Parar (ou desesperar)? JAMAIS! – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

2022 foi um ano muito intenso, pois além de termos tido eleições, copa do mundo, COVID indo e voltando, ameaça de guerra, cancelamento, todos nós tivemos pequenos ou grandes vitórias, perdas, problemas, percalços e alegrias.

A sensação que tenho hoje, findando essa maratona louca, é a de que eu vivi dez anos em um, pelos seguintes motivos:

Minha alma se curou, descobriu amor por todos os lados (não do romântico, claro!), me senti acolhida, amada e depois sofri um golpe que ainda não me recuperei, mas me deixou mais calejada. Mesmo assim ainda tenho fé nas pessoas (poucas!) e não me tornei amarga, pois tenho afeto de QUALIDADE e diariamente descubro novos laços que não me deixam desistir da humanidade.

O meu coração rasgado, costurado, remendado, dilacerado, reconstruído e lapidado resiste aqui, batendo forte, e amando MUITO.

Conheci muita gente e tive a oportunidade de visitar lugares, uns novos e outros conhecidos, passando perrengue, gargalhando, guardando imagens e momentos no meu coração que seguirão para sempre comigo. HAJA MEMÓRIA AFETIVA!

Engordei, emagreci, engordei, emagreci e engordei de novo e continuo na luta. Meu tio Cabuquinho disse gentilmente que não fico feia gorda e o resto não posso escrever aqui, mas foi bem reconfortante (fechem os olhos e me imaginem gargalhando BEM alto!) e a balança do Felipe (onde tomo shake) praticamente disse que gorda fico mais jovem.

Sou MUITO agradecida POR TODAS as experiências vividas em 2022, pelas pessoas que vieram, ficaram ou foram, encerrando ciclo, mas com certeza deixando lições. Agradeço cada ruga, cabelo branco, celulite e qualquer outra marca nova, pois me lembram que mesmo que eu tenha chorado, eu sorri, gargalhei, que mesmo que eu tenha me estressado, o que eu poderia ter feito, fiz, e me lembram que o tempo está passando, estou envelhecendo como todos nós iremos inevitavelmente envelhecer, mas estou em paz com as marcas que a vida me faz, pois olho pra trás e vejo que o tempo, o universo e todas as forças que nos movem têm sido bastante generosos comigo.

Enfim: o que interessa que estou bem, cabeça leve, consciência tranquila de sempre buscar fazer o meu melhor e continuo seguindo. Parar ou desesperar, como escreveu o Ivan Lins e a Simone canta lindamente, JAMAIS!

E se você leu isso até aqui, gratidão! Se puder, escute e cante bem alto a música antes do ano findar ( DESESPERAR JAMAIS – Confira este vídeo no YouTube:

E nos “vemos” novamente em 2023.

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

A fábrica de best-seller – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

A consagrada escritora de livros infantis, com um sorriso que quase chega a ofuscar os flashs das câmeras fotográficas, desfila à luz dos holofotes da fama. É a noite de autógrafos de seu quinquagésimo oitavo livro, que deve seguir o caminho dos anteriores: se transformar em best-seller, sucesso total de crítica e público.

A escritora de livros infantis está esfuziante em seu vestido de pedras preciosas. Agora, sentada em sua mesa florida, ela distribui autógrafos e simpatia entre seus milhares de leitores. Apesar de ter crianças como público-alvo, sua literatura atrai pessoas de todas as idades. As quinze secretárias e os trinta e cinco garçons transitam pra cá e pra lá na gigantesca mansão da escritora, atendendo imprensa, convidados e penetras.

Após o festejado evento, onde houve distribuição de comidas e bebidas da melhor procedência e discursos das maiores autoridades da cidade e do mundo literário, vamos encontrar a grande escritora de livros infantis em seu gabinete. Longe do glamour que a cercou por toda a noite, ela se despe de seu vestido de pedras preciosas, veste uma bata simples, pega um cesto, onde estão algumas migalhas do que restou do farto coquetel, e se dirige ao porão de sua mansão. É lá que ela encontra um batalhão de crianças acorrentadas, diante de computadores, digitando alucinadamente. São elas as verdadeiras autoras das histórias lançadas regularmente e com as quais a escritora obteve o reconhecimento de toda a indústria editorial.

Com os olhos brilhando de satisfação cada vez que escuta o som de notificação de pix chegando ao seu celular, a consagrada escritora passa a distribuir as migalhas entre as crianças.

Emerson Tavares gira a roda da vida pela 43ª vez. Feliz aniversário, meu irmão e melhor amigo de sempre. Te amo!

Eu sempre escrevo aqui sobre aniversários de meus afetos. Quanto mais próxima a mim a pessoa, mais difícil é o texto. É o caso de hoje, pois um dos grandes amores da minha vida toda, gira a roda da vida, e é difícil sintetizar esse sentimento de gratidão pela vida dele em um só texto de felicitações. Trata-se de Emerson Tavares, o meu mais que maravilhoso irmão e melhor amigo.

Emerson Tavares é contador e empresário. É muito bom no que faz, pois além de competência, é obstinado, tem carisma e presta serviço em nível de excelência. O cara é mais foda ainda como pai, irmão, filho, marido, genro e amigo. Sim, como disse o nosso amigo Paulo Bitencourt (o Boca): “Merson consegue transferir felicidades para as pessoas em sua volta”. Paulinho foi cirúrgico com essa afirmação. Meu irmão é um cara que respeito, admiro e escuto. Sou o presidente do fã-clube dele há 43 anos.

