Relato de um detetive – Crônica de Fernando Canto – @fernando__canto

Crônica de Fernando Canto para Paulo Jânio, boêmio sempre

Dia 1º “– Chegou e se sentou na cadeira do balcão. Ficou olhando em volta. Não bebeu. Fumou duas cigarrilhas.
Dia 2 – Chegou abruptamente e pediu uma cerveja em lata. Olhou para um lado e para o outro e pareceu não ver o que queria. Deixou fiado e partiu.
Dia 3 – O filho da puta não veio.
Dia 4 – Não veio de novo.
Dia 5 – Soube que mandou um recado para o dono do bar. Algo sigiloso que preciso descobrir.


Dia 6 – Abriu a porta do táxi, pôs o chapéu de palha panamá. Entrou de terno preto. Parecia um boto meio vampiro. Voltou para dentro do táxi placa VOW-6161.
Dia 7 – Sequer apareceu, o safado.
Dia 8 – Foi visto na praia com uma mulher.
Dia 9 – Sumiu de novo. Ninguém o viu.


Dia 10 – Apareceu com uma ninfeta. Estava bêbado e armado. Tomou catorze doses de Natu, o mais barato. Fez discurso e declamou poemas até de madrugada. Mostrou a arma, uma pistola. Não disparou nenhum tiro.
Dia 11 – Não fui.
Dia 12 – Chegou cambaleante. Sozinho. Chorou e foi embora para a Beira-Rio. Disseram coisas escabrosas do cara. Falavam muito mal dele.
Dia 13 – Desapareceu mesmo.
Dias 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 – Sumiu faz uma semana. Não faltei ao serviço.


Dia 21 – Foi solto da cadeia. Chegou e bebeu doze copos de cachaça e tirou gosto com moela guisada.
Dia 22 – Continua bebendo pinga com moela.
Dia 23 – Ganhou todo mundo no jogo de porrinha. Bebeu uma garrafa de vodca e saiu rindo. Entrou num taxi Vow-6262. Quase o mesmo do dia 06.

Dia 24 – Não bebeu neste dia. Parecia ter algum medo. Foi o que me contaram. Mas pediu dinheiro emprestado e jogou cartas com amigos. Fumou quatro cigarrilhas.
Dia 25 – Chegou sorrindo no mesmo táxi do outro dia, com quatro mulheres louras oxigenadas, muito gostosas. Eu saquei que ele me viu de longe e pareceu me cumprimentar. Não dei bola, mas observei suas acompanhantes.
Dia 26 – Parece que ganhou no bicho e voltou. Agora só com duas mulheres morenas e muito sedutoras. Foi embora com elas. Na saída se despediu de mim.


Dia 27 – Lá estava ele de novo com aquelas mulheres lindas. Declamou um poema e se emocionou. Todos aplaudiram. Ele me viu de longe e me cumprimentou.
Dia 28 – Chegou acompanhado de dois policiais fardados. Beberam Campari e cerveja. Ele contou piadas e relatou casos policiais engraçados. Riram e logo depois se despediram.

Ele ficou, me viu e me chamou. Eu fui. Bebemos até às 24h00. As mulheres chegaram e nos saímos juntos. Foi a melhor noite da minha vida.
Dia 29 – Espero por ele e por elas. Ele me garantiu que o programa de hoje seria bem diferente do de ontem. Hoje mesmo rasgo essa porra de relatório”.

O pobre soberbo – Crônica/reflexão de Elton Tavares – (do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Sabem, não que eu seja um estudioso da natureza humana, nada disso, escrevo sem propriedade alguma, somente baseado nos meus “achismos” e pontos de vista.

Bom, hoje falarei do “pobre soberbo”. Não, não sou elitista, na verdade, nunca liguei para quem tem grana ou sobrenome. Sempre andei com lisos bacanas e agradáveis desconhecidos, assim como eu. Acredito que gente legal atrai gente legal. Mas enfim, voltemos ao pobre soberbo.

Este tipo de cidadão possui uma renda mensal que está sempre abaixo do orçamento que gostaria de ter, até aí, tudo normal. O pobre soberbo costuma ter bom gosto com roupas, culinária e etecétera e tal. Mas é do tipo que gosta de manter a aparência de bacana, usar vestimentas de marcas famosas, mesmo que isso comprometa suas prioridades (como supermercado, prestações ou algo assim).

O importante para este tipo peculiar de pessoa é manter a capa. Elas costumam frequentar locais “chiques”, sempre conversando sobre futilidades e afins. Ah, os assuntos preferidos do pobre soberbo são carros e pessoas que ocupam cargos públicos. Sim, eles são afiados nessa ladainha sobre coisas e pessoas que nomeiam “importantes”.

