Ver Trump sendo escorraçado – ele e seu deboche – sob vaias é um prazer indescritível

O deboche de Donald Trump é acintoso. Sua desfaçatez chega a ser cruel. Igualzinho a um presidente que a gente conhece muito bem.

Trump foi, na última quinta-feira (24), ao velório de Ruth Bader Ginsburg, juíza da Suprema Corte que se tornou um emblema de retidão, bravura e dignidade.

Foi um ato de deboche e de desfaçatez acintosos.

Porque comparar o caráter de Trump ao de RBG é como se comparar água e vinho, é como contrastar-se um lodaçal com a água mais pura e cristalina.

Por isso é que a presença de Trump no velório de uma mulher da grandeza moral de Ruth Ginsburg configurou um deboche, um acinte, uma agressão inadmissíveis.

Mas Trump foi escorraçado da Suprema Corte, local do velório da juíza, sob os grito de “vote him out” (“vote para tirá-lo”). Ver esse vídeo é um prazer indescritível.

Assistirmos ao deboche e à desfaçatez sendo expulsos, sendo repelidos, sendo ejetados de um recinto é um prazer verdadeiramente incomparável.
Assistam, pois.

Fonte: Espaço Aberto

Bolsonaro é a mentira, a vergonha. Mentindo na ONU, ele afunda o Brasil no ridículo.

Bolsonaro: seu nome é mentira. A mais completa, a mais desbragada e repulsiva mentira.

Bolsonaro é uma vergonha.

Ou melhor, Bolsonaro é a vergonha.

O Aos Fatos divulgou sua checagem do discurso que Bolsonaro fez na ONU, na manhã desta terça (22).

Comprovadamente, o site apurou 11 mentiras comprovadas que Bolsonaro proferiu.

Além disso, o presidente cometeu várias outras imprecisões e fez afirmações contraditórias ou insustentáveis.

Como classificar um homem desse?

Fosse eu, seria um mentiroso.

E Bolsonaro, quando expele num só discurso 11 mentiras?

E Bolsonaro, quando usa a tribuna de um fórum mundial, como a ONU, para envergonhar toda uma Nação, ele deve ser considerado o quê?

E Bolsonaro, quando arrota publicamente, em dimensões mundiais, suas manias persecutórias, ele deve merecer que tipo de diagnóstico?

Bolsonaro, quando faz tudo isso, é aquele mentiroso que dá vazão à sua compulsividade.

É o governante sem as mínimas condições de ligar lé com cré, contaminado até o último fio de cabelo pelo vírus do negacionismo e do direitismo mais desastrosos.

É o governante destituído de uma réstia sequer de compromisso moral em admitir realidades flagrantes, como o fogaréu que lhe varre as ventas e que, em boa parte, agravou-se exponencialmente porque seu governo, passando a boiada com arte e engenho, desmontou e continua a desmontar os órgãos de fiscalização ambiental.

Bolsonaro, o mentiroso, é a vergonha alheia.

Brasileiros envergonhados – aos milhões – com o desrespeito, a irresponsabilidade e as manias persecutórias que Bolsonaro protagoniza num fórum mundial como a ONU não se sentem, certamente, representados por ele. Mas não podem, mesmo assim, evitar de sentirem-se envergonhados.

Ah, sim: todas as vezes em que o blog faz apreciações como essas, há leitores anônimos que vão às caixas de comentários e alegem, como se tivessem descoberto a Terra plana, que Bolsonaro foi eleito democraticamente.

Mas o que é que a boca tem a ver com o nariz? Ambos estão bem próximos. Só isso. Mas uma, a boca, nada tem a ver com o outro, o nariz. Absolutamente nada.

Então, resumindo: sim, Bolsonaro é o presidente do Brasil eleito democraticamente; mas Bolsonaro é o presidente do Brasil eleito democraticamente que mente despudoradamente e envergonha o Brasil.

Simples assim.

Fonte: Espaço Aberto.

Naldo Maranhão gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo!

Hoje gira a roda da vida o  cantor, compositor, violonista, livre pensador, poeta, maluco das antigas e brother deste jornalista, Deuri Ribeiro, o popular “Naldo Maranhão”. O cara é um exímio letrista e um cantador que encanta. O talentoso amigo completa 48 verões amazônicos neste sábado.

Em julho passado, por chamada de vídeo, conversei com o Naldo, Sebastião, o “Black Sabbá da Barra” , Rebecca Braga (Bel) Helder Do Espirito Santo, Helder Brandão e Tony Terra. A interação teve música, como não podia deixar de ser, já que o único não músico na conversa era eu. Teve histórias, causos e risos. Muitos risos. Foi paid’égua demais rever esses malucos talentosos. Todos queridos. Já aprontei muito com essas figuraças e essa confraternização virtual surpresa foi porreta demais.

Sobre Naldo Maranhão

No início dos anos 90, no tempo em que os jovens de Macapá despertavam de vez para a música regional, surgiu a banda Raízes Aéreas, grupo formado pelos músicos Naldo Maranhão, Helder do Espírito, Beto Oscar, Alan Yared, Helder Brandão, Black Sabbá, Hemerson Melo e Alexandre, sob a influência luxuosa de Antônio Messias.

Na época, foi o grupo de maior expressão, chegando com músicas próprias, talento e atitude – todos os elementos para o sucesso, e ainda a experiência de alguns dos integrantes em outras bandas alternativas de Macapá.

Após o fim da banda, Naldo Maranhão despontou como compositor, com sucesso dentro e fora do Amapá. Antes do Raízes Aéreas, o artista integrou a banda de rock Mizantropia.