Merson não acredita em teses filosóficas, encantos, visagem, mapa astral ou algo do tipo. É um cara cético e prático. Sua única devoção é com Deus, que, aliás, o fez chegar até aqui com saúde e sucesso. Graças a ELE, são tantas as pessoas que amam Emerson Tavares. Se tem coisas de que me orgulho nessa vida é de ser filho e neto de quem sou e irmão dele.

Emerson é meu melhor amigo no desassossego e na alegria, na paz e na guerra, na lucidez da família e na loucura do rock doido. Ele é meu herói e anti-herói em uma só pessoa nos dias de sol, chuva ou madrugadas doideiras.

Emerson é capaz de dar uma voadora em um cara após o infeliz me empurrar, o que já aconteceu quando eu, ele e Edmar quebramos uma galera de metaleiros na porrada ou chegar de surpresa em Macapá, na véspera da minha cirurgia bariátrica (quando ele veio de Belém cuidar de mim e me encorajar antes do procedimento operatório, o qual eu tava morrendo de medo e ele foi foda em me fortalecer e cuidar de mim). Ele é capaz de brigar comigo quando ninguém mais tem coragem, me tirar do caos e me trazer de volta pra luz.

Toda vez que abro a gaveta de minha memória afetiva, estão lá as marcas de nossa infância feliz, os perrengues que conseguimos vencer juntos, as brigas de rua que ganhamos, as melhores viagens, incontáveis vezes que fomos felizes juntos. A gente aprendeu a beber, fumar, brigar e pirar juntos. Gosto das boas histórias para contar e lembrar. Ah, é o único cara que permito tirar o maior sarro da minha cara, tira barato e faz os amigos rirem de mim.

Gosto de tudo no meu irmão. Das coisas belas e das feias também. Emerson é um cara super extrovertido e palhaço e eu estranhíssimo. Aceitamo-nos como somos e nos respeitamos um ao outro. E, para ambos, isso já basta.

Aprendi com nosso saudoso pai, o Zé Penha (A LENDA), que a vida é muito curta para não dizermos a quem amamos que os amamos. Ele nos deixou essa lição e seguimos isso de forma literal. E eu, meu irmão, te amo com toda a força que existe aqui.

Emerson Tavares é o melhor amigo deste jornalista aqui desde 1979. Eu tinha três anos e alguns meses quando ele pintou no mundo e transformou a vida menos tediosa, mais feliz. O cara veio me salvar de tudo, de todos e de mim mesmo. Com ele, eu atravessaria o inferno. Na verdade, atravessamos algumas vezes (mesmo ele lá em Belém eu em Macapá). Ainda bem que as travessias foram muito mais vezes pelo paraíso.

Merson, sou muito sortudo por te ter na minha vida. Por tua existência orbitar a minha e vice-versa. Que tua vida, meu irmão, seja longa, com mais sucesso e saúde. Tu és o cara mais PHODA do meu mundo. Não à toa, todos o amam. Amo-te demais (sim, repito isso demais nesse texto, pois amo demais esse sacana).

Parabéns pelo teu dia, irmão. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Sobre os 42 anos da morte de John Lennon completados hoje #LennonLivesOn

 

Hoje, 8 de dezembro, completam 42 anos que John Winston Lennon foi assassinado covardemente com cinco tiros, por Mark David Chapman, “fã” dos Beatles, lendária banda fundada por Lennon.

A polícia chegou minutos depois e levou John na própria viatura para o hospital. O assassino permaneceu no local com um livro nas mãos, “O Apanhador no Campo de Centeio” de J.D. Salinger. John morreu após perder cerca de 80% de seu sangue. O ano era 1980 e o ex-beatle tinha quarenta anos de idade.

John Lennon foi um músico, compositor e cantor brilhante e um ativista fervoroso. Um artista original, que fazia questão de expressar o que pensava e sentia, ainda que várias caísse em contradição ou criasse confusão com isso.

Além da trajetória com os Beatles, teve uma carreira solo consistente e recheada de sucessos inesquecíveis, como a canção “Imagine”. Sim, ele transformou suas alegrias e tristezas em música, de forma sublime.

Se estivesse vivo, John teria 82 anos e, com toda certeza, seria ainda maior do que é, e do que representa para todos que admiram ótimas ideias, belas músicas e atitude.

John Lennon foi um músico, compositor e cantor brilhante e um ativista fervoroso. Um artista original, que fazia questão de expressar o que pensava e sentia, ainda que várias vezes caísse em contradição ou criasse confusão com isso. O cara foi, além de talentosíssimo, muito polêmico.

Ele não foi o mais louco, o melhor guitarrista e nem o mais boa pinta, mas foi o maior de todos os rock stars. Lennon foi bem mais que um músico brilhante. Graças a um talento ímpar, ele conseguiu experimentar tudo o que sonhou até encontrar um tipo de alegria plena. Um cara genial, com um talento ímpar, que viveu como quis. Ele foi PHODA demais!

Em 14 de novembro de 2015, a banda Pearl Jam fez um show no Estádio do Morumbi, em São Paulo. Eu tava lá. O grupo americano homenageou, de uma só vez, os mortos nos atentados terroristas em Paris (FRA), ocorridos na noite anterior ao show, e John Lennon (o falecido Beatle completaria 75 anos em 2015). O Pearl Jam tocou “Imagine” e todos no estádio do Morumbi acenderam seus celulares, pois a luz da esperança nunca apaga. Foi emocionante e lindo!