O pobre soberbo conhece todo figurão ou seus filhos, por estudar anos a fio suas fisionomias, nas inúteis colunas sociais. Aí ele espera só uma oportunidade para “puxasaquear” o tal fulano e aplicar o seu marketing pessoal, pleiteando algum tipo de status.

Ah, quando um pobre soberbo consegue alcançar algum lugar dentro da sociedade, de acordo com sua percepção, fica pior do que os verdadeiros ricos, nojentão total. Conheci várias pessoas assim. Lembro de um figura, nos anos 90, que disse para mãe que iria se matar, se ela não comprasse um carro para ele. Lembro das meninas da faculdade dizendo: “É um Fulano do carro tal” ou “é o Cicrano, filho do Beltrano”.

Outra característica dos pobres soberbos é dizer o preço das coisas que usa: “Saca este sapato, dei R$ 500 nele”. Essas pessoas são de uma superficialidade incrível.

Estes figuras são cheios de falsas certezas. Basta o mínimo de percepção para arrancar suas máscaras. A maioria só faz figuração na vida. Parafraseando Arnaldo Jabor: “eles assumem a verdade das suas mentiras”.

Dos pobres soberbos, que não são pobres só de posses, mas de espírito, eu só sinto pena e desprezo. Deles, só quero distância.

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Um universo para Rita Lee Jones – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Na verdade, há que se mudar este título, pois Rita Lee Jones jamais caberia em um só universo. Mas vou mantê-lo, imaginando que a Rainha opinaria desta forma: – Ôrra, meu! Deixa o bichinho aí! Muda não! Tá fofo!

Não há muito mais o que falar de Rita Lee Jones, sua vida sempre esteve às claras, na luminosidade de sua figura no palco, sem se furtar a mostrar o fundo do poço. Encarou com as armas da verdade os desafios do mundo dos machos escrotos do rock, meteu o peito (mesmo que se achasse sem peito), quebrou barreiras e sobrevoou serena sobre a caretice reinante no planeta na cintilante cauda de um disco voador.

Ecologista de primeira hora e de verdade, defensora dos animais, crítica contumaz da farra do boi, rodeios e demais barbaridades que muitos chamam de esporte e diversão, Rita Lee Jones sempre esteve na vanguarda, desacatando autoridades quando estas não tinham a menor autoridade para coisa alguma. Não livrou a cara dos milicos, saudou a Democracia Corinthiana chamando para o palco Sócrates, Wladimir e Casagrande, defendeu seus fãs de baculejos violentos num show em Sergipe em 2012, episódio em que foi levada à delegacia para prestar esclarecimentos, já na era da nossa frágil democracia. Num caso de prisão anterior, em 1976, bem mais barra pesada, Rita Lee Jones recebeu a solidariedade e a visita de outra estrela maior, Elis Regina.

Beatlemaníaca, se sentiu traída quando os garotos de Liverpool se casaram com outras mulheres e rompeu com eles, só se reconciliando quando o beatle John teve seu trágico fim. Perguntada, num programa de televisão sobre qual beatle era o seu preferido, não hesitou: – Ah, os quatro! Dei pros quatro! Quem veio ao mundo com a marca da iconoclastia não deixava de cultuar seus ídolos. E do maior deles, James Dean, Rita chegou a fazer parte de um fã-clube de viúvas do rebelde astro hollywoodiano.

Da Vila Mariana para o mundo, a mais completa tradução de São Paulo (segundo Caetano Veloso e quem conhece a cidade), a Joana Dark do Lexotan lançou seu perfume inebriante e, de braço dado com esse tal de Roque Enrow, arrombou a festa da Música Popular Brasileira e deixou sua marca da zorra nos nossos corações.

A mim, só me resta admitir: a nossa ovelha negra é mesmo do balacobaco! Santa Rita de Sampa, milagrosa seja vossa festa!

Previsão Astrológica Genérica – Por Aloísio Menescal

Por Aloísio Menescal

O tempo do dia pode variar, mas seu temperamento não necessariamente o acompanhará.
Pequenas injustiças podem ser testemunhadas, mas o embalo da vida e alegrias momentâneas te farão esquecer logo em seguida.
Uma pessoa querida falará mal de você para um desconhecido, mas você não vai descobrir.
Uma pessoa de quem você não gosta te verá na rua, mas fingirá não te ver e você nem perceberá.
A primeira alma gêmea programada para você, mas que você nunca conheceu devido a um caminho errado que tomou, te cumprimentará neste dia e nunca mais se verão – outras já vieram depois dessa e outras ainda virão.
Uma sensação estranha pode ou não lhe acometer ao longo do dia, mas embora pareça ser algo intrigante será apenas uma pequena indigestão.
Coma folhas mais coloridas para equilibrar sua aura, que está desbotadanesse tempo chuvoso. Evite adoçantes sintéticos e pimentas exóticas.
Cor do dia: verde arroxeado. Número do dia: 171.

