Gilvam Borges está no “hype”: político veterano do Amapá é sucesso nas redes sociais

Gilvam Borges

Gilvam Borges, ex-deputado federal e ex-senador amapaense está no “hype”. Esse termo da língua inglesa é usado na internet quando a pessoa ou assunto está em evidência ou é muito comentado nas redes sociais e rodas de conversa em geral. O político sempre dá o que falar. Ele rende polêmicas, críticas, elogios e muitas risadas, pois é contundente, mas bem humorado.

Em um cenário político em constante ebulição, onde as redes sociais ditam o ritmo das conversas, Gilvam é protagonista no universo da rede social Instagram no Amapá, sempre no epicentro dos debates que envolvem política cotidiana.

Enquanto seus contemporâneos na política estão no quase ostracismos, o velho militante segue com seu estilo bonachão, com longa barba e sandálias de couro. Vez outra, de moto ou carro, roda Macapá e o interior do Amapá. Em suas itinerâncias, aponta falhas, faz críticas, sugestões e sempre agita o cenário nas redes sociais.

Para se ter uma ideia, em um ano, sua página no Instagram passou de sete mil para 20 mil seguidores. Dono de frases como “Catitu fora do bando é comida de onça” ou “Pato novo não mergulha fundo”, Gilvam fala a linguagem de cidadãos de sua idade e agrada também a juventude.

Outro exemplo disso é o engajamento de seus vídeos, os quais as a média de visualizações eram de 200 e atualmente chegam a 170 mil. A efervescência em torno de seu nome na internet confirma o protagonismo dele na arena pública.

Destaca-se ainda, os compartilhamentos dos vídeos de Gilvam, que no passado, era nulo. Hoje em dia, alguns vídeos de Borges alcançam cinco mil compartilhamentos. Toda essa evolução descrita pelos dados confirma a aceitação e impacto crescente do conteúdo do político nas redes sociais.

O feed do Instagram, preenchido por publicações diversas, capturando a atenção de um público mais amplo e diversificado. O conteúdo, sem discursos formais, acentua a autenticidade de seu protagonista. Essa capacidade de permanecer relevante e inspirar uma audiência deste nível, mesmo sem ocupar um cargo oficial ou mandato eletivo é, de certo, um feito extraordinário.

Em resumo, com dinamismo, espirituosidade e humor, as interações de Borges transcendem as fronteiras do convencional.

Com um cenário político cada vez mais avaliado pela presença digital, o velho Borges continua a influenciar de maneiras inovadoras. Gilvam sabe canalizar esse interesse em seu favor, pois transforma o calor das redes sociais em apoio concreto e certamente engajamento nas próximas empreitadas políticas.

Pedro Pessoa – Jornalista

Randolfe acerta com Furlan investimento superior a R$ 60 milhões em Macapá, em 2024

No final da segunda-feira (15), o senador Randolfe Rodrigues reuniu com prefeito de Macapá, Antonio Furlan, para tratar de um portfólio de investimentos que somam mais de R$60 milhões em recursos federais, a serem utilizados pela gestão municipal em 2024.

De acordo com o senador Randolfe Rodrigues, os valores serão usados em obras de construção de praças, pavimentação de vias, bem como urbanização e embelezamento da cidade, além de manter ações de reforço da Saúde Básica da População e nas demais áreas, como esporte, por exemplo.

“Nós vamos seguir investindo e acreditando no povo do Amapá. Ano passado entregamos a Feira Verde, o Casa Macapá e a 2a etapa do Mercado Central, além de ter feito a inauguração do Skate Park este ano”, disse o senador.

O parlamentar informou que deve reunir, ainda esta semana com os demais prefeitos amapaenses e o Governador Clécio Luís, para discutir as prioridades de investimentos em todo o Estado.

Assessoria de comunicação do senador Randolfe Rodrigues

Estádio Glicério Marques completa 74 anos (minha crônica sobre o “Gigante da Favela”) – Por Elton Tavares

O Estádio Municipal Glicério de Souza Marques completa hoje 74 anos de fundação. O local foi idealizado pelo governador Janary Gentil Nunes e fundado em 15 de janeiro de 1950. A arena teve momentos de glória e ainda hoje é palco de jogos do Campeonato Amapaense, Copão da Amazônia e amistosos. Ali foram disputados grandes clássicos com a participação de craques amapaenses.

O estádio possui as alcunhas de “Gigante da Favela” e “Glicerão”, como o estádio foi apelidado pela crônica esportiva. Lembro-me da minha infância com alegria. Eu e meu irmão fomos agraciados com excelentes pais, que nos proporcionaram tudo de melhor possível (e muitas vezes impossível, mas eles fizeram mesmo assim).

Entre tantas memórias afetivas estão as idas ao Glicerão. Meu pai, o saudoso Zé Penha, também jogou no estádio quando foi goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, no time do coração, o “Clube da Torre”. Eu e o mano dávamos muito trabalho ao pai, sem falar o pede-pede. Era pirulito de tábua (aqueles marrons em forma de cone que são puro açúcar), picolé, pipoca, refri e churrasquinho. Era tão porreta!

Como já disse, quando garotos, meu pai e tio Pedro Aurélio, seu irmão, jogaram no Glicerão. Assim como muitos jovens da geração dele. A qualidade do futebol era tão boa que a galera que não tinha grana até pulava o muro para assistir às partidas. Sem falar que o Glicério já foi palco de vários shows locais e nacionais. Afinal, o velho estádio está no coração de Macapá.

Aliás, lembro daquele muro desde que me entendo por gente, pois a casa da minha amada avó fica lado do Glicério, na Rua Leopoldo Machado.

Naquele tempo rolava a charanga do Antônio Rosa, o Paulo Silva e o Humberto Moreira (lembro bem dos dois, pois sempre falavam com meu velho) faziam a cobertura dos jogos. O José Carlos Araújo exagerava na narração das partidas via rádio (a gente ia pro estádio com radinho na mão). Bons tempos!