Foto: Giordano Bruno – Duas telas produções

Com mais de 20 anos de carreira e três discos gravados em sua trajetória solo (“Colheitando em mim mesmo”, “Feira Maluca” e “Várias Idades”), Naldo Maranhão possui muitos parceiros em suas composições. Entre eles estão Antônio Messias, Osmar Júnior, Rambolde Campos, Ademir Sanches, Black Sabbá, Rebecca Braga e Ademir Pedrosa.

Já curti muitas noitadas com o artista e amigo cantando ou batendo papo. Sempre bebendo, claro. Ele é um cara brilhante, de sorriso fácil e com uma vasta cultura geral. Ah, onde quer que eu vá, se alguém me perguntar: “tem setor?”, lembrarei sempre de Naldo Maranhão.

Enfim, admiro muito a “Nau que veio do Maranhão”, como diz o Ronaldo Rodrigues. Este é só um registro do apreço e amizade que nutro por ti, Naldo. Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Sobre Fernando Canto – Por Renivaldo Costa – @renivaldo_costa

Nosso querido amigo Fernando Canto.

Por Renivaldo Costa

O Fernando Canto é um dos seres humanos mais extraordinários que conheci até hoje. Me permito chamar de “irmão” a poucos amigos. Fernando é um deles. Nos conhecemos há 25 anos, quando ele ainda morava em Belém e desde então estabelecemos uma relação de amizade e apreço. Muito daquilo que escrevo tem forte influência de Fernando. Afinal, cresci lendo seus livros.

Em maio Fernando Canto completou 66 anos, data que nem pudemos comemorar como de praxe em razão da pandemia. Ele nasceu em 29 de maio de 1954 em Óbidos, mesma terra que gerou outros ícones da cultura brasileira como Inglês de Sousa. Suas incursões pela música e literatura são conhecidas pelo Brasil afora, mas creio que o Amapá precisa redescobrir ainda Fernando Canto.

Outro dia, numa conversa com o ex-deputado Antônio Feijão, ouvi o seguinte comentário: “Se tivesse nascido em qualquer outro lugar do mundo, o Fernando Canto seria considerado um legado cultural pelo seu povo. O Amapá precisa olhar mais pelos seus heróis”. De fato. A contribuição dado por Canto ao longo de sua trajetória no Amapá é um legado do qual temos que nos orgulhar. Obras como “O Bálsamo” e “Eqüino Cio” são dignas de premiações internacionais.

Este editor com o Canto. Meu amigo e herói literário.

Ademais, foi somente na gestão de Fernando Canto que a Confraria Tucuju ganhou notoriedade.

Provavelmente uma das maiores contribuições de Fernando Canto à cultura amapaense tenha sido a “marabaixeta”, um marabaixo fora de época que ele idealizou num momento em que esta manifestação passava por momento agônico e corria o sério risco de desaparecer. À época, Fernando sofreu críticas mas hoje – quase 23 anos depois – sua iniciativa pode ser melhor entendida. Hoje proliferam grupos de marabaixo e até já se promoveu um festival dessa manifestação, ideia aliás que nosso sociólogo defendia há mais de 20 anos.

Renivaldo, com Fernando e outros ilustres cidadãos do Laguinho, na “marabaixeta”.

Por fim, encerro esta homenagem relembrando uma história ocorrida com o Fernando Canto e contada pelo saudoso amigo Hélio Pennafort. “Levado por amigos, o Fernando Canto participou de uma animada festança lá para as “blelbas” do furo do Assacu. Conhecendo a rígida disciplina que nesses lugares impera no salão, Fernando, depois de muita excitação, conseguiu aproximar-se de uma brejeira cabocla, triste e solitariamente encostada na desnivelada parede de paxiúba:

A senhorita me permite esta contradança?
– O que ?
– Vamos dançar?
– Num dá. Eu só danço abenetando.

Fernando encabulou. Desencabulou. Novamente convidou. Mas qual… a dama encasquetou: – Já disse, só danço abenetando.

Sociólogo de vastos recursos, imaginou tratar-se de algum passo novo e, quem sabe, poderia adaptar-se a ele no decorrer da contradança. Insistiu: – Mas sim, vamos dançar?

– De novo? Puxa, só danço abenetando.
– Pois eu sei dançar abenetando.
Mas quando?… A Bené num tá.”

Que o Bira siga pela luz. Valeu, artilheiro!

Contratado junto ao Remo, Bira fez parte da equipe colorada que conquistou o Brasileirão de forma invicta Juan Carlos Gomez / Agencia RBS

Um dos maiores do futebol amapaense, Ubiratan do Espírito Santo, o popular Bira, subiu hoje. Ele faleceu aos 65 anos, vítima de câncer de fígado. Além de grande artilheiro, ele foi um baita cara porreta.

Bira começou no Esporte Clube Macapá, mas o Fernando Canto disse que eles jogaram juntos no Flamenguinho do Laguinho. Foi campeão de quase tudo que disputou como amador e profissional.

Foto: site do Remo

Bira passou pelo Paysandu, de Belém-PA, mas foi um dos maiores (se não o maior) artilheiro da história do Clube do Remo, também de Belém, e campeão brasileiro invicto com o Internacional de Porto Alegre-RS, em 1979. Ele passou por vários times: Atlético-MG, Juventus-SP, Náutico-PE, Novo Hamburgo-RS, Brasil de Pelotas-RS, Aimoré de São Leopoldo-RS, Tiradentes-PA e encerrou a carreira no Vila Nova, de Castanhal-Pa.