Sim, o velho Lennon sabia das coisas. Certa vez ele disse:

Eu acredito em Deus, mas não como uma coisa única, um velho sentado no céu. Eu acredito que o que as pessoas chamam de Deus, está dentro de cada um de nós. Eu acredito que Jesus ou Maomé ou Buda e todos os outros estavam certos. Foi só a tradução que foi feita errada” – John Lennon.

Um relato para finalizar: certa vez, um colega jornalista (daqueles chegados num pagode, micaretas e afins) me perguntou por que sou “tão fã” de Lennon. Nem me dei ao trabalho, só disse: “Eu realmente preciso explicar?” (risos).

A vida é o que te acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos” – John Lennon

Fonte: Revistas, filmes, discos, livros, sites, amigos e minha imensa admiração por John Lennon.

Elton Tavares

É, eu gosto! – Crônica de Elton Tavares – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bençãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Eu gosto de fotografar, de beber com os amigos e de ser jornalista (talvez, um dia, um bom). Gosto de estar com minha família, do meu trabalho e de Rock And Roll. Eu gosto de café, mas só durante o trabalho, enquanto escrevo. Gosto de sorvete de tapioca, de cerveja gelada e da comida que minha mãe faz. Também gosto de comer besteira (o que me engorda e depois dá um arrependimentozinho).

Gosto de sorrisos e de gente educada. Eu gosto de gente engraçada. Gosto de bater papo com os amigos sobre música, política e rir das loucuras que a religião (todas elas) promove. Eu gosto de chuva e de frio. Gosto de futebol. Gosto dos golaços e da vibração da torcida.

Gosto de ir ao cinema, de ler livros e de jogar videogame. Gosto de rever amigos, mas somente os de verdade e de gente maluca. E gosto de Macapá, minha cidade.

Eu gosto de ser estranho, desconfiado, briguento e muitas vezes intransigente.

Sim, confesso que gosto.

Gosto de viajar, de pirar e alegrar. Gosto de dizer o que sinto. Às vezes, também gosto de provocar. Mesmo que tudo isso seja um estranho gostar.

Gosto de encontros casuais, de trilhas sonoras e de dar parabéns. Gosto de ver o Flamengo ganhar, meu irmão chegar e ver quem amo sorrir. Também gosto de Samba e do Carnaval. Gosto de ouvir o velho Chico Buarque cantar – ah, como eu gosto!

Ilustração de Ronaldo Rony

Eu gosto de explicar, empolgar, apostar, sonhar, amar, de fazer valer e de botar pra quebrar. Ah, eu gosto de tanta coisa legal e outras nem tão legais. Difícil de enumerar.

Eu gosto de ler textos bem escritos, de gols de fora da área, de riffs de guitarra bem tocados, de humor negro e do respeito dos que me cercam.

Gosto de me trancar no quarto e pensar sobre a vida. Gosto quando escrevo algo que alguém gosta. Gosto mais ainda quando dizem que gostaram.

Eu gosto também de escrever algo meio sem sentido para a maioria como este texto. Eu gosto mesmo é de ser feliz de verdade, não somente pensar em ser assim. Gosto de acreditar. Como aqui exemplifico, gosto de devanear, de exprimir, de demonstrar e extravasar.

Pois é, são coisas que gosto de gostar. É isso.

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Na Baleia – Crônica do meu amigo Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Acordei naquele dia ainda bêbado. Demorei a perceber que estava dentro da baleia. Estômago de baleia, vocês sabem, é muito pequeno, parece um apartamento japonês. Então eu estava meio espremido no meio do monte de plâncton que tinha sido a última refeição da baleia. Pensei por alguns momentos sobre como sair dali. Mas depois, como a preguiça pós-bebedeira era quase maior que a baleia, me deixei ficar naquele remanso.

Aí pensei nas figuras que já estiveram dentro de uma baleia. Pinóquio e Gepetto estiveram dentro da baleia Monstro. Jonas esteve por três dias dentro de um peixe imenso que a Bíblia não diz que é baleia, mas eu digo. Se bem que baleia não é peixe, é mamífero.

Sou teimoso nessas coisas: se baleia vive no mar então é peixe. Aí vocês podem dizer: esponja vive no mar e não é peixe. Eu respondo que esponja vive é no supermercado antes de parar na pia de alguma dona de casa. Mas isso é bobagem de minha parte.

Devo estar perturbado pelo fato de me encontrar dentro de uma baleia. Tento lembrar de como, bêbado, vim parar aqui. Aos poucos vou montando o cenário. Agora já consigo colocar alguns personagens neste cenário.

São meus amigos, que bebiam comigo na noite anterior. Onde será que eles estão agora? No estômago de outra baleia? Devem estar se divertindo, os safados! Agora me lembro. Estávamos num navio celebrando a primeira viagem desse navio. Lembro perfeitamente agora de alguém discursando sobre a impossibilidade de aquele navio naufragar. O que acabou de entrar pela boca da baleia? Uma folha de jornal. Vejamos o que diz esse jornal.

Ah! Agora tudo faz sentido. É isso mesmo! Vejam, senhores, a manchete do jornal: “Hic! Hic! Hic! Titanic vai a pique”. Bingo! Lembrei de tudo! Estávamos na viagem inaugural do Titanic. Sentimos o impacto de uma colisão, pessoas correndo desesperadas e nós só bebendo.

Vejo que sobrevivi, talvez graças ao meu estado de embriaguez, que atraiu esta baleia alcoólatra, que me engoliu como uma dose de uísque e me livrou de morrer afogado. Dos males, o melhor. Vou ficar por aqui mesmo dentro desta baleia. Quem sabe daqui a pouco ela engole a Kate Winslet. Saúde! Ui minha cabeça!

