimigo gritando algo confuso, em inglês carregado de sotaque germânico. “Venham para cá”, dizia o boche. Um dos sargentos britânicos respondeu: ‘Nos encontramos a meio do caminho’. E assim foi. Feito catadores de caranguejos saindo dos manguezais do Delta do Parnaíba, recrutas encharcados dos dois lados começaram a emergir de suas trincheiras e a se olhar como o que eram: apenas homens, homens jovens longe de casa mandados para a guerra. Houve apertos de mão, oferecimento de tabaco e vinho (as provisões dos alemães eram bem melhores que as dos Aliados), e as cantorias bilíngues se estenderam noite adentro. Em troca de cigarros, os ingleses cortavam o cabelo dos alemães. ‘Naquele dia não disparamos um só tiro, parecia um sonho.'”

Leram bem?

Isso ocorreu numa guerra mundial, em que mais de 20 milhões de pessoas foram mortas.
Isso aconteceu entre inimigos.
Aconteceu numa trincheira, um reduto bélico em que vale tudo – ou quase tudo, inclusive, claro, matar e morrer.
Aconteceu no Natal de 1914.
Pois é a mesma Dorrit Harazim quem conclui em seu artigo.

“O Brasil já teve um leque bastante improvável de chefes de nação – inclusive a galeria militar cujo programa de manutenção no poder incluiu matar seus adversários políticos. Ainda assim, Jair Bolsonaro consegue ser único – seu ostensivo desprezo pelo povo que governa, pela dor do outro, é maníaco. E lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência da República. Que venha 2022.”

É sim: lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência da República.
E que venha 2022.

Fonte: Espaço Aberto.

20 anos sem Cássia Eller – #RockNacional #CássiaEller

Há exatos 20 anos, morreu a cantora, compositora e instrumentista Cássia Rejane Eller. Ela tinha 39 anos e partiu no auge de sua carreira, em razão de um infarto do miocárdio repentino. Foi levantada a hipótese de overdose de drogas, já que ela era usuária de cocaína. A suspeita foi considerada inicialmente como causa da morte, porém foi descartada pelos laudos periciais do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, após autópsia.

Cássia Eller era extremamente talentosa, tinha uma voz poderosa, sempre teve uma presença de palco intensa, e muita atitude. Assumia a preferência por álbuns gravados ao vivo e era convidada constantemente para participações especiais e interpretações sob encomenda, singulares, personalizadas e lindas.

Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical, interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro. Ela teve uma trajetória musical bastante importante, embora curta, com algo em torno de dez álbuns próprios gravados no decorrer de doze anos de carreira. De fato, somente em 1989 sua carreira decolou.

Outra característica importante é o fato de ela ter assumido uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três das canções que gravou: “Lullaby” (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990 (LP com 60.000 cópias vendidas, sobretudo em razão do sucesso da faixa “Por enquanto” de Renato Russo); “Eles” (dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho) e “O Marginal” (dela com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos), no segundo disco, O Marginal (1992).

A parceria com o cantor e compositor Nando Reis rendeu várias composições do artista para Cássia. Entre elas, Relicário e All Star.

Era homossexual assumida e morava com a parceira Maria Eugênia Vieira Martins, com a qual criava o filho Francisco (chamado carinhosamente de Chicão). Ela teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho. Ele morreu em um acidente automobilístico meses antes do nascimento de Francisco. Maria ficou responsável pela criação do filho de Cássia após a morte de sua companheira.

Cássia Eller estava grávida em 1994 e ganhou um presente do amigo Renato Russo, a música “1º de Julho”. Na canção, o compositor descreve bem a artista. Saquem:

Em vários pontos do Rio de Janeiro, fez-se um minuto de silêncio durante a comemoração da passagem do ano em memória de Cássia Eller. Vários artistas também prestaram homenagem à cantora em seus shows, na virada do ano.

Cássia Eller foi uma força da natureza. Um furacão ou um raio. Ela era PHoda demais. Foi talentosa, visceral e tinha personalidade. Suas canções (interpretações) embalaram muitas noites de bate papo com amigos, regadas com muita, muita cerveja. Seu acústico, que vendeu mais de 900 mil cópias, é um discaço até hoje. Que a fera, bicho e mulher seja sempre lembrada com carinho e homenagens.

Elton Tavares, com informações do Wikipédia, UOL, BIS e Rolling Stones.