Inter campeão brasileiro 1979 — Foto: Bira Espírito Santo/Arquivo Pessoal

O artilheiro era amigo do meu saudoso pai, Zé Penha. Tem até uma história bacana, de uma das vezes em que ele veio do Sul e fez umas farras legais com papai e com outro amigo nosso, o Augusto Aragão (Nariz). A mãe do Bira foi à casa dos meus avós paternos para que o delegado Espíndola (meu avô que já virou saudade) prendesse um Passat verde zerado que o craque havia acabado de comprar e era a viatura das noitadas. A genitora, com medo de um acidente, fez esse pedido inusitado e foi atendida. O resultado é que o meu pai (goleiro), o Nariz (zagueiro) e o craque seguiram a festejar, de táxi, a vida.

Eu e Bira, em um encontro de trabalho quando ele era administrador do Estádio Zerão, em 2011. Amigo e eterno artilheiro!

Tive o prazer de conviver com o Bira em um período da minha vida, entre 2004 e 2009, e rir bastante dele e com ele, pois o cara era engraçadão, bem-humorado, boa praça e muito gente fina.

Minhas condolências à família e amigos do Bira. Que ele siga pela luz que irradiou por aqui. Valeu, artilheiro!

Elton Tavares

*Fotos: GE/AP – Sites do Remo e Internacional e Jornal do Sul. 

67 anos do Mercado Central: pedras, paneiros e outros objetos marcavam fila às portas do Mercado

Já contei aqui algumas vezes, mas gosto de repetir: minha família é pioneira em Macapá. Eles vieram do Mazagão para o meio-do-mundo na década de 50. Ano passado, tio Pedro Aurélio me contou uma curiosidade do Mercado Central. E como o antigo centro comercial completa 67 anos de existência hoje, 13 de setembro, resolvi republicar este relato.

De acordo com tio Pedro, que nasceu no Mazagão nos anos 50, mas vive em Macapá desde gitinho, “antigamente, os lugares nas filas que se formavam antes da abertura das portas do Mercado Central eram marcados com pedras, paneiros ou qualquer outro objeto“.

E ainda segundo o tio, o mais importante é que esses lugares “eram respeitados”. Hábito este também utilizado nas amassadeiras de açaí, só que neste caso eram usadas panelas (disso eu lembro).

Pedro Aurélio seguiu na lembrança: “naquela época existia fila específica para gestantes. Às vezes, tinha discussões sobre a veracidade de uma gestação; era comum que, durante o bate-boca, a defesa fosse: quer dizer que meu marido não pode me emprenhar? Quem sabe se estou gestante sou eu” (risos).

”Era desse jeito. Antes das seis horas, eu chegava no Mercado Central para comprar vísceras de boi (bucho, mocotó, fígado, coração, etc), mais baratas, porque eram considerados comida de pobre (Já fui isso, também)”.

Hoje em dia o Mercado Central foi revitalizado e tá lindão, o que valoriza a nossa memória, história e cultura. Um espaço tão importante de Macapá merece.

Eu e tio Pedro Aurélio.

Sobre o tio Pedro

Pedro Aurélio sempre tem boas histórias sobre fatos, causos e histórias da Macapá de antigamente. Afinal, o cara já tem mais de 60 carnavais e sua jornada foi toda percorrida na capital amapaense. Nossas conversas – até as sérias – sempre escorregam para boas gargalhadas. Quem tem a sorte de ser amigo dele, sabe do grande coração do cara.

Pedro Aurélio é filho de família pobre, mas trabalhadora. Os pais, ele e os irmãos conseguiram tudo com muito batalho. Dá um orgulho danado das histórias contadas; tantos exemplos de esforço e superação deixados para nós, os sobrinhos, filhos e netos dos Penha Tavares. Ele costuma dizer que os ensinamentos do meu saudoso avô, João Espíndola Tavares, nortearam sua vida. Aliás, assim como eu, seu pai era/é seu herói.

O relato do tio Pedro que, além de irmão mais novo de meu saudoso pai, é um grande amigo meu, retrata como as pessoas se comportavam antigamente, como eram os costumes, a moral, as atitudes. Valores estes que trago em mim.

Foto: Max Renê.

Uma aula de curiosidade que mostra uma dimensão mágica escondida atrás do tempo e das lembranças de quem viveu na antiga Macapá. Uma leve pincelada na rica história dessa cidade, que é o nosso lugar no mundo e um pouco de nós, os Tavares, que nunca fomos ricos, mas herdamos valores como integridade e decência. E isso, queridos leitores, conta paca. E continua contando…

As histórias completam a memória, acertam verdades e crenças” – Fernando Canto.

Elton Tavares, com informações de Pedro Aurélio Penha Tavares (conselheiro substituto do TCE/AP).

Símbolo de Macapá, Mercado Central completa 67 anos de história neste domingo, 13

O Mercado Central, um dos símbolos da cultura amapaense, economia e cartão postal da cidade de Macapá, completa 67 anos de muita história e tradição neste domingo, 13. O espaço foi inaugurado dia 13 de setembro de 1953 pelo então governador Janary Nunes e o prefeito Claudomiro de Moraes. O espaço era uma obra gigantesca para a época e tinha como finalidade comercializar produtos da roça, que eram desembarcados no Trapiche Eliezer Levy.