Sem dar nome aos bois – Crônica de Ronaldo Rodrigues para um mundo melhor

Crônica de Ronaldo Rodrigues para um mundo melhor

Daqui a alguns anos, muitos e muitos anos, quando tudo for passado, eu estarei sentado em minha cadeira de balanço, fazendo palavras cruzadas ou estourando plástico-bolha e, de vez em quando, estendendo meu olhar pelos jardins do asilo numa tentativa de lembrar alguma coisa, alguém, um rosto, uma palavra.

Há tempos que esqueci o nome de algumas pessoas (que bom!), mas lembro de certas coisas de suas personalidades. Não me importo com o que houve com elas, é só uma curiosidade que bate de vez em quando: onde estarão essas pessoas? O que aconteceu com suas vidas imbecis?

• “Inútil! A gente somos inútil!”, cantava aquele rebelde sem causa nos anos 1980 para, nos anos 2000, desafinar feio e mostrar que ele estava certo, se revelando mesmo um inútil. Realmente um fato ultrajante! Com ele, vários ícones de sua geração também reforçaram o refrão da decadência, sem a mínima elegância.

• Fazia belas ultrapassagens aquele piloto de Fórmula 1, conhecido também pelo seu humor azedo e sua voz um tanto fora dos padrões sonoros estéticos. Ele derrapou na reta final de sua vida e serviu de motorista a um sujeito que entrou de carona na direção do país, graças a milhares de desorientados que se deixaram guiar para o abismo de seus pensamentos e sentimentos anti-humanidade.

• E aquele jogador de futebol mimado que arrasava dentro de campo (quando não estava deitado na grama) e era um completo perna de pau fora das quatro linhas? Driblando possíveis condenações por sonegação de impostos, entrou no time do cara que se achava o dono da bola. Fora de campo, o nosso craque marcou inúmeros gols contra e espero que não tenha se afogado nos seus milhões de dólares. Mas o futebol é assim: salvando algumas honrosas exceções, por mais craque que o sujeito seja com a pelota, costuma ser ruim da cabeça. O próprio rei indiscutível desse esporte se revelava um tremendo pereba sempre que o assunto escapava de seus habilidosos pés.

• E aquele jogador de basquete, o maior de todos, que quando arremessava suas opiniões via-se que suas palavras não tinham o mesmo brilho que sua mão santa tinha em quadra.

• E o sujeito que quebrou a placa da rua em reação ao nome que estava escrito lá? Será que ele conseguiu, pelo menos, se tornar nome de um beco sem saída?

• E o assassino da atriz da novela das oito? Sei que ele se transformou em pastor evangélico e ergueu um altar para seu ídolo-mor.

• E por falar em pastor, que terá acontecido com todos aqueles impastores (pastores impostores), ladrões da fé alheia? Será que esses vendilhões do templo, detentores de concessões televisivas e internéticas, se entupiram de dinheiro e estouraram, desta vez de verdade, não na audiência de seus seguidores?

• E os tantos humoristas desengraçados, grosseiros, que perderam o ritmo, o timing, e chafurdaram em piadas de baixíssimo senso de humanidade?

• E os sertanejos, que já haviam conspurcado o verdadeiro sentido da música caipira, autêntica, de raiz? O que terá acontecido com esses glorificadores do agronegócio?

• E os meus ex-amigos artistas, que empunhavam lápis, tinta e papel e se viram seduzidos a fazer o sinal de arminha na mão? Será que foram devorados por sua mediocridade?

• E aquela gente que nunca havia se manifestado na vida, nem contra nem a favor de coisa alguma, que não hesitou em vestir a camisa verde e amarela de um patriotismo torto? E os que enveredaram por um anticristianismo, de exclusão e impiedade?

• E os produtores e disparadores de fake news? Onde estarão espalhando suas mentiras?

Será que alguém aí, que estiver lendo estas linhas, pode arriscar um palpite? Melhor não. Deixa esses merdas pra lá. Prefiro pensar que o tempo passou pra todos nós (que estivemos do outro lado) como um bálsamo e nos curou de todas essas doenças. Eu vou parar por aqui porque já estou sentindo asco de tentar lembrar dessa gente escrota (era gente mesmo aquilo?). E espero sinceramente, tomando emprestado um pequeno trecho da carta do chefe Seattle, que essa galera toda tenha sido sufocada pelos próprios dejetos.

Playlist – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

Dia desses eu estava bebendo sozinha em casa. Sim, eu adoro fazer isso. Gosto muito da minha companhia. Posso passar um dia bebendo sozinha, dançar, cantar e rir como se estivesse em uma rave. O que a gente precisa nessa vida é de um alucinógeno e música. Nietzsche disse certa vez que só acreditaria em um Deus que soubesse dançar. Eu também, bigode. Eu também.

Acredito que por isso, nestes momentos de solitude, muito diferente de solidão, a música é tão importante como fiel companheira. E dentro dessa sintonia entre álcool e música, tem uma trepada prazerosa que acaba parindo a literatura. Acho que é por isso que eu gosto tanto de beber e ouvir música.