Em 2023, após reforma e adequação do espaço (que virou um complexo esportivo), o velho estádio foi reinaugurado, com melhores condições. Que bom, pois com 74 anos de existência, a arena local que revelou jogadores como Bira, Aldo, Baraquinha, Marcelino, Jardel, Roxo (o primeiro amapaense que fez gol), Zezinho Macapá, Jasso, Miranda, entre tantos outros nomes importantes do futebol regional, segue como palco para futuros craques.

Porém, o futebol amapaense encolheu depois do “profissionalismo”, a política entrou em campo e deu no que deu: tanto o Glicerão quanto seu irmão mais novo, o Zerão, vivem vazios. Clubes tradicionais desaparecem das competições.

Para mim, há tempos o futebol amapaense perdeu o encanto, o brilho, a mágica. Nem no rádio escuto as partidas. Bom mesmo era na época em que o Zé Penha nos levava para assistir aos jogos no antigo Estádio Glicério, eu e Merson (meu irmão) assistíamos as partidas, brincávamos e nos divertíamos a valer. Quando lembro de tudo isso, a alegria entra naquele campo, escalada pela nostalgia.

Elton Tavares

*Texto adequado/atualizado do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Inspirações no Bar: literatura marginal, birita e produção cultural

Luiz Jorge Ferreira, Fernando Canto, Elton Tavares e Lorena Queiroz entram em um bar. O ambiente esfumaçado, à meia luz é frequentado pelas melhores e piores companhias. Assim que o boteco é bom. Ao som de um bandolim, violão ou guitarra, entre uns goles e outros, eles confabulam sobre seus aventuras e desventuras. Fazia anos que marcaram esse encontro etílico para falar sobre a literatura marginal mútua que compartilham há anos no site Blog De Rocha. Os dois primeiros citados, poetas. E os últimos mencionados, cronistas. Tá, tudo bem, são todos contistas.

Fernando também escreve crônicas. Lorena produz resenhas literárias e Luiz entoa textos poéticos. Eu, Elton, além de redigir meus devaneios, sou o jornalista que publica todos eles. Enfim resolveram batizar parte dessa produção em um livro que se chamará “Antologia Bares”. A obra é fruto da vivência dos quatro em levantar muitas taças de vinho, tomarem umas e outras em excesso em suas famosas e longas bebedeiras. Conversas essas com leve embriaguez ou excessivamente bêbados.

De volta ao ponto, a literatura marginal possui o papel fundamental de dar voz às experiências muitas vezes esquecidas ou marginalizadas pela sociedade convencional. Dentro desse universo, as histórias e estórias de bar emergem como uma expressão autêntica das vivências cotidianas permeadas por humor, relatos, aventuras e desventuras. Esta forma de narrativa não apenas resgata a essência das relações humanas, mas também desafia as normas literárias tradicionais, que oferecem uma visão crua e autêntica da realidade.

Sem nenhuma apologia ao alcoolismo, mas a maioria dos intelectuais bebem. E muito! “Para conviver com os tolos um homem inteligente precisa beber”, disse Hemingway. Claro que o goró estimula a criatividade, é só lembrar dos fascinantes papos que batemos durante uma simples reunião etílica.

Conhecidos cachacistas épicos são geniais e respeitados escritores. Bons exemplos são: Truman Capote, Vinicius de Moraes, Jack Kerouac, F. Scott Fitzgerald, Edgar Allan Poe, Ernest Hemingway e icônico biriteiro Charles Bukowski. Também mestres da Literatura daqui que foram e são chegados numa birita, como os fantásticos Alcy Araújo, Isnard Lima e Fernando Canto.

Na obra dos quatro escritores, os bares, com sua atmosfera descontraída e propícia ao encontro de pessoas das mais diversas origens, se tornam palco para uma rica tapeçaria de experiências humanas. As narrativas que nascem nesse ambiente exploram a complexidade das relações interpessoais, oferecendo um retrato sincero e, muitas vezes, humorístico da condição humana. O humor, em especial, torna-se uma ferramenta poderosa nas mãos dos escritores marginais, permitindo uma abordagem crítica e irreverente diante de temas sensíveis e tabus.

Ao contrário da literatura convencional, que muitas vezes busca a idealização e a formalidade, as histórias de bar na literatura marginal celebram a autenticidade. Elas capturam as nuances das experiências cotidianas, expondo as alegrias efêmeras e as tristezas profundas que se entrelaçam nos encontros e desencontros humanos. Essas narrativas, ao invés de romantizar a vida, optam por desnudar a realidade, enfrentando as contradições e os desafios de forma visceral.

As aventuras e desventuras contadas em meio a copos de cerveja ou doses de destilados transformam-se em metáforas poderosas para a condição humana. Os personagens dessas histórias, muitas vezes excluídos pela sociedade, ganham vida própria e representam uma resistência à marginalização literária. Ao explorar as profundezas emocionais de personagens comuns, a literatura marginal revela uma riqueza de histórias que, de outra forma, permaneceriam no anonimato.

Além disso, as histórias de bar na literatura marginal desempenham um papel importante na desconstrução de estigmas e preconceitos. Ao expor as camadas mais íntimas das vidas dos personagens, essas narrativas desafiam os estereótipos, proporcionando uma compreensão mais profunda e empática das diversas realidades que coexistem à margem da sociedade.

Em síntese, as histórias e estórias de bar enriquecem o panorama literário ao oferecer uma perspectiva autêntica e diversificada das experiências humanas. Elas desafiam convenções, celebram a singularidade das vivências cotidianas e, acima de tudo, proporcionam um espaço para vozes antes silenciadas. Essa abordagem única e irreverente contribui para a construção de uma literatura mais inclusiva, que reflete a riqueza e a complexidade da condição humana em sua forma mais crua e honesta.

Em meio à penumbra aconchegante, as risadas se misturam com o tilintar dos copos, desdobram-se histórias singulares que transcendem o simples ato de beber. Nesses espaços, onde a cultura se insinua entre as conversas entrecortadas, a literatura encontra um lar peculiar, um terreno fértil para suas sementes germinarem.