O centro histórico foi considerado espaço de compras de alimentos e de encontros das famílias amapaenses por muito tempo. No local, diversas histórias trazem a memória desse sexagenário monumento, composto de nativos e imigrantes que deram início à expansão da atividade comercial no estado. Entre as lembranças dos primeiros empreendimentos estão os famosos Bar Du Pedro, Clip Bar, Banca de Revistas Cinelândia, Mercearia do Chaquib, Sapataria do Irmão, Sapataria Chic, Ervanaria Amazônia, o Salão Latino Americano, Farmácia Droga Norte, entre tantos outros.

Falar de mercado é contar a história de quem o viu e o ajudou a nascer, como relata Luiz Gonzaga Nery, o segundo proprietário do famoso Bar Du Pedro, point etílico tradicional da cidade. “Sou nascido e criado neste bar. Vi a cidade inteira crescer, e a memória mais viva que tenho é do Mercado Central lotado e meu pai conversando com os clientes. Essa tradição tem passado de pai para filho. Hoje meu filho Pedro Nery da Cruz Neto toma a frente do bar”, disse.

Em 2019, o mercado foi totalmente revitalizado e ampliado, mas foi mantida a sua arquitetura colonial. Em 2020 o novo espaço foi entregue. Além disso, ganhou obras em tons vibrantes que retratam alguns dos símbolos da cultura local, como o Marabaixo e o batuque.

Painéis expostos nas áreas interna e externa do novo Mercado Central abrilhantaram ainda mais um dos pontos mais bonitos da cidade. O artista amapaense Ralfe Braga é reconhecido internacionalmente e assinou toda identidade do local. Suas artes são cheias de energia e tonalidades exuberantes. Segundo ele, as obras dentro e fora são inspirações que refletem exatamente as questões históricas e estéticas do local, que trazem as cores vivas da Amazônia.

Com o período de pandemia, os festejos tradicionais estão suspensos, mas a direção do centro fará uma homenagem aos empreendedores tradicionais que ajudaram a construir a história deste monumento histórico, símbolo de Macapá.

Secretaria de Comunicação de Macapá
Kelly Pantoja
Assessora de comunicação
Fotos: Max Renê

Das maiores árvores aos recifes de corais: as características únicas da Amazônia no Amapá (hoje é o Dia da Amazônia)

Angelim Vermelho: maior árvore da Amazônia localizada na fronteira do Amapá e do Pará — Foto: Rafael Aleixo/Setec

Carregando há vários anos o título simbólico de “estado mais preservado do país”, o Amapá, mesmo ocupando apenas 3% do território da Amazônia, carrega elementos únicos, sejam influenciados pela foz do Rio Amazonas, a Linha do Equador ou pela proximidade com o Platô das Guianas.

A quantidade de espécies e elementos da natureza ainda são catalogados pela ciência, mas algumas chamaram a atenção do mundo inteiro, como o fenômeno da pororoca, com o encontro entre o Rio Araguari e oceano atlântico, causando uma onda que dura horas.

Pororoca na costa do Amapá — Foto: Adson Lins/Arquivo Pessoal

Ameaçado em 2015 pelo assoreamento na foz o rio, o fenômeno deixou de existir, mas foi mapeado em outras regiões do estado, reacendendo a esperança do potencial turístico.

Além da maior onda, o Amapá também é acesso para as maiores árvores da região, com mais de 90 metros e que ficam localizadas no sul do estado, na divisa com o Pará.

Em 2019, uma expedição começou a mapear um exemplar de Diniza excelsa, mais conhecida como Angelim Vermelho. A imponente tem 88 metros e está dentro uma reserva de conservação de uso sustentável.

A árvore mais alta da Amazônia brasileira é da espécie Angelim Vermelho e está localizada na Floresta Estadual do Parú, no Pará — Foto: Tobias Jackson/Divulgação

A importância de preservar esta e outras espécies de plantas faz o Amapá abrigar o maior parque nacional do país: o Montanhas do Tumucumaque. Com mais de 4 milhões de hectares, a área equivale a 25% do território do estado.

Mais recentemente, recifes de corais foram descobertos na costa do Amapá em meio ao anúncio de exploração de petróleo na região. Os “corais da Amazônia”, de acordo com a ONG internacional, são formações únicas e diretamente ameaçadas com a atividade.

Corais da Amazônia descobertos em expedição na costa do estado — Foto: Greenpeace/Divulgação

O principal inimigo da preservação da Amazônia é o próprio homem em diversas ações. Seja com as queimadas para produção agrícola, desmatamento, biopirataria, invasão de terras públicas e poluição dos rios e do solo.

Além dos agentes públicos, diversas organizações atuam na preservação e na manutenção dos recursos da região, tornando-se verdadeiros “Guardiões da Amazônia”.

“Acreditamos que o grande problema é a permanência de um plano colonialista para o desenvolvimento da Amazônia, sempre vindo de fora para dentro e valorizando apenas a geração de commodities. Ao invés disso, deve haver a valorização da floresta em pé! Para que o real valor seja valorizado, porque dessa forma é possível proteger as pessoas e a natureza. O desenvolvimento sustentável não é uma utopia, é uma alternativa possível e urgente”, comentou Adriane Formigosa, diretora-presidente do Instituto Mapinguari.

Ação de limpeza do Instituto Mapinguari em reserva às margens do Rio Amazonas — Foto: Instituto Mapinguari/Divulgação

Fundado em 2005 por um grupo de acadêmicos voluntários, o Mapinguari trabalha principalmente com apoio a gestão das Unidades de Conservação (UCs) do estado.

Além dos recursos, entidades estão ligadas diretamente com lidar do povo amazônico, em especial os indígenas, povos tradicionais e ribeirinhos, entre eles, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), fundado há 18 anos e que tem quase 40 membros.