Estava ouvindo 1979 do Smashing Pumpkins  e um amigo recente me disse que sabia que eu era gente boa quando prestou atenção nas músicas que eu escutava. No filme Mesmo se nada der certo, a personagem da Keira Knightley diz que você pode descobrir tudo sobre uma pessoa só olhando a sua playlist de músicas. Acho que de certa forma a personagem acertou, ao menos comigo é assim, mas acredito que esse reconhecimento só é possível à pessoas que possuem certa sensibilidade, pois nem todo mundo dá a mesma importância às coisas. Talvez por minha trilha sonora estar tão conectada ao que eu sou, é que eu dou.  Eu canto Vaca profana por um trecho que me define: “Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minhas risadas”. Gilberto Gil me ajuda a limpar a casa andando com fé, que a fé não costuma falhar. Eu lembro de amigos dançando com uma touceira de mato na bunda ao som de Morrissey. Eu danço com Ian Curtis até hoje. Repenso a vida com Krishna Das. Vibro com meu parceiro da vida, Belchior. Brindo com Marisa Monte.

Vejo minha filha dançar com Tim. Revisito toda uma vida com Chico, Vinicius e Tom. E todas as memórias de inícios retornam com Beto Guedes, Milton Nascimento e Lo Borges. Lembrar de todas as vezes que fui a Salinas com meu pai ouvindo Noite ilustrada. Uma colcha de retalhos cheia de sons e poemas.

A maioria dos escritores que conheço estão diretamente ligados a essa junção; a empolgação que Cortázar tinha pelo Jazz e que explode como tomadas em suas obras. Nosso velho safado completamente embriagado e genial. E o nosso amigo Fernando Canto? Esse é literalmente um megazord de música, birita e literatura.

Então é isso, leitor. Abra sua garrafa, ou qualquer alucinógeno da sua preferência, ou os dois, e escute a sua canção. Não sei o que essa música vai te dizer e também não é da minha conta. Eu nem sei o que eu queria escrever aqui. É só mais um dia em que eu estou bebendo e escutando a minha playlist.

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além disso é escritora, contista e cronista. E, ainda, mãe de duas meninas lindas, prima/irmã amada deste editor.

De Narciso a Pandora: a ilusão da política – Crônica atemporal de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

No mito de Narciso, segundo o poeta romano Ovídio, o jovem fica tão tomado por sua imagem refletida que ignora o mundo real à sua volta. Mas, e se, como muitos filósofos afirmaram, a “realidade” que acreditamos experimentar for ela mesma uma ilusão?

Sabemos que um objeto como o espelho é algo mais do que familiar no nosso cotidiano. Porém, de qualquer forma constitui-se algo enigmático, ainda que nem mesmo paremos para pensar sobre o que vemos. Quando paramos para isso podemos às vezes sentir o quanto é perturbadora a imagem que se reflete a nossos olhos, pela sua aparente inversão.

Assim, a ilusão da política parece estar povoando a mente dos candidatos aos pleitos eleitorais. Um engano dos sentidos faz com que cada ato mal pensado, colocado como meta real nas sessões midiáticas da propaganda eleitoral, não passe de falsa aparência incutida na mente dos próprios políticos despreparados, que com tal sonho deturpado da realidade não observam as consequências refletidas no céu do futuro.

Como se sabe o mito de Narciso, que inspirou grande número de pintores, músicos e escultores, tornou-se também o símbolo de egocentrismo, do amor próprio e da vaidade. Daí que o festival de presunção e de frivolidade que abunda o programa obrigatório (e “gratuito”) da TV, ser o cúmulo da expressão fútil, da tentativa de reter o curral não-pensante dos eleitores.

E nós vimos caindo sucessivamente nas conversas cínicas construídas por políticos cínicos como a que reza: “em política só não vale perder”, ao invés de “perdi, mas concorri sem me sujar”; em conselhos como: “não te mete em política sem dinheiro”, em vez de: “a democracia permite que qualquer cidadão concorra”, e em tantas outras expressões sujas. Por isso concordamos que “a política é a arte de convencer”, pois hoje não cabe mais governar pela força e todo ser social é um ser político. Não se vive sem ela, portanto podemos criticá-la e criticar os políticos, assim estaremos colaborando para o voto consciente, que certamente fará do nosso país uma democracia mais respeitável, sem os contínuos e recorrentes escândalos de corrupção nos governos.

Acompanhamos os últimos governos pós-ditadura, registrando uma sucessão de insucessos e de atos autoritários estampados nos rostos e nas mãos dos governantes; a inflação a galope; a traição do confisco da poupança; as tentativas de puxar o desenvolvimento do país para trás; a vaidade imanente do intelectual neoliberal e a obstinação do operário que se tornou presidente. Nesse ínterim o país sofreu uma reforma econômica e diversas tentativas de reforma política, fatos que sempre estiveram amarrados pelo corporativismo instalado na Câmara e no Senado. Ali os interesses primordiais dos detentores do poder infelizmente superaram os desejos dos eleitores brasileiros.

Agora estamos diante de nova empreitada. Os políticos ali, distantes do povo, apenas ligados em seus propósitos por uma caixinha brilhante e ilusória, onde se escondem segredos e perigos. A TV se assemelha à caixa de Pandora, que na mitologia grega foi a primeira mulher fabricada por Hefaístos com uma mistura de terra e água, tão má e preguiçosa como bela. Alguns dizem que ela recebera dos deuses todos os dons, e de Hermes o dom da palavra para enganar. Desposou Epitemeu, ao qual o irmão Prometeu enviou uma caixa que não deveria ser aberta em nenhuma circunstância. Porém, um dia, Pandora abriu o recipiente e todos os males abateram-se sobre a humanidade: a velhice, a doença, a loucura, a paixão, o vício, o trabalho. Felizmente a caixa ainda continha a Esperança, virtude reconfortante, que aconselhou suas irmãs a não destruírem a humanidade.