Não temos fotos com o Luiz Jorge. Montagem feita enquanto o encontro etílico não rola, pois vale o improviso.

No livro, eles criam um microcosmo efervescente de experiências. Ao adentrar nesse universo, somos recebidos por uma sinfonia de vozes, cada uma delas contando sua própria história, como capítulos de um livro inacabado. Na mesa, as páginas se desdobram em diálogos intensos e confissões sussurradas ao pé do ouvido. Tudo ganha vida ao sabor de um gole de cerveja ou vinho.

E assim, o bar se converte em um epicentro cultural, onde a literatura é mais do que palavras impressas; é um eco das vidas que ali se entrelaçam, uma sinfonia de experiências que ressoa entre as estantes de garrafas e os murmúrios da clientela. Onde a bebida, além de aquecer gargantas, aquece almas e fertiliza a produção cultural, fazendo de cada noite um capítulo memorável na efêmera epopeia de um boteco qualquer.

É assim, como disse a Lorena (que já bebeu até com Zaratustra): “o Tratado Noturno em uma mesa de bar” ou Canto, quando entoado, afirmou que Bar é uma Antena Social. Bem que o Luiz Jorge previu esse encontro, quando em um conto, disparou: “… e que havia recebido um telefonema de Macapá dos escritores Fernando Canto, Elton Tavares, Lorena Queiroz, porque haviam tido notícias sobre o Bar Cochilo, e vinham a mim convidar para escrever alguma coisa sobre ele, tendo em vista que havia morado em Macapá e haveriam de publicar um Livro sobre estórias de Bares…”. E rolou mesmo. É isso!

Elton Tavares

O Século XXI…se molhou! – Conto de Luiz Jorge Ferreira

Conto de Luiz Jorge Ferreira

O mundo ia acabar em dois mil. A única pessoa que conheci que tinha muito medo foi o Henrique e para ele acabou mesmo, a primeiro de janeiro de 2000. Sumiu no medo. Muito mais cedo que a sua mãe que tinha um enredo monstruoso de doenças e enfermidades, aquelas que ficam no rodapé das enciclopédias médicas e recebem três a quatro nomes de ilustríssimos doutores. Médicos e professores, que descobriram seus sintomas, suas entranhas e suas estranhas formas de tomarem o corpo do ser humano. E a elas dão seus nomes. Delas, ela tinha medo, mas não tinha medo da mudança do século, coisa que ela nem sabia o certo o que era.

Às vezes confundia essa denominação com a mudança do itinerário do ônibus Pedreira Nazaré, que na sua cabeça em vez de ir pela Praça Batista a Campos poderia margear Belém pela margem do Rio Guamá. Isto ela imaginava enquanto dava os nós nos arremates dos chuleios de alfaiate que aprendera em Oriximina. Para terminar os bordados e entregá-los a tempo de festas e formaturas, chamava Henrique para entregá-los a tempo de dar tempo.

Recomendava cautela e abrigo das chuvas, que naquela região cuidam de cair aos montões, assim que um incauto sai à rua todo engomado de branco, de sapato recém-engraxado ou comendo tapioca.

Henrique dobrava as roupas pelo avesso para conservar o passamento e saía sempre acocado para que a chuva não o visse. Levava um saquinho com carvão moído, uma simpatia para espantar as chuvas da tarde. Não tinha medo de aguaceiros, sabia as rezas contra trovão, faísca, relâmpagos e corisco. Só não sabia de reza contra mudança de século.

Isso ele não sabia. Consigo sempre pensava que se mudasse o século ele podia virar mulher. Ou nascer catita e ser apedrejado pelos meninos do bairro. Ou nascer vala, cheia de água podre e rãs. Tornar-se parte das águas empoçadas, protegidas pela mãe d’água. Riu pensando em nascer sabiá. Amava as mangas coloridas e cheirosas, em que eles todos prosa passavam as manhãs, saltando de uma para outra, enchendo o papo e gorjeando felizes. O tempo fechou enquanto ele pensava nos sabiás.

Caiu uma chuva que não respeitou nem as rezas nem as promessas e muito menos o pó de carvão soprado com força na rua, ela toda virando um rio. As roupas estavam ensopadas, as dele e as da entrega. Henrique começou a chorar. Só piorou as coisas porque lágrimas eram mais água. Pensou em subir em uma das mangueiras da praça, subir bem alto, mais alto que o alto da chuva. Passar de onde os sabiás ficavam, chegar o mais próximo do sol.

Primeiro colocou a roupa embrulhada em sua camisa, que para não atrair chuva, não era de cor vistosa, o que não havia adiantado muito. Colocou um pé após o outro e foi subindo como pôde, passando pelos galhos mais grossos, depois pelos mais finos, cruzou com os sabiás em seus ninhos, assustados com aquele intruso e foi subindo aos galhos mais e mais finos, enquanto a última noite do moribundo século se ia. Ninguém viu se ele voltou. Mas as entregas foram feitas. Todos foram às festas, com roupas de festa de fim de ano e de fim de século.

Eu mesmo recebi um lenço de seda que deixei sobre a mesa. Cheio de estórias como esta.

Jornalista Aloísio Menescal gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo!! – @AloisioMenescal

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste oitavo dia de janeiro, Aloísio Menescal gira a roda da vida e deixo aqui registrado que dou muito valor nesse cara e lhe rendo homenagem, pois o brother chega aos 45 anos.

Aloísio é um jornalista cearense que escolheu o Amapá como lar, servidor do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) e meu colega de trampo. Trata-se de um assessor de comunicação qualificado, competente, ético, prestativo e experiente. Ou seja, senhor do seu ofício. Além disso, inteligente, bem humorado e gente boa demais. Mas acredito desempenha melhor ainda o papel de bom filho, irmão, marido da Lívia Parente e pai dedicado do pequeno Cauê.