Cachoeira de Santo Antônio, em Laranjal do Jari — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

“Desde a criação, o Iepé tem procurado elaborar projetos que permitam uma ampliação dos trabalhos junto às comunidades indígenas da região, consolidando ações em andamento e estabelecendo novas modalidades de atuação”, destacou Renata Ferreira, assessora do Programa de Articulação Regional do Iepé.

Fonte: G1 Amapá

Cantando o Amapá, Grupo Pilão comemora 45 anos com Live

A Prefeitura de Macapá realizará nesta sexta-feira, 4, a partir das 20h, um show virtual em comemoração aos 45 anos de criação do Grupo Pilão. Relembrando os melhores momentos da sua carreira, o evento, que será transmitido pelas redes sociais da prefeitura, promete encantar os internautas, amantes da música amapaense.

Criado em 25 de setembro de 1975, por ocasião da realização do 5º Festival da Canção Amapaense, o Grupo Pilão é pioneiro no uso e valorização da cultura regional do Amapá. Formado inicialmente por três músicos (Fernando Canto, Bi Trindade e Juvenal Canto). O grupo se destacou por utilizar um pilão como instrumento de percussão durante os shows.

Ao decorrer de sua carreira, ganhou quatro novos integrantes – Eduardo Canto, Orivaldo Azevedo Costa, Tadeu Canto e Leonardo Trindade. Durante sua trajetória musical, o grupo gravou três CDs – “Na Maré dos Tempos”, “Quando o Pau Quebrar” e “Trevelê”. A maioria das letras das músicas gravadas é de autoria do cantor e compositor Fernando Canto. Com sua vasta experiência em gravação de CDs, o maestro Manoel Cordeiro também foi responsável pelos arranjos e direção musical dos três discos.

O Grupo Pilão sempre teve como pano de fundo a valorização da cultura local e popular, além da preocupação com as transformações econômicas, ambientais e sociais que o estado do Amapá enfrentou ao longo de quatro décadas e meia de existência do conjunto musical. Uma das canções mais conhecidas do grupo é “Quando o Pau Quebrar”.

Será uma noite memorável, com influência do batuque, Marabaixo, traduzido no melhor da música amapaense com um dos grupos mais tradicionais da nossa terra. Todos poderão acompanhar a transmissão do evento de casa, por meio do Facebook e Youtube da Prefeitura de Macapá, a partir das 20h desta sexta-feira.

Secretaria de Comunicação de Macapá
Kelly Pantoja
Assessora de comunicação
Foto: Gabriel Flores

Discos que formaram meu caráter parte I: Mondo Bizarro (1992) –  28 anos que o álbum foi lançado. – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Existem fatos marcantes na vida das pessoas que realmente só são importantes para elas mesmas. O que quero contar nessas humildes linhas é sobre a importância de fatos que ocorreram em minha vida,  que formaram ou deram esboço sobre o que sou hoje.

Corria o ano de 1992 e eu tinha 12 anos. Estava naquela fase que não sabemos se somos moleques ou homens. Etapa que começamos ser cobrados por atitudes ou pensamentos e responsabilidades nos começam a ser jogadas.

Foi mais ou menos nessa época de transição que conheci algo que pautaria minha vida até os dias atuais e me fazem ser o que sou hoje. Agradeço profundamente a meu irmão que me deu uma k7 (jovens as músicas já vieram em retângulos plásticos, com furos e eram chamados de “fita”), em um esquema assim “Toma, não gostei disso”.

Ouvir aquilo pela primeira vez foi FANTÁSTICO. Eu tinha em mãos um verdadeiro tesouro algo relativamente como o “Santo Graal”, simplesmente um pequeno esboço da banda que eu passei automaticamente achar a melhor de todas.

Pra começar pela capa, uns caras todos deformados, com uma atmosfera de “Foda-se, não estamos nem ai”, ou algo como “Não somos os mais bonitos, somos os mais fodas”. E era isso que realmente importava. Lembro-me que tinha em minha casa artefatos que hoje são jurássicos como um “Toca Fitas”, vermelho que atendia pela alcunha de “Meu primeiro Gradiente” (muitos vão saber o que é isso).

Ao colocar aquele famigerado k7 e ouvir os primeiros acordes de “Censorshit”, minha vida realmente ganhou sentido. Ver aquela figura, de voz esquisita, mandado aquelas verdadeiras farpas contra a censura americana foi algo que me fez refletir sobre o que fazemos no mundo. Ramones mostrava pra mim naquele som, que tudo estava errado. Que temos que fazer algo para melhorar e que o melhor e fazer por nossas mãos.

Mondo Bizarro, também foi o disco em que a banda conseguiu seu maior apelo e sucesso comercial, chegando a receber discos de ouro e platina em vários países como Brasil, Argentina e Chile (Pra ficarmos em nosso continente). Também foi o primeiro disco de estúdio que o C.jay Ramone gravou com a banda. Esse cara é responsável pela excelente “Strengh To Endure”. É para mim a melhor formação de todos os tempos de uma banda de rock: Joey, Johnny, C.Jay e Marky.

O disco brinda os fãs com uma bela mensagem em “It´s Gonna Be Alright”, “Isto é dedicado aos nossos fãs pelo mundo,mais fiéis e com certeza, quando a vida fica frustrante vocês fazem valer a pena…Não é ótimo estar vivo?”, exemplo de respeito e dedicação a os fãs é algo muito raro.

Sem contar claro da participação de Dee Dee Ramone que mesmo fora da banda nos brinda junto com Daniel Rey com a gloriosa “Poison Heart” Trilha sonora de “Pet Cemetery 2” (Clássico), bom podem ver que realmente um “Discão”.