Então nós eleitores nos submetemos cotidianamente a um instrumento seminal, onde estão guardadas as origens dos males, mas também a firme esperança que não eclodam ovos espúrios e que se formem seres disformes e corruptíveis: aqueles que nos enganam com seus cantos de sereias e com suas estultices e fatuidades. Essa realidade refletida no espelho é a que não queremos. Nem a ilusão.

*Crônica publicada no Jornal Correio do Amapá, N° 1, ANO I, de 25 de agosto de 2010, mas atemporal.

Discos que formaram meu caráter (parte 13) – Ozzy Osbourne – No More Tears (1991) – Por Marcelo Guido – Republicado por hoje completar 31 anos de lançamento deste álbum

Por Marcelo Guido

Muito bem amigos, voltando a nossa programação normal. Eis que estamos mais uma vez aqui para falar sobre música, ou melhor, sobre discos. Minha viagem ultrassônica pelo que resta de minha macabra memória nos leva a relembrar mais um clássico.

O disco em questão é mais um da valiosa safra de 1991 (já disse algo sobre esse belo ano) e atende pela alcunha de “No More Tears”, do famigerado Ozzy Osbourne.

Bom, como já disse, corria o ano de 1991 e a música, ou melhor, o rock estava em maré alta, o Nirvana quebrava tudo com “Nevermind” (já falei desse), o Pearl Jam dava seu recado com “Ten” (também sobre esse), o U2 se reinventava com o espetacular “Achtung Baby” (desse ainda vou falar), os Ramones mais vivos do que nunca com seu “Loco Live” e o Metallica só lançou o “Metallica” (o preto, caso não tenham entendido). É ou não é uma excelente safra de discos? Mas amiguinhos o Ozzy andava mal.

Mais lembrado por suas peripécias etílicas (para ficar só no álcool), como por exemplo, cheirar formigas, tomar mijo, comer cabeças de pombos e, claro abocanhar morcegos. O velho Osbourne via sua vida, sua carreira e todo seu legado indo para o ralo junto com ele.

Com uma tentativa de estrangulamento contra sua esposa, brigas com produtores importantes, acusações na justiça americana e o pior: vendo que seus antigos companheiros de Black Sabbath tinham recrutado o “Todo poderoso” Dio e estavam, como era de se esperar, fazendo algo contundente. Ozzy estava cada vez mais atolado em sua própria sujeira e vendo o tempo passar.

Ele não poderia deixar essa época passar, seus últimos trabalhos solos, posso ser chato e dizer que todos estavam longe da genialidade de “Blizard Off Ozz” (1980) e de “Diary Of Madman” (1981), é realmente Ozzy não era uma boa companhia naquela época. Ele precisou passar por muita merda para “dar um tempo” na onda se internar e realmente fazer oque sabia fazer de melhor. Ele sai de cena para voltar e nos presentear com essa excelente bolacha.

Vamos a ela:

Começa com a sensacional “Mr Tinkertrain”, com seus riffs incríveis que fazem qualquer mortal levantar a cabeça e ter a noção de que o inferno está próximo, vai para “I Don`t Want To Change The World”, nessa faixa Ozzy mostra como está contente em ser ele mesmo. A sensacional “Mama, I`m Coming Home”, reflexão visceral sobre sua trajetória de excessos (próprio Lemmy contribuiu com versos para essa música), “Desire” para não se perder e cantar um belo refrão junto, “No More a Tears”, poderosa, faixa título, está na história do rock.

Em “S.I.N”, essa é para quebrar tudo, arrebentar com todos, “Hellraiser” Lemmy aparece de novo, para ajudar a contar essa história sobre a “vida na estrada”, “Time After Time”, o momento clássico de acender o isqueiro, “Zombie Stomp” para relembrar os gloriosos anos 80, “A.V.H” (ou melhor Alcohol, Vlium and Hashish), um verdadeiro estouro, a fórmula ideal com solos incríveis e refrão para todo mundo cantar e fechando com “Road To Nowere” para deixar os problemas realmente no passado. Na boa, um puta disco.

Reflexivo, porém fantástico. Clássico com letras garrafais.

Justo lembrar que essa bolacha eleva o patamar do “Hard Rock” e o velho Ozz estava muito bem acompanhado dos sensacionais Zakk Wilde nos solos e de Mike Inez no baixo, que depois iria para o Alice in Chains (Grande banda) e claro do Lemmy Kilmister (os fodas sabem quem é).

Esse disco devolveu o respeito para o “Príncipe das Trevas” e o tirou das profundezas da mesmice.

Ozzy Osbourne merece toda nossa consideração. E vai ser sempre lembrado. Para os jovens que o conhecem pelo personagem bonachão do seriado de TV, posso dizer que ele é muito mais que aquilo.

Vida longa, alteza!

*Republicado por hoje completar 31 anos de lançamento deste álbum

**Marcelo Guido é punk, jornalista, pai da Lanna e do Bento, maridão da Bia.

Craque Neto – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Cria do Guarani, do berço sagrado nomeado Brinco de Ouro de campinas José Ferreira Neto ou simplesmente Neto, vestiu muitas das maiores camisas do futebol brasileiro, mas cravou seu nome na história como uma dos maiores jogadores do Corinthians.

Pelo Timão conquistou um paulistão de 97, a supercopa de 91 e o maior de todos os seus títulos com o manto alvinegro o brasileirão de 90. Meio campista dos bons, chegava sempre ao ataque, tinha um faro seguro em direção a grande área adversaria  , uma técnica incrivelmente apurada e sua maior arma era sem duvidas a bola parada. Neto conhecia como poucos o apreço da bola com o gol em uma falta.