Aloísio é nerd, adora fotografar plantas e insetos da Amazônia. Fã de quadrinhos, cinema, séries, música boa e arte, possui vasta cultural geral. Ele também aprecia um bom uísque de vez em quando, Ah, Menescal é hipocondríaco (sempre está com dor de cabeça, estômago ou coluna). A gente ri disso.

Conheci o cara na cobertura das Eleições 2016, quando ele chegou com a equipe do Tjap para me dar uma força (na época eu era responsável pela comunicação do TRE-AP). De lá pra cá foram muitas pautas e parcerias. Juntos, também participamos de um congresso de jornalistas em Cuiabá (MT), em 2018. E em 2023, entrei pra equipe da Secom do Tribunal de Justiça e Aloísio, que era somente um colega, se tornou um amigo querido.

Este texto é para registrar meu apreço, amizade e respeito por Menescal (apesar dele recusar meus convites pra gente tomar umas cervejas). Aloísio, mano, que tenhas sempre saúde e sucesso junto aos seus amores. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Em resumo, Menescal o é um cara tranquilo de mente barulhenta inteligentão observador, trabalhador, talentoso, perspicaz, antenado e inventivo. O figura que é tão competente, quanto gente boa. Dou valor no sacana.

Aloísio, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais feliz, produtivo, iluminado e paid’égua. Que tenhas sempre saúde, grana, paz e essa sabedoria que lhe é peculiar. Que sigas pisando firme e de cabeça erguida em busca dos teus objetivos. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Poema de agora: MINHA POESIA

Alcy Araújo – Fotos encontradas no blog da Alcinéa

MINHA POESIA

A minha poesia, senhor, é a poesia desmembrada
dos homens que olharam o mundo
pela primeira vez;
dos homens que ouviram o rumor do mundo pela primeira vez.
É a poesia das mãos sem trato
na ânsia do progresso.
Ídolos, crenças, tabus, por que?
Se os homens choram suor na construção do mundo
e bocas se comprimem em massa
clamando pelo pão?
A minha poesia tem o ritmo gritante da sinfonia dos porões e dos guindastes,
do grito do estivador vitimado
sob a lingada que se desprendeu,
do desespero sem nome
da prostituta pobre e mãe, do suor meloso da gafieira
do meu bairro sem bangalôs
onde todo mundo diz nomes feios,
bebe cachaça, briga e ama
sem fiscal de salão. – Já viu, senhor, os peitos amolecidos
da empregada da fábrica
que gosta do soldado da polícia? Pois aqueles seios amamentaram
a caboclinha suja e descalça
que vai com a cuia de açaí
no meio da rua poeirenta.
Cuidado, senhor, para o seu automóvel
não atropelar a menina!…

Alcy Araújo
(1924-1989)

 

Fonte: blog da Alcinéa

DIÁLOGO DOS MUDOS (*) – (Tributo ao poeta Alcy Araújo) – Por Fernando Canto

Pedra do Guindaste – Arquivo de Floriano Lima.

Por Fernando Canto

– Ó Pedra! Ó Pedra do Guindaste. Nunca tive esta sensação tão esquisita. – O que ocorre nestas plagas?
– O que há, bela Fortaleza?
– Exala um perfume nas minhas masmorras.
– Deve ser a preamar do Amazonas…

Foto: Floriano Lima.

– Não, não me sinto molhada. E as águas já começam a baixar.
– Então pergunta ao Rio. Ele poderá te explicar, pois daqui também sinto o delicioso aroma.
– Anda, Amazonas, me conta a razão desta apreensão. Algo toma conta de toda a minha estrutura. Algo permeia em mim cruzando os baluartes. É uma fragrância inusitada que emerge das entranhas.
– Mas o que será?

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

– Não sei, ó Fortaleza, mas ontem vi um anjo viajando no meu dorso..
– Ele cantava rasgando a madrugada.
– E o que dizem suas canções, ó formoso Rio?
– Diziam que as dores de Rosinha se acabaram, que Sheerazade sucumbiu num turbilhão de areia no deserto e que os doces fiordes da Noruega congelaram subitamente.
– E o que quer dizer tal coisa, Rio dos Rios?
– Apenas testemunhei. Não cabe a mim a interpretação das melodias angelicais, Fortaleza da minh’alma.

Foto: Floriano Lima.

– Ah, esse trapiche que te adorna… Saberá ele de algo mais?
– Talvez saiba, ó símbolo telúrico, pois sua vigília vem de um tempo mais recente.
– Diz-me, então, ilustre madeirame, tu que conheces cada passo dos habitantes desta margem. – O que houve, o que está havendo?
– Ouvi o teu chamado, sólido vizinho. Pensei que havia chegado a primavera, pois adere nos meus pés de aquariquara a profusão desse perfume encantador.
– O que sabes, então, ó caminho para o Rio?

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

– Sei o que os barcos me falaram. Eu também vi o que o Rio testemunhou.
– Fala-me, por favor. Não quero mais esta angústia explodindo no meu peito.- Oh, sublime Marco da Conquista Lusitana, é triste a sina dos homens desta terra. Barcos, velas, velhas vigilengas andam a esmo, como em busca do abstrato. Dizem que quebraram os estaleiros e os portos se fecharam para sempre.
– Oh, não! O que haveria de causar todo esse encanto? Ó Sol, ó Sol, só tu poderás me responder. Diz-me agora Rei dos Astros, não te fecha em nuvens de ameaça.

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

– Fecho-me de tristeza, ó Fortaleza. A rosa que desabrochou pela manhã noticiou-me em prantos.
– Finalmente, Finalmente! Finalmente alguém sabe a causa da fragrância vinda do fundo da terra, do cheiro bom que se prolonga nos estirões do Rio e infesta o ar. – Conta-me, ó Sol, o que aconteceu?

Foto: arquivo do jornalista Edgar Rodrigues

– Ocorreu na madrugada alcoolada o ternural fim do “Homem do Cais”.

(*) Texto escrito em 1989 e publicado no livro Introdução à Literatura do Pará, Volume V – Antologia. Organizado pela Academia Paraense de Letras pelos acadêmicos José Ildone, Clóvis Meira e Acyr Castro. Editora Cejup, Belém, 1995.