A partir dessa audição e de muitas que fiz depois deste dia, minha vida ganhou relevância, pra começar o gradiente vermelho foi decorado logo com uma oriunda caveira desenhada toscamente por mim no esquema “Faça você mesmo”. Agradeço-te muito meu irmão por ter me dado sentido. Durante muitos anos o que eu realmente quis foi uma jaqueta preta, uma calça jeans rasgada, uma moto e uma camiseta dos Ramones.

VIDA LONGA A O PUNK!

*Marcelo Guido é jornalista, professor, assessor de comunicação, pai da Lanna e Bento e marido da Bia, além de amante de Rock and Roll.

**Mondo Bizarro é 12º álbum de estúdio dos Ramones. Em 1 de setembro de 1992, a banda lançou este, há 28 anos. Por conta da data, republicamos este texto porreta do Marcelo Guido. 

Valeu, Lula. Até a próxima vez!

Eu e Lula, em 2015

Hoje perdi um velho e querido amigo. O cantor, compositor e instrumentista, pai de dois caras (um deles muito meu brother, o Brunão), Lula Jerônimo, partiu para as estrelas. O “cabra da peste” bruto, muitas vezes ranzinza e sincero ao extremo e “Painho” dos malucos, boêmios e músicos de Macapá, descansou neste primeiro dia de setembro aos 74 anos.

Lula, nos anos 80 e 90. Fotos encontradas nas páginas de Facebook do Thomé Azevedo e Pat Andrade

O velho marinheiro tocador pintou aqui há mais de 30 anos, com a viola nas costas e música nas mãos. Logo conquistou a admiração e respeito do povo daqui. Mas somente este ano, no último dia 4 de fevereiro, ganhou o título de Cidadão Macapaense, concedido pela Câmara Municipal ao velho cancioneiro. Só que o Lula, que nasceu em Recife (PE), já era daqui do meio do mundo há tempos, em nossos corações.

Lula em 2018, antes de adoecer. Foto: Sal Lima

Sempre guerreiro, Lula lutou muito pela vida. Em dezembro de 2018, ele foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). De lá pra cá, com a ajuda de sua família e amigos, fez tudo para se recuperar. Até teve uma melhora por um tempo, mas segundo o Brunão, seu filho, de uns tempos para cá, piorou bastante. E em decorrência dessa enfermidade, hoje pela manhã, virou saudade.

Niver do Lula na casa dele. Na foto estão: eu, Sal Lima, Chico Terra, Lula e Bruno Jerônimo, em 2018.

Lula era/é “cabra brabo” e muito gente boa. Humanista, militante de causas sociais e crítico visceral. Foi baita cara legal, trabalhador e guerreiro. Pernambucano de nascimento, ex-marinheiro e amapaense de coração, o artista escolheu Macapá como lar e por aqui viveu por décadas. E que vida!

Jerônimo foi também foi parceiro de boemia do meu falecido pai, José Penha Tavares. Papai nos apresentou em alguma farra do no início dos anos 90, quando comecei a frequentar a noite amapaense. Se duvidar, os caras formam lá do outro lado.

Eu e Lula, quando eu cobria um evento no Sebrae/AP, em 2019.

Me deu um certo arrependimento de não ter ido visitar o Lula em 2020. Mesmo antes da pandemia, não fui. Ele sempre me dava um esculacho por eu estar porrudo de gordo, mas depois voltava a ser o cara carinhoso que sempre foi comigo. A última vez que nos encontramos foi em 2019. E foi muito bom.

Lula com os filhos. Foto: Patrícia Andrade

Ao Bruno e seu irmão Felipe, minhas condolências. Desejo que Deus conforte seus corações. Ao músico da velha guarda que subiu hoje, minha homenagem e agradecimento.

Com o Lula, no bar e restaurante Norte das Águas, no início dos anos 2000

Mestre Lula, valeu pelas cervejas, pelas cantorias e tocadas. Pelos ralhos e pela amizade. Vamos sentir saudades. Eu e esse bando de doidos que te amam. Até a próxima vez, amigo!

Elton Tavares

O que é fascismo e outros ensaios – Via @giandanton

George Orwell é mais conhecido por seus livros de ficção, em especial A revolução dos bichos e 1984. Entretanto, ele era um grande ensaísta. Seus textos límpidos, com argumentação clara e rigorosa influenciaram muita gente, inclusive o maior articulista brasileiro, Paulo Francis. Durante muito tempo esses textos permaneceram inéditos no Brasil, mas agora estão sendo publicados pela Companhia das Letras. Entres eles se destaca O que é fascismo e outros ensaios, de grande relevância nos tempos atuais.

Um dos destaques do volume é o prefácio de Sérgio Augusto, organizador do volume. É leitura obrigatória para os que conhecem pouco de Orwell.

Muita gente que leu apenas seus livros mais famosos acha que Orwell era um aristocrata inglês que escrevia seus livros enquanto um mordomo lhe servia chá e, nos intervalos, conversava com empresários estratégias sobre como manter as engrenagens do capitalismo funcionando.

Nada mais falso. Orwell escreveu a maior parte de seus textos em um jornal socialista, o Tribune e foi inclusive mendigo (experiência que ele relata no livro Na pior em Paris e Londres). Seu objetivo era fazer do texto político uma arte. Era um pertinaz defensor das causas perdidas, como a defesa da liberdade de expressão, definida por ele como “O direito de dizer às pessoas aquilo que elas não queriam ouvir” e, por tabela, contra o totalitarismo de qualquer matriz. Assim, em seu livro restam críticas severas tanto à esquerda quanto à direita.