*Esse sarro que o amigo jornalista Aloísio tira com Zodíaco é porreta, pois tem gente que bota a culpa de seus erros em signo do horóscopo. Coisa que desacredito e desconcordo, rs (Elton Tavares).

Hoje é o Dia Nacional do Guia de Turismo – Por Marcelo Sá

Esta data é uma homenagem aos profissionais que se dedicam a auxiliar, entreter e apresentar seus atrativos naturais e culturais aos turistas e visitantes durante as viagens, apresentando os pontos turísticos e os melhores aspectos de determinada região. No Brasil, a profissão de Guia de Turismo está regulamentada através da lei nº 8.623, de 28 de janeiro de 1993.

Recanto da Aldeia, praia que fica na Ilha de Santana, no Amapá — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

De acordo com esta lei, o profissional pode ser classificado em 04 diferentes áreas: Guia turismo regional, nacional, internacional e especializado em atrativos naturais e Culturais. Para cada uma das classificações, existem exigências e competências específicas que o Guia de turismo deverá ter.

Vila de Mazagão Velho guarda muito da história do Amapá — Foto: Gabriel Penha/Arquivo G1

O Guia de Turismo além de informar o turista sobre os atrativos, e mediador o contato deste com os mesmo, detém ainda outras funções voltadas para sustentabilidade das comunidades urbanas e rurais, sendo agente responsável pela valorização da cultura, respeitador da identidade e preservador do meio ambiente. Desse modo a profissionalização da atividade de Guia de turismo é uma necessidade, tendo também reflexo natural de um contexto mais global de mudanças nos desejos e demandas dos turistas e visitantes.

O Brasil possui centenas de destinos turísticos que podem encantar a diferentes perfis de visitantes: florestas, praias de rio e mar, serras, cachoeiras, cidades históricas e sítios arqueológicos, natureza exuberante e grandes centros culturais. O país contempla também uma biodiversidade e temáticas que atendam aos anseios daqueles que buscam o turismo de negócios, de gastronomia, de aventura, de arquitetura e até de arqueologia, turismo comunitário. E, em meio a toda essa diversidade de opções, há um personagem que pode dar um toque especial á experiência do viajante e visitante – o Guia de turismo.

O Amapá vem surpreendendo por sua potencialidade para o turismo ecológico com sua localização privilegiada, Com uma área de 143.453,7km² o Amapá também é a porta de entrada do país mais próxima da Europa pelo município de Oiapoque que faz fronteira com Suriname e Guiana Francesa, onde fica localizada a ponte binacional sobre Rio Oiapoque. O Estado é margeado pelo Rio o Amazonas, o maior do mundo. Protegem diversas unidades de conservação abrigando vários ecossistemas, os que se destacam cerrado, mata de várzea, mata de terra firme, campos alagados e manguezais. A rica cultura indígena, quilombola e de outros povos que aqui chegaram.

Segundo os dados do Anuário Estatístico do Turismo do Ministério do Turismo de 2019, que apresenta dados de todas as regiões do país registraram estados em que a entrada de turistas estrangeiros cresceu. Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo demonstraram alta no número de viajantes internacionais em 2018. Com base em informações da Polícia Federal.

No cenário nacional, também houve crescimento de 0,5% em relação a 2017, com 32.606 turistas internacionais a mais em destinos brasileiros. O Amapá com (31,2%) corresponde um dos estados que mais registraram crescimento na chegada de turistas internacionais no ano 2018, se comparado com 2017. Estados Unidos aparecem como um dos principais países emissores de turistas para os estados do Amapá, Amazonas, Distrito Federal e Minas Gerais. Já na América do Sul, Argentina ocupa a primeira posição na Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio Grande do Norte. Outro destaque do Estado do Amapá No segmento marítimo, Amapá aparece como o estado que mais contabiliza chegadas internacionais pelos meios fluviais e marítimos.

Turistas durante viagem à Floresta Nacional do Amapá — Foto: Marcelo Sá/Arquivo Pessoal

Pelo cenário apresentado o trabalho de Guia de Turismo junto ao trade turísticos amapaense, Brasileiro e internacional é de suma importância para o desenvolvimento do turismo sustentável do Amapá, gerando divisas, empregos e renda para as comunidades urbanas e rurais, o profissional Guia de Turismo é o parceiro das comunidades visitadas (pilotos, Guarda-parques e condutores em áreas naturais (mateiros), dos agentes de viagens e turismo, Turismólogo, hoteleiros, das empresas de transportes turísticos fluviais, marítimos e rodoviários, parceiro dos artesões e artistas da música, das artes visuais, teatro é da cultura popular, também atua como parceiro das instituições governamentais e não governamentais colaborando nas formulações de politicas para o turismo.