Sua raça em campo era algo descomunal, não tinha lance perdido ou bola impossível, seus recursos não eram escassos dentro das quatro linhas, valoroso não se escondia no jogo e deixava seus companheiros sempre a vontade com passes de precisão cirúrgica.

Em 1990, só não fazia chover, fez do Pacaembu sua casa, sua morada onde fazia repousar quase que em todas as oportunidades a criança nos fundos das redes.

O temperamento explosivo o acompanhou por toda a carreira, sendo em confusões com técnicos ou muitas vezes com a própria torcida, assim foi no Palmeiras, São Paulo, Santos , Galo e também no Bangu. Mas não esquecemos que na mesma proporção existia um talento.

Talento esse que sobrou nas fases finais do brasileirão de 90, quando com dois tentos contra o Atlético Mineiro um a os 30, outro aos 40 da etapa final classificou o Corinthians , contra o Bahia, na Fonte Nova , mais uma virada , Neto em uma chapada espetacular de falta garantiu a vitória alvinegra que foi assistida pela fiel corintiana, que o abraçou como xodó e ídolo eterno. O Timão estava na final.

Neto como artista da bola que era, conseguiu um feito que só os Deuses do futebol e seus caminhos tortos  escritos pelas linhas retas das áreas teriam como conceber, dois gols de bicicleta perfeitos um pelo Guarani contra o Timão e um pelo Corinthians contra o Bugre.

Um torcedor dentro de campo, um quase atleta, seus problemas com a balança eram uma constante, mais um jogador de excelência, que colocava a seu favor a raça, a categoria, o sangue e a paixão pela camisa.

Faltou a Copa de 1990, um dos melhores do campeonato nacional ficou de fora , mas em 91 vestiu a 10 canarinho na Copa América, além da medalha de prata em 88 em Seul.

Também campeão Paulista pelo tricolor, onde desafiou a lógica ao marcar um gol olímpico em um clássico contra o Palmeiras,  mas eternizado como principal jogador do primeiro brasileirão do Corinthians.

Neto era um fiel corintiano dentro das 4 linhas, a torcida sabia que podia contar com ele, e ele não decepcionaria, pôs todos sabiam que dentro daquele peito batia um coração alvinegro.

Foram 184 gols anotados em toda a carreira, 5 títulos, a honra de vestir as maiores camisas do estado de São Paulo, de um dos maiores de Minas e uma das mais charmosas do Rio,   muita contribuição para o bom futebol, esta entre os 10 maiores da historia do Corinthians e com certeza na memoria de todos que gostam do esporte bretão.

Craque Neto é sem duvidas um imortal do futebol.

Futebol é Momento – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Essa é uma de muitas leis que cercam o jogo, joga quem está melhor e confiante. No ardor da partida, os homens são diferenciados dos meninos e ninguém sinceramente joga bem sem que tenha a chamada moral lá cima.

Vamos lá, em breve estaremos mais uma vez em período de Copa do Mundo e quem acompanha o campeonato nacional está de olhos abertos para a Guinada que clubes como Flamengo, Fluminense e Atlético Mineiro, e Palmeiras deram no limiar decisivo da competição.

O Porco faz o que já era de se esperar, o Galo caiu de produção mas ainda pode dar um calor, o Flamengo aparentemente exorcizou Jesus e com Dorival encontrou seu caminho e o Fluminense de Diniz se diferencia dos demais com seu futebol vistoso, bem jogado e de muita raça.

Na moral é realmente inaceitável que Ganso, Hulk, Pedro, Rony e PASMEM  Rodney estejam fora da seleção em ano tão importante, na boa se esses caras fossem sei lá Portugueses já estariam com o passaporte carimbado rumo ao deserto do Catar.

Imagine um ataque formado pelo Adulto Ney, Hulk e Pedro em uma competição de sete jogos, com um Rodney endiabrado correndo como uma flecha pela lateral, com um Ganso de passes certeiros e conduzindo um jogo, sem contar a entrada de um certo Rony no segundo tempo, seria um verdadeiro Deus nos acuda para defesas adversárias .

O pensamento é claro, a Copa é curta e tem que ir quem está melhor, assim prega a lógica.

Ah, e temos que torcer para que nossos vizinhos continuem a ignorar Germán Cano que neste ano é simplesmente artilheiro da Copa do Brasil, do Brasileirão e do mundo com seus até agora 31 gols.

Este pode ser apenas um devaneio solitário de torcedor, mas sinceramente eu acredito e torço para que cheguem até Adenor, pois esse problema é dele.

A Copa sem esses nomes citados não estará completa.

Bom falta pouco só nos resta torcer.

*Marcelo Guido é Jornalista, Pai da Lanna e do Bento e Maridão da Bia.  

Há um novo bar restaurante na cidade. Poucas novidades e velhas canalhices – Crônica de Elton Tavares

Crônica de Elton Tavares

Há um novo bar restaurante na cidade. Também a velha mania de parar por qualquer evento diferente, tipo coisa do interior. Mas até aí tudo bem, faz parte da fuga por coisas novas.

Também há muita insatisfação, descrédito e pouca esperança. Também jovens ávidos por uma chance, um emprego e velhos professores aflitos pelo retorno de benefício salarial ou os novos, pela falta de um reajuste justo.

Há crianças se prostituindo e velhos coronéis ainda no poder. Há gente morrendo nos hospitais e alguns ainda dizem que tudo está no seu lugar. Há caos, desordem e desonestidade à rodo. Há má vontade…

Há sonhos engavetados e paixões idiotas. Há muita grana a ser gasta com a massa de manobra por interesses obscuros. Há medo!