Fim do Recesso Forense: Justiça do Amapá retoma atendimento externo presencial a partir do dia 08 de janeiro

Com o final do período do Recesso Forense, compreendido entre 20 de dezembro e 06 de janeiro, a Justiça do Amapá retoma atendimento ao público externo nesta segunda-feira, 08 de janeiro de 2024. O expediente será restaurado ao seu período regular, das 7h30 às 14h30.

Todas as unidades da Justiça do Amapá devem funcionar regularmente para expediente administrativo e atendimento ao público, mas os prazos processuais cíveis e criminais (exceto os casos reputados urgentes pelo juiz, de réu preso, e que envolva a Lei Maria da Penha, os quais não se suspendem) seguem suspensos até 20 de janeiro. O Recesso Forense é previsto no artigo nº 88, Parágrafo Único, inciso I, do Regimento Interno do Poder Judiciário do Estado do Amapá (Resolução nº 006/2003-TJAP).

Audiências e Sessões de 1º e 2º Grau seguem suspensas até o dia 20 por conta das férias dos advogados, salvo nos casos previsto no artigo 798-A, do Código de Processo Penal (CPP), como o de réus presos e relacionados à Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/2006).

Já nas varas cíveis, as unidades voltarão às atividades normais, com expediente das 7h30 às 14h30, no período citado.

– Macapá, 06 de janeiro de 2024 –

Secretaria de Comunicação do TJAP
Central de Atendimento ao Público do TJAP: (96) 3312.3800

Ação humanitária: Governo do Amapá envia 800 kits de alimentos para comunidades rurais de Pedra Branca do Amapari

O Governo do Amapá enviou 800 kits de alimentação ao município de Pedra Branca do Amapari, na quarta-feira, 3, para atender famílias de áreas rurais afetadas pela estiagem do ano de 2023. As cestas serão entregues para a prefeitura, que, por sua vez, fará a distribuição dos itens para pequenos produtores em situação de vulnerabilidade social.

A medida é uma continuidade das ações humanitárias que já alcançaram localidades dos municípios de Amapá, Cutias do Araguari, Santana, Itaubal, Mazagão, Serra do Navio e Pracuúba. Desde dezembro, já foram entregues mais de 5,6 mil kits de alimentos para a população. Até o fim do mês de janeiro, serão atendidas mais de 16,5 mil famílias em todos os 16 municípios.

Os itens foram obtidos com recursos federais disponibilizados em tratativa com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). As cestas básicas contam com itens como arroz, feijão, café, leite, farinha de aveia, macarrão, açúcar, milharina, sal, óleo de cozinha, entre outros alimentos. Em Pedra Branca, serão alcançadas comunidades de norte a sul do município, como Cachorrinho e Tucano II.

A iniciativa é coordenada pelo Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Secretaria de Estado de Assistência Social, órgãos que compõem o Comitê de Respostas Rápidas do Governo do Amapá, criado para executar ações imediatas relacionadas a desastres naturais.

“Em 2024, o trabalho humanitário continua. A ideia é o Governo do Estado atender os 16 municípios atingidos pela estiagem do ano passado, proporcionando, assim, mais dignidade às famílias desses produtores”, pontuou o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Verissimo.

A secretária de Assistência Social do município de Pedra Branca, Lene Oliveira, acredita que os agricultores e pescadores em situação de vulnerabilidade vão receber com muita felicidade o auxílio vindo da ação humanitária. Para ela, iniciativas como essa fortalecem a relação do Governo do Estado com os municípios.

“Essa gestão do Governo do Amapá tem um diferencial por ter um caráter municipalista, trazendo sempre um olhar especial para cada localidade do estado, estamos muito gratos pelo esforço do executivo estadual”, apontou a secretária Lene.

Texto: Luan Rodrigues
Fotos: Nayana Magalhães/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

O Sanitarista (Conto porreta de Fernando Canto)

Antigo Aeroporto de Macapá – Foto: site Mais Paisagens Aéreas.

Conto de Fernando Canto

Depois de trinta anos ausente, o médico E. E. Spíndola avistou da aeronave o novo aeroporto da sua cidade natal e a placa de aço com os dizeres “Aeroporto Internacional das Ilhas Redondas Alberto Alcolumbre”. O dia estava amanhecendo em Macapá. Ele apanhou um táxi e mostrou o cartão do hotel ao motorista. Falante que só ele, o taxista lhe disse que pegaria a Rua Comandante Barcellos e seguiria pela Avenida General Ivanhoé, onde existira uma velha igreja em homenagem a São José, passaria por trás do Estádio Monumental dos Góes até o Marco Zero “Presidente Sarney”. Informou-lhe que passaria na rotatória da linha do Equador “Janary Nunes”, que atravessaria a Praça dos Capiberibe pela orla da Praia do Camarão no Bafo, e iria para a Cidade Evangélica para poder contornar novamente a orla em direção ao hotel, pois a Rodovia Praiana estava interditada em diversos pontos.

Ouvira no monitor do carro que havia uma greve de professores estaduais a reivindicar 501% de aumento de salários e a aquisição de instrumentos pedagógicos mais modernos para seus alunos. Também fora informado pelas redes sociais que no centro da cidade estudantes universitários e populares preparavam desde o dia anterior uma manifestação “pacífica” contra a falta de emprego e a corrupção. O médico fez uma cara de espanto, mas concordou com o taxista e seguiram. Ao chegarem ao destino, viu que o hotel tinha quase o mesmo nome de antes: “Macapá Hotel Vale do Tumucumaque”, mas que era agora um prédio de dezoito andares.

Era cedo, então tomou o seu café no restaurante e esperou a hora do evento que participaria. Perto das 09h00 adentrou o suntuoso salão de convenções “Ernestina Libório” e, para a surpresa sua, encontrou velhos amigos empaletosados em busca dos mesmos interesses profissionais.