Participando de fóruns, conselhos diversos, influenciando nas boas práticas do processo turístico. Respeitando o meio ambiente, as comunidades envolvidas. Lutamos pelo reconhecimento do trabalho do Guia de Turismo no Estado do Amapá e no Brasil. Feliz Dia do Guia de Turismo!

*Marcelo Sá Gomes é guia de Turismo Regional Amapá; Estudante: Curso do Técnico em Guia de Turismo Regional Pará, Brasil e América do Sul no SENAC-Serviço de Aprendizagem Comercial- Belém-PA. E estudante: Curso do Técnico em Pesca e Aquicultura no CIFPA – Centro Integrado de Formação Profissional em Pesca e Aquicultura do Amapá. Santana-AP

Cartas Que recebi, Mas leio agora – Conto de Luiz Jorge Ferreira

Conto de Luiz Jorge Ferreira

19.07.1955

Caro Luiz Jorge,

D’aqui de ilhéus da Casa Amarela, tendo por céu o céu e por chão, o solo adorado da minha Bahia. Escrevo para comentar contigo modificações que fiz em Mar Morto, Quincas Berro d’Água, e o País do Carnaval. Inclusive estas vieram depois de trocarmos cartas sobre enredo e personagens destes acima citados romances.

Em o País do Carnaval. Paulo Rigger. Eu tinha dúvidas se ele ficaria no Brasil após suas paixões mal resolvidas ou voltaria para a Europa. Você até estranhou que a aversão dele pelo mulatismo do país fosse capaz de apaixona-lo a tal ponto de faze-lo ficar. Até insinuou que o navio em que ele ia regressar a Europa, afundasse, coisa que não fiz.

Ideia boa foi em Mar Morto, tratar Guma como lenda, porém muito temente. Mas a que? Veio em mim a dúvida. Ao que. Você quando leu os manuscritos. Devolveu-os grifados.A amuletos. Foi que fiz.

Perdoe esta mancha mais escura neste parágrafo. Não é tinta. Caiu um pouco de licor de cacau. Enxuguei com pano e coloquei giz raspado, mas não absorveu de todo. Já com Quincas Berro D’Água a ideia sempre foi faze-lo morrer duas vezes. Primeiro: Encontrado morto; e a segunda “imaginado vivo” pelos amigos, morrer afogado, após uma bebedeira de comemoração.

O diabo foi convence-lo de colocar as meias do avesso como reza a tradição no enterro dos pescadores. Você conversando com ele pensaria que sou eu.

Despeço-me antes que conversemos mais, pelo avançar das horas, porém guardo uns dois dedos de prosa para quando vieres, caso venhas, coisa que prometestes, e ainda não o fizestes.
Mesmo assim aguardo.
Um abraço.

Cicuta-beer – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Acordo bêbado.

Ato ao pescoço minha corda-gravata rosa de bolinhas azuis e vou encarar meu sórdido e rentável emprego: espantalho das plantações de eletrodomésticos de Madame Nero.

Nas horas vagas, vou alimentar a coleção particular de Madame Nero, seus bichinhos de estimação: quinhentos e vinte e oito rinocerontes prateados que se alimentam exclusivamente de algodão doce.

Volto para casa cansado, mas cantarolando.

Vejo muitas pessoas na Praça Transcendental.

Entre mendigos e bêbados, encontro Morfeu dormindo num banco de mármore, abraçando uma garrafa quase vazia de cicuta-beer. Está coberto por vários jornais futuros que deixam ler, em manchetes imensas, a abolição dos ponteiros e dos relógios, dos arquivos e dos escritórios e anunciam A Grande Libertação do Dia.

Respiro aliviado a fumaça do rush e ciscos voadores invadem meus olhos. Mas nada mais tem importância. A vitória da Fraternidade Cósmica está garantida e seremos todos felizes.

Jogo meus tênis e tédio e temores na lata de lixo, me misturo aos bêbados e mendigos e passo a esperar o grande show dos Incendiários das Nuvens.

Ronaldo Rodrigues

Entre a leveza e a dureza – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

As mazelas e os questionamentos humanos estão sempre bailando em volta de uma única coisa: a morte. Não falo apenas da morte física, essa que nos assombra a partir do momento em que durante a vida percebemos sua finitude. Mas falo também da morte de paradigmas, conceitos, percepções. A morte de um sonho, de um ideal. A morte de uma “persona”.