Se tivesse vivido um pouco mais, Orwell teria visto os direitos do seu livro A revolução dos bichos ser comprado secretamente por um agente da CIA. Transformaram a poderosa alegoria política de Orwell em uma peça de propaganda anticomunista e chegaram ao ponto de introduzir-lhe um happy end. O desenho animado rodou o mundo com recursos patrocinados pelo Departamento de Estado americano. Enquanto isso, Orwell deveria estar se revirando na cova.

O artigo que dá título ao volume é um dos mais interessantes do livro. Orwell não explica o que é fascismo: ao contrário, mostra como essa palavra foi perdendo significado ao ser usada como ofensa a ponto de tudo e todos poderem ser classificados de fascistas (ele mesmo já foi chamado de fascista). Algo, aliás, que ocorre ainda nos dias atuais. Da mesma forma, outras palavras de uso político, como comunista ou esquerdista perderam seus significados ao serem usados como palavrões. Quando se vê alguém chamando o Estadão de esquerdista, percebe-se que a palavra perdeu completamente qualquer significação.

Uma das maiores críticas de Orwell é ao chamado “realismo político”, um ponto de vista utilitário. Assim, por exemplo, a direita liberal inglesa fechou completamente os olhos para a ascensão de Hitler e para a guerra iminente em decorrência da incapacidade da classe endinheirada inglesa de acreditar que havia qualquer “coisa de errado em campos de concentração, guetos, massacres (…)”. Por outro lado, a esquerda, em nome desse realismo, fez alianças as mais duvidosas possíveis. Um capítulo que exemplifica bem esse ponto de vista é a resenha de um livro sobre Mussolini. Ele é capturado pelos aliados e levado a julgamento. Mas pede testemunhas e segue-se toda a classe de elogios de políticos ingleses a ele antes do início a guerra.

Embora esteja falando da Europa, Orwell parece estar escrevendo sobre o Brasil quando declara: “Se há uma saída para a pocilga moral em que estamos vivendo, o primeiro passo nessa direção é provavelmente perceber que o realismo não compensa”.

De todo o volume o texto mais interessante e reflexivo é “Socialistas podem ser felizes?”. Nele, Orwell reflete sobre a questão das utopias. Uma das suas análises diz respeito ao livro As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, que ele admirava muito e serviu de base para A revolução dos bichos (ambos são alegorias políticas). Orwell argumenta que os primeiros capítulos são primorosos: “Cada uma de suas palavras é relevante hoje em dia; há trechos que contém profecias bem detalhadas dos horrores políticos de nosso tempo”. Swift, no entanto, fracassa ao tentar descrever uma raça de seres que ele realmente admira.

Dessa forma, tanto o céu quanto a utopia são fiascos, locais impossíveis de se descrever sem parecer enfadonho, chato – ao contrário do inferno, que sempre mereceu vívidas descrições de grande sucesso. A felicidade, argumenta Orwell, só funciona em contraste com a infelicidade. Quando ela se torna eterna, deixa de funcionar. Qualquer um que já tenha assistido um episódio da série clássica Jornada nas Estrelas sabe que essa discussão permeia boa parte dos episódios – o que mostra o quanto a discussão de Orwell ainda era atual na década de 1960 e continua atual hoje. Não por acaso, o autor ficou famoso não por uma utopia, mas por uma distopia, 1984.

Fonte: Ideias Jeca-Tatu.

27 de agosto: Dia do Psicólogo – Por Janisse Carvalho (psicóloga)

Desde 1879 quando Wundt criou o 1o laboratório para analisar o comportamento humano, a psicologia tem firmado seu importante papel de revelar ao ser humano a sua dimensão humana. Parece um trocadilho barato mas nem todos nós seres humanos somos capazes de olhar pra nós mesmos com honestidade e compaixão. Então, o que acontece? Não conseguimos olhar o outro da mesma forma. É daí que começam os grandes problemas da humanidade: falta de empatia, intolerância às diferenças, incompreensão das limitações humanas. Por isso saímos julgando e condenando os outros… enfim, entendimento e convivência ficam difíceis!

O principal objetivo de um trabalho psicológico, terapêutico, é o autoconhecimento. Pessoas que se conhecem tendem a ser mais conscientes de si, reconhecer seus limites e potenciais! Mas autoconhecimento não implica em ficar fechado em si. Autoconhecimento é dialético, transcende o sujeito! Quem fica no discurso dizendo que autoconhecimento é balela, alienação; ou, quem fica só no discurso exaltando esse processo como único capaz de melhorar o mundo e ignora o contexto ao redor sem leitura crítica sobre a necessidade das lutas coletivas, se perdem na vida. Os primeiros ficam focados nas explicações de que é preciso mudar as estruturas inscritas numa dimensão coletiva e ignoram as vontades pessoais que muitas vezes é a que prevalece quando ganham alguma luta. Os segundos ficam restritos aos discursos no campo pessoal e vão continuar sofrendo pois o sofrimento é individual e coletivo. Essa dicotomia não ajuda em nada, pelo contrário, só atrapalha. É preciso superar essa dicotomia como dizia Silvia Lane!

Eu costumo dizer que antes de mergulhar para dentro de mim eu queria fazer a revolução no mundo, acabar com as injustiças sociais, lutar contra a opressão e trazer dignidade para humanidade. Hoje se faço isso comigo já me dou por satisfeita. Dizia que tínhamos que melhorar o mundo depois as pessoas. Mas aprendi que não. Conheci a dialética: Mudar a mim mesma, melhorar a mim mesma, também deve implicar em melhora o mundo, num movimento dialético, de vai e vem, ao mesmo tempo agora. Continuo empenhada na luta coletiva, mas olhando pra mim e a partir de mim!