Eram todos médicos sanitaristas preocupados com um surto de varíola que grassara inexplicavelmente na região, uma doença que parecia extinta há mais de cem anos. Realmente era preocupante. Na foz do rio Amazonas uma peste medieval dessas poderia ser muito perigosa para todas as populações que cresceram ao longo do rio e nas ilhas oceânicas, incluindo a do Marajó, agora um estado federativo importante da região.

E.E. Spíndola tomou seu lugar à mesa e foi apresentado pelo mestre de cerimônia aos presentes como grande referência nacional sobre o assunto daquele importante colóquio científico. Na sua conferência lembrou os dias difíceis como estudante vindo do interior do estado e de sua luta para conseguir se formar e crescer como médico e pesquisador. Muitos amapaenses se emocionaram ao ouvir a triste narrativa.

Abordou o assunto com competência, inclusive referindo-se à história local,  Citando o caso de um surto de varíola ocorrido na década de 1750, quando da fundação da vila que originaria a atual capital do estado. Propôs soluções socioambientais e imunológicas que mais tarde seriam consideradas incoerentes e megalomaníacas pelos mesmos colegas que o ovacionaram de pé quando terminou de falar. Lançou seu novo livro digital sobre o assunto em cerimônia previamente preparada pela editora com quem possuía exclusividade nas vendas e foi cumprimentado pelas autoridades presentes.

Almoçou com o senador Zéfiro Libório, pai do atual governador e seu herdeiro político, após lutas e lutas inglórias contra as oligarquias dos Capiberibe e Góes que se alternavam no poder havia gerações. À noite pegou um superbarco e foi jantar na Ilha dos Caititus, do outro lado do Amazonas. Comeu um prato estranho, mas muito delicioso e, sobretudo muito caro: filhorada ao molho de cupuaçu, uma mistura genética dos peixes filhote e dourada, criada em cativeiro. O prato era preparado com ervas aromáticas, marinado ao vinho e servido com a raríssima polpa de cupuaçu.

E. E. Spíndola foi apresentado a magistrados e juristas da terra que eram clientes contumazes e chiques do restaurante. Estavam acompanhados de lindas e exuberantes mulheres, porém de vez em quando se levantavam para rubricar em I Pad’s processos digitais que os subalternos oficiais de justiça levavam a eles de helicópteros. Pastores, deputados e padres gordos se refestelavam nos pratos principais e nas sobremesas. As elites riam a cada gole de um escocês e entre as baforadas de cubanos. Spíndola chegou a ver uma tentativa de protesto de dezenas de canoeiros ribeirinhos doentes remando e gritando, empunhando lampiões e faixas na escuridão, ato imediatamente dissolvido à bala pelos seguranças locais. A arrogância e o deboche das autoridades presentes causou repugnância no médico. Naquele momento ele percebeu o clima hostil das autoridades e se despediu. Entrou no superbarco, já cancelando pelo celular a visita que faria no dia seguinte às vilas ribeirinhas afetadas pela doença. Decidiu viajar o mais rápido possível para a Europa.

No trajeto veloz observou as luzes de Macapá crescendo ao longe, imaginando o quanto seria bom se as comunidades amazônicas tivessem lugares como aquele restaurante luxuoso que parecia uma redoma protegida do contágio da peste ribeirinha. Pensou em soluções definitivas para a epidemia e devaneou por uns dois minutos.

Próximo ao porto da cidade foi surpreendido por um vergalhão da pororoca que emergiu de repente no meio do rio. Ela veio sutilmente se formando por baixo do canal como uma cobra traiçoeira. Havia migrado nos últimos anos da foz do Araguari devido às alterações geográficas e ecológicas causadas pela instalação de quatro usinas hidrelétricas ao longo do outrora rio do vale dos papagaios.

A onda de arrebentação rompeu como um ser criado pelos deuses, dançarina louca bailando à música do vento, carregando lama e espuma e sedimentos no seu percurso de destruição, sem esquecer de levar em sua primeira vaga o superbarco de passageiros. O médico sanitarista ainda teve calma de espírito ao ver, pela primeira e última vez, antes de se afogar, os jovens surfistas luminosos, de lâmpadas de LED coladas aos corpos, saltarem do nada com suas pranchas de raios coloridos sobre o dorso da grande onda da noite.

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

Eram anjos montados no macaréu, indo ao encontro das ruínas do forte, um antigo símbolo da cidade.

*Republicado por hoje ser o Dia do Sanitarista.

Cai dentro, 2024. Feliz ano novo! – Crônica de ano novo de Elton Tavares

Crônica de ano novo de Elton Tavares

2024 está ali, dobrando a esquina. Que todos nós, eu, você e demais pessoas que estão lendo este texto, assim como nossos amores, sigamos saudáveis e sejamos felizes no ano que chegará logo. A vida boa e “lôca”. Só é feliz quem arrisca. Vamos com toda a força no novo ciclo. E, é claro, agradecer por termos sido felizes em 2023, que foi porreta!

Mesmo com todos os desafios, vivi intensamente 2023. Sou grato aos meus companheiros de jornada, tanto os familiares, amigos e colegas de trabalho, quanto aos que me ajudaram e não estão inclusos em nenhum destes grupos citados.

Que tenhamos luz e sabedoria para encarar as adversidades no novo ciclo. E que nos esforcemos para sermos pessoas melhores em 2024. Esse “vinte, vinte e quatro” será desafiador.

Que em 2024 tenhamos muito boa vontade, forças positivas, disposição e autoconfiança para corrermos atrás de tudo o que desejamos alcançar. Tenho certeza de que muita alegria nos espera no ano vindouro. Pelo menos a esperança nisso não é pouca. E, sobretudo, SAÚDE!

Viverei 2024 como se fosse o último ano de minha vida, podem apostar (sempre faço isso). O ano novo promete. Que ele se cumpra então, que seja mágico/fabuloso e sem muitas aporrinhações. E quando fraquejarmos, que haja amor e força para recomeçar.