Em 1997 comecei a estudar tarot e, dentro desse estudo me aprofundei em mitologia e na simbologia que as cartas traziam. Cheguei em Hades, Deus dos infernos. Na carta da morte descobri que também está inserido o renascimento. Quando algo morre, algo renasce. E todo renascimento também é igualmente amedrontador.

Durante a pandemia, onde estávamos mergulhados em um ambiente de dor e ainda assim muitos riam na cara do perigo, escrevi uma crônica chamada Um pequeno ensaio sobre os dias. Lembro que um leitor me deixou um comentário onde exigia uma luz no fim do túnel. Compreendi sua reclamação, não queria ter lhe tirado as esperanças, afinal, a esperança as vezes é a única coisa que a pessoa tem.

Mas à época, eu não tinha nada para lhe dar. Me recordo que pensei em responder através de Belchior: ‘’Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve. Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve. Sons, palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém sem querer ferir ninguém….isso é somente uma canção, a vida realmente é diferente, a vida é muito pior”. E hoje, em respeito ao leitor reclamão, digo que não precisa ser assim, desde que você desfrute da viagem, pois ninguém permanece o mesmo. Ninguém passará incólume, intacto. As pessoas mudam, as coisas mudam ou nos emudecem.

Morrer é renascer e, se tivermos sabedoria, renascemos fortes e melhores. Ou mergulhados no mar de seu próprio ego, mas isso fica ao gosto do freguês. Luigi Pirandello em sua obra Um, nenhum e cem mil, mostra que nunca permanecemos os mesmos. Morremos e renascemos em vários momentos nesta vida. Não se envergonhe de ser outro ou mudar de ideia e de ideais. Só não muda aquele que não pensa.

Pablo Neruda em seu poema Esperemos, diz:’’ Há outros dias que não tem chegado ainda, que estão fazendo-se como o pão ou as cadeiras, ou o produto das farmácias ou das oficinas – há fabricas de dias que virão – existem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam certos dias amargos ou preciosos que de repente chegam à porta para premiar-nos com uma laranja ou assassinar-nos de imediato. Tolkien falava que há um chamado da aventura, onde um mago baterá à sua porta. Abra a porta com coragem, pegue o premio da laranja. Os dias vão vir de qualquer jeito.

Leitor, não sei em que fase da sua vida você se encontra, mas saia de onde não te cabe mais. Dispa-se do que não te serve e ande nu até o desconhecido para dançar em outra festa, pois como ensinou o Osho: A vida está em harmonia com a morte. A terra em harmonia com o céu. A presença em harmonia com a ausência. E nesta harmonia imensa está a sincronicidade. É esta a única maneira de viver que respeita e ama, e que nada rejeita, nada condena.

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além disso é escritora contista e cronista. E, ainda, mãe de duas meninas lindas, prima/irmã amada deste editor.

Hoje é o Dia Nacional da Matemática – minha crônica de calendário de hoje

Hoje, 6 de maio, é o Dia Nacional da Matemática e dos matemáticos. Lei aprovada pelo Congresso Brasileiro em 2004, a data é celebrada por conta do nascimento de Malba Tahan, pseudônimo do professor de matemática Júlio César de Mello, em 1895.

Ele é o autor de um dos maiores sucessos literários do assunto no nosso país, inclusive o romance “O Homem que Calculava”, já traduzido para 12 idiomas.

Segundo o conceito: “A matemática é a ciência do raciocínio lógico e abstrato. A matemática estuda quantidades, medidas, espaços, estruturas e variações. Um trabalho matemático consiste em procurar por padrões, formular conjecturas e, por meio de deduções rigorosas a partir de axiomas e definições, estabelecer novos resultados.

A matemática vem sendo construída ao longo de muitos anos. Resultados e teorias milenares se mantêm válidos e úteis e, ainda assim, a matemática continua a desenvolver-se permanentemente”. Enfim, ninguém vive sem a Matemática, os números e tals.

Mas, além de encher linguiça para a sessão “datas curiosas” deste site, este post é pra contar uma coisa: odeio matemática. Sempre odiei. Aliás, fui reprovado algumas vezes e nas outras passei raspando – isso na recuperação.

É. Foi um longo Ensino Médio – que, na época, chamávamos de Segundo Grau. Sem falar nas dificuldades de molequinho. Me achava o burro dos burros. Nem as aulas particulares com o professor Edésio (gostava muito daquele coroa) e Gurjão (outro amigo que não vejo há tempos) fizeram com que este jornalista aprendesse a fazer contas direitinho.

Além de gostar de escrever, a Matemática Financeira foi um incentivo e tanto para eu largar o curso de Administração e Marketing. Graças a Deus, tudo deu certo. Afinal, a vida não é, como a Matemática, uma ciência exata. Nós é que sabemos o que soma e o que nos subtrai.