O Reconhecimento e a Universidade Equatorial – Por Fernando Canto

Foto: arquivo deste site

Por Fernando Canto

Um dia desses aceitei o gentil convite do professor Robert Zamora, diretor do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas da UNIFAP para que, enquanto artista e membro efetivo da Academia, falasse sobre o reconhecimento, em evento promovido para homenagear servidores docentes, servidores técnicos e discentes da área.

Fiquei feliz com este gesto, pois reconhecer pessoas pelo seu mérito é tê-las comprometidas e engajadas em uma rede dialética e nem sempre suave, mas que concorre para o sucesso e a qualidade da instituição e dos seus produtos, pois trabalha motivações e estímulos para elevar a autoestima e o respeito, objetivando a vontade de trabalhar e de crescer mais, com inovação, responsabilidade e espírito crítico. O reconhecimento é, então, a gratidão emanada sensivelmente para que o crescimento de todos seja uma realidade.

Unifap, Universidade Federal do Amapá, campus Marco Zero, Macapá — Foto: Jorge Abreu/G1

Acrescento, porém, que nestes momentos sombrios e estranhos pelos quais passa o nosso país, é necessário lembrar as palavras de Mahatma Gandhi quando diz: “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.”

Mas não se enganem: o reconhecimento e o trabalho são paradoxais. E andam juntos. Gandhi ainda diz que “O alvo está sempre se afastando de nós. Quanto maior o progresso, maior o reconhecimento do nosso imerecimento. A satisfação está no esforço, não na realização. O esforço total é a vitória total.”

Universidade Federal do Amapá teve aulas suspensas em março — Foto: John Pacheco/G1

Reconhecer pessoas é dar a elas e trocar com elas todo o arcabouço humano das informações necessárias ao seguimento da vida intelectual, acadêmica e cotidiana, onde se integram processos e valores, desde os antigos filósofos egípcios, babilônicos, chineses, gregos e árabes nas grandes descobertas das ciências para a humanidade, bem como o papel dos cientistas modernos até a grande revolução tecnológica da contemporaneidade. É bom, então, que o reconhecimento público seja celebrado, que seja ritualizado na academia como merece, ao som da “Música das Esferas” de Pitágoras que também dizia “que os números governam o mundo”.

Ao fechar minha participação li alguns textos poéticos do meu livro intitulado Universidade Equatorial – Uma Aventura Acadêmica, ainda inédito, feito em 2018 para as comemorações dos 30 anos da fundação da Unifap em março de 2020. Trata-se, também, de um reconhecimento meu a essa grande instituição acadêmica que me deu oportunidades de crescimento profissional e intelectual, e que testemunhei sua expansão, participando com meu trabalho desde bem antes de sua implantação, pois fui professor no Núcleo de Educação da UFPA, em Macapá, em 1982 e 1985. Eis os textos:

Sobre o fio que guia o coração e a busca do conhecimento

Toda memória tem um fio amarrado no tempo, mergulhado no escuro do labirinto. Todo fio tem um propósito e um elo: o odor das mãos que o teceram e o fizeram novelo. Todo novelo é um apelo finito, uma voz sem ter grito, uma pista e a certeza que voltaremos à luz.

Um novelo é um presente àqueles que se aventuram, e destemidos vão fundo tatear o oculto, procurar o inculto na escuridão de suas almas.

Mas ali no cosmo de brilhantes matérias o conhecimento estala em explosões de átomos, invisíveis nas esfinges do infinito astral.

E aqui também, na tênue luz do entardecer, mistérios nascem com a lua, quando ela surge no rio, num horizonte de marés, vindas do ventre da terra em simbiótico enlevo entre o planeta e o satélite.

Sobre um destino fundado na dúvida

E como explicar o inexplicável aos duendes que estudam as ciências? E como traduzir o óbvio aos semideuses que isolam a deidade e manipulam fórmulas genéticas?

E como, me diga, Casa do Saber, como não tocar no fio da história para acender os inefáveis paradoxos embutidos nas ciências dos homens?

Como não se submeter a paradigmas cruéis que oprimem e rasgam os instrumentos do conhecimento entre ideologias e armas nascidas do medo e da ousadia, a cada instante.

Sobre o que és

Ah, Casa do Conhecimento/ Rugosa cor de batom velho/ Escondido bicho folharal/ Sílex quebrada nos quadrantes do equador/ Áspera palavra aristotélica/ Rosácea osmose do saber.