Tomara que eu e você sigamos lutando por uma vida digna, menos ordinária, no combate a dias tediosos e em busca de noites mais cheias de amor. Ou paixões. Afinal, tudo depende de você. E se possível, sem muitas “fingidades”, como dizia Guimarães Rosa. E isso sempre contou pra caralho. E continuará contando sempre!

A todos os que fazem parte da minha vida e aos leitores do De Rocha, desejo um ano novo transbordante de amor e paz. Na hora em o Ano Novo chegar, desejo que vocês estejam felizes, com boa comida, boa bebida e pessoas que amam.

Ilustração de Ronaldo Rony

O escritor Rubem Alves, no livro de crônicas intitulado “Pimentas”, disse: “a gente fala as palavras sem pensar em seu sentido. ‘Benção vem de bendição’. Que vem de ‘dizer o bem ou bem dizer’. De bem dizer nasce ‘Benzer’. Quem bem diz é feiticeiro ou mágico. Vive no mundo do encantamento, onde as palavras são poderosas. Lá, basta dizer a palavra para que ela aconteça”. Então, que Deus, ou seja lá quem for Ele, continue a nos abençoar!

Boas energias, muita saúde e prosperidade. E que as surpresas sejam felizes, que a força se movimente em seu favor nesse poderoso universo, afinal, já disse o grande Mestre Yoda: “Difícil de ver. Sempre em movimento está o futuro”.

Cai dentro, 2024. E vem com tudo, pois estou preparado! Feliz ano novo!

Obras ‘Amazônida’ e ‘Vaso da Vida’ conquistam primeiro lugar no ‘Concurso de Presépio Artesanal’ do Governo do Amapá

Com 79 votos cada, as artesãs Mara Costa e Sandra Alfaia conquistaram o primeiro lugar no Concurso de Presépio Artesanal realizado pelo Governo do Amapá. A dupla, em comum acordo, optou por dividir o prêmio principal, de R$ 3 mil.

Como parte da programação do ‘Feirão Natalino’, o certame foi idealizado para celebrar o artesanato amapaense, proporcionar que a população conheça as obras dos trabalhadores manuais e, ainda, despertar a criatividade e a memória das tradições populares neste período de fim de ano.

A obra de Mara Costa, denominada ‘Presépio Amazônida’ foi construída com reaproveitamento de madeira, musgo, moinha, flores desidratadas, fibra de bananeira e resíduo de açaí, itens encontrados nas paisagens amapaenses.

“Fiquei muito orgulhosa e feliz em ver a minha obra no topo do concurso. Conquistar essa premiação representa uma grande vitória para as mulheres do quilombo de Artes Tapuia, no bairro do Coração, do qual eu faço parte”, contou a artesã.

Já o presépio ‘Vaso da Vida’, da artesã Sandra Alfaia, feito em cerâmica e outros materiais reutilizáveis, é uma reprodução da imagem do nascimento de Jesus Cristo na manjedoura dentro de um vaso que remete ao material utilizado na jardinagem.

“Recebi com muita satisfação essa primeira colocação e estou mais feliz por poder dividir o prêmio com outra amiga de profissão”, celebrou Sandra.

O segundo lugar ficou com a obra ‘Nascimento de Jesus Cristo na Macapá Antiga’, do artesão Luiz Edevaldo de Melo, que obteve 70 votos. A peça retratou a capital amapaense na década de 1950, com casas em madeira, o movimento do comércio, a Fortaleza e embarcações à vela e outras construções. Como prêmio, ele recebeu R$ 2 mil.

Com 68 votos, o ‘Presépio Fortaleza’ conquistou o terceiro lugar. A peça foi confeccionada pelo trabalhador manual, Reinaldo Souza da Silva, que levou R$ 1 mil de premiação.

“É a primeira que participo do concurso e ficar em terceiro lugar representa muito pra mim, que trabalho com pirografia, o processo de desenhar em madeira e outros objetos com uma ponta de metal aquecido”, destacou.

A votação popular para escolha dos presépios ocorreu de forma presencial, de 18 a 23 de dezembro, via QR Code e manual, na Casa do Artesão. Os 15 presépios inscritos foram produzidos por artesãos e trabalhadores manuais. A entrega da premiação será na terça-feira, 26.

Feirão Natalino

A iniciativa faz parte da programação de fim de ano do Governo do Estado e oferece ao público shows artísticos, cantata, concurso de presépio, entre outras atrações, até este sábado, 23.

O evento é fruto de um termo de fomento entre a Secretaria de Estado do Trabalho e Empreendedorismo (Sete) e o Instituto Socioeducacional Ascender Profissionalizante, responsável pela execução do projeto. O recurso para o feirão é de emenda articulada pelo deputado estadual Diogo Senior.

Texto: João Clésio e Mikhael Santos
Fotos: André Valente
Secretaria de Estado da Comunicação

Discos que formaram meu caráter: O Descobrimento do Brasil- Legião Urbana (1993) – Por Marcelo Guido – Hoje o álbum completa 30 anos – @Guidohardcore

Há 30 anos, o Legião Urbana lançava “O Descobrimento do Brasil”, seu 6º disco de estúdio. Foi gravado em um momento de tensão entre a banda e a gravadora EMI-Odeon. “Perfeição”, “Vamos Fazer um Filme”, “Só Por Hoje” e “Giz” são os destaques. Sobre esse álbum, republico o texto do amigo jornalista Marcelo Guido, publicado originalmente aqui no De Rocha em 2016.

Discos que formaram meu caráter: O Descobrimento do Brasil- Legião Urbana (1993) – Por Marcelo Guido

Muito bem amigos, voltamos mais uma vez para falar (sem querer ser repetitivo) de músicas, discos e afins. Como faço toda semana, espero acrescentar a vocês um pouco mais sobre assuntos um tanto quando piegas, mas relevantes.

O disco de hoje nos leva até a década de 90, mais precisamente ao ano de 1993, época de incertezas no campo político, onde um presidente eleito pelo voto popular acabara de renunciar, mostrando toda nossa frustração com nossa primeira experiência democrática depois dos áureos anos de Ditadura.