Portanto, querido leitorado, que deixemos de estar divididos e subtraídos de solidariedade, respeito, entre outros sentimentos. Que somemos uns com os outros a empatia. Que se multiplique o amor e a esperança, para que sigamos a dividir alegrias.

Elton Tavares

Sexo, mentiras e videotapes – Crônica porreta e cinematográfica de Ronaldo Rodrigues

Crônica cinematográfica de Ronaldo Rodrigues

Diretamente de Paris, Texas, o repórter Borat relata uma trama macabra: O mágico de Oz matou a excêntrica família de Antonia e foi ao cinema. Tudo por um punhado de dólares, que teve o sol por testemunha.

Pegou o taxi driver que conduzia Miss Daisy, atravessou as vinhas da ira, além da linha vermelha. Entrou no cinema Paradiso e viu os Piratas do Caribe invadindo a Fortaleza. Convidou o exterminador do futuro pra tomar um drink no inferno. Sentindo-se um náufrago, saiu em direção ao aeroporto, de volta para o futuro, sonhando com a ilha do tesouro.

Entrou no Bagdá Café e comeu tomates verdes fritos, que estavam como água para chocolate. Do nada, surgiu King Kong deixando todo mundo em pânico. Ouviu alguém gritar: Corra, Lola, corra para os embalos de sábado à noite. Nisso, passou correndo uma multidão. Seriam as invasões bárbaras? Ou o grande motim?

Eram todos os homens do presidente e o povo contra Larry Flint. Cansado de tantos filmes, voltou à casa do lago, onde Harry Potter tinha instalado sua fantástica fábrica de chocolate. À beira do abismo e à queima-roupa, fez ao poderoso chefão a pergunta que não quer calar: Quem vai ficar com Mary?

Cinema, música, poesia e amor: as boas conversas de mesa de bar – Crônica de Elton Tavares

Como brincou o saudoso compositor Cazuza, na canção Ponto Fraco: “benzinho, eu ando pirado, rodando de bar em bar, jogando conversa fora…”. Sim, ontem (25), eu e dois velhos amigos tivemos um sábado boêmio itinerante, pois bebemos em três locais diferentes, por horas a fio que parecem ter passado muito rápido, de tão bom que foi.

Entre os assuntos de mesa de bar, literatura, dicas de livro, poesia, música, cinema, cagadas de cada um e, como sempre, amor (tema manjada em diálogos etílicos). Tudo regado a cerveja, boa música e aperitivos.

Começamos de tarde e entramos pela noite. Haja estórias, histórias e “causos”. Bobagens legais e temas sérios com uma perspectiva muito peculiar de cada narrador. Tudo com doses certas de humor e ironia.

O bar sempre é o “covil de piratas pirados”, como disse outro compositor, o falecido roqueiro Júlio Barroso. Sim, a filosofia de boteco é ampla, nem sempre clara ou coerente. Porém, ontem foi. Não teve teorias mirabolantes, embates religiosos ou políticos. O máximo de assunto pesado foi sobre família e preconceitos sociais, mas até nisso o papo foi leve.

O diálogo rodou ousadamente por nossas concepções e perceptivas, em esforço algum de convencer o outro sobre o tema discorrido. Teve momentos hilários, em sua maioria. Até chegarmos ao tal “amor”. Aquele lance que todos romantizamos, mas que é mó complicado em todas as suas vertentes, seja ela entre pessoas que se relacionam como um casal ou familiar.

Foram muitas garrafas verdes e entre um gole e outro, rimos sobre o amor e desamor, nossos e dois outros. Assim como suas neuroses e consequências dentro desse universo louco de afeto, doideiras e experiências marcantes relatadas.

O tal do amor. É sempre complexo descrevê-lo. “Que pode uma criatura senão amar e esquecer, amar e malamar...” (Drummond). Ou tipo o que dito pelo maluco beleza, sobre a falta de paz e leveza entre afetos: “você me tem todo dia, mas não sabe se é bom ou ruim“, frase da música “Gita”, do eterno Raul Seixas.

O encontro acabou depois da meia-noite, debaixo de uma tempestade cinematográfica. Isso ao som de Belchior e Raulzito, com direito a cantarmos juntos, pois já estávamos um tanto altos.

Em resumo, meus amigos são como eu: nada é pouco, é sempre muito, sejam cervejas, argumentos sólidos, comentários legais contextualizados com literatura ou música, sempre com risos. O sábado definitivamente entrou para meu banco de memória afetiva. Valeu, Anderson e Adriana!