Hoje aprendi que mergulhar em mim mesma, ter respeito pela minha história, ser auto compassiva comigo, ter consciência das diferenças dentro de mim, das minhas idiossincrasias, me fez olhar pros outros e ser mais sensível e tolerante. Nem sempre consigo, pois não sou perfeita, mas acredito que a consciência desse limite já é um avanço! Ainda falta muito, mas já percebi que esse mergulho é infinito, como o Criador que existe em mim!

Janisse Carvalho e este editor. Saudades sempre!

Hoje ainda quero mudar o mundo, mas nunca sem antes passar por mim!

*Janisse Carvalho, psicóloga paraense/amapaense e professora universitária e secretária de Assistência Social do município Alexania (GO).

Há exatos 53 anos, a morte de Brian Epstein foi o começo do fim dos Beatles

No dia 27 de agosto de 1967, aos 32 anos, morreu Brian Epstein . Seu corpo foi encontrado em seu quarto por pessoas próximas que estranharam o fato de Brian não atender ao telefone. Aparentemente o empresário dos Beatles sofreu uma overdose acidental após ingerir estimulantes e bebida alcoólica. Há exatos 53 anos.

Peter Brown comunicou aos Beatles por telefone enquanto o grupo estava em Bangor. Os quatro prontamente retornam a Londres. Era o começo do fim dos Beatles, morria o quinto Beatle, segundo Paul McCartney.

Brian Epstein nasceu no dia 19 de setembro de 1934. Começou a carreira como gerente do departamento de loja de discos. Era chamado de o “quinto Beatle” tal sua importância para a criação da lenda em torno dos Fab fuor.

Os incontornáveis fatos e penteados dos Fab Four no início dos anos 60 foram ideias de Epstein JOHN RODGERS / REDFERNS

O primeiro encontro com os Beatles aconteceu em 1961, segundo Brian, um cliente chamado Raymond Jones foi até a News um compacto com a música “My Bonnie” gravada pelos Beatles e Tony Sheirdan quando o grupo estava fazendo algumas apresentações em Hamburgo. Brian como não conhecia a banda e ficou sabendo que eles tocavam regularmente num lugar não muito distante de sua loja resolveu vê-los.

Foi assim que no dia 6 de setembro de 1961, Brian viu os Beatles tocando no Caver Club pela primeira vez. Sua chegada ao Cavern Club foi anunciada nos altos falantes da casa, Brian foi tratado como vip.

Ele disse mais tarde:”fiquei impressionado de maneira imediata pela música deles, ritmo e sentido de humor sobre o palco. E inclusive, quando os conheci mais tarde, fiquei impressionado pelo carisma pessoal dos rapazes. E foi nesse mesmo instante que tudo começou”…No dia 10 de dezembro do mesmo ano, Brian propôs empresariar os Beatles.

Sobre a morte de Brian, John Lennon disse: “Estávamos no País de Gales com o Maharishi. Havíamos acabado de assistir à sua primeira palestra quando recebemos a notícia. Fiquei chocado, todos nós ficamos, e fomos falar com o Maharishi. ‘Ele morreu’, dissemos, e ele, como um idiota, dizia em tom paternal, ‘Esqueçam, fiquem felizes, sorriam’, e foi o que fizemos. Senti o que qualquer um sente quando uma pessoa íntima morre: algo dentro de nós dizendo de forma descontrolada, ‘ainda bem que não fui eu’. Não sei se você já passou por isso, mas muitas pessoas próximas a mim morreram e eu pensei ‘Que droga! Não há nada a fazer’. Sabia que estávamos em uma enrascada. Estava assustado, pois não tinha nenhuma ilusão de que pudéssemos fazer qualquer outra coisa a não ser tocar, e pensei ‘Estamos acabados’. Eu gostava de Brian e tivemos uma relação estreita durante anos, por isso não quero que nenhum estranho seja nosso empresário, simplesmente isso. Gosto de trabalhar com amigos. Eu era o mais próximo de Brian, tão próximo quanto se pode ser de alguém que leva um estilo de vida ‘gay’, e você não sabe o que ele faz por fora.

De todos os Beatles, eu era o mais próximo de Brian e realmente gostava muito dele. Nós tínhamos plena confiança nele como empresário. Para nós, ele era o especialista. Bem, no começo ele tinha uma loja e achávamos que qualquer um que tivesse uma loja sabia o que fazer. Ele costumava encantar e seduzir a todos, mas, às vezes explodia, tinha acessos de raiva e tinha crises de poder e, então, sabíamos que iria desaparecer por alguns dias. De tempos em tempos, entrava em crise e todo o negócio parava, pois ficava prostrado na cama, tomando soníferos por dias a fio. Às vezes desaparecia, porque fora espancado por algum estivador em Old Kent Road. No início, não sabíamos o que realmente acontecia, mas, mais tarde, descobrimos a verdade. Nunca teríamos conseguido chegar ao topo sem sua ajuda e vice-versa. No começo de nossa carreira tanto Brian quanto nós contribuímos, nós tínhamos o talento e ele fazia as coisas acontecerem. Mas ele não tinha força suficiente para nos controlar. Nunca conseguiu que fizéssemos algo que não queríamos”.

Música não lançada – John Lennon e Brian Epstein:

Fonte: Baú do Edu & Diário dos Beatles