No campo musical, uma lastima sem precedentes (já falei algumas vezes sobre isso) um imensurável número de “duplas sertanejas” vindas mais precisamente do estado de Goiás e redondezas, armadas de suas calças apertadas, violas, agudos ensurdecedores (que deixava a Tetê Espíndola, morta de inveja), uma dor de corno imensurável. Da Bahia vinha à famigerada “Axé Music”, com seus refrãos grudentos, coreografias ensaiadas e a Daniela Mercury, clamando para si todas as cores da cidade e os cantos também (alguém deveria ser responsabilizado por isso), sem falar claro do “Pagode Romântico”, onde todos os amigos de bairro montavam um grupo e com músicas melosas conseguiam seus 15 minutos de fama, sentavam no sofá da Hebe (com direito a selinho) e se refrescavam na “Banheira do Gugu”. Realmente dá nervoso só de lembrar, essa parte dos anos 90 foi embora muito tarde.

Foi no meio disso tudo que, como verdadeiros “Salvadores da Pátria” a Legião Urbana nos brindou com esse excelente álbum que, com certeza, embalou a vida, a adolescência e juventude de muitos de nós. Com o coração cheio de orgulho que eu apresento para uns e relembro para outros “O descobrimento do Brasil”, todos de pé, todos de pé.

A coisa andava meio mal para os caras da Legião, o comodismo do mercado e também o preço do sucesso acabava por colocar os caras a mercê dos críticos, já não produziam nada novo desde o LP “V” de 1991 (muito bom, mas conceitual e compreendido por poucos) e vinham de uma coletânea deveras “Caça niqueis” (coisa de gravadora) chamada de “Musica para acampamento” (essencial para qualquer coleção digna de rock), mas os fãs queriam mais, queriam coisas novas.

Renato Russo encontrava-se, mais uma vez, frente a frente com outro tratamento para dependência química e alcoolismo. Mas diferentemente das outras tentativas, “a voz da geração Coca-Cola” (se eu não coloco isso os cults me apedrejam), encarava a situação com otimismo.

Foi no meio de todo esse circulo conturbado, envolto nesse cenário negro que a Legião Urbana se reinventa e volta à relevância com este verdadeiro calhamaço de belas canções, com letras contundentes e melodias de valor imensuráveis.

Vamos deixar de lengalenga e ir logo as faixas:

O Disco começa com a metódica “Vinte nove”, forte sem dúvidas, feita cheia de referências ao número “29” (oh), muitos acreditam ser uma lembrança do tratamento de 29 dias do cantor, sem contar que para os esotéricos (coisa que Renato era e bem) os 29 anos que saturno passa para percorrer sua própria órbita. Marca uma nova fase na vida de qualquer indivíduo. “A Fonte” é outra canção forte, você só passa a compreender depois de várias audições, as críticas envolvidas na canção, mostram a volta da “raiz punk” da Legião. Então vem “Do Espirito”, extremamente pessoal e punk, com suas guitarras distorcidas é uma ode a luta de Russo contra o álcool.

“Perfeição”, como o próprio nome diz, é um dos maiores sucessos da banda, música preferida de muitos, uma crítica pesada onde a ignorância do mundo é celebrada, mas a esperança aparece no final. “Passeio da boa vista”, instrumental para relaxar, excelente trilha para um passeio de barco ou uma consulta ao dentista. “O Descobrimento do Brasil”, a faixa título do disco, é uma nostálgica baladinha legal de se escutar, quem se apaixonou no segundo grau sabe muito bem do que estou falando.

“Os Barcos”, minha preferida desse disco, letra pesada o verso “Só terminou pra você”, já fala por si só. “Vamos Fazer um Filme”, fala de um sentimento de reconstrução pessoal, onde tudo pode te jogar pra trás, mas você vai estar bem se sua turma for legal. “Os Anjos”, lado “Ofélia” (palmas pra ela) de Russo que dá uma receita perfeita para o lado negro da vida. “Um dia Perfeito”, clima bucólico, ótima sintonia de guitarra com teclado, perfeita para tardes chuvosas.

“Giz”, outra da metáfora “Quero ser criança de novo”, nostálgica, letra magnifica considerada pelo próprio Russo como sua “obra prima”. “Love In The Afternoon”, creditada a várias perdas importantes, foi feita para um namorado falecido, é uma música romântica. “La Nuova Gioventú”, apesar do piegas nome em italiano, um “rockão” pesadíssimo, com direito a distorção e tudo, cita a maldita obra “On The Road”, a bíblia da contracultura dos anos 60. “Só por Hoje”, o lema do AA, fecha com perfeição esse disco. Escute e entenda.

Letras fortes, temas marcantes, banda afinadíssima nada mais a falar. Sem muita frescura, clássico de marca maior. Foda-se do disco do caralho!

Nem é preciso dizer, que este disco vendeu mais de meio milhão de cópias, um verdadeiro “chute nos colhões” do mercado vigente na época.

Muitas lendas sobrevoam essa bolacha. Posso dizer a vocês que, apesar de dedicada em show “Love In The Afternoon”, não foi feita para o Aírton Senna (só se fosse escrita pelo Walter Mercado, o disco é de 1993, e o Senna se foi em 1994). Se você fala isso, pare você está falando merda. E “Giz”, foi realmente escrita e feita para Zezé di Camargo e Luciano (e dai? O cara só queria liberdade para cantar “é o amoooooooooorr”), mas isso não arranha o brilhantismo da Bolacha.

Esse foi o sexto LP da Legião, o último que fez os caras saírem em turnê e que proporcionou o e primordial registro ao vivo “Como é que se diz eu te amo” (duplo). E saiba que o excelente “A tempestade” (1996) era para ser um trabalho solo de Russo. Sim amigos, esse foi o derradeiro. Nada mal para um último suspiro.

Por hoje é só. “Urbana Legio Omnia Vincit”!!

Marcelo Guido é punk, pai e jornalista e professor.