Elton Tavares

O Tratado Noturno em uma mesa de bar – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

Como todo ser noturno que ama habitar à meia luz da boêmia, andando pelos caminhos incertos das garrafas verdes e marrons, já me deparei analisando várias vezes este mundo que, a princípio, parece a alguns, fútil e vazio de perspectivas. Ora, se você pensa assim deve ser um daqueles sujeitos estranhamente sóbrios que nunca contou um segredo a um garçom considerado, aquele que te apresenta a conta quando o dia nasce e que sabe mais da tua vida que a tua própria mãe. Agora vou mentir um pouco dizendo que não te julgo, pois todos sempre o fazem, dizer que cada ser sabe da própria felicidade e que os caminhos são próprios de cada um, mas na verdade, que vida incompleta penso eu ser a sua. Concordo com o pensamento Bukowski quando diz que ser são é fácil, mas pra ser bêbado tem que ter talento.

O fato é que a mesa de bar é um divã, um confessionário onde embalado pelo álcool e os petiscos que entupirão nossas artérias e nos trarão um péssimo dia seguinte, despejamos uma parte significativa de nós. Uma porção que nunca daríamos em outro lugar. Talvez a boemia tenha que ser promovida a religião, pois eu nunca contei para um padre o que já disse desavergonhadamente em uma mesa de bar. E se Jesus multiplicou o vinho, eis aí o aval de que eu precisava.

Não, caro leitor, não quero que você se torne um alcoólatra que acabará em alguma sarjeta com a cara lambida por algum vira-lata marrom e amistoso. Mas é como nosso velho safado disse, você precisa ter talento para se meter com os seres noturnos e se você não possui tal traquejo, beba sua água com gás e faça caminhadas quando o sol te agredir menos a pele. Eu gosto da filosofia da mesa de bar, esse tratado em que todos se entendem mesmo quando o peso do álcool torna as coisas desconexas, onde um sujeito só julgará o outro se este tiver bebido menos, assim, certamente estará ele no lugar errado. São momentos de liberdade e de amores que duram a eternidade que os minutos te proporcionam, e isso é bom, pois também é bom esquecer ou simplesmente não lembrar de tudo.

Portanto, seja paciente com os bêbados, seja gentil com a noite, mesmo se você for um ser diurno. Somos feitos de filosofia, histórias e saudade. Nossos devaneios nunca incomodarão ninguém, pois eles se esvaem quando fechamos a conta e o dia. Por fim, siga o conselho do poeta francês Charles Baudelaire: “Para não ser escravos martirizados pelo tempo, embriagai-vos, embriagai-vos, sem cessar! Com vinho, poesia ou virtude, a vossa escolha.”

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além de prima/irmã amada deste editor.

Visitando Freud – Conto de Luiz Jorge Ferreira

Conto de Luiz Jorge Ferreira

Caminhei quase por toda a cidade, recém chegado de São Paulo. Agora eu conclui que Dr. Freud não é de muitos amigos.

Afora nós…refiro-me a meia dúzia de psiquiatras …Euler… Juraci Cruz…Max…Alcides Neves, e alguns outros …os de sua própria turma na Faculdade e os de conclusão do Curso de Especialização…poucos se lembram dele.

Engraçado…É na velhice que precisamos mais dos amigos que fizemos pela vida. Por carta, entre as tantas que trocamos…ele rebateu.

Precisamos dos amigos durante a vida toda. A velhice não muda isso…e complementou…sei que você não gosta dessa ideia…mas no fim estamos fadados ao esquecimento…

Engoli em seco.

Um Psiquiatra do Grupo existencialista de Viena, dissera…que permaneceríamos para sempre no Inconsciente Coletivo.

Animei e abasteci a caixinha de Rapé.

…certa vez me escreverá que minha obsessão pelo nome Luiz para todos os meus filhos, vinha calcado na tentativa de me sentir perpetuado para sempre, começando a dinastia dos Luiz’s.

Essas cartas estão lá em casa , em um baú.

Eu estou em Bruxelas na esperança de encontrá-lo…Enquanto atravesso uma rua sonolenta com um dos envelopes na mão onde carrego um mal traçado mapa que ele me enviou …

Recordo que por muitas vezes lhe confessei achar ter exagerado um pouco, em fincar os alicerces de sua teoria…na unidade das queixas de uma viúva, que só imaginava…digo sonhava, ser vitima de perseguições com fins sexuais…e a mim…contado pelo próprio Dr.Freud…havia sessões que ele deixava a viúva deitada no divã contando suas aventuras, e ia ao Saloon dali a poucas quadras onde era habitué cliente…

Fumar um Charuto Havana…e tomar um Absinto…confidenciara em certo trecho que a viúva era descendente Judia…e muito bem de vida, pois se tornará herdeira de uma fábrica de Maquinas de Costura…estas recém criadas, que revolucionaram a indústria de fabricação de roupas.