– Teus discentes choram por tua sina.

Aldeia do cerrado/ límpido aquífero/ reserva para a sede do planeta/ precioso líquido que escorre em nossos pés.

Ainda que ferva na temperatura do equinócio da primavera e refrigere no das lágrimas de março.

Do equador és Casa de Veredas à escolha dos vendados/ Túmulo do ignóbil/ Avalanche de salsugem/ Espanto do gênero/ Fímbria opaca da espécie/ Quarto de mistério e sonhos/ República de pesadelos e prazos/ Aquário de peixes com cirrose que alimentam pássaros e mergulham na cautela do já entristecido fado, previsto há séculos por mártires sobre o estupro cometido na floresta.

 

Sobre estudos e pesquisas

E como andam teus estudos, Casa do Saber? Como saber, me diga, dos sistemas integrados de informação e dos desafios para o desenvolvimento da ciência? Dos financiamentos, da produtividade? E sobre a escusa ordem política estabelecida para conter os avanços prioritários das nossas universidades? A inteligência artificial analisará as decisões humanas?

Foto: Rodrigo Índio.

Quantas doenças se alastrarão em desproporção ao avanço dos inseticidas mais venenosos? O que dizer do condensado de Bose-Einstein, dos supersólidos, da simulação quântica e do Magnetismo Quântico?

E das doenças parasitárias tropicais? Da leishimaniose e da malária, que por séculos matam os irmãozinhos ribeirinhos que esperam tanto de ti e perdem aos poucos a esperança?

Sobre como sair da escuridão

Dentro de teus muros raras vezes o som dos tambores fecunda a identidade do teu povo, pois a fecundidade ecoa no ar e arrebata danças e sorrisos.

Dentro dos teus muros sempre a fertilidade absorve as sementes no húmus que faz nascer a luz dos teus alunos em breu.

– Alunos, a-lunos [seres sem luz], saiam da escuridão pelo poder da palavra e da indicação solene do conhecimento transmitido [como tradição iniludível da cultura e da filosofia].

– Saiam, saiam, saiam já! É a legítima ordem emanada do tempo e da necessidade, sob a quadratura geográfica do Amapá, embaixo do sol do equador.

L’acronimo ARIADNE, che sta per Advanced Research Infrastructure for Archaeological Dataset Networking in Europe

Sobre a busca da redenção

Preservar o senso de justiça, combater a ordem ultrapassada dos que querem reviver a peste, lembrar sempre do temor das guerras, desenhar a utópica felicidade… são apenas linhas que o esquadro traça, seja pelo lápis, seja pelo fio de Ariadne jogado ao labirinto.

Assim sobreviveremos. Assim caminharemos para além dos paradigmas pensando em novas formas de agir, posto que nenhuma fome espera, qualquer doença surge e toda procura fenece se não quisermos a luz que nos a-sombra e nos convida a sair pela floresta em busca de alimento e cura. Por isso vos convoco:

Foto: site da Aline Kaiser

– Saiam! Saiam!

– Festejemos nossos santos e conquistas, estendamos nossas vestes sem temores, sem esquecer, jamais, nossas tragédias, para que elas nunca mais voltem a ocorrer.

Sobre a estrada que já foi um caminho

Eu te diria ainda, Casa do Saber, que assim como o sol brilha nas manhãs ou tal como oculta a vida em suas entranhas, que permaneça claro o ímpeto de ser, de construir e preservar nossas moradas, feitas com as mãos que o trabalho exige.

E que o brilho abarcante de sua luz ilumine as consciências e a fé profunda de nossas utopias, e o desejo de construção de um mundo melhor para todos.

Antes do milênio nasceu a estrada, aquela que já fora a simples trilha e hoje serve aos passantes como garantia de que seguimos juntos em busca dos significantes sóis das descobertas.

O tempo agora é o juiz mais sábio, pois há o contratempo de secreta angústia que nos impele a cuidar da terra e do alimento antes de qualquer ação distópica que o futuro pode produzir, se formos fracos.

– Salve, então, a terra que alimenta os homens e as mulheres! Salve o novo nascer da vida! Salve o livro que ensina o verbo – a voz de quem produz e reproduz o conhecimento às novas gerações.

OBRIGADO!

*Além de sociólogo, escritor, poeta, compositor, Mestre em Desenvolvimento Regional e Doutor em Sociologia, Fernando Canto é integrante do quadro de servidores da Unifap.