Há pessoas assistindo a tudo sem fazer nada. Uns por egoísmo, outros por conveniência. Há ameaças, chantagens, acordos e punições. Há violência. E de toda forma. Corpórea e moral. Há assédio, mas todos chamam de “Lei do mais forte”.

Há casamentos, separações, mortes e nascimentos. Há loucos impetuosos e covardes acomodados. Há muita alienação e burrice colorida. Há canalhas demais!

Há muita beleza natural, muita gente do bem, tanto por fazer e amores (sur)reais. Mas há poucas novidades e velhas canalhices, mas todo mundo só pensa na porra do novo bar restaurante na cidade.

Elton Tavares

Que sorte me apaixonar por um amigo – Por Bruna Cereja (@cerejaverso)

Com a colega de trampo Bruna Cereja, em 2011.

Por Bruna Cereja

Virei namorada de um amigo de longa data. Daqueles de idas e vindas na amizade. A reciprocidade de gênios se transformou na sintonia de sentimentos a mais.

Nos conhecemos em 2011, quando trabalhamos no governo da época. Apesar de trabalharmos na mesma área, estávamos em ambientes diferentes e o que nos unia eram as mesas de amigos em comum.

Demorou muito pra gente “colidir”, com as palavras dele. Esses ensaios sobre o derriço iniciaram em 2014, quando recebi uma mensagem: “Vamos sair, bater um papo?”. Eu não estava de muitos amores nesse ano e o “enrolei”. Sempre fico pensando que foi a melhor coisa não ter aceitado aquele convite naquele dia, naquele ano. Algo maravilhoso nos reservava.

Com a Bruna em 2014.

Passou muito mais tempo. Eu namorei, ele namorou. Eu me desapontei, ele se decepcionou. Eu aproveitei, ele pintou e bordou. Nesse meio tempo, já éramos amigos de mesa de bar. Começamos a compartilhar histórias e conhecer o lado divertido e obscuro de cada um. Era aquela coisa: “melhor não mexer com quem tá quieto, não vamos estragar nossa amizade”.

Eu ouvia de amigos e inimigos de um tudo sobre ele. Recebia informações dos dois lados, mas nunca tive segundas intenções. Às vezes, grudava em happy hours sem fim e por muito, me distanciava e passeava por outras mesas. De repente, vivíamos saindo juntos sempre. E, também de repente, nem nos falávamos. Era difícil até mesmo para pessoas da nossa seara saber se estávamos “de bem” ou não.

2018

Não vou mentir que um interesse foi surgindo com o tempo. Em alguns momentos eu o desdenhava, o achava arrogante, mas depois a gente vai percebendo que é sobre autoconfiança. Nesses aprendizados, eu comecei a perceber outras virtudes, aquelas fora da caixinha de simples encontros entre amigos.

Então um dia eu resolvi me deixar levar. E enfim nos beijamos, em 2020. Fiquei muito empolgada, mas no dia seguinte tivemos uma briga homérica, que despertou gatilhos em nós dois. Nos distanciamos mais uma vez e dessa vez, com razão. Um pouco depois de presos em lockdown nos encontramos em uma grande turma que frequentava o mesmo lugar. Apliquei o golpe da carona e conversamos muito. Briguei e chorei porque ainda sentia uma dorzinha, uma pontada, um nó, de algo que eu queria muito e se esvaiu.

Em 2018 e 2019.

Mais uma vez ficamos sem nos falar por um longo período. Eu só sabia de algumas histórias e sentia pequenas doses de ciúmes, vez ou outra ou pequenas doses de ódio, quase sempre.

Foi então que eu fui trabalhar no mesmo lugar que ele. Eu ficava imaginando como seria o climão. “E se a gente brigar?”, “E se a gente nem se falar?”. Eu sempre penso o pior, sim!

Foi ali que eu conheci o lado do Elton que eu não tinha noção. Muito sério no trabalho, muito organizado, muito cuidadoso com as informações e educado e polido com os colegas. E isso, meus amigos, é o que me cativa. Foi ali que ele me ganhou, sem saber.

Colidimos em 2022 (risos).

Assim, eu comecei o investimento: todo convite para happy hour, lanche, jantar, almoço eu aceitava, mas ele ainda estava arredio. Até que há 30 dias atrás eu pensei: “hoje vai ser o último dia da minha tentativa em ficar com ele” e finalmente consegui. Ele se virou e disse: “há muito tempo quero ficar contigo e tenho notado que também queres, mas somos geniosos e pode não dar certo” e eu respondi: “vai dar certo, sim”. E deu.

Adoro falar com ele sobre livros, sobre músicas, sobre planos e muita merda. A gente passa horas rindo das besteiras que contamos e a gente conta porque sabe que o outro vai rir de doer a barriga.

Um mês felizão.

Apesar de sermos um amor de “adultos”, parecemos dois adolescentes no início da vida amorosa, como se estivéssemos começando uma relação pela primeira vez, com todas aquelas vontades de um “pra sempre”, mas não inconsequentes, pq já temos uma carcaça cheia de cuidados depois de muitas águas fervidas. Agora, de quente mesmo, só o amor tórrido que segue.

Meu comentário: a gente ainda se surpreende com tudo isso relatado acima. E tá muito firme mesmo. Sorte nossa, a evolução dessa amizade para um relacionamento tão porreta. Foi o fim do “Feitiço de Áquila”. Sigamos felizes, Bruna! É isso (Elton Tavares).