Ela sonhava…

Dr…recolhia dados para desenvolver sua teoria revolucionaria também…

Sorvia Absinto e mantinha o proprietário do Saloon e seus empregados sobrevivendo e progredindo…todos estavam bem.

Nesse ínterim…um pouco antes que eu chegasse a rua Fauno.

A Senhora Daguirre…pontual como em todas as vezes anteriores, entrou com chave que possuía na Casa Consultório do Dr.Freud…porque o chamará varias vezes, e não obtera resposta.

Provavelmente havia saído, quem sabe devesse ter ido a Charutaria renovar seu estoque…o Dr apreciava demais aqueles charutos fedorentos cujo o cheiro ela detestava.

Ele dizia terem sido fabricados um a um… manualmente…com o mais puro tabaco que pudesse existir, muito longe dali, em uma ilha afrodisíaca…repetia com ênfase…e trazidos via marítima…cuidadosamente…

A Senhora Daguirre fez um gesto quase teatral sinalizando repugnância…aff!

Ela gastava muitas garrafas de um desinfetante Polonês…de nome Flores do Campo para tentar disfarçar o cheiro forte que os charutos fumados deixavam pela casa…uma simpática casa de meia água, onde o Dr. instalará seu Consultório há quase oito anos.

Ela saiu de seus pensamentos…olhou entre as duas folhas da porta, entreabertas…que davam passagem para a sala onde ele atendia.

De lá vinham conversas, risos e exclamações em Francês.

Foi em silêncio…pé ante pé, e olhou.

Era a cliente rica…Sarah.

Estava deitada de olhos fechados no divã…o único da sal, afora a estante repleta de livros e a cadeira de palinha traçada, de duplo apoio para os braços, cadeira na qual o Dr….ficava escutando horas a fio aos seus pacientes, o cinzeiro, a caixa de charutos, e ao lado um acendedor de cigarros de pedra e rebite.

Duas quadras além, eu entrei no Saloon, nome dado ao misto de bar e Charutaria, guiado pelo mapinha…havia acertado o caminho.

Bem na hora que o Dr. Freud meteu a mão no bolso esquerdo do Paletó com a sua mão direita e retirou um reluzente relógio de Algibeira…imaginando que aquela mesma hora a sua cliente que ele deixará narrando sua epopeia de perseguições, empurrões, bulinamentos, barulhentos beijos roubados de si por um desconhecido fedendo a whisky na escuridão do vagão dormitório do trem Budapest-paris…havia chegado.

Acenei levemente…assim que ele me reconheceu…se aproximou para os cumprimentos de praxe.

Pensei comigo…então ele calcula no relógio o fim das sessões…a hora que ela chega a viajando na fantasia a Paris.

Fomos para seu Consultório.

A Senhora Daguirre que por muito tempo cuida da arrumação da casa e limpeza, disse-me algum tempo depois que assim foi que conseguiu identificar que ela desceu na Estação em Paris…

Então deposita, visível a quem de longe olhar…seu grande Chapéu enfeitado com pena azulada…sobre um extendedor de tapetes.

Para sinalizar que vá.

Tomamos vários Conhaques conversamos sobre Dante Alighieri e mais a noite eu deitei no Divã para passar a noite e cheguei antes do fim da semana a Portugal…

Freud me levou em uma pequena Carruagem muito em moda entre os ilustres até o Porto.

Prometi a mim mesmo escrever um texto sobre a minha visita a Bruxelas.

Mas o tempo foi passando…

Vez por outro encontro o recibo de uma passagem de trem Bruxelas-Paris …e me questiono…como isso veio parar aqui?

*19.08.2021 – Osasco (SP) – Brasil.

Atenção, passageiro desta segunda-feira! – Por Ronaldo Rodrigues

Por Ronaldo Rodrigues

Atenção, passageiro desta segunda-feira!

Estamos voando em velocidade de cruzeiro.

O tempo é bom, se consideras, como eu, que chuva é tempo bom.

A visibilidade é boa. Acabei de pingar um colírio de novo horizonte.

Estamos sobrevoando Macapá, que promete se comportar bem este dia.

Estamos sujeitos a turbulências, mas, caso haja alguma emergência, daquelas bem foda mesmo, serás inundado por sentimentos de amizade e esperança.

Este avião – a segunda-feira – promete – e cumpre! – que atravessará o tempo e o espaço e pousará no aeroporto do paraíso. Mas aí tu terás que embarcar no próximo avião – a terça-feira – , onde a viagem já será outra.

Bom voo para nós.